Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
A vida tem um propósito, algo (grandioso) sucedeu para que ela surgisse e algo a fará continuar bem para além da minha existência, diga o que se disser; somos impulsionados a agir, a movermo-nos até não mais poder, a fazer o que quer que seja, bom ou mau, com as repercussões que esse ‘fazer’, essa ação terá. A vida escapa-me velozmente. Durante um ínfimo de temporalidade eu sinto que ultrapassei o próprio tempo, absorvi-o com uma rapidez tal que tudo me parecia possível; ultrapassei-o como a maioria dos jovens o farão, mas, agora, o tempo vai deixando-me cada vez mais cá atrás, como que tendendo a abandonar-me; menos mal quando tenho tempo de refletir sobre a minha condição humana (ainda penso que isso tem valor), no entanto sem saber particular algum, não possuo o saber do concreto, algo que me faça poder viver; se bem que de nada me tem valido (aparentemente, na globalidade) todo o tempo que eu pude usufruir, como se fosse uma perda desse mesmo tempo, dadas as minhas ambições para a vida, visto isso neste momento. Antevejo sofrimento (e acho que não é pessimismo, é realismo), mas em maior quantidade, para mim, na ordem daquilo que já senti, e nem consigo exprimir o que sinto e senti como também daquilo que sei, talvez não me seja permitido fazê-lo. Sei que muitos devem estar pior, e, eu, eu não consigo compreender (apesar de me parecer que compreendo muitas das vezes), ou melhor, eu não consigo estar satisfeito, tenho o instinto da insatisfação, sempre o tive, porque realmente a vida levou-me a tê-lo sempre presente. Tenho que arcar com toda uma envolvente que não escolhi, com um corpo e um espirito frágil, apesar de não dos mais frágeis, frágil no entanto; e tudo confluiu nisto que sou hoje. Na beleza de ser jovem, há todo um apelo aos instintos que nos faz viver, que nos faz tentar superar os momentos que se dão, que nos faz ultrapassar ou suportar os atritos que se dão, a ter uma esperança vinda da força da vida em si que nos impulsiona a experimentar e a conhecer mais e mais. Este mundo é um verdadeiro apelo aos sentidos, em que tudo gira à volta da sexualidade, da continuidade dos seres, algo que eu não fui abençoado à partida, pelo contrário, fui amaldiçoado por algo que me transcende, não compreendo. Por sua vez o instinto da insatisfação levou-me a ir ou tentar ir ao encontro da explicação do ‘porquê’ de tudo ser como é na minha vida. Toda essa busca fazia sentido, mas agora sinto que a justiça me escapa, e esse sentido se perde. A vida apela-nos aos instintos, e eu não fui capaz de lhe corresponder minimamente, ou, pelo menos, atempadamente. Tudo em mim é tardio, fora de tempo, como se uma sina caísse sobre mim com regularidade. E eu estou enlouquecido, enfurecido (e nem o manifesto porque seria pior para mim, porque já não consigo), sabes: ‘ I’m mad’. Quanto tempo perdido, quanto desencontro na minha vida, tanta peça que não encaixa no puzzle que ela é (conseguirei eu fazê-lo algum dia?) Quanto apelo aos instintos de sobrevivência, quantos chamamentos para que seguisse determinados caminhos, antes, e agora tendo a ir para o vazio, em verdade tenho medo do pântano que vejo à minha frente. Mas o instinto da sobrevivência puxa-nos (me) ao máximo e já me puxou ao máximo de modo a estar aqui e agora. Sempre pensei que tudo acontecesse naturalmente, mas uma coisa é a realidade, outra coisa é o nosso desejo, ou, quiçá esse desejo não passe de um sonho, muitas das vezes. O instinto sonhador acompanhou-me também até hoje, e apesar de muita coisa não acontecer naturalmente, como eu o desejei, sempre foram acontecendo muitos desejos, sem por isso, no entanto, colmatar uma necessidade suprema que reside no mais alto dos desejos, dos sonhos, o de ser amado como deveria de ser amado, na verdade. Muitas vezes questiono-me se eu não serei realmente amado e não será o meu instinto de insatisfação que me leva a pensar que não o sou (?); é provável e razoável que eu seja amado de certo modo e até certo ponto, e isso contribuiu para que eu esteja aqui e agora, repito. Se sou amado, algo não me deixa sentir isso, e eu já consigo entender, em parte, pelo menos, o porquê de não sentir isso; não obstante, não quero acreditar nas respostas que sinto, no que ‘vejo’, o ‘porquê disso acontecer’; tenho uma grande tranca diante dos meus olhos que por sua vez me fez elevar o pensamento, um apelo de sempre ao instinto do pensar. O ‘apelo dos instintos’ ergueram-me da insignificância (deixem-me passar uma imagem de grandeza), eles me fizeram ir de encontro ‘ao apelo aos instintos’, (permitam o trocadilho) que significa que o meu interior foi em busca do exterior, a necessidade intrínseca foi em busca da ‘oferta’ extrínseca. Eu lutei, o meu instinto me levou a fazer o que fiz e o que fiz foi em busca da eterna ‘justiça’ (a minha ‘busca eterna’ por justiça), algo que me faz mover atualmente de uma forma mais vívida (originalmente, a prioridade foi procurar a compreensão da minha condição humana, algo que já alcancei de certo modo, penso). Se não fosse o apelo aos instintos ou o apelo dos instintos, a necessidade de satisfazê-los, a vida não seria como é. A fome pode ser grande, senão é hoje pode sê-la amanhã, e a necessidade de a satisfazer vai nos levar ao máximo de nós, se ainda tivermos forças para tal… Assim é com qualquer instinto, onde as necessidades (físicas em particular, se quiserem) falam sempre mais alto que quaisquer palavras do que qualquer norma feita por alguém para satisfação dele ou de um grupo de indivíduos a desfavor de outros, marginalizando. As leis da natureza são as leis máximas que existem, o homem tenta contornar e fazer outras assente sobre elas. As leis que regem a natureza dos instintos são as leis primordiais e eu não consigo vislumbrar outras que as possam substituir. Porque fazem as crianças sonhar? Porque sonhei eu? Talvez seja ou tenha sido um apelo aos instintos.
Que sente um homem que vive aprisionado? Haverá a existência e separação do ‘bem’ e do ‘mal’? Como é a ‘relatividade de tudo’ para uma pessoa e para a humanidade em geral, e, de que forma estão as emoções relacionadas com essa relatividade e também com o conhecimento e sabedoria? Como um homem pode ser especial se vive aprisionado e não é conhecido? Será possível a todo e qualquer homem atingir muito conhecimento e sabedoria? Serei eu um fanfarrão que se auto -intitula conhecedor e sabedor? [Mas podem ter a certeza que sou apologista do saber e do conhecer]. Estarei eu mesmo aprisionado ou tudo será fruto da minha mente? Serei eu um marginal neste mundo? Se o for, será esse o motivo que me torna especial? De onde me vem esse desejo de ser especial? Porque não posso ser ao mesmo tempo especial, livre e feliz comigo mesmo e com os outros? Porque a maldade da destruição me quer atingir? Porque há uma força que me quer levar ao abismo e outra me quer levantar quando me prostro ou o mal me atinge? Perguntas e mais perguntas. Sim, já me disseram numa ‘expressão ortodoxa’ que eu era ‘ótimo’, devo ficar feliz por isso, e não, não foi, nunca, da boca de meu pai (efetivamente da minha mãe já ouvi elogios). Ele, a causa de eu estar aqui e agora, neste contexto, com esta forma e feitio, tenho quase a certeza que foi isso. Terei algum complexo de édipo? Na! Não me parece, invenções e mais invenções de teorias que querem explicar objetivamente aquilo que não é explicável, a psique humana, o comportamento humano, que me querem julgar erradamente. Como explicar a emoção humana? A ligação emocional entre os seres? Não quero acreditar que tenha de me queixar de quem me devia amar, sinceramente, nem queria absolutizar todo esse mal (é forte a palavra ‘mal’, admito), pelo menos não queria absolutizar toda essa real indiferença da parte dele (‘indiferença’, essa é a palavra mais suave e que se engloba melhor no contexto de que estou a falar). Vejo quem chora a ausência física de um pai que foi perdido. Vejo tristezas por não se ter nem mãe nem pai. Vejo tristezas por se ter sido abandonado. Não fui nem tive tais coisas. Mas, vejo-me, a mim, aqui, magoado, por ser quem sou, por, apesar de ter um pai e uma mãe, no entanto, um pai sem sentimentos, cheio de falsidade, enganador, realmente sinto - me enganado e usado, e só eu sei o porquê. Meu pai projetou-se no futuro com sua maldade mais intrínseca, incapaz de pôr o interesse do seu filho, futuro do seu futuro, na devida importância. Ainda vejo o momento fulcral de seus olhos chispantes a rogar-me um mau futuro, indiretamente, essa tal ‘indiferença’ que o carateriza contra uma criança que se pode resumir a esse primordial momento que compreendi o meu futuro, em que eu me projetei ate estes momentos que tenho passado agora. A História deve estar plena de casos como os meus; sei que a bíblia, por exemplo, aborda a eternidade de toda a história do homem que se repete vezes e vezes sem fim, exemplos e mais exemplos de lutas de pais contra filhos, ou ainda de um ‘bem’ contra ‘um mal’, quer isso se dê a nível familiar ou extra – familiar. Penso que também relata a eterna luta animalesca do mais forte que derrota o fraco na realidade que é este mundo. -Gostaria, do fundo do coração e da minha vida, que se rompesse toda a coerência da história do mundo, uma vez a minha existência ter irrompido nos paradoxos do mundo, eu que nasci fraco e revoltado, seria uma obra existencial que talvez nunca tenha acontecido se os fracos (inteligentes, conhecedores e sabedores) do lado do bem e da razão irrompessem do vazio da existência e derrotassem os fortes do lado do mal !!! Talvez ai o mundo se tornasse melhor - Enfim, uma utopia, que leva a considerarem-me louco, certamente, ao ir contra os desígnios da existência deste mundo, desta terra. Assim, no entanto, esta foi a minha possível vida, este terá sido o passado menos mau que pude ter e só tenho de aceitar. Será que faço de meu pai o bode expiatório da minha situação? Não creio, e é tão difícil explicar, exprimir o porquê de ser assim, mas eu sei-o (o ‘porquê’) e mais ninguém, eu sinto-o desta maneira, e custa-me imenso se tiver que morrer com este sentimento, no vazio, atingindo o nirvana sem o gosto da verdade justa. Terá que ser assim?! Anos e anos a ‘falar tristeza’, a redescobrir o meu passado, a entender que afinal tudo tem sido mais forte do que eu, querendo mudar o mundo, a expectar a mudança do mundo para comigo, porque eu me tenho sentido impotente para mudar. Talvez num desperdício de tempo, nos olhos de muitos, sempre assim, faz anos, cansado, agora, pelo tempo, pensando que esse ‘tempo’ estava do meu lado, será que não está? Pensando também que meu pai estava do meu lado, uma ilusão, enfim que tive que ter para crescer, neste mundo de promiscuidade e falsa retidão nas ações, enganado pela própria existência – generalizando, falsa retidão dele assim como daqueles que são egoístas, egocêntricos e que absolutizam o seu seres, seus corpos e as suas vidas, não aceitando o fim de tudo, fazendo crescer o mal neste mundo superlotado. O fim aproxima-se dele, se bem que pode aproximar-se de mim primeiro, contudo sempre o disse e senti: ‘Não tenho medo da morte, mas sim, do sofrimento’, e apesar disso, sinto-me a sofrer constantemente, senão, certamente, não estaria aqui, neste blog, transmitindo o que transmito, sempre com a esvanecente esperança de que ainda hei - de ser feliz. E agora digo mais, tenho imenso receio da injustiça perante a minha vida, por isso, agora, também procuro a justiça – E, procuro aperfeiçoar o entendimento desse conceito, a ‘justiça’.
Que aos bons chegue o bem, e que eu saiba quem me envolve por bem, se me for permitido.
Escrevi isto ao som de:
1. Paul Young - 02 - Everytime You Go Away (4:25)
2. Johnny Hates Jazz - Turn Back The Clock (4:32)
3. 15 - Bonfire - You Make In Feel (4:44)
4. Simon Climie - Dream With Me (4:50)
5. Sydney Youngblood - I'd Rather Go Blind (4:17)
6. 01 - Jennifer Rush - Power Of Love (6:02)
7. Cock Robin - When Your Heart Is Weak (4:40)
8. Marc Cohn - Walking In Memphis (4:17)
9. Climie Fischer - Love Like A River (4:24)
10. Jon Secada - Do You Believe In Us (4:00)
11. Jennifer Rush - A Broken Heart (4:09)
12. Talk Talk - 15 - Such A Shame (5:43)
13. Mike & The Mechanics - 13 - A Time And Place (4:51)
14. Maggie Reilly - 02 - Everytime We Touch (4:04)
15. Richard Marx - Angelina (4:07)
16. Phil Collins - 10 - Long Long Way To Go (4:21)
17. Phil Collins - I Wish It Would Rain Down (5:29)
18. F.R. David - Words (3:35)
19. Celine Dion - 07 - Where Does My Heart Beat (4:30)
20. Marillon - No One Can (4:37)
21. Richard Marx - Right Here Waiting (4:26)
22. A - Ha - The Sun Always Shines On Tv (5:08)
23. Phil Collins - 01 - Do You Remember (4:38)
24. Frankie Goes To Hollywood - The Power Of Love (5:30)
25. Richard Marx - 13 - Chains Around My Heart (3:46)
26. Chris Rea - Texas (5:09)
27. Toto - Rosanna (5:31)
28. Roxette - Fading Like A Flower (3:51)
29. 11 - Peter Cetera - Glory Of Love (4:23)
30. Nik Kershaw - The Riddle (3:53)
31. Roxette - It Must Have Been Love (4:19)
32. Curtis Stigers - 01 - I Wonder Why (4:28)
33. George McCrae - Rock Your Baby (3:53)
34. Christopher Cross - Words Of Windsom (5:49)
35. Vaya Con Dios - What's A Woman (3:54)
36. Paul Young - Don't Dream It's Over (4:24)
37. Roxette - Spending My Time (4:37)
38. Spandau Ballet - How Many Lies (5:24)
39. Beverley Craven - 05 - Holding On (3:52)
40. M.C. Hammer - Have You Seen Her (3:55)
41. Fleetwood Mac - Dreams (4:18)
42. Mike & The Machanics - You Are The One (3:38)
43. Fleetwood Mac - Sara (4:38)
44. Eurythmics - Miracle Of Love (4:37)
45. Paula Abdul - 06 - Rush Rush (4:21)
46. New Kids On The Block - 16 - I'll Be Loving You (4:24)
47. Sonny & Cher - I Got You Babe (3:13)
48. Peabo Bryson & Roberta Flack - Tonight, I Celebrate My Love (3:32)
49. Huey Lewis And The News - World To Me (5:09)
50. Cock Robin - 05 - Thought You Were On My Si (4:19)
51. Billy Idol - Eyes Without A Face (4:12)
52. Mirjam's Dream - 13 - Take A Look At Me Now (3:56)
53. Vanessa Williams - 15 - Save The Best For Last (3:39)
54. Sandra - Maria Magdalena (3:39)
55. Lisa Stansfield - 07 - Change (5:39)
56. Richard Marx - Children Of The Night (4:45)
57. Fairground Attraction - Perfect (3:39)
58. Bad English - 03 - When I See You Smile (4:19)
Vivo constantemente nesta insolência sentimental. Sei e compreendo cada vez mais o que sinto, pois, afinal, sou um espectador de mim próprio, um ser incomensuravelmente consciente, que tem evoluído no conhecimento intra e extra-sensorial, mas mais no conhecimento intra-sensorial. Numa tentativa de não perder o auto-controlo, sobretudo do pensamento, tornei-me num auto-controlador extremo de todos os meus pensamentos, como se o meu ego, que é o polícia do meu alter-ego (do meu inconsciente), se tornasse cheio de poder e retirasse forças à manifestação natural daquilo que é a minha natureza, tal como é a natureza humana (no sentido colectivo), de um modo geral. Esse policiamento tem um significado que é o de que pretendo seguir as leis com o máximo de rigor possível, muito possivelmente, e está de acordo com o sentimento que me acompanhou no meu desenvolvimento, que era o de seguir o objectivo de atingir a perfeição, agir correctamente em todos os aspectos da minha vida, de seguir o que é correcto e agir de acordo com o que eu sei que é a perfeição. No mínimo, de seguir com os princípios da perfeição. Sei que este sentimento que me guiou, vem de um pai exigente que, na verdade – agora sei-o e sei mais ainda - não é perfeito, longe disso. Chamaria – o - sem me ferir, por isso, a mim ou a ele ou qualquer susceptibilidade que exista nalguma parte mencionada ou exterior às mencionadas -, de um pequeno ditadorzinho familiar, um ditador medíocre. Sei agora que as minhas expectativas foram goradas, porque a raiz daquilo que me levava a tentar ser o que eu não era, era ela mesma (essa raiz) imperfeita, além de que tenho a convicção de que nenhum homem pode ser perfeito, porque nenhum homem é senhor de si e do seu destino. Senão fosse assim, até poderíamos, um dia, atingir a perfeição [a perfeição geral máxima], que para mim é a manutenção do equilíbrio. A beleza do equilíbrio aliada à energia do poder fazer, está de acordo com o inventar coisas equilibradas e descobrir a maravilha do porquê do equilíbrio das coisas, e a perfeição mora aí. E com tudo isto, ou contudo, eu sou o que sou hoje.
Surgem-me, neste contexto, grandes perguntas acerca do porquê de o homem não poder ser perfeito e ter uma auto-consciência de si mesmo, o que é magnífico. Não descuro a parte de que para algo ser o que é houve muitas tentativas e erros da natureza para algo surgir equilibradamente, extrapolando, quero dizer: para um homem surgir com as características que tem, já muitos homens o antecederam e evoluíram. Há muito mais coisas e acontecimentos repetidos do que imaginamos, há muitos mais sacrifícios de seres do que imaginamos para toda esta evolução. Parece-me que a evolução, quando há equilíbrio, é algo que deve ser incontestável e é imparável, até ao fim dos tempos. Sei que defendo, com isto, Darwin, mas com tudo o que tenho lido e experimentado na peneira dos meus sentimentos, é verosímil que assim seja.
Há no Universo um conceito intrínseco em tudo o que se queira observar: a dualidade. Acredito nesse conceito, assim como acredito na existência do oposto para que haja equilíbrio. E fascina-me a capacidade que os homens têm, nós temos, pelo menos alguns, de, apesar de estarmos no pólo oposto, no pólo negativo, saber-mos que há um pólo positivo, de conseguirmos observar o outro lado de onde estamos. Isso é fonte de maravilhas e ascendência nesta vida ou, pelo contrário, pode ser e significar um caminho mais rápido para o desterro, para a angústia: assim é a auto-consciência. Diria mesmo que, se um homem quiser, se tiver essa forte vontade, ele consegue observar as coisas de múltiplos e incomensuráveis ângulos. Podemos imaginarmo-nos a nós próprios do exterior, fazer uma ideia do que somos exteriormente, mesmo sem nos olharmos com outros olhos, e, no entanto, também nos podemos olhar com outros olhos, mesmo com olhos de quem nunca nos olhou. Penso mais, que, muito provavelmente, poderemos falar em pluralidade.
Observo o meu interior constantemente. Analiso os meus sentimentos, trago as recordações da minha vida ao de cima, envolvo-me nos meus sentimentos originais na tentativa de compreender. Questiono-me acerca daquilo que sinto e que imagino, encontro respostas viáveis que se tendem a tornar fiáveis, pelo menos para mim, na minha interpretação do mundo. Sou um espectador atento daquilo que sou eu, redescobrindo-me a cada dia que passa, mais e mais. Estou enormemente grato por ter a possibilidade de viver e ter chegado até aqui. Grato por tido a possibilidade de evoluir, de sentir prazeres na vida, de ultrapassar objectivos que pareciam inultrapassáveis, grato pelo sofrimento sentido (também) como forma de evolução e maior compreensão das coisas. Estou grato e não sei ao quê ou a quem agradecer… Sinto uma imensidão em mim, sim, um vazio social imenso mas também uma grandeza Universal que me acompanha no meu interior. Mas temo que estes sentimentos de plenitude e grandiosidade me façam ter azar, e que ele um dia se queira vir a apoderar de mim, novamente, algo que ninguém está livre neste jogo de sorte e de azar que é a vida. E tenho tanta sorte… poder estar ainda aqui… saber muito mais do que o que sabia antes… sentir que tenho um lugar no mundo… Pois, tenho oportunidade de estar integrado ou a integrar-me novamente. Pergunto-me constantemente até quando esta sorte vai durar (?), [até acho estranho depois da escuridão que se abateu sobre mim], este entendimento calmo da vida, que desejava sentir para sempre. Decerto a vida fala comigo uma linguagem que eu vou entendendo cada vez mais. Até poderíamos chamar Deus, porque alguém o colou a mim, esse conceito de uma entidade superiora, da qual não me consigo livrar, repito-o até à exaustão. Neste momento e cada vez mais sinto que sou um ser único [quer seja isso bom ou não] e que essa vida, esse Deus, fala comigo uma linguagem particular; sinto que não me cabe a mim gerir os destinos do mundo, porque sou pequeno de mais para isso, ínfimo, prescindível. Se ao menos eu puder salvar a minha vida… Não, não sou egoísta [repito-o], sou empático, solidário, e se eu tivesse força e energia suficiente eu levantaria o mundo com os meus braços. Se eu fosse o dono da perfeição o Deus de todos os homens, eu os tornaria perfeitos e a agir da forma correcta. Mas não, sou apenas espectador, quase na totalidade, da minha acção neste mundo. A maioria das coisas para as quais eu estava pré-destinado neste mundo a fazer e a mudar, talvez eu já tenha feito, isto é, se tinha alguma coisa a mudar neste mundo ou no meu mundo interior talvez já o tenha feito. Sei que não adianta questionar-me acerca do porquê das coisas ser como são e não de outro modo, elas simplesmente são como são, simplesmente acontecem, e acontecem uma vez apenas, tal como se nasce e morre uma vez apenas. O caminho é em frente, não há o regresso. Doa o que doer [em mim], a [minha] vida é assim. Sou e tentarei ser um espectador atento de mim, e futuramente dos outros (desejo isso).
Abro os meus sentidos para a minha vida interior. Exteriorizo o que sou e quem sou.
Não sei por onde começar, constantemente me acontece isso (repito-o constantemente, como se fosse uma espécie de prólogo para inicio de um texto que pretendo que faça algum sentido) quando por exemplo me deparo com uma folha em branco, ou com uma espécie de feedback que não me faz concentrar a minha mente (constantemente dispersa) em determinado fio de ligação para prosseguir um tema, ou ainda num multiplexidade de fontes de informação. Alguns dizem que a mente é capaz é capaz de processar vários tipos de informação e tarefas ao mesmo tempo, mas eu ainda não me convenci bem disso, pelo menos até que ponto podemos ser especificamente bons em algo concreto se não dedicamos todo o nosso espírito num (nessa função e objectivo concreto) determinado halo de funções que a nossa mente é capaz de processar. A prova viva de que é possível tocar muitos burros e perder bastantes pelo caminho sou eu, em primeira instância (eu que me analiso e me conheço perfeitamente e cada vez melhor, ou não fosse eu um auto-controlador e conhecedor, ansioso - por saber mais, na tentativa de me compreender e compreender a minha existência -, dos sentimentos que em mim circulam e que devem ser muito parecidos aos de outros). Mas sei, indirectamente que há muita gente assim. No meu caso, quis ter, por vários motivos da minha existência que me levou a isso, um conhecimento amplo do mundo e do Universo e nunca me apeguei às coisas concretas da vida, a saberes concretos ou aplicação concreta de conhecimentos, nada em particular me seduzia, ou melhor, tudo me seduzia tal como ainda agora seduz dessa forma, em grande parte, apesar de estar a convergir e a ser capaz de assimilar tanto conhecimento que circula por ai. Assim tenho um conhecimento generalizado sem ser especialista em nada, a não ser nisso mesmo, em análise geral, de tudo um pouco, o conhecimento dos sentidos e da semântica geral dos sentimentos dos homens, - a não ser que em particular sinto-me especialista em análise do auto-conhecimento que tanto cultivei e cultivo, devido à minha introversão primeiramente e à minha circunspecção de seguida, que a vida me faz ter, ainda sem perceber bem o porquê disso -. Assim, não sou produtor de nada, ‘compro tudo feito’, como por vezes dizemos na brincadeira. Compro feito mas analiso aquilo que compro feito sempre com espírito crítico e de reflexão, imaginando como isso, que ‘compro feito’, podia estar melhor do que foi feito, ou seja, analisando as coisas, desse modo. Já me senti o homem mais infortunado do mundo, mas neste momento sinto-me num ranking bem mais alto daquele em que já estive, inclusive um homem com bastante sorte pelo menos, depois de ver que estava perdido no mundo, preso nas minhas angústias existenciais, a querer ir mais além, ultrapassar, compreender, e por consequência sentir-me preso num atoleiro e ver que não dependia inteiramente de mim (e, se calhar, ainda bem que foi assim) sair desse atoleiro. A depressão e a confusão completamente apoderadas de mim – e ao dizer isto sinto-me tão liberto que neste momento sinto-me um homem livre dentro dos possíveis. Tenho chegado a tão grandes conclusões (!), conhecimentos (auto - conhecimentos que fazem sentido - pelo menos para mim, e que me demonstram o porquê da minha vida -). E isto são desabafos que por vezes introduzo no meio da conversa como quem não quer ou não sabe como dizer as coisas directamente. Isso (!), talvez não queira e não saiba como dizer as coisas. Talvez as coisas tenham uma altura própria para se dizerem, uma altura em que já as sabemos e podemos dizer, e além do mais dizer com o tom de voz (de escrita neste caso) adequado, com o tom de voz de quem ultrapassou aquilo, o bom ou mau acontecimento vivido, por exemplo. Ou talvez eu tenha medo de falar. Isso (!), medo de falar… porque, as palavras, ditas por certas pessoas, com certas entoações, atingem espaços longínquos na nossa vida e na vida das pessoas e de tudo o que existe no mundo. Eu tenho medo de ser mal interpretado, um medo de morrer a defender o desconhecido, teorias que me cansariam ao ser transmitidas a muitos (homens) que fazem da vida uma ‘republica das bananas’, o caos, a ignorância, como se de nada fossem culpados. A ignorância faz os homens erróneos neste mundo, apressam a sua destruição, e se eu tiver um poder dentro de mim não quero ser autor da destruição do que quer que seja. Em última e derradeira análise, da minha destruição quando ainda posso desfrutar da passagem por esta vida. É certo que gostava de fazer algo específico na minha vida, em especial virado para as letras e o conhecimento, baseado nesta minha pretensa capacidade de analisar o mundo e o Universo de uma maneira tão particular e tão especial (para mim pelo menos). Gostava de ser livre de me dedicar livremente a esta maneira de ser, aproveitar o meu tempo em liberdade, económica (em particular, para fazer o que pretenderia), em prol da afirmação daquilo que sei, que em mim vai, em prol de um ideal de fascínio pelo que senti e sinto e tenho vivido, um prazer supremo de estar bem comigo próprio e de transmiti-lo aos outros através da comunicação, preferencialmente escrita, mas sonhando ir muito mais além oralmente, e activo fisicamente, dentro da normalidade. Não quero ser político, não (!), nada disso. Não gostaria de seguir falsos ideais, elitismos, posições que não podem ser defendidas. Não acredito no mundo tal como ele era e se apresenta. Opus-me ao sofrimento e à solidão, algo que ninguém está livre de sentir, devido às voltas de mudança que o mundo dá, nem mesmo eu que já vi e senti como vi e como senti, nem mesmo os homens com mais poder e conhecimento do mundo. Para mim o poder é uma invenção, tal como tudo o que o homem inventa e que passa a fazer parte de uma cultura, à qual se subjuga quando não se rebela, porque o homem pacífico por natureza não se rebela, ele fascina-se com o mundo e com os seres e tudo o que mundo e Universo significa. O homem mau, tende a rebelar-se, sem razão, logo também não tem o motivo do lado dele, a maioria das vezes, porque, no homem mau, está também na sua natureza rebelar-se sem razão. Poderá haver então homens que nascem pacíficos, a querer acreditar na beleza do mundo e no bem-estar do próprio e dos outros, a acreditar numa inteligência superior, que são constantemente maltratados pelos que nascem com a maldade dentro deles - aqueles que lutam a dizer que é pelo bem que agem, que deve ser feito o que eles dizem, que é o correcto -, e que maltratados por estes com má natureza se rebelam mas com motivo? Caberão os justos neste mundo? Ateando, eles, fogo contra fogo, luta com motivo verdadeiro pela luta falsa, para destruir aquilo que não está correcto, aqueles que, não se deixando levar pelas culturas impostas, seguem o caminho da vida e lutam para que esse caminho seja uma realidade, a cultura verdadeira que é o da tolerância e liberdade individual até ao ponto onde começa a liberdade dos outros, o respeito para consigo mesmo e para com tudo o que o envolve, a inteligência de querer compreender de uma maneira justa tudo o que nos envolve, aqueles que não se deixam levar pelo mundo do faz ver, das aparências. Existirão esses homens?
De repente senti uma enorme vontade de agradecer aqueles que tão generosa ajuda me dão na minha vida para morrer, me mostram o caminho da morte. Nesta ironia que é a minha vida, agradeceria, primeiramente, a quem me deu a vida, não sei precisar se de ambas as partes, que acabou por não ma dar na sua plenitude, coagindo-me e sacrificando-me, abafando meus gritos, fazendo ouvidos surdos, tentado fazer o bem (dizendo que era para meu bem), supostamente ‘o bem’, pondo-me no imponderável da vida, numa corda bamba, no limite do abismo, fazendo-me enxergar o negrume da vida, a insustentabilidade do meu ser, e sobretudo colocando-me numa situação de falta imensa de auto-confiança e auto-suficiência, numa situação de dúvida acerca de mim próprio e da minha capacidade de subsistência nesta vida. Afinal, quem nos dá a vida também nos encaminha para a morte, em vida [penso]. Supostamente, necessitei de ajuda em certos momentos chave da minha vida, e mais uma vez o complô de um destino que gira à minha volta e me encaminha para a minha morte actuou novamente e em força transpondo-me para uma nova fase de aproximação ao meu destino – aquilo que querem que seja o meu destino, o destino que uma natureza quer para mim -, entregando o meu ser e o meu destino na mão de alguém que, supostamente é ensinado para ajudar os outros, e que mais uma vez me ajuda neste caminho difícil para o fim dos meus dias, a reles atitude de quem promete o que não pode fazer, a promessa de uma cura que é impossível e que, no fundo sabem disso, mas que são superiores a tudo e agem a favor do desempenho da sua função, dizendo que é para curar que é para ajudar. Agradeço assim de seguida a todos os que se aproximam para me ajudar com base na falsidade das boas intenções, fruto de todo o erro original cometido pelos influentes seres primordiais da minha vida. O meu coração contorce-se a cada dia que passa, grito por ajuda, e vejo sempre a vã vontade humana de ajudar mascarada de sabedoria, contentes no fundo do seu âmago por não se encontrarem em tal situação. Penso nos tempos em que não tinha nada a perder, em que ainda podia confiar em alguém, até porque tinha de confiar em alguém porque sabia que o que me davam era genuíno e que não tinham a ideia de uma contrapartida, já que eu nada tinha, e logo não haveria falsidade nessa ajuda que prestavam. Agora digo correctamente, para que entendas: de repente senti uma enorme vontade de mandar à merda aqueles que ajudam a encaminhar-me para uma morte sofrida, quando podia ter uma morte com sabor a quem viveu, uma vida normal e apropriada a quem eu sou e de acordo com as minhas capacidades; De repente senti uma vontade de dar a volta a toda esta situação complicada que me envolve [uma vontade cega de vingança subtil, digo], de pessoas que não me querem deixar viver, que me empurram para o sofrimento, que se acham superiores e que agem perante mim como tal, com superioridade. Quando olho nos olhos de quem eu tão cegamente confiei um dia, hoje, consigo ver a falsidade que vai nos seus corações, e sinto-me completamente enganado, e penso, como poderá alguém tão próximo de mim ser assim? Como posso eu confiar em alguém depois disto [de ver (e sentir) isto]? E se eu não confiar, que será de mim? [penso]. Como enxergar o bem e o mal? Como saber o que é bom para mim se eu perdi o meu discernimento, estou falcatruado nos meus sentimentos, desfalcado do bom senso, alucinado pelo sofrimento que tenho de não poder ter a minha vida ao meu ritmo, devido, precisamente, ao medo de que não subsista economicamente na minha vida, quero com isto dizer, para que se entenda, ando a trabalhar doente porque se desistir não sei o que será de mim, economicamente, por isso quero morrer a trabalhar, doa o que doer. Como posso eu melhorar se não tenho capacidade de reacção que me foi retirada e anulada? E, então, eu penso naqueles que me querem ajudar, que dizem que me querem ajudar, penso, concretamente na minha médica, que diz que me quer ajudar quando eu sinto e vejo em seus olhos o desdém para quem eu sou (que pouca importância tenho para ela), assim como vejo o desdém de quem me deu a vida e de quem eu cegamente confiei. Penso também em todas as pessoas de boa vontade, que a maior parte das vezes não têm boa vontade nenhuma, porque eu sei que no fundo agem movidos por uma força interior de por os seus reais interesses (subjacentes na sua conduta inconsciente) à frente da boa vontade que manifestam. Penso na boa vontade que se manifesta em mudar uma pessoa que não pode ser mudada. Penso nas atrocidades que as pessoas cometem em nome da boa vontade e de ajudar, nas atrocidades que sempre existiram no mundo e que me querem bater à porta, a mim em particular, de uma maneira subtil. As pessoas a querer curar uma pessoa são capazes de a matar. Desgraçado daqueles que um dia necessitam de ajuda e caiem nas mãos erradas – que o mais certo é cair nas mãos erradas… na mãos dos pseudo- sabedores -. Como eu posso confiar numa medicação que um médico me dá? Como sei que não é pior a ‘emenda que o soneto’, que ao tomar aquele remédio não me fará mais mal do que o que estava? E mais ainda, estaria eu mesmo mal? Porque querem calar quem quer falar? Mas agradeço a outra hipótese que me dão de me curar, agradeço a pílula da lucidez, a pílula que me leva a morrer em vida em nome da evidência da ciência. <<Tu obténs o que dás>>, dizem. Como eu posso então obter se não tenho para dar, se me esvaziei (de energia, por exemplo). Eu deixo um repto à natureza que me envolve, que me demonstre que eu estou errado e até que ponto estou errado, que ninguém é igual a ninguém, e que posso confiar em alguém novamente. Eu peço um milagre, que me seja devolvida a auto-confiança perdida, o gosto de viver leve e livre, o poder pensar como quero pensar sem pensar que é errado, mas seja simplesmente o meu pensar, e poder agir sem atrito de morte. Porque agradeço eu a quem me ajuda a morrer? Porque querendo eu matar-me tudo se torna mais fácil com esta gente que dá uma mão, dando-me umas drogas para que eu morra lentamente, dão-me desprezo. Agradeço esse estranho tipo de amor que me dão. Esse amor que me cura. Mas vou tentar que não se fiquem a rir, indiferentes esses que me querem ajudar falsamente. Mostrem-me que as pessoas não são todas iguais, que se pode confiar, mostrem – me quem tem bom senso.
Estou feliz porque vivo, tenho vida. Mas fico infeliz porque sei que tenho que sofrer, é inevitável a qualquer ser fugir de algo tão certo mais tarde ou mais cedo na vida, e é mais doloroso ainda saber que se tem consciência dessa dor, desse sofrimento, como têm os homens, mais ainda os mais inteligentes - os que têm uma inteligência intrapessoal notável, os que ultrapassaram os limites do seu tempo e do seu espaço e do seu organismo e se transfiguraram -, e pode-se tornar extremamente doloroso, mais ainda quando nos apercebemos que estamos sozinhos com essa dor que mais ninguém pode resolver, e que Deus não vem para nos ajudar, porque ele simplesmente é uma equação que leva a lado nenhum, assim como no princípio assim é o fim. E tenho pena do que perdi, tão conscientemente perdi, esta eterna lamentação, não pranto, mas lamentação. Custa-me saber que é tudo tão em vão, por exemplo estar aqui e agora e não poder assumir o momento em que vivo, aquilo que escrevo, porque o mundo é cheio de perigo e de injustiça, de seres que são tão mal amados e que nem a inteligência e a sorte lhes bate à porta do coração, de suas vidas para endireitar o sentido deste mundo, fazendo mal uns, sabendo o que estão a fazer, outros não sabendo. Custa-me tanto, é uma dor infinita esta consciência de que não estarei aqui jamais um dia, que um dia nem esta humanidade restará, apenas rastos do que se passou, de que tudo só faz sentido agora, e que esse ‘agora’ está a ser completamente destruído, porque a sina do homem como de tudo o que existe neste momento é mais tarde ou mais cedo não existir, a minha sina é só existir neste momento, e tenho medo de assumir isso, como se o mundo fosse eterno, como se fizesse sentido a perpétua existência, a história de um Rei no mais alto palanque deste mundo ou mesmo do Universo sem fim. Era um mundo tão belo se os recursos não acabassem, se a evolução fosse eterna, se o sangue permanecesse na veias e artérias sem ser derramado – como é pestilento o cheiro a morte (!), e como fede a doença (!). Há uma vibração lá fora, e eu estou ‘out’, apenas observo e nem sei se isso é bem ou mal, mas sei que estou muito susceptível, por isso me escondo, de medos incompreendidos. Não sei porque escrevo, simplesmente podia não dizer nada e seguir mudificado, simplesmente seguir e nada dizer, apenas observar e mesmo assim eu ter o mundo na minha mão. Mas ter o mundo na mão é tão relativo (!). E as palavras que nos unem são as mesmas que nos desunem. Inventamos termos e culturas complexas, e nunca pensámos chegar aqui, a esta civilização interligada. Ao mesmo tempo a civilização pode cair, porque estes momentos passados poderão ter sido os melhores, e não querem deixar cair, mas quem domina quem? Inventamos e adoramos o que inventamos, os números o dinheiro, por exemplo. E Deus? O inventámos e adoramos, mas ele não é quem pensamos, ele faz parte, mas não é supérfluo como a palavra humana. Simplesmente estes são tempos estranhos e magníficos, talvez porque os limites estão mais testados que nunca e parece não haver limite. E eu? Não me assumo, aquele ser que até pode ser superior, no mínimo especial, mas que não pode ser assumido, porque isso de ser superior e/ou especial não tem explicação verbal, é-se e pronto, e no entanto não se passa de algo vil que existe nesta terra. E só se fala da alegria de viver, dos sonhos, do que de bom há na terra, do conhecimento, do progresso, quando se esquece tudo na verdade, se esquece do mais importante, a meus olhos, possivelmente aos olhos de muitos que no entanto são uma minoria, que se unem em torno de uma causa que é indefensável, em que a evidência de que não existem regras para sempre na vida e no tempo e o fim é inevitável. Além disso o sofrimento está convivendo com tudo isto, está lado a lado, porque o homem já não ama, o homem é apenas e simplesmente um devorador de recursos, consome tudo, desperdiça incomensuravelmente, a sua ira irá levá-lo à perdição. E continuarei a procurar a causa ou as causas de toda esta amálgama, de toda esta incompreensão visceral, de todo este desperdício, de todas estas lutas sem sentido em que ninguém se entende com ninguém. O melhor que podia acontecer neste mundo era o de os homens tomarem conhecimento do vazio que eles são, cada um por si, todos, verem tudo de tal modo que sentissem o fim e isso lhes causasse o abismo mais profundo das suas almas para que aprendessem a gostar da vida, da terra, dos outros. Digo isto porque hoje em dia, não sei se foi diferente um dia, mas concerteza deve ter sido, a humildade não cabe na cultura contemporânea, é humilhante a timidez e moderação de atitudes, ou então estou errado neste mundo, completamente errado, e isso também é muito provável, mas não tenho qualquer dúvida acerca do meu fim e o do mundo. A internet veio para mudar mais ainda este mundo, tirou-me da solidão e do vazio em que vivi, esperando um Deus que resgatasse a minha alma, a minha vida deu uma volta e ainda consigo respirar, mal mas respiro.
para que é que ele [Deus] nos faz sofrer?? :P
Johnybigodes diz:
*Eu acho que 'Ele' não nos faz sofrer....
*Essa entidade é indiferente ao que se passa em casos pontuais
*a natureza, que faz parte de Deus, age de forma indiscriminada no mundo por exemplo
*assim é a natureza humana, na qual Deus tem a sua intervenção
*Nós não passamos mais do que um 'caso pontual'
*acho
*Temos o dom de Deus por exemplo ao dominar e perceber as suas Leis
*E acho que o sofrimento não tem atribuição a algo que se possa definir
*Não podemos dizer que todas as coisas que de bom nos acontecem sejam vontade Dele para com a nossa pessoa em particular, assim o devemos pensar em relação ao sofrimento
*Para mim Deus está no conceito de 'Equilibrio' de tudo quanto existe
*esse Deus repõe 'equilibrios' em tudo o que ele abrange, que é tudo o que existe
*e isso pode querer significar sacrificar uma pessoa que seja para repor um equilibrio
*muitas das vezes esse equilibrio dá-se somente a nível das forças espirituais
<<Preciso de uma operação que custa cinco mil euros no privado entretanto espero, vai fazer quatro anos em Agosto, por uma consulta no hospital de Faro. Liberdade para morrer.>>
Fulano
Os políticos, como qualquer pessoa que promete e é responsável e tem poder, deviam ser condenados por não cumprirem com o que prometem, pois o poder é um conceito que encerra (ou devia encerrar), em si, muita responsabilidade. E o mais relevante nisto é que põem falsas esperanças em muitas pessoas que necessitam ou simplesmente 'entram na onda' dos ideais de tais homens (tal como acontece noutras áreas de influência do âmbito humano), como se eles pudessem chegar a resolver o problema de cada ser humano, o 'cidadão' como lhes chamam. Cometem, muitas vezes, atrocidades, sobre o pretexto de que querem ajudar a melhorar o mundo, o seu país ou até onde o seu poder abrange. Mas os políticos não são Deuses, eles fazem parte de um jogo humano, o do poder, o de influenciar a vida das outras pessoas, quer para o caminho da vida, quer para o caminho da morte, quer se aceite esse facto ou não. A verdade é que, nesta economia, em que se 'adoram' os números, somos medidos, precisamente, por valores numéricos no conjunto e não como seres em particular que somos, nesta imensidão de gente que habita no planeta, cuja natureza parece agir com indiferença em relação aos seres que neles habitam, como se a vida fosse uma 'sorte' e um acaso. Já que este mundo humano é de impunidade, e a revolta nem sempre é o caminho a seguir, pois, por exemplo, pode destruir-nos mais a nós do que com quem nos queremos revoltar, resta-nos acreditar que a nossa existência terá um sentido. Em Deus (por exemplo, porque não?) ou num conceito que ele representa, a verdadeira natureza, não a natureza pervertida do homem. Acreditar que não é só a vida que tem sentido, mas que depois da morte, tudo continuará a ter sentido e que já havia um sentido antes da vida. E mais, o que é facto é que tudo funciona, apesar do caos que governa o mundo, por mais admiração que isso possa causar. Como pode funcionar assim? Não sei, mas o mundo não pára. Eu iria contra os meus princípios se fizesse algo em que não acreditasse e soubesse que poderia ter consequências trágicas nas pessoas. Os políticos talvez devessem fazer o mesmo. Talvez por isso não me demova do meu sentir primitivo e me guie por esta apatia em que caminho. Neste momento deverá aplicar-se o provérbio: 'A esperança deve ser a última a morrer'. Acreditem na natureza, que eu vou tentar fazer o mesmo, e que ela abra os olhos de quem pode e que essa natureza faça justiça, para que, quem pode, ponha à frente dos seus próprios interesses os interesses dos seres em geral e da natureza.
Há uma sintonia que não alcanço, e temo não poder alcançar. Há uma sintonia, uma sincronia, e há o contrário a dessicronia, a dessintonia, que ao extremo tende para o colapso. Parece tão fácil a sintonia, assim como o contrário pode ser o menos provável e o mais difícil de se sair depois de interiorizado, depois de se ter entrado nesse ritmo avassalador que é o dessincronismo. Tão fácil a sintonia, essa dança perfeita dos corpos em movimento, esse trocar de olhares perfeito, esse conjunto de melodias afinadas cantadas no momento certo com o som belo dos aparelhos, esse bater dos corações em uníssono, ganhando uma força que parece ninguém parar, essa equipa entrosada, que ninguém jamais ousará ganhar, essa orquestra afinada que produz uma música tão bela e tão complexa, esse organismo que está em equilíbrio e é funcional e que procura esse equilíbrio até não mais poder. Tão fácil essa sintonia, esse entendimento completo de um ser com outro, mas mais fascinante, entenderem-se os seres em conjunto, não só através de palavras mas de tantas outras coisas visíveis e invisíveis: os gestos, as expressões, o movimento dos seus corpos, a sua maneira de agir, o olhar – a naturalidade da gestão dos olhares – a sintonia do psíquico, a sintonia do Universo, o homem todo uno, conectado por uma ligação invisível. E a alegria é quem se difunde e propaga, esse eterno optimismo de que tudo será melhor. A tristeza, essa, que toma posse dos seres, nas suas expressões quando outro ou outros assim o demonstram é desvalorizada. Todos querem participar nas alegrias, mas as tristezas são pisadas como se o fim último da existência dos seres fosse o prazer. E todos fogem das a sete pés, como que se morrer afirmando por palavras ou um conjunto de situações ou maneira de agir que se está triste, que essa tristeza não quer largar o nosso ser, fosse uma atitude anti-sobrevivência, e logo os instintos lhes dizem aos outros, os alegres, que devem desviar-se desse buraco negro do Universo que os pode consumir. Então fugi de mim que estou triste: a luta pela sobrevivência, a lei do mais forte, o destino que se reescreve a cada momento que passa, a história só reza dos vencedores, dos vencidos rezará a História, silêncio! Que se vai cantar o fado, o fado é o destino, mas a mim ninguém me cala, mais calado do que o que estou não posso ficar, da galhofa não me hei-de livrar, mas gritai por quem não tem voz.
Há uma emotividade que não consigo compartilhar, e temo não conseguir fazê-lo, jamais. Mas a esperança é a última a morrer, e tento contornar esta solidão que me açambarca.
Sim, sou eu que estou off, desligado do mundo. (pergunto se tereis coragem de me fornecer um cabo para me ligar?) Sim, sou eu quem vai sair derrotado, como se a minha vida fosse uma luta, que me parece ser mais de mim contra mim próprio do que propriamente contra alguém, esse alguém que se dilui no espaço e no tempo, os meus inimigos, imaginários ou não, ou apenas aqueles que simplesmente, não podem ou não querem compreender ou ceder. Eu vejo como vejo e isso faz quem sou, apesar desta busca incessante por uma identidade que seja uma máscara para poder viver mais uns tempos. Sim, sou eu que pareço certo e estou mais errado do que qualquer homem que está à face desta terra. Vou cair por terra, sei-o, vou desfalecer e não poder lutar. Sou homem, e a energia falta. A fogueira da incompreensão quer consumir-me. (serás capaz de me dar a mão?). Vão atribuir-me motivos para o que se passa, mas decerto todos vão errar. E vou viver. Quer viva anos ou meses, ou dias ou horas, ou minutos ou apenas segundos e segundos que parecem não ter fim. O fim está traçado, tudo é em vão quando não há elo de ligação, sintonia. Só me restará o sofrimento? A lamechice de mim para mim próprio? Chamem-lhe pessimismo, trauma ou o que quiserem, depois de morrer, já não me interessará, mas agora o que se diz afecta-me tão rapidamente como se eu fosse um boneco nas mãos de uma criança, incerto como uma pena ao sabor do vento. Digam o que disserem nada me vai mudar, pelo menos para já, porque, mais uma vez, a esperança é a última a morrer… dizem.
Impeçam o impossível. Impeçam a dor e a morte se forem capazes. Impeçam-me se forem capazes desta tristeza, ainda por cima gozada, e carregada com adjectivos de destruição, aqueles que atiram pedras a quem já está moribundo, ou então regozijai-vos por teres feito quase nada, em nome de vós.
<< O poeta é um fingidor. E finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente. >> Fernando Pessoa
Rasgando a noite, dia após dia, como que alucinado, trilho um caminho, que me foi vedado. Sigo esse caminho aparentemente intransponível talvez na esperança de conquistar um pouco mais de vida. Acho que toda a minha vida foi assim, a de um alucinado: alucinado pela dor do sofrimento, do sofrimento consciente. E diria mais, a minha vida é a de alguém que nasceu já assim, porque não teria outro modo de sobreviver se tal não acontecesse. Fiquei alucinado na hora em que nasci, se bem que já o seria na hora em que me conceberam. E pergunto-me porque tudo foi, é e terá de ser assim, para mim (?). Porque fico inebriado tão facilmente (?), e que ebriedade será essa que me deixa neste estado alucinado quando não posso estar ébrio, porque não posso nem me querem deixar andar ébrio (?). Devo ter ficado inebriado no momento em que respirei o ar pela primeira vez, quando todo o meu ser contactou com este mundo inefável, pela primeira vez, como se eu soubesse já o que me esperava. Fico ébrio com tudo o que os meus sentidos conseguem abranger e sentir. Fico ébrio com tudo o que posso imaginar na minha mente. E fico alucinado cada vez que tenho de sofrer, cada vez que tenho de conter toda essa ebriedade, cada vez que tento ser quem, na verdade, eu não sou. E mesmo nessas horas de sofrimento tudo me pode parecer belo, se eu conseguir sentir segundo o sentir que já nasceu comigo, segundo as minhas memórias, segundo aquilo que eu sou, e que vou redescobrindo à medida que o tempo passa. E, cada vez mais, eu me redescubro, nos ‘insights’ de momentos que foram marcantes para mim. Eu tenho uma foto ou passagens desses momentos no meu interior. Eu, cada vez mais, sou eu. Não posso fugir a tal destino, que é saber quem sou, na esperança de saber quem são os homens, que me fascinam tal como todas as criaturas e coisas que fazem parte deste universo, e primeiramente deste mundo que me envolve e me chega ao meu espírito através dos meus sentidos, e maioritariamente através de meios virtuais. E tenho medo das situações que me levam a fazer agir como se eu fosse uma pessoa normal. Tenho medo dessas situações que me levam a parar a minha memória, a esquecer o meu passado, dessas situações que me levam a que fique ofuscada a minha imaginação, e dessas pessoas que me querem induzir de tal modo que me querem fazer esquecer quem fui e que, afinal, tenho redescoberto, ainda sou e muito provavelmente continuarei a ser. Tenho medo dessas situações que me querem levar a sentir da maneira que eu não sei sentir. Antes de eu sentir, já eu era. Tudo o resto veio por acréscimo.
Como é belo este mundo, tão belo como o interior que o faz ser belo. Concordo que <<a beleza está nos olhos de quem a vê>>, a beleza está no interior de quem sente e cria tal sentimento, e, quiçá, esse sentimento seja um dom, que nasce com certas pessoas. Mas que paradoxo será esse entre a beleza da criação e da descoberta e invenção de novas coisas e o medo que existe que isso nos seja desfavorável à nossa sobrevivência (?), que paradoxo é esse entre o podermos ser livres de fazer o que quisermos da vida ( e do mundo) segundo aquilo que o homem pode fazer segundo a sua inteligência e imaginação e segundo os meios que tem ao seu alcance e ao mesmo tempo saber que esses actos (criativos ou outros) podem acarretar malefícios para a continuidade da própria humanidade, podem acarretar a destruição (mas não querendo desistir de fazer tais coisas belas, não querendo por de parte essa necessidade de descoberta e continuidade dos seus actos). Este tipo de questões tem influenciado a minha maneira de estar na vida, como se eu fosse um ponto fulcral entre pontos fulcrais nesta passagem da humanidade, sentindo de tal modo como se a vida estivesse em perigo constantemente, segundo o rumo que está a tomar. Na verdade, não sei porque sinto assim esta vida, como se eu fosse responsável por destinos que desconheço, como se arcar com o meu destino não bastasse somente. Reconheço que sou altruísta (no que diz respeito a sentimentos pelo menos), modéstia à parte. Mas não sei porque tenho de personificar esse sentimento de perigo, como se eu pudesse fazer alguma coisa mesmo que esse perigo seja real. E que posso eu fazer em relação a esse rumo (e que rumo será esse?) que nos conduz a algo que desconhecemos, e que talvez desconheçamos por muitos e muitos anos.
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