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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Sonhos

                Talvez o sonho principal, da minha vida, desde sempre, seja o da procura do conhecimento e do saber, o que me leva a tentar escrever, para compreender, compreender a minha vida, antes de tudo, dado o grau de desordem (psíquico-mental/social) que se instalou nela a partir de certo momento. Sei que compreendo a minha vida cada vez mais, ou o tempo não passasse e esta mente não deixasse de trabalhar, constantemente, apesar de não conseguir dizer e explicar o que sinto como deve de ser, não direi nada de jeito, muitas vezes. Também, por causa deste mesmo ‘tempo’, quando compreendo as coisas já é tarde de mais, cada vez mais ‘tarde de mais’. Fui ferido e esventrado no meu orgulho, na minha dignidade e nas minhas ambições, não atingi a liberdade da independência de mim como ser (humano) físico e mental. Mas, tenho imensos sonhos, mais ainda do que muita gente possa imaginar, tanto projeto de sonho que nunca cumprirei, cada vez tenho mais a certeza disso, e, o certo, é que não consigo viver dos sonhos (Até pode haver quem consiga, mas eu como a maioria não consegue). Continuo, eu, como uma criança, a sonhar e a não conseguir entrar na realidade do dinheiro e/ou do saber fazer algo para o conseguir. Com os sonhos perco eu meu tempo, e também com esta escrita, aqui, afogando mágoas que ficarão algures na internet, sem nenhum significado, quem sabe (?), sem que eu consiga ouvir (algum dia) seu eco, que apenas se dá em mim mesmo, dentro da minha cabeça, enquanto eu existir. Deste modo, aperfeiçoei-me na arte de chorar o meu pranto, que nem uma carpideira, repetindo regularmente as queixas, soluçando sem fim, neste desgostoso ato que ainda não me levou a uma saída, nem talvez leve, por inerência de um destino que se aproxima a alta velocidade. Que seria de mim se não fosse a internet? Que será de mim se eu, um dia, não puder ter internet? A solidão alastra: tanto meio de falar e chegar às pessoas e eu não consigo falar com ninguém (simplesmente não consigo dialogar), como se um cancro tomasse cada vez mais conta de mim. Mas, prefiro que estes gritos estejam no nirvana da internet, do que ofuscados e abafados no vazio de umas folhas soltas, dobradas e amarrotadas pelo tempo, algures, no vazio de uma casa, relatando a loucura (considerem este ‘louco’ na maneira de ver dos outros, porque eu não me acho louco, sinceramente, mas sim, sofredor por causas alheias e que não me deveriam pertencer) de um ser que não quiseram que vivesse, que não pôde viver em liberdade e harmonia com o mundo. Quis eu, desde sempre, ser importante; sei, agora, que ser importante não é só ‘poder’ e/ou ‘dinheiro’, mas é amar e ser amado, (se bem que passa em grande parte por ai, e eu nem isso tenho, poder e dinheiro, poder e dinheiro…com que tanto sonho); Estou muito afastado desse real significado da vida (daquela normalidade com que sentia a vida), com que tanto sonhei e acreditei (mas acho que não devo dizer ‘em vão’, porque nada é em vão, apesar de não percebermos os significados e consequências das nossas ações, em ultima análise, da nossa existência); E, que significa esse ‘Real significado da vida’? Perguntam-me. Penso que passe por: o amor, uma relação saudável entre pais e filho (s), entre amados, entre amigos [de uma maneira geral, entre as pessoas que nos envolvem e nós]. Falo em ‘real significado’, porque não me é permitido defini-lo, não tive essa honra, a de ser um ser humano realizado para poder executar a obra da definição de tal significado, o real significado. A liberdade faz parte desse real significado. A minha vida é de solidão intrínseca, de crise existencial, e eu alheio-me deste mundo, quando ela quer tomar conta de mim: refugio-me nos meus prazeres da vida, a música por exemplo, o recordar quem fui, os sonhos que tive, o que senti ao degustar pela primeira vez tal sabor de tal comida, tal momento, entro no mundo dos sonhos das recordações, num mundo mental de sensações de todo o tipo (visuais, auditivas, táteis, olfativas, mentais, sentimentais etc.) e misturo tudo, eu comparo tudo, eu analiso tudo, eu tento encontrar respostas eu tenho imenso prazer quando encontro as causas dos efeitos que se deram, na minha vida em particular - Mas pudesse remediar eu essas causas… - As minhas sensações são visuais, predominantemente. Se bem que por momentos, não sinto essa solidão e algo ou alguém vem ao meu encontro para me dar um certo ânimo, uma lufada de ar fresco para continuar. Para um homem da minha idade, que tinha a pretensão do amor, era para ser feliz, e isso passa por estar em sintonia com o sexo oposto [mais um sonho]. Mas não, a minha vida é de tristeza por ter sido castrado psicologicamente faz tanto tempo, por me terem sido anuladas as minhas ambições, por ter sido ludibriado por adultos que me prenderam as minhas emoções, que jogaram com os meus sentimentos, enfim, pela minha origem, que talhou os meus caminhos. Se me for permitido, eu abomino as culturas de opressão. Eu vi o que é a liberdade, eu vi o que é a destruição, eu vi que ninguém é nada para parar o que quer que seja. Eu nasci em desvantagem, mas luto por ir mais além, sempre lutei, e para isso, conto com alguém, eu não sou ninguém estando sozinho (se bem que esta solitude tende a prolongar-se no tempo), não sou ninguém sem um espelho que fale comigo e me diga o que está a mudar em mim, o que sou a cada momento, eu procuro meu espelho, persigo os meus sonhos.

Estamos metidos nas malhas da economia, o dinheiro faz rodar este mundo, e eu sinto que não sou capaz de entrar neste mundo económico, sinto-me um inútil, que não sabe fazer nada. Nem ao escrever tenho sucesso, porque sou uma pessoa ordinária, no sentido de vil, maltratado e subententido, que nada mais faz, ao escrever, que pôr o dedo nas próprias feridas, gritando, sem que algo ou alguém me possa ajudar. Mas as feridas têm que sarar. A esperança é a última a morrer, os sonhos só acabam com a morte, a luta com a qual se firma a vida.

Compreendendo a [minha] solitude

      Eu sigo tentando compreender este mundo e este Universo. Eu sigo, mas com uma nova visão, e temo que por mais que tentemos entender o que quer que seja, nunca nada está compreendido na totalidade, e quiçá, longe disso, o Universo não é para compreender. Compreendo conceitos profundos da vida e do Universo que até mim chegam, sinto que compreendo: compreendo que houve um princípio para a minha existência e a minha morte, compreendo ainda mais, que a terra terá um fim assim como teve um princípio, isso é-me dado a conhecer e a saber, [sei que para muitos não, estes conceitos lhes transcendem, mas julgo que toda a gente devia ter a possibilidade de grandes compreensões] mas não compreendo para lá do princípio do Universo e do seu fim, será que ainda vou compreender através dos olhares humanos que perscrutam o todo sempre? Entristeço pelo meu fim, talvez, já entristeci mais. Entristeço pelo fim da terra, mas já entristeci mais. E entristeço pelo fim dos meus sentimentos genuínos, mas já entristeci mais. Compreendo que todos e cada ser é único, com um sentimento de si único, único em todo o seu ser de uma maneira geral. Compreendo que há seres e seres incomensuráveis, só humanos seremos 7 mil milhões, dizem, na qual eu sou uma insignificância em termos numéricos. Compreendo que há indiferença perante os actos de muitos seres, como se eles tivessem todo o direito de viver, simplesmente viver, viver quiçá inconscientemente. Compreendo o equilíbrio delicado da terra. Compreendo que haverá outros que não conseguem ficar indiferentes, como eu, perante seus actos e dos demais prevendo dor e sofrimento e um fim cada vez mais rápido perante a acção dos energúmenos, que nos chamam a nós burros. Mas quem tem razão, os indiferentes ou os preocupados? Se por um lado o homem tem a possibilidade da liberdade, de ser livre até onde chega a liberdade do outro é certo, de não se preocupar a não ser com a sua sobrevivência, onde tudo é permitido, o homem que conhece e tem o poder tem a responsabilidade e tem ou deveria de ser um preocupado. É para mim óbvio que o homem não vai parar, muitos vão utilizar o seu conhecimento para produzir coisas novas, no entanto, outros vão utilizar o que havia de ser para o bem para destruir e sobrepor-se aos outros, os ignorantes. A verdade é que todo o conhecimento do homem não vai caber neste mundo, é para mim certo o caminho destrutivo da humanidade, e que longe dos sonhos há pessoas que sofrem profundamente, até porque essa é uma lei da vida que tentam negar os criadores de ilusões, haverá sempre os que estão bem e os que estão mal, esperamos é que não sejam sempre os mesmos a ter as mesmas situações e que, ainda mais, sejam sempre as injustas. Percebendo como eu percebo as coisas neste momento, vejo que ainda há quem siga cegamente o sempre superável conhecimento humano, ainda, e sendo assim, alguns, querem vangloriar o imparável conhecimento, como fonte de salvação e bem-estar, mas que prova ser destruidor quando mal usado - e que será sempre -, mesmo dizendo que é para melhorar a existência das pessoas e do mundo. Einstein, entre outros cientistas, chegou a grandes ideias, através do seu pensamento matemático e filosófico do qual imediatamente a irracionalidade humana se apoderou para quase ter continuado o princípio da sua destruição com bombas atómicas, por exemplo. Porque foram cometidas tantas atrocidades que continuam, sempre, de uma forma ou de outra? Continuam a fazer sonhar os jovens emergentes deste mundo, que tudo é possível, que iremos inclusive para o espaço um dia e conquistá-lo-emos. Continuam a incutir-lhe o conhecimento, mas, e a sabedoria?! Quantos a possuem? Porque continuam a ignorá-la, porque têm medo dela os homens? De que servirá um dia ter imenso conhecimento se tudo isso desaparecerá com esta terra? Porquê adiantamos nós o fim do seu equilíbrio? Porque primeiro não incutem no homem a sabedoria e a empatia pelo humano, e a injustiça continua? Porque continua a ilusão? E a tolerância e o bom senso? Onde está? Eu seria feliz ainda que não tivesse tudo o que tenho, se não me tivessem feito vir até aqui, se pudesse viver nas minhas pequenas ilusões, que seres que se acham superiores a mim me aniquilaram, seres com ‘supostos direitos’ sobre outros porque acham que sabem mais do que eles e acham que estão certos. Falo daqueles que têm e não sabem o que têm de bom. Enfim cada um assume o seu destino. Amo o conhecimento, agradeço a quem o utiliza para o bem e adorava ter a sabedoria. Sonho com melhores relações humanas, e pergunto-me o porque de toda esta raiva contida em mim (?) e raiva do homem que destrói e subjuga injustamente, raiva de quem me subjugou e desvalorizou, e de quem tenta fazê-lo injustamente. Estais à espera de um salvador como Cristo como eu estava? Pois ele não virá jamais, Deus se existe avalia cada vida por si só, não há salvadores, cada um salva-se a si próprio através dos meios que Deus, se existe, lhes dá, a cada pessoa. Continuo a acreditar no que sinto, de verdadeiro, a alma genuína que me preencheu e me deu vida, ela me diz para prosseguir, e me mostra os meus direitos e o meu caminho. No entanto não sigo sem ter os meus temores, os meus receios de maus entendidos, da maldade, que surge no meio do bem, do mal contra a minha pessoa que surge não sei bem de onde. Precisamos dos outros, mas o meu sentido de defesa leva-me a ser cauteloso, na partilha da minha vida com os outros.

A Irmandade da noite

     No outro dia tive uma sensação de pertença. Senti que me encontrava integrado de alguma maneira numa sociedade, tinha amigos e as pessoas aceitavam-me como eu sou. Imaginei logo que pertencia a uma irmandade. Senti que estava naturalmente em sintonia com o mundo, pois dali, naquela irmandade, via e sentia o conhecimento que me rodeava, além de que os meus amigos vinham ter comigo. Então, imagino, com base na minha realidade, uma ‘Irmandade da noite’, pessoas que vivem mais pela noite ou a qualquer hora do dia, neste mundo confuso em que só alguns têm o direito de viver a vida, a dos seus sonhos, calmamente desfrutando do tempo e do espaço que constitui este mundo; os outros estão condenados a ser carne para canhão, porque não aprenderam ou a vida não lhes permite viver a vida em prazer, a usufruir uma humanidade equilibrada e agradável; porque neste mundo de dinheiro tem que haver o pobre para sustentar, com o seu trabalho, o rico, o pobre é o que produz, porque necessita; porque no mundo há e tem de haver a ambivalência e os opostos, logo, se há rico tem que haver pobre, se há a sorte é porque existe, também, o azar; além disso são 80 por cento a trabalhar para sustentar esses 20 por cento de luxo e bem-estar máximo; e não é que eu quisesse ser como um deles, no fundo, mas também quero ser feliz; preocupo-me pela injustiça, pelo desequilíbrio, pela ambição destruidora de muita gente sem escrúpulos, tal como tantos outros se preocupam. [Nem sei eu porque defendo quem não conheço, talvez porque tenha medo de ser um deles, dos pobres, ou porque eu estou do lado daqueles que têm dificuldades]. Alguns não dormem para que o mundo, efectivamente não pare, o mundo económico que irá destruir esta terra se a terra não destruir este mundo económico, de ganância, de ignorância e alheamento. Quer-me parecer que as pessoas da vida de sonho já não sabem de onde vêm as coisas (o certo é que elas vêm), nem o que são a natureza ou os animais, e vivem num mundo virtualmente intenso e intensamente humanizado; além disso, elas têm todos os direitos do mundo; ajudam quem mais necessita, porque elas nunca sequer se questionaram acerca da possibilidade de elas serem as pessoas necessitadas ou virem a ser um dia, os outros é que são e serão sempre os necessitados. [Mas duvido constantemente de mim mesmo e do que digo, se terá sentido aquilo que sinto e digo, pois não posso ser enganado pelos meus sentimentos - que podem ser falsos e inverosímeis e incoerentes por motivos exteriores a mim -, mas, como já disse muita vez, há o bem e o mal, acredito nisso, e eu procuro que a minha mente seja clarividente a ver isso.] Agora, senti que digo isto como se eu fosse alguém isento nisto que digo, quando na verdade faço parte da globalidade deste mundo humano, portanto, estou nalguma parte desse mundo, não num mundo à parte a ver isto, mas estou ao vivo neste mundo, no meio da acção; ao mesmo tempo vejo com olhos de falcão, isto é, apesar de estar em terra é como se eu tivesse a visão de falcão, a visão daquele que anda lá bem no alto. Constantemente eu me imaginava e imagino, na minha juventude, a concretizar os meus sonhos, a viver a vida de acordo com o que eu sentia e sinto, mas claro que isso foi, é e será (muito provavelmente) uma utopia, quando na verdade existem os outros, dos quais eu não estou em sintonia, que não me permitem exercer a minha liberdade. Não estou em sintonia nem mesmo com a minha família, da qual já estive inteiramente integrado, nesse clã que as forças de um mundo infinitamente complexo e em mutação fazem mudar e alterar (e que aceito que assim seja, no fundo), forças que fazem mudar a relação entre as pessoas, mesmo entre as conhecidas e entre as que um dia foram fortemente íntimas connosco.

      Assim, prossigo o meu pensamento tentando compreender porque estou só neste meu ser e ninguém pode compreender a totalidade do meu ser a não ser eu, ou, talvez, nem eu consiga entender a totalidade do meu ser (…), daquele que sou e que vou descobrindo a cada dia que passa; as alegrias e tristezas por que passei pertencem-me e a mais ninguém, e é no meu passado que encontro as respostas ao porque de todas elas. A cada dia que passa enterro-me mais no que sou: penso que sou uma pessoa boa e com grandes ideais e boas intenções, mas que não encontro a minha paz neste mundo, o meu bem-estar, a irmandade verdadeira, a comunhão com os seres que me são semelhantes, como se eu fosse um ser marginal ou um desencontrado crónico enquanto humano e apenas me reste a ebulição do ser, a metamorfose da alma, o hino de uma vida que vale tanto como tantas outras e que passará muito provavelmente despercebida, ou então, que só um destino, quiçá pós-morte, eleve a alma desta minha existência aos confins do infinito, do Universo, e talvez encontre a ‘Irmandade universal’ dos seres que já algum dia passaram por esta terra e já encontraram a sua paz e o equilíbrio eterno entre eles e a sua passada existência.

            A noite deve ser estranha para a grande maioria das pessoas, pelo menos as que vivem de dia e não ousam ultrapassar a sua rotina e/ou ir à procura de novas descobertas e sensações. A noite entranha um conceito de libertação das pessoas que vivem na normalidade do dia-a-dia, de dia. O homem conquistou, com a electricidade, a noite e o mundo nunca mais dormiu. Mas nem por falta de luz os antigos deixavam de circular na noite, como homens que percorriam com instinto a noite a fim de alcançar outros lugares. O mundo diurno pode ser um verdadeiro pesadelo para certas pessoas, como contem um ritmo normal, estimulativo e inquestionável para muitas outras. Não tenho dúvida, pelo que sei que a noite altera as pessoas. Há que ultrapassar os limites, há que procurar novas sensações, e o homem é o ser da descoberta e da interpretação do que existe, a noite tinha que ser conquistada e interpretada, e não quero defender com isto o homem e a sua atitude. Mas para alguns surge como uma conquista inevitável, a fim de resguardarem as suas vidas. Resguardarem as suas vidas da palhaçada que ela (a vida) pode ser, que brinca connosco a seu bel-prazer, com indiferença. Pois é, alguns entram na noite para a palhaçada, outros entram nela para tentarem sair dela, pelo menos compreender a palhaçada que é esta vida. Dizem que defendem o ambiente, e o ambiente degrada-se mais a cada dia que passa, com mais ou menos entraves, com mais ou menos adiamento dessa destruição; dizem que ajudam os pobres, mas quem se ajudam são as elites entre elas, o poder pelo poder; dizem que regulam a direcção da nações e tentam levá-las a bom porto, mas os estragos são enormes, em nome das elites e do progresso - que não se compreende (o que progresso é) -, criam-se necessidades que poucos podem usufruir, abarcam-se e destroem-se culturas e seres, humanos ou não, exploram-se seres e a terra, e o acaso dá-se nas incomensuráveis variáveis que agem no mundo com enorme conjunto de seres que se auto-atropelam e caminham em busca de um bem-estar utópico. E com o que disse abarquei o caso da política também. E eu?! Qual a minha situação no meio disto tudo? Eu não sou mais que uma pessoa, um entre tantos, e eu não posso fazer mais que pouca coisa senão viver a minha vida, dizer o que acho, deitar achas para a fogueira da vida, participar nesse cozinhar utilizando esta caldeira efervescente, utilizar o meios que tenho, usar o conhecimento e a minha capacidade física (as minhas pernas, os meus braços, os meus olhos, etcetera) e caminhar, olhando, ouvindo, dizendo (mostrando) quem sou eu, vivendo neste tempo, até não mais poder. Talvez todos os tempos tenham sido de excessos e complexidade que só uma entidade superiora regula, e parece-me que sem uma vontade particular e própria. Mas eu quero viver feliz e de acordo com o que sinto, ou então eu estou a sentir tudo errado, mas seja como for eu sinto e tenho direito a sentir e a viver, porque também respeito o que os outros sentem e respeito o seu espaço. Fugir ao dia quando se sente encurralado, embrenhar-se na noite, nem sempre dá certo, ao não ser, talvez, que o destino assim o queira. Na noite quebram-se as regras do dia, e eu agradeço a existência da noite porque as regras e normas do dia seriam extremamente difíceis de suportar, para mim, sem poder reflectir na noite sobre elas, reencontrar-me com o ser que sou, um ser desrespeitado – regras e normas, essas, que seguem, muita gente, cegamente, e que para mim são difíceis de seguir, porque não me foi permitido, além de que eu amo o sentido supremo da vida e não cultura abjectas (abjectas porque não contêm esse sentido supremo) que se imiscuiem com esse ‘sentido supremo’, tentando reinar a cultura do caos e da opressão dolorosa e injusta -. Não gostaria de incitar à revolta pela revolta, não, apenas queria que as pessoas compreendessem no seu íntimo, sendo analfabetas ou letradas, vivendo em Portugal ou noutra parte do mundo, nas mais diversas culturas, compreendessem, repito, esse sentido supremo da vida como eu senti e sinto [acredito piamente que era possível isso, se cada um dos seres fosse bafejado por esse sentido à nascença como eu fui], sentido supremo esse que aborda a cordialidade e a existência de uma inteligência superior dos homens, uma sintonia com a vida e os restantes seres, um conhecimento que transcende e respeita os seres e o ambiente, um luta de braços dados pelo bem-estar e o equilíbrio e não uma luta de uns contra outros, alimentando a discórdia, a desconfiança que haverá enquanto houver seres a nascer sem amor e sem conhecimento, a perpetuar a incompreensão natural que o conhecimento devia colmatar nas pessoas, porque nada é com elas, quando tudo é com cada um. Na noite tenho visto tudo isto e isso que digo e sinto, através da minha vida. Talvez eu pertença a uma Irmandade da noite na busca pelo dia em que eu possa caminhar em paz, no dia, momento esse que nunca mais chega mas que está cada vez mais presente.  

Ficar melhor [get better]



This is not America. Isto não é o paraíso. Isto é um mundo de sonhos, enquanto pudermos dormir. Eu deixei de poder dormir. O sonho está onde o céu é o limite, e o meu limite é precisamente o limite físico que não me deixa ir mais além, porque o céu já ultrapassei, para o Universo e mais além. O sonho está precisamente na existência de limite, quando transpomos esse limite então deixa de haver sonho para haver algo concreto, mais além, que podemos tocar ou não, e talvez a nossa desintegração comece…just be … sê, simplesmente – mas sem asas não posso voar. Negam-me o sonho, a pensarem eles que eu ainda sonho, mas eu já o transpus (!), feliz ou infelizmente. Negam-me o desejo, o óbvio, o humano, e fazem-me sentir de tal modo como que, se de tudo o que o homem sente, há coisas que não são humanas, como se o meu sentir não me fosse permitido. Chego a odiar a cultura humana que me aprisiona e a falta de sorte para encontrar o meu lugar e os meus. Mas eu estou de tal maneira a desintegrar-me que já não consigo encontrar o que quer que seja, mas simplesmente vou desintegrando-me e esquecendo o que para mim um dia parecia uma evidência, ou pareciam evidências. Perco-me no tempo que passou a encontrar as causas e a sua solução para tudo isto, mas parece-me uma tarefa cada vez mais impossível, precisamente pela complexidade que tomou o meu ser e a minha vida. Sinto-me perdido neste monólogo interior, só. Sinto imensamente a vida, mas não sou capaz de me sentir bem, como se o meu bem se tivesse esvaziado, e agora não podendo dar também não recebo. Pode ser… may it be… pode ser que tudo tenha sentido. Pode ser que tudo não tenha sentido. É tão estranho esta maneira de sentir (!), tão paradoxal (!) que esgota. Sinto uma fraqueza enorme naquilo que sinto e que parece ser tão forte e incomensurável que move o mundo à minha volta - e é curioso, agora estou a testemunhar isso, ainda me foi permitido isso -, e, apesar disso, não haverá ninguém que compreenda, como se isso, o compreender e o haver alguém do lado de lá, fosse importante e necessário. É tão raro este mundo (!). É tão rara a minha maneira de sentir. A verdade é que me parece que não sou original, sou uma cópia imperfeita de alguém que já existiu  and that the way it is, é simplesmente assim, por mais que eu disser que estou a morrer isso interessa a alguém? And it is just the way it is a minha vida não tem mais valor do que qualquer outra, e eu até consigo entender a dimensão dessa ideia, e vejo a imensidão do que isso significa, mas pergunto-me porque eu tive que me rebelar contra o sentimento de pequenez e lutar contra o que não sou capaz de mudar. Para que dei eu tanto valor à vida quando ela não vale nada. Pelo menos o valor da minha foi sugado. Sou um estranho nesta vida, um estranho noite e dia. Só espero por um dia bom, one fine day . Poderá ser um dia bonito. Sol e céu azul, límpido. Um dia de sonho novamente, em que sou importante para mim mesmo, e basta. Em que vivo indiferente a um curso da vida que não me pertence, em que sou anónimo. Caminho, em dias ensolarados, a curtir o som da vida e dos homens sem isso me fazer o menor efeito, livre das drogas que inebriam a minha vida, oiço a música sem por isso estar nas nuvens, sem que ela me afecte tão profundamente, como ousava fazê-lo. Não tenho nada mas sou feliz, não tenho medo de nada, já faz tanto tempo, nada me intimida, nem os trovões nem as vozes altivas e grossas de quem não tem valor, neste mundo imenso, de justiça, paz e fé. E o dia foi belo, e tenho sono, um sono tão perfeito que nada mo pode tirar, nem a paz que ele me traz. E eu descanso e acordo vigorosamente, cheio de plenitude da vida sem que isso signifique o mínimo de cansaço. A minha vida é um filme, e eu sou a estrela, e não tenho medo de ser bom, o melhor de todos, e ninguém mo pode negar porque para mim é indiferente. É bom o que sinto, e nada nem ninguém pode mudar esse sentimento. Eu faço parte da  juventude da nação, a nação em que acredito,  e morro pela pátria, lutando pela liberdade do ser humano, que a pátria me quer dar. Lutamos em busca de raridade, pela raridade dos momentos bons. Tivemo-los e nunca mais os teremos, mas procuramo-los insistentemente, eu procuro sabendo que nunca mais serão os mesmos. Mas continuo revoltado contra o sistema da vida não me aceitar. Normalmente eu deveria aceitar o curso da minha vida e calar e nem me aperceber de muita coisa, mas percebo, e é esse o motivo da minha infelicidade que eu quero transformar em felicidade. Eu tenho convicções. Estou sozinho no que digo e faço, sou a pior merda que pode haver em muitos olhos e não significo nada para outros tantos, mas eu acredito que sou bom no que digo e que faço, e quando digo cai, cai mesmo algo ou alguém longe ou perto de mim, por vezes acontece. Mas também pode não acontecer e isso não quer dizer nada, mas por vezes quer. Então agarro nos meus pensamentos e mexo o universo, não sei onde mexo mas mexo, não sei o que toco nem onde toco, mas toco e construo e destruo. E nada me pode parar porque a origem não é detectada, até pode partir tudo de mim, mas na verdade nada é identificado como tal. E no entanto eu tenho a chave secreta. Mas ninguém sabe, e continuam a procurá-la sem saberem bem o que fazem. Eu só quero ficar melhor get better…

O valor genuíno do tempo da vida

                O tempo passa. Tenho defronte de mim o mundo. Eu vejo-vos sem que vós me vejais. Tenho atrás de mim o meu passado que me quer fugir e eu não quero deixar. Não sei se seria melhor deixá-lo ir embora da minha memória, mas penso, e que seria de mim depois? Eu tenho andado ausente, mas ainda continuo por cá, embora por vezes na solidão, embrenhado no meio de tantas questões que tento entender, que tento dar uma resposta, o porquê de tanto que consigo sentir. Tentava outrora acalmar-me na compreensão do que me envolvia, mas descobri que essa acalmia é passageira, tem o seu tempo, depois há que continuar na busca de nova respostas para novas perguntas que surgem no caminhar. Tento produzir pensamento útil na minha mente. Tento que os meus pensamentos afugentem e fiquem imunes à ira, à contrariedade e à frustração que por vezes vem até mim e não me deixa seguir livre. E não consigo entranhar em mim as visões que tenho do mundo, por inteiro, e transformá-las em algo útil. Gostava de ser produtivo, mas vejo as minhas energias a fugirem-me, e as forças do conhecimento a apoderarem-se da minha energia que se dissipa com elas. Realmente talvez eu seja mais pequeno do que alguma vez pensei, e cada vez mais o serei, sinto-o como uma evidência. Há medida que o tempo passa a minha presença física torna-se mais pequena e inútil neste mundo, mas, dentro de mim, há a matéria de que são feitos os sonhos que cresce exponencialmente, a matéria infinita do conhecimento e da compreensão de tudo. Eu queria quebrar as correntes que não me deixam ser livre, mas elas têm-me fortemente preso. Eu sou simplesmente um ser. Todo o meu ser está virado para o meu interior, e só a partir dele eu consigo interpretar o mundo que me rodeia, a informação que vem até mim através dos meios que consigo ter, tem que ser ‘trabalhada’ à minha maneira através do modo como eu sinto – e eu sei que sinto de uma maneira muito diferente da maneira que sentem ‘a norma’ das outras pessoas e isso tem-me dado muitos mal entendidos e problemas -.

            Tenho pensado em grandes questões da vida. Tenho-as pensado só para mim. Tenho esventrado as questões e as respostas que encontro. Tenho insistido nas questões e nas respostas que encontro até à exaustão [tal qual como quando se ouve uma música vezes e vezes sem conta até que ela passe a fazer parte de nós, e a compreendemos], pondo-as à prova na minha mente de acordo com todo o ser que eu sou, como todas as experiências exteriores e interiores a mim que tenho tido na minha vida – e sei que muito do que se pensa não é mais do que lixo que se produz na nossa mente, mas tento retirar o suco, a essência, de tudo isso -. Muito pouco do que analiso resiste a tal intensidade e obcecação de análise do pensamento. E sei que o sentido de esta vida é em frente, já o disse, até à meta final, signifique isso o que significar, o fim das finais. Não adianta desistir ou parar na esperança de que de um momento para o outro nasçamos com uma nova vitalidade, e pensar que tudo de mau irá passar. Se parar-mos, tudo nos ultrapassará, deixaremos de entender o mundo e voltamos à inocência. Voltaremos à nossa vida interior. Não podemos desistir, e devo dizê-lo para mim com veemência, ‘não posso desistir!’. Mas é certo que tenho que recuperar energias para caminhar mais um pouco.

Dizem que eu não tenho nada nem sirvo para nada, na minha cabeça dizem-no. Mas o valor de saber amar a vida e ser amado por ela não é observável. Dizem que o meu passado não tem valor, foi em vão, pelos menos na minha mente dizem-no e fazem-me sentir isso, mas ele tem mais valor do que se possa imaginar. Um passado simples pode ser enriquecido com toques de magia. Ninguém tem controlo sobre o que se vai passar na vida. A vida ajeitasse para nós à medida que vamos caminhando e vamos escolhendo o caminho e as pessoas que passam a fazer parte da nossa vida, conscientemente ou inconscientemente. Escolhemos o que vamos fazer a cada segundo que passa, nós, segundo o que somos escolhemos o caminho. E sou daquelas pessoas que acredita que 1 segundo na vida é capaz de mudar uma vida em certas circunstâncias, em certos momentos. Quantos passos não dei em falso quando o medo se apoderou de mim nesta vida. Eu revejo esses momentos na minha mente e sei que poderia ser tudo diferente, se eu tivesse tido uma outra aparência, uma outra aparência na maneira de agir também. Muito desta vida se resume a aparência e não ao que de facto se é. Acham que o que é genuíno é simples? Ultrapassei as minhas forças e ainda cá estou e essa é a prova que, a vida, apesar de não me dar a felicidade que tanto sonhei, não me abandonou. Podia dizer vida ou podia dizer Deus, mas esse conceito já o debati muito em mim e isso já me é indiferente até certo ponto e em grande parte da enorme questão. Pensamos que temos um ‘personal Deus’ [eu pensava] que nos ouve e que nos protege. Mas então o que seria de todos aqueles que necessitam (se é que haverá alguém que não necessite)? Sei que estou cada vez mais longe de ser feliz segundo os sonhos que tinha. Sei que encontramos nos outros que não nós a felicidade, muitas vezes, e não só em nós como se diz por vezes, mas também. Mas também são outros que nos fazem sentir mal. Mas como posso ser assertivo nesta vida? Como podemos ambicionar a perfeição se somos seres imperfeitos?

 

Um rosto

Hoje vi um rosto. Esse rosto não era comum, como o de qualquer pessoa. Ele tinha algo de especial, algo que me transcendia, algo que me tocava e eu não compreendia. Esse rosto, dava-me confiança, mas, num momento imediatamente a seguir, algo de contraditório se passava e contrariava esse sentimento. Era como se eu estivesse a ver que, esse rosto, era confiável, e, no entanto, as emoções que despoletava em mim, diziam completamente o contrário. E eu não conseguia escolher qual expressão ele me transmitia. Era um rosto que dizia, mas ao mesmo tempo contradizia. Era um rosto de luta - e nem vou falar de rugas de expressão, ou de outras características físicas ou faciais -. Era um rosto que dizia a verdade, somente a verdade, mas, ao mesmo tempo, eu não queria acreditar nela, como se a mentira me possuísse. Era um rosto de luta, uma eterna luta, entre os sentimentos e a razão – e era tão transparente para mim esse facto! -. Era um rosto de força, mas simultaneamente desolado, aparentemente calmo e impenetrável, e, ao mesmo tempo, aberto à humanidade, com todos os sentimentos que vagueiam o ser humano a jorrar, desse rosto. Esse rosto parecia uma pedra, quando fixava o meu, mas o que transmitia era tão forte e inexplicável que me fazia vibrar o meu ser e disparatar a minha conversa, imaginar coisas sem nexo, como se me dissesse: ‘Descobre quem sou eu, se fores capaz’. Esse rosto não aparentava ter nada por trás dele, mas eu sentia que havia. E eu era impelido a sentir uma vontade de descobrir o que estava atrás daquela expressão, que se desmultiplicava em múltiplas expressões que por sua vez transmitiam algo profundo e que, realmente, eu nunca tinha sequer imaginado que fosse assim, um rosto, aquele rosto humano. E, é curioso, é que eu pensava que conhecia o rosto dos homens, até eu ser levado a pensar nisso. Aquele rosto fazia-me pensar. Mas, afinal, que transmitiria aquele rosto cuja face eu tão bem deveria conhecer de todos estes anos de experiência, de cognição e aprendizagem de expressões faciais? Naquele momento eu senti o quanto somos permeáveis, como que temos uma membrana em que a osmose de sentimentos se dá, e percebi que não podemos contrariar essa lei da natureza. Pudemos sustê-la, mas nunca contrariá-la e erradicá-la. Esse rosto fez-me perceber o quanto somos autómatos da natureza, e cada vez mais, à medida que o tempo passa, somos levados a reconhecer, racionalmente, cada gesto que fazemos, a perceber que quando pensamos que somos nós quem dominamos, afinal, estamos a ser dominados por outras forças que nos ultrapassam. E, ao olhar esse rosto, - que era o rosto que transmitia o exponente máximo da alegria, da esperança e de todos os conceitos positivos, e concomitantemente, era o rosto que transmitia o exponente máximo da desolação, da tristeza e de todos os conceitos negativos -, percebi que não havia rosto. Aquele rosto era um reflexo que produzia reflexos, como a luz ao passar por um prisma, tão simples ou tão complexo quanto isso, depende do que se sente ou do que a razão nos diz. Aquele rosto escondia um ser. Um ser que se procurava constantemente, no espaço onde se encontrava. Procurava seu nome – uma identidade pelo menos… -, a sua ligação com o mundo. E eu percebi isso, eu reconheci isso nesse rosto, como se até então eu nunca tivesse percebido um rosto. Aquele rosto transmitia uma imensa sabedoria, que, no entanto, era silenciada pelo seus gestos simples e ingénuos, como se tentasse encobrir aquilo que aquele ser era, a sua magnitude, a sua magnificência. E aquele rosto dizia tanto, transmitia uma energia e uma presença estranha, que não passava indiferente (mas que os outros tentavam ignorar – eu percebi isso). Sei que poucos o viram e sentiram como eu o vi e senti. A angústia de não ser compreendido revelava-se na sua manifestação. Toda aquela indiferença, calma e apatia, aparente, escondiam um vulcão prestes a rebentar. E eu percebi isso. No seu olhar trazia a fé, a esperança, de que o que em que acreditava fizesse sentido e lhe desse ânimo para prosseguir o caminho. Esperança de encontrar o seu espaço no mundo. Aquele rosto trazia muito mais: na profundeza daquele olhar que perscrutava o Universo exterior, havia um infinito Universo virtual, um mundo onde as almas existem, uma dimensão onde poucos querem entrar, talvez porque estão agarrados ao seu exterior, ao que o mundo lhes dá, e não querem conhecer a matéria dos sonhos de que eles próprios são feitos. Com o passar do tempo aquele rosto entranhava-se em mim, como se o meu ser se imiscuísse no ser que eu observava. Eu via, o que até então não tinha visto. Aquele rosto me explicava porque os pólos opostos se atraem, o porquê das interacções entre os seres, as suas atitudes. Aquele rosto dizia-me mais e mais à medida que o ia observando, quando ele me permitia. Ele me abria os sentidos para compreender tanto do que até então me transcendia. Ele me abria o espírito e me revelava que tudo o que era dado como certo e coerente, não o era como se aparentava, e me revelava o paradoxo, a antítese, a antinomia que reinava neste mundo humano e dos seres em geral. Esse rosto - com aquele olhar que dizia, também, que estava aprisionado -, implorava por compreensão da parte dos outros. Esse rosto tinha um olhar que compreendia. Eu percebi por esse rosto, que tentava comunicar, o turbilhão de sentimentos, ideias, emoções que lhe estavam subjacentes. Eu tentei ajudar, olhei fixamente esse olhar daquele rosto, mas ele fechou-se, revelando uma mágoa que não era explicável no meu entender, como se dissesse ‘não há nada que tu possas fazer por mim’.

            Esse rosto significa tudo que tu possas imaginar, ou seja, o que és. Tu próprio ‘fazes’ o rosto de quem vês. Esse rosto é o vocabulário que tu tens em ti. É um reflexo de ti. Certos homens vêem, simplesmente, enquanto esse rosto observa e analisa, mesmo sem olhar. Esse rosto significa a unidade do ser, que ao mesmo tempo partilha uma dimensão, pouco abordada por um ser comum, com outros seres. Esse rosto tende a ser a manifestação da pura inteligência dos homens. Tudo o que nós somos, somos num conjunto e porque existe o outro rosto, sozinhos nada fazia sentido nem teríamos chegado ao ponto onde chegámos, e, no entanto, somos únicos na subtileza do nosso espírito, a sua essência. Esse rosto, significa a perenidade do nosso ser, que quer acreditar que somos eternos na dimensão espiritual. Talvez mesmo esse rosto seja ‘eu’. E não interessa mais nada do que foi dito, até porque só o que é escondido e está em segredo gera fascínio e curiosidade. E a verdade desse rosto, é um eterno segredo, que gera medo, porque desconhecido. Mas se sabemos que o final é certo, de que temos medo afinal? De que tenho eu medo afinal? Da estupidez humana? Ou dos rostos que olham e dizem tudo no meu espírito como se eu tivesse a resposta imediata para aqueles olhares. Como saberei se esse rosto existe? Mas que eu o vi, isso vi, e nada me pode mudar essa visão, a não ser a memória que algum dia me há-de fugir. Esse rosto necessita de descanso para prosseguir o tempo que lhe resta. Lembra-te: ‘Um rosto’.

           

Bate como quem chama por mim

17-01-04

 

 

                        Bate como quem chama por mim, o tempo, a música, gente, qual será? Não é nada, apenas o pensamento a querer ser traduzido, ser exprimido. Sou sincero, neste momento não tenho emoções a flor da pele, como se eu já não tivesse sentimentos. Mas já os tive, já chorei, já tive alegria infinita, já tive outras maneiras de sentir o mundo. Estou a passar mais uma fase de compreensão, uma fase de estabilidade. Um assalto de visões percorrem o meu pensamento em certos momentos. O passado não desapareceu, construo momentos, nessas visões, através da associação de ideias e dessas vivências passadas. Sereno, assim me imagino, como gostava de ser. Gostava de ter a certeza das coisas, mas  ela não me pertence, portanto a serenidade é perene. Tenho sim, grandes perspectivas da vida, analiso-a do  maior numero de ângulos possíveis.

            Temos que ter maus momentos para saber identificar os bons momentos. O Ano  Novo começou, mas  nada mudou subitamente. Tudo muda gradualmente. Os sonhos, esses, renovam-se alguns, persistem com menos intensidade outros, aparecem outros. Visionário, é o que eu sou. Um ser que caminhava na busca da perfeição, mas que caiu na dura realidade que é ser-se constituído de matéria perene que é este nosso corpo o qual não controlamos. Como podemos ser perfeitos nesta vida passageira que passa sem esperar que a gente ultrapasse todas as fases integralmente. O Ser Humano não é perfeito, é funcional, isto é, faz coisas funcionais mas não perfeitas.

            Eu quero, eu vou fazer algo. Não podemos parar enquanto estamos vivos. Não posso mudar o mundo fisicamente, deparo-me com contingências que não controlo. Queria libertar-me, queria não ter de novo a consciência de ter consciência, queria ser um produto da natureza e agir naturalmente. Certezas não as tenho, mas tenho esquemas funcionais que me permitem interpretar o mundo e compreendê-lo, podia dizer que são as minhas leis. Toda a gente as tem, e quanto mais velhos mais elas se enraízam em nós à medida que envelhecemos. O porquê das coisas, o eterno porquê, por que  razão acontecem, porque sofre quem tenta ser perfeito? A vida é um mistério. O sonho ultrapassa a nossa vida, o sonho ultrapassa o mistério, o mistério é o sonho, o sonho faz o mistério. O sonho são as nossas asas, o sonho dá-nos asas, ele faz-nos voar e conhecer novos mundos. O homem vive submergido no sonho. O sonho comanda o homem, mas destrói a realidade, sem ela o sonho não existe. Há que acordar para a realidade antes que seja tarde de mais.

 

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