Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Nascer e morrer, o princípio e o fim da vida, o princípio e o fim de um sistema, (formado por outros sistemas) que se forma exponencialmente para falir e colapsar (pode-se utilizar o termo) quando a sua estabilidade se torna inviável. A mudança é uma constante. Nunca somos os mesmos, dependendo da velocidade a que se dá essa mudança. Os sistemas vão tomando novos equilíbrios à passagem do tempo [que ninguém sabe quando começou ou quando irá acabar]. Nada é fixo ou imutável, dependendo da posição do observador, e essa mudança, que é lei universal, dá-se mais ou menos rápido, ou, mais ou menos lentamente, mas, nunca, coisa alguma, está parada. E é formidável e notável a nossa disposição mental para descobrir partículas que não se vêem, essa capacidade fantástica de imaginar e dar uma interpretação coerente àquilo que os nossos olhos não vislumbram a olho nu e que está fora da interpretação óbvia dos nossos sentidos, a capacidade de associar e formar ideias que se podem aplicar na matéria. É o que faz reger o nosso cérebro, a ‘Psique’ humana, esse conceito que está no âmbito da criação do Universo e da existência do conceito de ‘Deus’ e do conceito de ‘Tempo’ [e que me deixa antever a existência de uma ‘Consciência Universal’] que nos permite tal façanha. Acredito, por estas palavras e neste momento, segundo as ideias que tenho, que é no ‘Tempo’ que reside a resposta essencial da vida e da existência. A nossa visão [a visão (humana) que temos das coisas, que é influenciada ou que provêm dos saberes, da ciência, da técnica e do saber utilizar os recursos que a terra tem, entre muitos outros níveis e esquemas de percepção, que são as extensões dos nosso sentidos], ultrapassou limites imagináveis [quando nos baseávamos na realidade do que existia, descurando, ou, não tendo em conta factores e variáveis imensas que nos ultrapassavam]. A nossa ‘auto-visão’ de hoje, Novembro do ano de 2009, que já vem sendo implementada ao longo dos anos, é de que o homem é capaz de tudo e que tudo consegue resolver. Tenho para mim que, é essa é a ‘imagem ideológica suprema’ que se passa às pessoas e que faz mover os homens, esquecendo-se da sua finitude, logo à partida, como se tudo seja possível aos homens. É óbvio que, se a visão que se tem não fosse positiva e esperançosa, o homem não evoluiria e cairia no vazio da existência. Apenas questiono o excesso de confiança que se quer passar, que é contradito pelos inúmeros factos que vejo na vida que me é transmitida, e alem disso, sobretudo, que sinto em mim como sendo incoerente com tal ideal esperançoso, apesar de a generalidade da vida que me envolve ‘parecer’ estar cada vez melhor [admito que faz parte do meu carácter esta minha maneira moderada de ver as coisas]. A interactividade do homem continua a crescer de forma inesperada e imprevisível (do meu ponto de vista). A dimensão que tomou (a que chegou) tal interactividade humana [a intensidade de comunicação e relação entre os homens], assenta na sustentabilidade que permite que tal aconteça, a ideologia existente por um lado [de progresso e de paz - de uma maneira geral entre os homens], o desenvolvimento das infra-estruturas e dos meios de comunicação por outro, que significa e engloba também a capacidade de produzir em massa, tais meios de comunicação, para consumo intensivo do mundo humano, mundo humano esse que tão abertamente recebe tais meios que o fascinam. [E isto leva-me a outra ideia – um aparte - que é a de que, toda esta sustentabilidade radica no consumo cada vez maior de e energia que por sua vez se pode tornar insustentável se as fontes de energia utilizadas se esgotarem e se não se descobrir maneira de se utilizar outra fontes de energia.]
Assim acontecem as metamorfoses debaixo deste céu azul [aparentemente]. Desde a crisálida ao insecto, a mudança dá-se em determinado espaço de tempo, e esse tempo é o tempo da metamorfose desse ser. O homem é dos seres que vive mais tempo nesta terra, cheia de seres e de vida [por enquanto]. Mas, mais que a mudança que se dá no nosso físico humano (a nossa dimensão física) e na nossa fisiologia, fascina-me a mudança que se dá na nossa dimensão psíquica. A mudança pode ser de tal forma, pode dar-se tão completamente, que a isso lhe chamaria ‘metamorfose psíquica’, no verdadeiro sentido da palavra, porque acontecem mudanças completas [ou quase] no tempo de vida da pessoa, em que uma mentalidade dá origem a outra, e acredito mesmo que haja várias mudanças de mentalidade ao longo da vida, variando de ser humano para ser humano, dependendo do seu grau de apetência e/ou predisposição e/ou motivação e/ou ainda da pressão do ambiente para a mutabilidade mental, em relação a esse ser, para que mude. E constato que a pressão para a metamorfose mental, hoje em dia, é enorme.
Hoje vi um rosto. Esse rosto não era comum, como o de qualquer pessoa. Ele tinha algo de especial, algo que me transcendia, algo que me tocava e eu não compreendia. Esse rosto, dava-me confiança, mas, num momento imediatamente a seguir, algo de contraditório se passava e contrariava esse sentimento. Era como se eu estivesse a ver que, esse rosto, era confiável, e, no entanto, as emoções que despoletava em mim, diziam completamente o contrário. E eu não conseguia escolher qual expressão ele me transmitia. Era um rosto que dizia, mas ao mesmo tempo contradizia. Era um rosto de luta - e nem vou falar de rugas de expressão, ou de outras características físicas ou faciais -. Era um rosto que dizia a verdade, somente a verdade, mas, ao mesmo tempo, eu não queria acreditar nela, como se a mentira me possuísse. Era um rosto de luta, uma eterna luta, entre os sentimentos e a razão – e era tão transparente para mim esse facto! -. Era um rosto de força, mas simultaneamente desolado, aparentemente calmo e impenetrável, e, ao mesmo tempo, aberto à humanidade, com todos os sentimentos que vagueiam o ser humano a jorrar, desse rosto. Esse rosto parecia uma pedra, quando fixava o meu, mas o que transmitia era tão forte e inexplicável que me fazia vibrar o meu ser e disparatar a minha conversa, imaginar coisas sem nexo, como se me dissesse: ‘Descobre quem sou eu, se fores capaz’. Esse rosto não aparentava ter nada por trás dele, mas eu sentia que havia. E eu era impelido a sentir uma vontade de descobrir o que estava atrás daquela expressão, que se desmultiplicava em múltiplas expressões que por sua vez transmitiam algo profundo e que, realmente, eu nunca tinha sequer imaginado que fosse assim, um rosto, aquele rosto humano. E, é curioso, é que eu pensava que conhecia o rosto dos homens, até eu ser levado a pensar nisso. Aquele rosto fazia-me pensar. Mas, afinal, que transmitiria aquele rosto cuja face eu tão bem deveria conhecer de todos estes anos de experiência, de cognição e aprendizagem de expressões faciais? Naquele momento eu senti o quanto somos permeáveis, como que temos uma membrana em que a osmose de sentimentos se dá, e percebi que não podemos contrariar essa lei da natureza. Pudemos sustê-la, mas nunca contrariá-la e erradicá-la. Esse rosto fez-me perceber o quanto somos autómatos da natureza, e cada vez mais, à medida que o tempo passa, somos levados a reconhecer, racionalmente, cada gesto que fazemos, a perceber que quando pensamos que somos nós quem dominamos, afinal, estamos a ser dominados por outras forças que nos ultrapassam. E, ao olhar esse rosto, - que era o rosto que transmitia o exponente máximo da alegria, da esperança e de todos os conceitos positivos, e concomitantemente, era o rosto que transmitia o exponente máximo da desolação, da tristeza e de todos os conceitos negativos -, percebi que não havia rosto. Aquele rosto era um reflexo que produzia reflexos, como a luz ao passar por um prisma, tão simples ou tão complexo quanto isso, depende do que se sente ou do que a razão nos diz. Aquele rosto escondia um ser. Um ser que se procurava constantemente, no espaço onde se encontrava. Procurava seu nome – uma identidade pelo menos… -, a sua ligação com o mundo. E eu percebi isso, eu reconheci isso nesse rosto, como se até então eu nunca tivesse percebido um rosto. Aquele rosto transmitia uma imensa sabedoria, que, no entanto, era silenciada pelo seus gestos simples e ingénuos, como se tentasse encobrir aquilo que aquele ser era, a sua magnitude, a sua magnificência. E aquele rosto dizia tanto, transmitia uma energia e uma presença estranha, que não passava indiferente (mas que os outros tentavam ignorar – eu percebi isso). Sei que poucos o viram e sentiram como eu o vi e senti. A angústia de não ser compreendido revelava-se na sua manifestação. Toda aquela indiferença, calma e apatia, aparente, escondiam um vulcão prestes a rebentar. E eu percebi isso. No seu olhar trazia a fé, a esperança, de que o que em que acreditava fizesse sentido e lhe desse ânimo para prosseguir o caminho. Esperança de encontrar o seu espaço no mundo. Aquele rosto trazia muito mais: na profundeza daquele olhar que perscrutava o Universo exterior, havia um infinito Universo virtual, um mundo onde as almas existem, uma dimensão onde poucos querem entrar, talvez porque estão agarrados ao seu exterior, ao que o mundo lhes dá, e não querem conhecer a matéria dos sonhos de que eles próprios são feitos. Com o passar do tempo aquele rosto entranhava-se em mim, como se o meu ser se imiscuísse no ser que eu observava. Eu via, o que até então não tinha visto. Aquele rosto me explicava porque os pólos opostos se atraem, o porquê das interacções entre os seres, as suas atitudes. Aquele rosto dizia-me mais e mais à medida que o ia observando, quando ele me permitia. Ele me abria os sentidos para compreender tanto do que até então me transcendia. Ele me abria o espírito e me revelava que tudo o que era dado como certo e coerente, não o era como se aparentava, e me revelava o paradoxo, a antítese, a antinomia que reinava neste mundo humano e dos seres em geral. Esse rosto - com aquele olhar que dizia, também, que estava aprisionado -, implorava por compreensão da parte dos outros. Esse rosto tinha um olhar que compreendia. Eu percebi por esse rosto, que tentava comunicar, o turbilhão de sentimentos, ideias, emoções que lhe estavam subjacentes. Eu tentei ajudar, olhei fixamente esse olhar daquele rosto, mas ele fechou-se, revelando uma mágoa que não era explicável no meu entender, como se dissesse ‘não há nada que tu possas fazer por mim’.
Esse rosto significa tudo que tu possas imaginar, ou seja, o que és. Tu próprio ‘fazes’ o rosto de quem vês. Esse rosto é o vocabulário que tu tens em ti. É um reflexo de ti. Certos homens vêem, simplesmente, enquanto esse rosto observa e analisa, mesmo sem olhar. Esse rosto significa a unidade do ser, que ao mesmo tempo partilha uma dimensão, pouco abordada por um ser comum, com outros seres. Esse rosto tende a ser a manifestação da pura inteligência dos homens. Tudo o que nós somos, somos num conjunto e porque existe o outro rosto, sozinhos nada fazia sentido nem teríamos chegado ao ponto onde chegámos, e, no entanto, somos únicos na subtileza do nosso espírito, a sua essência. Esse rosto, significa a perenidade do nosso ser, que quer acreditar que somos eternos na dimensão espiritual. Talvez mesmo esse rosto seja ‘eu’. E não interessa mais nada do que foi dito, até porque só o que é escondido e está em segredo gera fascínio e curiosidade. E a verdade desse rosto, é um eterno segredo, que gera medo, porque desconhecido. Mas se sabemos que o final é certo, de que temos medo afinal? De que tenho eu medo afinal? Da estupidez humana? Ou dos rostos que olham e dizem tudo no meu espírito como se eu tivesse a resposta imediata para aqueles olhares. Como saberei se esse rosto existe? Mas que eu o vi, isso vi, e nada me pode mudar essa visão, a não ser a memória que algum dia me há-de fugir. Esse rosto necessita de descanso para prosseguir o tempo que lhe resta. Lembra-te: ‘Um rosto’.
Começo discorrendo, como sempre. O Universo já me conhece. Mas acho que as pessoas ainda não. Em que acredito já não me interessa, muito menos interessará a alguém. E é esse mesmo, alguém, que me tenta caracterizar de néscio. Mas, néscio, eu não sou, não me considero tal, apenas poderei ser, sei lá, apático, aparentemente indiferente. Indiferente como quem aceita o seu destino, cada vez mais. Indiferente como quem perdeu a capacidade de reagir, como quem compreende, muito, e nada pode fazer. Nascido na escuridão, crescendo e vivendo na sombra, talvez a esperança seja o móbil último da existência, aquilo que me move, e já nem falo pelos outros. Mas não tenho que morrer na sombra, morra como morrer. E já não há revolta que dê a volta ao que não tem volta a dar. Por isso silêncio - me. As vozes submergidas não têm direito a manifestar-se. O conhecimento não faz sentido, se o feedback do mundo não chega ao nosso espírito. Há que mudar de paradigma, mas até os paradigmas se perdem. É um desencontro constante. E nem que atinja o infinito, jamais passarei de um homem. Homem sobre homem. Pedra sobre pedra. Que restará de mim? Que será feito da minha moral, dos meus desejos e do meu ideal? Será um erro partir? Ou sê - lo - á ficar? Irá o mundo acabar ou irá continuar? Não me compete a mim dizer algo sobre isso, mas cabe-me questionar também. Tudo é como se vê, como se vê na globalidade do alcance da nossa visão, quer na nossa acuidade ocular, assim como na acuidade espiritual, e simultaneamente nada é. Para tal eu fecho os olhos, ignoro, abro a minha alma, perco-me nos sentidos, como se ainda os tivesse. Mas tenho, a minha mente alcança-os. E estes cultos, tudo o que me leva a estar do outro lado do muro transparente onde oiço, vejo, e não posso participar, esta tortura de receber sem ter espaço para dar segundo o que sou, esta incapacidade de retribuir, de fazer parte do clã, da união. Este culto da imagem e da personalidade e das palavras… não sou capaz. Acreditar é preciso, um lema que não me convence, como de uma promessa eleitoral se tratasse. A humanidade pode, há que acreditar. E a verdade é que não há humanidade, há homens e homens e homens sem fim, até ao fim deles. Há um elo, e há uma voz que se levanta mais alto. Nós, surdos, passamos o tempo a arranjar explicações para o que nos acontece, procuramos a causa do efeito, brincamos com a causa para ver efeitos. Procuramos os culpados, também, como se os houvesse. Simplesmente soltamos o homem que há em nós de alguma forma, de algum modo quando vivemos mais um dia, nem que esse dia seja num calabouço onde a alma está presa, presa em mim. E o perigo é real, não é imaginário. Pensamos que percebemos, mas não percebemos, é-nos dado a perceber em determinados momentos como a água que nos dessedenta, essa sede de perceber, até o orgulho fazer-nos esquecer quem somos. Eu sei, eu estou errado, só tento soltar o homem que há em mim, discorrendo.
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