Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Mais uma primavera que ocorre com toda a sua plenitude, aqui em Portugal, numa terra do interior. Mais um dia de encontro, meu, com a escrita, na esperança de encontrar uma conexão virtual neste mundo de difícil realidade humana, realidade social. O tempo foge, e nem mesmo esta minha capacidade de perscrutar de uma maneira singular a passagem do tempo me faz sentir actualizado como sentia estar naturalmente (apto) quando estava crescendo. Sim, estou envelhecendo e admito-o a mim próprio, a inevitabilidade deste acontecimento que me deixa feliz e triste ao mesmo tempo. Gosto do encontro comigo mesmo, habituei-me a gostar de mim, a tentar melhorar-me a cada dia que passa, e ao ver e sentir a maneira como muitos outros se dão com falsidade e segundas intenções nos seus actos e atitudes eu me retraí e me fechei sobre mim mesmo, não confiando absolutamente em ninguém, em determinado momento da minha vida, que agora estou pensando. No entanto sei que, necessitamos uns dos outros e isso faz com que sejamos empáticos mesmo sendo indiferentes de carácter, sejamos pacíficos mesmo sendo guerrilheiros por natureza, a ceder quando parecemos ser, até, inexpugnáveis, porque aquele que tem amor à vida própria é levado a ter compaixão do inimigo, nem que seja na derradeira hora, nem que seja só porque o inimigo seja a verdadeira razão do existir, e sem ele se tornava vazia a própria vida. Diziam-me, por vezes, que era a minha auto-estima que estava em baixo quando por vezes me queixava de um torpor que me faz vacilar, ainda, cada vez que tento sociabilizar; mas não, eu gosto imenso de mim próprio e nada tem a ver com a estima que sinto por mim quando por vezes me sinto mal, o que me faz sentir tal torpor é a incapacidade de comunicar, a incomunicabilidade com quem me rodeia (a falta de envolvência sentimental, a falta de envolvimento emocional, a falta de partilha daquilo que sinto, a falta de tolerância para comigo da parte dos outros e a incapacidade de sentir a tolerância no âmago de mim, quando a há; a falta de energia mental comunicativa), muitas vezes devido à tal falsidade que faz parte das pessoas e da qual não criei defesas, capacidade natural de reacção. Não, não é falta de auto-estima, porque até me sinto um ser superior no meu íntimo, modéstia à parte. Simplesmente não me encontro com as pessoas facilmente, até talvez porque quem parece falso sou eu. O mundo corrente é feito de imagem e individualidade. Aprecio a individualidade, mas não a falsa aparência, o ‘faz ver’ que decorre no mundo da imagem, hoje em dia. Não me quero entregar facilmente a ninguém, não quero partilhar a minha vida com intolerância para com o que sou e quem sou, porque a intolerância de meu pai para comigo há-de marcar-me para toda a vida, e não admito que mais ninguém o faça, que ataque a minha vulnerabilidade – assim estou sozinho. As pessoas não são perfeitas – mas não se podem tolerar acções e perdoar de qualquer modo, facilmente, só por se não ser perfeito – nem a humanidade cria seres perfeitos. Na verdade, dentro de um ser que tenta ser funcional, as marcas psicológicas, negativas, do crescimento ficam connosco para a vida, e valem-nos as positivas que criamos e/ou que nos possuíram naturalmente para combater todas essas mágoas que não desaparecem, até porque a fonte da adversidade continua a brotar a sua água impura e imprópria para a nossa saúde. Quantos nascem sem amor, e a quantos lhes é negado o fruto da vida, as necessidades básicas da vida, em nome de uma cultura adversa ao seu ser, revoltando-se muitos deles (os que nascem sem amor) contra tudo, porque não conseguem encontrar ou ir ao fulcro daquilo que é a razão da sua dor. Ah! Mas eu não! Eu quero ir de encontro às origens dos meus males, quero fazer uma auto-terapia intensiva, quero curar a minha dor, lutando contra aqueles que a provocaram e contra aqueles que a agudizaram, sabendo o que estavam a fazer, aqueles que merecem o meu desprezo, aqueles que merecem a ira da minha justiça. Como é evidente, a minha revolta é imensa. Foi a minha vida que esteve em jogo, todo este tempo. Toda a minha simplicidade transparece nos momentos sociais, toda a falta de ‘jogo de cintura’ vem ao de cima na disputa de momentos plurais (multi-indivíduos), toda a minha debilidade sócio-mental e sócio-emocional é óbvia; mas todas estas debilidades são transfiguradas, pelo menos tenta-se, através de uma atitude emocional de quem se respeita a si próprio acima de tudo, como respeita a envolvência que está ocorrendo e os outros verdadeiramente, que tem valores pessoais e inabaláveis dentro de si, assim como uma inteligência própria e de conhecimento que não deve ser desprezada – pelo menos é assim que me vejo em tais situações de vil baixeza da minha pessoa. Questiono a mágoa da minha dignidade e sinto que ainda não vejo justiça à vista da maneira como a feriram; focalizo uma imagem de onde poderá ter vindo toda essa mágoa e visualizo a falsidade de quem a criou e que me levou a generalizar como sendo o mundo o culpado daquilo que eu sinto e senti.
Quero acreditar que não estou sozinho, que pertenço a alguém que faz parte do meu clã inteli-emocional, que ainda encontrarei paz e plenitude na minha vida, que muito do que credito, senão tudo, é possível. Assim, sinto, a minha essência a perdurar no tempo, a minha existência íntima a influenciar os tempos que ainda faltam a esta humanidade, a dialogar como passado e o futuro; passo a passo, a prosseguir o eterno caminho da psique humana, que tenta apagar a pisada da minha existência, em vão. Tenho esperança, no fundo de mim, de que posso encontra ainda o sentimento de pura liberdade neste mundo, nem que seja modelando palavras que gostaria que se tornassem transmissíveis, verbalizáveis. Sinto na alma que ainda posso harmonizar a minha humanidade revoltada por algo ou alguém que deveria me ter, pelo contrário, apaziguado a dor da existência, porque ele tinha a capacidade disso…mas faltou-lhe a humildade.
Devemos abraçar cada dia que nasce com esperança, como alguém que faz surf e está à espera que a onda se propicie. E a onda tarda em vir, mas a onda, quando persistimos, vem, demore o tempo que demorar. O dia que desejamos está à nossa frente, não podemos desistir. Mesmo que o furacão apareça e nos encontremos no meio dele, a esperança deve estar lá, porque até naquelas ilhas onde o sol brilha com tamanha claridade e as águas são mais límpidas como não há outras iguais, o furacão também passa e destrói, mas nada fica perdido, porque o essencial está lá. Há que ter fé até ao fim, e ser realistas, nada do que é material e corpóreo é eterno, há que aceitar que a antítese está presente neste mundo assim como no Universo, para um pólo positivo há um pólo negativo, para um Universo visível há um Universo invisível, que não se compreende, mas que faz parte do que é visível. Assim, como pode o homem querer prolongar o que é finito, prolongar a alegria quando a tristeza vem, porque se persiste? Porque não saímos de palco nesses momentos e damos lugar a quem a tenha, a outros actores? [Eu já fui actor de outras cenas e cenários, mas retirei-me, mesmo que isso me fizesse sofrer.]A alegria está na transição e na mudança, no crescer e no envelhecer. A vida alegre não está no momento estático eternizado pela foto, naquele que sorriu para um momento de boa disposição. Devemos persistir sempre, mas mudando de cena fazendo um novo cenário, mesmo no sítio onde fizemos outras cenas, mas, agora, esperando por outro momento, o adequado para fazermos as novas cenas e o novo cenário. ‘Fazem-te ver’ que a vida é só alegria, eu sei. Mas a verdade é que a nossa vida tem alegrias e tem tristezas, tem felicidade e tem depressão, de que modo pensas que a vida é? [eu não via isto assim, porque não vês que é assim?] A vida deve ser mesmo assim, e devemos aceitá-la como ela é, persistindo, e se possível com inteligência e vigor. A vida é uma estrada sem fim, se assim o quisermos, se assim o desejarmos, sê – la – há, porque poderemos tanger a eternidade dentro das nossas vidas, que serão infinitas dentro de um espaço tão pequeno, quando aceitarmos que somos o que somos, não seres abandonados, mas seres amados, porque até o mais débil dos seres foi amado, até mesmo aquele que foi mais maltratado. Aquilo que somos pertence a todo o Universo, cada um de nós é um grão de areia numa praia da imensa terra, cada um de nós é um suspiro na eternidade climatológica da terra, feita de sol e amenidade, vento e tempestades. Aquele que se revolta contra o outro, revolta-se contra si mesmo, porque os homens são todo Um só, mas mesmo essa ira lhe será perdoada. Porque não cabe a ira na incomensurabilidade do Universo. E um homem tem de ser duro, duro para a vida que lhe é dura, e um homem morre a lutar por aquilo em que acredita, só é pena que por vezes acredite tão pouco… porque pouco lhe foi ensinado e porque o espírito lhe foi fechado, ou, nunca aberto. Penso nos outros de quem falo como penso em mim, no passado que reconstruo vezes sem conta, naquilo que não voltarei a ser, mas que sempre serei. E sou tolerante para mim mesmo, porque sou único na maneira como faço a gestão do mundo, não haverá ninguém igual a mim, e ao mesmo tempo o que de bom eu tenho e faço, todo o suco, a essência de que sou feito perdurará até aos confins dos tempos, onde tudo voltará a ser o que foi, tenho fé. Não podemos buscar nos outros aquilo que somos, mas tudo que somos pertence a todos os seres. Temos fé numa imagem, num homem, que venha pôr ordem neste mundo. E ele ai está, temos fé nesse símbolo que se pode tornar marcante para a humanidade, que vai encaminhar a humanidade, ele tem poder. Não interessa como lá chegou, mas decerto uma Entidade superiora o quis, foi uma probabilidade que não teria acontecido mais vezes, porque nada se repete e nada volta atrás, assim como nós não nos repetimos. Aceita o beijo da vida. Tudo o que dizes já está dito na eternidade da existência, mas digas como o disseres, se fores genuíno, será ainda mais diferente do que aquilo que és. É tão bom partilhar, é tão bom sabermos os nossos limites e cabermos estritamente dentro deles. É tão bom (!), a evolução, saber que alguém já sentiu o que sentimos, e devíamos agradecer a essa pessoa por nos transmitir o que para ela foi imenso tempo de cogitação, reflexão, até que extraísse o que de bom se poderia tirar da sua existência e poder transmitir aos vindouros que se encontram com as suas palavras. Também temos medo da mudança, claro. Mas a mudança é inevitável, e não há ninguém humano tão superior assim que possa dizer que certa mudança não é útil, que seja capaz de a parar. Apenas podemos encaminhar essa mudança, nunca parar. Quantas sociedades já não houve nesta terra, e nunca, nenhuma tão interactiva como a nossa, capaz de gerar as mais profundas esperanças e ao mesmo tempo gerar o medo mais profundo. Mas afinal, medo de quê? O fim é certo, viver é fantástico, respeitar e tolerar é essencial. Primeiro está a sobrevivência do ser humano, mas depois de os recursos não chegarem, quando novas guerras e catástrofes chegarem, como será? O fim é certo, o sofrimento sempre existiu, mas o homem tem de ter respeito, e o homem será sempre um animal antes de se tornar humano, na acepção positiva da palavra, e esse facto – o de ser um animal - sempre estará antes dele, até ao fim. Como evitar a luta entre os seres, que serão sempre diferentes. O fim é certo, somos tão frágeis (!). Não me sai da cabeça essa evidência – O fim é certo -, e isso me dá alento para usufruir da vida que possuo, assim como gostava que muitas pessoas que merecem o tivessem - esse alento. Sim, sou altruísta. Mas muitos fazem desta evidência um lema, e pensam então que podem fazer tudo, que o sentido da vida está em usufruir, em ter sem olhar a meios, em pisar, em odiar, como se ficassem impunes. E depois procuram apoio quando estão no fundo e um dia descobrem que a vida não é assim como eles a viam, se é que dão o braço a torcer, insistindo nos mesmos erros. E muitos pensam que o dinheiro compra tudo. Como posso, então, ser altruísta para tais pessoas? Cada um tem que se redimir, daquilo que é. Mas estarei sempre ao lado daqueles que são simples e puros na sua conduta interior, ou mesmo não sendo simples, agem de forma correcta e sabem conter e gerir os seus impulsos destrutivos, e sabem ser humanos, na verdadeira acepção da palavra. Quanta ira já não passou por mim, quanta ira (!) raiva e frustrações, quantas questões me coloco no meu espírito, o porquê de me acontecer isto (?), ter asas e sentir-me atado e não poder voar. Quanta raiva investida em mim e o quanto isso não me destruiu, quanto não me fez e fará perder. Mas sei que tudo tem uma razão de ser, a serenidade tenderá a vencer. E mais do que me destruir, isso só me fez perder momentos e situações que eram justas de eu poder usufruir. E não é pelo facto de haver biliões de pessoas no mundo que estão em situação pior do que a minha que me faz acalmar essa frustração, é, simplesmente, porque eu apenas queria ser eu, e não me deixaram ser. E agora eu sou cada vez mais eu, e o destino me permita que cada vez mais eu seja. Que eu veja os meus inimigos a vacilar, que tenha tempo para isso, que eu viva o tempo suficiente para ver a injustiça a ser punida, que eu sem mover uma pena eu mova o mundo, ou será que é pedir muito? Que não haja um amor banal? Que esse amor seja especial? E lembra-te, não adormeças quando não deves, porque quando o fizeres será tarde demais, mas se acordares, acredita, alguém te protegeu, alguém pensa em ti, nem que não saibas quem é, acredita que por cada acção que tu faças há sempre um motivo, e aumenta a tua auto-consciência deste mundo humano, na verdadeira acepção da palavra, para que possamos viver em solidariedade, tolerância e realismo.
Mais uma noite vencida. Mais um dia em que acho que compreendi mais umas facetas do mundo ou compreendi melhor algumas que já me parecia ter compreendido. Compreendo, mas que adianta compreender? Milhares de pensamentos me assaltam a mente por dia. Compreendo mas não consigo agir. As pessoas no centro do mundo, as pessoas no centro dos problemas, no centro dos meus problemas. O mundo social, o eterno mundo social. A desvalorização da individualidade das pessoas num mundo ondese pretende a independência das pessoas mas que em minha opinião é um verdadeiro atentado à privacidade das pessoas, ou seja à sua individualidade, um mundo de imagem, um mundo de sonhos. Eu quero ( e não quero) continuar a sentir a solidão a que já me habituei, quero ser um verdadeiro solitário, a combater o mundo que me é adverso. Que sentimentos são estes que entram em conflito, sinto sentimentos opostos em mim. Porque não podem os simples continuar a ser simples? Que luta é esta que se dá dia após dia, uma luta de nós contra nós mesmos? A minha vida em relances. A visão austera da minha vida. O grito silencioso. A minha compreensão que se dá nas coisas. Eu, quase que dizia, decididamente, que não sou do mundo por onde tenho andado. E peço agora, como peço sempre, que Deus me mostre o caminho, que me integre no meu mundo. Eu não sou nenhum anormal. O que eu sinto é verdade. A loucura não existe na minha mente mas sim na mente dos outros. Ninguém sente como eu sinto. Eu sou único. Nada mais restará de mim depois de morrer. Porque compreendo desta maneira? Ninguém sente como eu sinto. As palavras e mesmo frases repetem-se na minha mente incessávelmente. Eu sou um ser anti – vida. Eu sou, já fui mais, uma bomba relógio sempre prestes a rebentar mas sem nunca rebentar. Será que me distanciei mesmo desta humanidade que me envolve? Como poderei experimentar esta hipótese? Caminhei no sentido oposto ao desenvolvimento da humanidade. Acredito que há muitos e muitos como eu ou do meu tipo mas que não têm expressão. Perguntas e mais perguntas. Será que vou cair na depressão em que já caí? Não, na mesma não cairei, mas posso cair numa outra. Meu Deus! Porque eu penso sobre o que eu penso tão intensamente, porque tenho tanta consciência sobre mim e cada vez mais sobre o mundo que me rodeia?Eu peço a Deus para que me dê a possibilidade de agir. Eu, meu Deus, Eu, EU, EU, EU!!!!! Não digo o que sinto, não sinto o que digo. Grandes palavras, grandes sentimentos, nunca mais, nunca mais. Vou desaparecer, só, na solidão, na absoluta e completa solidão. Vou atingir o nirvana, de onde vim. Estou apático, não sinto já, quebrei a barreira do meu destino, foi-me dada uma segunda chance de vida e ainda nem sei se vou aproveitá-la. Os Aviões do ar, o bem falar, o mar, o mar. As montanhas, o céu já não é o meu limite. A imensidão, a profusão dos sentimentos, a paixão que é isso? A apatia, que nunca mais me vai deixar. Só compreensão, só compreensão. É o destino. Um abanão é do que este mundo precisa. Acordar para a realidade. Eu não sou deste mundo, definitivamente, eu não sou deste mundo. Que caia o destino sobre mim, que me trespasse, que jorre sobre o outros, que sofram pelos seu pecados, pela sua inconsciência. Eu não sou deste mundo, definitivamente. E o sol já não nasce, a lua já não existe. Eu não falo, eu não digo. Eu sinto, eu sinto, somente. Eu destruio - mesimplesmente. Eu estou abandonado, eles vão-me abandonar, eu vou ficar na mais profunda solidão.
Apetece-me gritar bem alto, chorar até morrer, apetece-me fugir de mim e nunca mais ser encontrado. Fugir desta solidão a que me submeti, a este introvertimento doentio incompreendido por quem quer que seja. Este não é o meu caminho, mas não tenho coragem para tomar outro. Talvez seja demasiado tarde para optar por outros caminhos. Não posso voltar atrás. Talvez uma solução fosse esquecer tudo, mas como posso esquecer tudo estando no ambiente causador de tudo aquilo que se passa comigo? Não tenho forças nem esperteza para lutar contra as causas que me ensombram: as pessoas. Não me adianta escrever, não me adianta espernear. Incompreendido, louco, assim sou eu. Assim tenho eu que viver, com os meus medos incompreendidos pelos outros, com a minha inteligência descontrolada. Não tenho vontade de fazer nada. Tenho pena de tudo o que perdi, e de tudo o que perderei. O que é um homem sozinho? O que sou eu sozinho? Melancólico e isolado do mundo, num mundo completamente diferente, a acreditar num Deus que nunca mais chega, na perfeição que não devia ter desejado. EU SOU IMPERFEITO, O MAIS IMPERFEITO DOS HOMENS, só que há uma indiferença em relação aos outros, eu sei que sou imperfeito, eu tenho consciência daquilo que sou e das causas que me levaram a ser o que sou, no entanto estou impotente perante o que vejo impotente perante um destino, como que é o destino que me controla e eu não consigo controlar esse destino. Assim irei morrer, angustiado no meu silêncio, mais um que sofre por aqueles que não olham para o seu interior, e só provocam a destruição. No silêncio, nestas minhas ideias fechadas, louco meu Deus, louco por ter acreditado no sonho e não ter visto a realidade que se me envolvia, louco por ter estes olhos que não enxergam os homens, que tentam enxergar um Deus que nunca mais chegará. Tento fugir de mim a cada palavra, mas ironicamente cada palavra é mais um passo para que me incompreendam. Eles hão de me crucificar, faça eu o que fizer.
Todo o homem quer testar os seus limites, todo o homem tem atitudes auto destrutivas, como se a culpa estivesse nos outros, e muitas vezes está. Muitos homens são destrutivos exteriormente, aproveitadores de outros homens, de quem usam e abusam, se puderem.
As pessoas são estranhas. Serão eternamente estranhas. As coisas que fazem… só porque não querem render-se. Ainda bem que tudo é passageiro. E se a dor fosse algo inventado? Quando não existe uma dor física real o homem inventa-a. Era bom que estivesse-mos nos fins dos tempos. Será que disse algo de que não se quer ouvir? Será que os homens me vão abandonar? Homens que são tão fraternos, não têm a humildade de dizer ao próximo: ‘Na verdade, não posso fazer nada por ti’. Falam em paz, falam em amor, falam em justiça, em ajudar aqueles que mais precisam. Mas que pode fazer um homem por outro homem? Os homens saudáveis estão tão distantes dos doentes… Que poderão fazer eles pelos doentes? Onde está o respeito pelo doente, cada vez mais, hoje em dia? O Homem é um presumido, muito resumidamente é isso, um ser que pensa conquistar tudo com a sua capacidade de conhecimento. Tudo se rende à ciência, tudo se rende aos médicos, como se eles fossem Deuses, como se eles pudessem curar os males da humanidade, que pensam ter explicação para tudo. Eles, médicos, simples homens com grandes conhecimentos como tantos outros homens. Eles, seres finitos, que pensam ter resposta para tudo, até para os males da mente. Se têm resposta para tudo porque não estou eu bem? Ou estarei eu mal só porque eles dizem? Eles, os inventores de conceitos de doenças que conseguem pôr as pessoas com doenças que na verdade não têm. Ele, os que conseguem induzir essas doenças. Porque insistem as pessoas em falar, só para não ficarem loucas.
Não sei quanto tempo me resta nesta vida. Talvez outro tanto ou talvez muito menos. Só sei que não ando bem, e já sei mais do que Sócrates (rir). Muita coisa foi perdida, muita coisa já não volta. Tenho medo do que se possa passar. E a tendência é para que se passe algo mais de mau do que de bom. Eu sei-o racionalmente, porque já compreendi muita coisa da minha vida e consigo prever o que se pode passar num futuro mais longínquo. Tenho medo da dor sobretudo, medo da loucura, essa dor descomunal de não estar em consonância com o mundo, de ser um mundo à parte e completamente esquecido, mais ainda do que da dor física. Tenho medo de ficar paralisado com uma consciência a infernizar o meu corpo, a minha infernal consciência, que é o que é a minha consciência. Como posso eu ser optimista se só vejo as coisas pela negativa? Não tenho capacidade para reagir ao stress e às coisas negativas. Como eu compreendo meu Deus, como eu compreendo o meu passado e o meu presente. Para quê a consciência das coisas, meu Deus? Para sofrer mais ainda.
O frio tem sido muito nestes dias. O Inverno está no seu pico. O Inverno, a sua sombridão, já me disseram muito respeito, os meus sentimentos já foram muito influenciados por ele. Influenciados por ele e por muita coisa mais., incontáveis coisas. Mas talvez já não seja o frio que me traz aqui, esse fascínio pelas coisas da natureza tende a desaparecer, aliás, o fascínio das coisas exteriores ao meu ser tende a desaparecer. Talvez por que seja introvertido, talvez por algo mais, mais profundo e intangível. Talvez por uma “doença”, nas palavras de outros, um conceito demasiado pesado e que amarra uma pessoa, como um cadeado.
Cada vez as questões são mais, as ideias são mais e ao mesmo tempo desconexas. Elas aparecem por flashes, não têm continuação. Vêm e rapidamente desaparecem. O sentido emocional delas (das ideias) existe pouco tempo. A capacidade emocional que daria vida a essas ideias e as faria fluir coerentemente deixou de ser eficaz. A ligação emocional, em sociedade é das coisas mais fantásticas que existe, o absorver as energias sociais que nos envolvem, sentir o fluir dos sentimentos, ser capaz de transformar todo esse envolvimento, nessa ligação, em algo concreto e novo e ser capaz de influenciar esses que nos envolvem. A perda dessa capacidade de ligação, dessa sintonia com os outros é um problema a que se deve dar atenção. É – se rotulado imediatamente de doente, por aqueles a quem se chamam de ‘normais’. Mas não sei ainda se haverá regresso ao que se foi, uma vez transpostas certas barreiras.
Os meus ideais vão contra os do mundo em muitos e muitos aspectos. Redescubro, a cada dia que passa, a verdadeira dimensão da minha maneira de ser anti – – social. Mas isso tem uma razão de ser, essa minha maneira de ser tem uma causa, o facto de que o ambiente social que me envolve tenha atentado contra o meu ser (indirectamente que fosse), daí a minha atitude anti – social. E eu estou contra esta sociedade que cria injustiças e que atropela todos aqueles que não conseguem acompanhar o seu ritmo. O respeito já não existe neste mundo do ‘faz ver’. Estão uns a passar por cima de outros. Não é que eu queira uma sociedade em que seja em tudo igual, a diferença há – de existir sempre. Mas gostava que existisse o respeito pelo homem que é mais fraco ou que defende outros ideais, isso seria liberdade. Mas se bem que não se mata fisicamente os outros, há no entanto, uma forma muito mais refinada de os matar, vivos fisicamente mas mortos psicologicamente. E essa forma é a da estupidificação do homem, que vive a acreditar que o mundo é o que certos homens, que descobriram certos poderes, contam e fazem parecer. Querem fazer ver a esses estúpidos zombies, que o que se vive noutros lugares é que é o verdadeiro viver, que o sexo que eles mostram é o verdadeiro sexo, querem pôr todos os homens a sonhar, e põem – nos de tal modo que esses homens estupidificados não vêem que a terra que os envolve está a desabar.
A luta pela sobrevivência e bem – estar tornou-se em algo mais refinado. E isso faz-me pensar no poder da palavra e da imagem. Mas penso também em algo mais, alguém poderá controlar tudo o que se passa no mundo? Serão certos homens responsáveis pelo que se passa no mundo ou poderemos dizer que o homem não pode ser responsabilizado pelo que faz visto ele agir segundo imensas variáveis que o fazem agir? Será possível saber se esses homens a quem homens lhe deram o poder agem com consciência do que estão a fazer ou agem pela ambição instintiva de controlar os outros, como meio da sua própria sobrevivência até, ou ainda, agem para provar a eles mesmos de que têm um grande auto – controlo, visto cada homem precisar de se sentir aprovado pelos outros o seu coerente auto – controlo e mesmo sabedoria?
Uns viram-se para o exterior e descobrem o que os envolve e outros viram-se para o interior e descobrem quem são na verdade, e acho que ambas as atitudes devem conduzir a um mesmo fim, à descoberta de que o Universo exterior será idêntico ao Universo interior. O Universo exterior será gerido por Deus. E esse mesmo Deus deu-nos o Universo interior para nós gerirmos. As coisas exteriores dizem respeito a Deus que tem o poder de regular as coisas interiores também, e nós poderemos mexer nas coisas interiores apenas, já que as exteriores nos transcendem. O que poderemos fazer exteriormente a nós é uma contingência de Deus, por isso todas as coisas exteriores são passageiras, mas acho que a nossa energia interior é a coisa que perdurará nos confins do Universo exterior, o Universo não será o mesmo com a nossa (boa) existência interior, quero acreditar nisso.
Tudo tem uma razão de ser. Muitas das vezes ficamos irados com o que se passa, mas sem razão. E toda essa ira só nos trará frustração e mal-estar. Talvez eu seja uma vítima da minha própria ira não projectada no exterior. Talvez eu seja vítima de muita coisa passada à qual já lhe perdi o conto. Talvez eu seja o bode – expiatório, mas ainda continuo a resistir, apesar de tudo (por quanto tempo mais?). Forte não é aquele que opera grandes mudanças sem oposição, forte é aquele que, apesar do peso que tem em cima, consegue escalar a montanha e ir contra o próprio peso. Eu fui forte, se ainda não o sou, por causa da oposição, eu sem consciência fui contra tudo, porque acreditei que estava certo no meu ideal. Sei que certo não estaria completamente, talvez longe disso, mas decerto bastante certeza tinha.
Esquecer tudo o que é negativo. É um dos aspectos que tento implementar. Escrever menos, para não estar sempre a bater na mesma tecla. Mas de qualquer modo não consigo deixar de estar preocupado com tudo o que me rodeia. Antigamente era mais por uma causa geral, todas essas preocupações, mas neste momento, são mais por minha causa, pela minha sobrevivência, pelo meu bem – estar. Se bem que me entristece saber que tudo ruma para um fim. Primeiro virá o meu fim, mas o fim do mundo caminha a um ritmo muito mais rápido também. E fico triste ao saber desse fim, de que tudo o que era belo e perfeito vai ser destruído progressivamente pelo sonho do homem, pela busca desenfreada de poder, que acaba por ser uma causa de sobrevivência também, num grau de inteligência, cada vez mais, superior.
Há a sensação de que cada vez menos posso mudar-me, uma sensação que contrasta com a de quando estava a crescer e que me parecia que podia ser o que quisesse. Sinto as coisas por flashes e imagens que transitam muito rapidamente na minha mente, rápido de mais para eu as poder descrever. E eu compreendo, compreendo muito do que me rodeia, a essência das coisas, mais do que a simples aparência. Mas para que poria eu o mundo em causa? Para que desejaria tocar o infinito? O que me levou a tudo isso? De que serve ser-se mais inteligente se não se puder pôr isso em prática? Quem somos nós para dizermos que somos mais inteligentes do que outros, próximos de nós, se essa inteligência não nos torna auto – suficientes? Toda a vida só faz sentido em partilha com os outros, e mesmo, por maior inteligência que tenhamos, ela só faz sentido com a inteligência dos outros, a interacção com eles, com essas inteligências. E essa é precisamente a minha falha, a interacção com os outros é reduzida. E eu sinto a falta do contacto humano, sinto a falta de acreditar em alguém, do toque de outra pele, de conseguir olhar nos olhos de alguém que me olhe nos olhos com verdadeiro sentimento de que gosta de mim. Quanta gente gosta de mim, mas eu não posso ceder facilmente porque, muitos só gostam de mim por não lhes fazer frente e só querem aproveitar-se. Se eu conseguisse discriminar esses gajos, mas eu não consigo distinguir, tudo me parece com o mesmo interior, como o meu que é humilde, razoável, benfeitor, mas agora sei que isso não é verdade, as pessoas são todas diferentes, ou seja, já sei há muito que sou único, mas é como se não quisesse acreditar. Não acredito no homem como capaz de levar toda a vida a rumo certo. Acredito na diferença do homem que é cada vez maior, mais individualista.
E eu pus em causa o mundo e pus em causa a mim próprio. Atentei contra Deus pensando eu que o estava a testar, mas quem foi testado fui eu. Deus existe. E quando digo ‘atentei’, digo-o no sentido de provocá-lo dentro do meu pensamento, a que ele se manifestasse para mim, para que se mostrasse, para que me dissesse como era Ele, para que me falasse. E neste momento compreendo quem é Deus, se bem que não sei, nem sei se saberei, quais são as suas intenções para com o homem e o seu futuro. E sei que Deus neste momento me tem com Ele, sei que tenho muita pena de não poder estar com os homens. Neste momento tenho um pensamento esquizofrénico para o homem. Talvez os loucos e os doentes e deficientes estejam com Ele, conscientemente. E eu dizia no meu pensamento: ‘Se Deus existe então que eu morra já aqui’. E eu tornava-me cada vez mais forte interiormente, mas era uma falsa força. Desejei imenso que Deus me falasse como fez a tantos, como dizem as escrituras. Lembro-me de estar deitado, olhar para a pequena janela do meu quarto e imaginar como seria ver Deus, e o bom que seria vê-lo. Mas sentir Deus, dentro de nós, pode ser avassalador. Pode ser uma verdadeira depressão que parece nunca mais ter fim. E estar ao lado dele, observar o mundo segundo a sua perspectiva, pode ser horrível, ver tudo aquilo sem conseguir entender…
A verdade é que não tenho soluções para te dar mas tenho questões que se podem e devem colocar a cada um de nós que é assaltado pelo espectro da morte, que ate podem só fazer sentido para mim. Quantas vezes me assaltam ao pensamento, nas horas em que sinto o vazio da minha vida, as perspectivas da morte, analisando-a de todos os ângulos. Pergunto-me: Haverá algo que me prenda na vida daqui a uns anos, onde a solidão tende a lavrar o meu caminho? Nascemos nós nesta vida para o outro? Só devemos viver se for por causa de outro que nos ama? Não poderei e deverei encontrar a felicidade em mim antes de tudo e qualquer coisa? E mesmo que não a encontre em mim não deverei lutar até ao fim, buscando-a? Ou deverei desistir e acobardar-me perante aquilo que não consegui fazer, que não consegui alcançar? Será a morte uma melhor alternativa à humilhação certa que todos os condicionamentos nos podem trazer? (E nisso a religião cristã ensina-nos a sofrer como Cristo - um símbolo do sofrimento - sofreu, até ao fim, e diz-nos que a verdadeira felicidade não a encontramos neste mundo – Mas isso já é metafísica). Será que a felicidade se encontra no ideal do mundo hodierno, um ideal do “faz ver”, um ideal da riqueza, um ideal sexista, um ideal do culto da personalidade, um ideal do ‘bem sucedido’? Será que não poderemos viver se não cumprirmos tal ideal? Qualquer um de nós merece viver, sempre. Deverá haver sempre um lugar para nós neste mundo de liberdade, por mais simples, pobres e ingénuos que sejamos e ninguém nesta terra é Rei deste mundo para nos tirar esse lugar. Depois de tentar analisar ao máximo os ângulos da minha vida, vejo que ainda não chegou a minha hora, apesar das humilhações por que possa passar, das depressões que possa já ter tido, dos insucessos que tendem a derrotar-me, eu ainda vivo, porque a minha vida tem uma razão de ser mesmo que eu não a vislumbre. E se um dia eu deixar de ver essa razão eu no entanto ainda viverei, nem que seja pelos pedaços de terra que trilhei, pela alegria genuína algumas vezes sentida no longínquo tempo que não volta. Essa foi a minha vida, essa será a minha vida, essa é a minha vida.
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