Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Talvez o sonho principal, da minha vida, desde sempre, seja o da procura do conhecimento e do saber, o que me leva a tentar escrever, para compreender, compreender a minha vida, antes de tudo, dado o grau de desordem (psíquico-mental/social) que se instalou nela a partir de certo momento. Sei que compreendo a minha vida cada vez mais, ou o tempo não passasse e esta mente não deixasse de trabalhar, constantemente, apesar de não conseguir dizer e explicar o que sinto como deve de ser, não direi nada de jeito, muitas vezes. Também, por causa deste mesmo ‘tempo’, quando compreendo as coisas já é tarde de mais, cada vez mais ‘tarde de mais’. Fui ferido e esventrado no meu orgulho, na minha dignidade e nas minhas ambições, não atingi a liberdade da independência de mim como ser (humano) físico e mental. Mas, tenho imensos sonhos, mais ainda do que muita gente possa imaginar, tanto projeto de sonho que nunca cumprirei, cada vez tenho mais a certeza disso, e, o certo, é que não consigo viver dos sonhos (Até pode haver quem consiga, mas eu como a maioria não consegue). Continuo, eu, como uma criança, a sonhar e a não conseguir entrar na realidade do dinheiro e/ou do saber fazer algo para o conseguir. Com os sonhos perco eu meu tempo, e também com esta escrita, aqui, afogando mágoas que ficarão algures na internet, sem nenhum significado, quem sabe (?), sem que eu consiga ouvir (algum dia) seu eco, que apenas se dá em mim mesmo, dentro da minha cabeça, enquanto eu existir. Deste modo, aperfeiçoei-me na arte de chorar o meu pranto, que nem uma carpideira, repetindo regularmente as queixas, soluçando sem fim, neste desgostoso ato que ainda não me levou a uma saída, nem talvez leve, por inerência de um destino que se aproxima a alta velocidade. Que seria de mim se não fosse a internet? Que será de mim se eu, um dia, não puder ter internet? A solidão alastra: tanto meio de falar e chegar às pessoas e eu não consigo falar com ninguém (simplesmente não consigo dialogar), como se um cancro tomasse cada vez mais conta de mim. Mas, prefiro que estes gritos estejam no nirvana da internet, do que ofuscados e abafados no vazio de umas folhas soltas, dobradas e amarrotadas pelo tempo, algures, no vazio de uma casa, relatando a loucura (considerem este ‘louco’ na maneira de ver dos outros, porque eu não me acho louco, sinceramente, mas sim, sofredor por causas alheias e que não me deveriam pertencer) de um ser que não quiseram que vivesse, que não pôde viver em liberdade e harmonia com o mundo. Quis eu, desde sempre, ser importante; sei, agora, que ser importante não é só ‘poder’ e/ou ‘dinheiro’, mas é amar e ser amado, (se bem que passa em grande parte por ai, e eu nem isso tenho, poder e dinheiro,poder e dinheiro…com que tanto sonho); Estou muito afastado desse real significado da vida (daquela normalidade com que sentia a vida), com que tanto sonhei e acreditei (mas acho que não devo dizer ‘em vão’, porque nada é em vão, apesar de não percebermos os significados e consequências das nossas ações, em ultima análise, da nossa existência); E, que significa esse ‘Real significado da vida’? Perguntam-me. Penso que passe por: o amor, uma relação saudável entre pais e filho (s), entre amados, entre amigos [de uma maneira geral, entre as pessoas que nos envolvem e nós]. Falo em ‘real significado’, porque não me é permitido defini-lo, não tive essa honra, a de ser um ser humano realizado para poder executar a obra da definição de tal significado, o real significado. A liberdade faz parte desse real significado. A minha vida é de solidão intrínseca, de crise existencial, e eu alheio-me deste mundo, quando ela quer tomar conta de mim: refugio-me nos meus prazeres da vida, a música por exemplo, o recordar quem fui, os sonhos que tive, o que senti ao degustar pela primeira vez tal sabor de tal comida, tal momento, entro no mundo dos sonhos das recordações, num mundo mental de sensações de todo o tipo (visuais, auditivas, táteis, olfativas, mentais, sentimentais etc.) e misturo tudo, eu comparo tudo, eu analiso tudo, eu tento encontrar respostas eu tenho imenso prazer quando encontro as causas dos efeitos que se deram, na minha vida em particular - Mas pudesse remediar eu essas causas… - As minhas sensações são visuais, predominantemente. Se bem que por momentos, não sinto essa solidão e algo ou alguém vem ao meu encontro para me dar um certo ânimo, uma lufada de ar fresco para continuar. Para um homem da minha idade, que tinha a pretensão do amor, era para ser feliz, e isso passa por estar em sintonia com o sexo oposto [mais um sonho]. Mas não, a minha vida é de tristeza por ter sido castrado psicologicamente faz tanto tempo, por me terem sido anuladas as minhas ambições, por ter sido ludibriado por adultos que me prenderam as minhas emoções, que jogaram com os meus sentimentos, enfim, pela minha origem, que talhou os meus caminhos. Se me for permitido, eu abomino as culturas de opressão. Eu vi o que é a liberdade, eu vi o que é a destruição, eu vi que ninguém é nada para parar o que quer que seja. Eu nasci em desvantagem, mas luto por ir mais além, sempre lutei, e para isso, conto com alguém, eu não sou ninguém estando sozinho (se bem que esta solitude tende a prolongar-se no tempo), não sou ninguém sem um espelho que fale comigo e me diga o que está a mudar em mim, o que sou a cada momento, eu procuro meu espelho, persigo os meus sonhos.
Estamos metidos nas malhas da economia, o dinheiro faz rodar este mundo, e eu sinto que não sou capaz de entrar neste mundo económico, sinto-me um inútil, que não sabe fazer nada. Nem ao escrever tenho sucesso, porque sou uma pessoa ordinária, no sentido de vil, maltratado e subententido, que nada mais faz, ao escrever, que pôr o dedo nas próprias feridas, gritando, sem que algo ou alguém me possa ajudar. Mas as feridas têm que sarar. A esperança é a última a morrer, os sonhos só acabam com a morte, a luta com a qual se firma a vida.
E se a tua vida não fizesse sentido? E se a tua vida não tiver que ter sentido? E se não existir Deus? Trilhei o caminho errado, com convicções erradas e agora não consigo sair dele. ‘Do nada viemos e ao nada voltaremos’, diz-se, mas eu ainda mais, vivo como se simplesmente não vivesse, eu não vivo e ao nada voltarei, sem brilhar nesta vida que se tornou errónea para mim, sem, simplesmente, viver. Estou metido numa grande embrulhada e não consigo sair dela. É uma embrulhada do tipo ‘destino’, em que me envolveram os tentáculos da apatia e da injustiça, e não consigo libertar-me deles, porque eles são imanentes ao próprio mundo, agora eu compreendo, mas não posso voltar a nascer. E se eu não tiver lugar neste mundo? Quem sou eu e que faço eu aqui? Deixei as minhas ilusões, deixei de viver para morrer devagarinho, dia após dia, esquecido pela infinidade do tempo. Não tenho manhas e estou indefeso, estou desprovido das emoções. Defendo ideais que na verdade não fazem mais sentido, não tenho capacidade para os defender, os paradoxos anulam-me a mim próprio, os paradoxos anulam tais ideais. Cada vez mais sou um estranho neste mundo, por mais que me mova apenas me enterro mais ainda. Não somos nada sozinhos, mas eu não posso ter mais ninguém, porque fui preso logo à partida, porque não consigo confiar em ninguém, talvez porque não haja em quem confiar. Não adianta queixar, se até o próprio Deus não existe, aquilo em que mais profundamente acreditei na minha vida, onde poderei encontrar a justiça se eu não a conseguir executar? Se Deus não existe, eu que acreditei nele, isso, faz-me tornar num louco. A batalha que travo é grande de mais para mim, lutar contra algo que não tem sentido e é relativo, é um vazio constante, e assim sou uma alma perdida neste Universo, mas que tinha esperança de que - e ainda me resta alguma esperança- esse mesmo Universo que me gerou me faça alguma justiça. Simplesmente, eu fui contra as leis que regem o que me envolve, como se o que eu acreditava tivesse lugar neste mundo. Tornei-me e sempre me mantive um ser frágil que, no entanto, nunca pensei que chegasse a este ponto de entendimento da minha vida, e quando falo em entendimento falo em conhecimento e sabedoria. Mas sou um ser cheio de problemas emocionais, e o mundo que me envolve ainda é emocional e intolerante, além de eu não reagir aos incitamentos para me mover e libertar. E como cheguei eu a este nível de compreensão deste mundo? Porque não sou eu como a norma? E se este mundo estiver cheio de falsidade, injustiça? Mas não (!), não é ‘e se…’, isso tudo – injustiça, falsidade, luta pela sobrevivência sem escrúpulos, sem regra-, sempre houve no reino animal da terra. É uma injustiça e falsidade segundo as quais, uma razão pura, eu, que me propus a ultrapassar a minha animalidade rumo à purificação da humanidade, como haverá outros, (onde a razão) não tem cabimento. E se não houver regras? E se eu nunca vier a compreender porque nasci com esta consciência e este jeito de ser? E se eu, devido à injustiça e à ira do homem – à sua incultura, à sua intolerância, ao seu paganismo, à sua cegueira etc. - for um homem cruxificado? Pois, já estou seguindo o caminho da cruz… Estou complicado e temo que não posso voltar atrás, a minha vida é irrecuperável. Enganaram-me, enganaram-me profundamente, fazendo-me acreditar em Deus, que havia regras e que seria recompensado por todo o bem que fizesse, por toda a pureza da minha vida, como se isso existisse…como se existisse a fé verdadeira, o caminho verdadeiro. Reduzindo toda esta conversa a conclusões: eu sou tímido e não me liberto; não me deixaram reagir normalmente às adversidades da vida e tornei-me num ser fechado que explodi rumo ao psiquismo e à transcendência e com isso me chamaram, revoltosamente, louco, por quem mais amava, e isso vincou ainda mais aquilo que sentia sem me poder libertar; sou um traumatizado (que gostava de ver o mundo destruído pela minha dor, que, afinal, tem sido suportável – não sei como - mas plena de injustiça); A frustração, o rancor e ódio que sinto pesa-me sem me conseguir libertar; Quem me dera ser livre (!), liberdade pura que eu devorasse, que nada me dissesse o que me é permitido fazer e o que não é, quem me dera ser desprovido de autoconsciência, de moral, que me dá um prazer particular e que me atormenta socialmente. Qua significa tudo isso? Que significados têm todos os ‘e se’ na minha vida?
Deveria respirar melhor do que pensar, mas não, em mim é precisamente o contrário que acontece. Quando mergulho nos pensamentos, eles se apoderam de mim, e é com prazer que eu sinto isso quando nada ao meu redor me perturba. Absorvo-me de tal modo, muitas vezes em conversa, que tenho que fazer um esforço, grande, para acompanhar e compreender os pensamentos de quem me está a falar sobre qualquer coisa, quando me estão, precisamente, a dirigir a palavra e perco-me constantemente das ideias transmitidas, ouvindo palavras soltas que apanho apenas quando o meu pensamento me deixa, e muitas vezes (vezes de mais) meu ser entra em pânico quando não consegue compreender o que está a ser transmitido. É como que o meu tipo de pensar não acompanhasse o pensar de uma pessoa comum, de uma ideia que está a ser transmitida e é comum, e, pior ainda, quando são vários interlocutores, como se fosse para mim impossível ter os dois tipos de pensamento (consciente e inconsciente) ao mesmo tempo, como se o meu pensar íntimo e inconsciente tivesse sido tornado consciente e ocupasse o lugar do pensamento conscienteque rege os cinco sentidos e de sentimentos imediatos, e que também rege uma mente direccionada. É um pensamento evasivo, o meu, já o disse mais vezes, e até compreendo em mim o porquê de eu me ter tornado assim - meu pai tem grande cota parte nesse problema, por falar de mais, erradamente e controladoramente tendo eu evadido o meu pensamento também ao estar com pessoas que falam de mais como ele; e também, consequentemente, por não me deixar pensar por mim próprio, não me ajudou de nenhum modo a tornar-me livre no pensamento e livre e equilibrado emocionalmente, pelo contrário reprimiu-me ainda mais, além da minha pré-disposição para ser introvertido, tendo-me tornado eu um estranho neste mundo: na maneira de senti-lo e na minha (In) capacidade de exprimir-me normalmente -, decerto sou uma pessoa incomum, que tenta fazer dos handicaps (as minhas desvantagens, os meus obstáculos e incapacidades), a força de viver, melhor, sobreviver com o mínimo de qualidade e transformá-los em vantagens. Assim me tornei ‘eu’, assim sou eu, agora, a compreender, sobretudo ‘quando estou na minha’, os conceitos mais profundos da vida e de tudo quanto existe e a perder-me no que deveria ser mais óbvio e que é mais comum: as relações humanas. Quando estamos numa conversa não podemos ser evasivos do momento e do que se está a falar, se queremos sentir-nos em sintonia com os locutores da conversa e de acordo com o contexto. Mas em mim, o pensamento inconsciente torna-se consciente e ocupa o lugar da minha atenção, e o pânico acontece perante tal incompreensão verbal e/ou do contexto social do que se está a passar. É assim que eu tenho vivido, com todas as dificuldades de quem tenta saber mais e mais - tentando ultrapassar todos os limites até não mais poder, saber o porquê de tudo isto me acontecer -, não tendo eu, pelo menos aparentemente, arcaboiço para aguentar com tudo o que quero levar para a frente, o que quero empreender na minha vida, mas surpreendendo-me a mim e em surpresa com tudo o que a minha vida me revela, dia após dia.
Continuo procurando a razão da minha existência. Continuo na procura da resposta dos ‘porquês’ do que se passa na minha vida. Continuo na busca da paz interior e com a fé de que existe uma inteligência superior que é possível alcançar, e que a posso ter em todo o seu esplendor a rodear a minha vida. Continuo na busca de palavras que venham a ter significado na minha vida, que venham a ter a plenitude do seu significado em mim, no meu interior. Palavras essas que definem conceitos que são importantes para mim. Mas quero querer cada vez mais, também, que isso me parece uma utopia. Não conseguirei atingir os meus objectivos devido aos seres que me rodeiam que me negam o alcance dos meus objectivos, devido ao facto de eu não ter ‘social skills’, habilidades sociais, reacção social para viver em sociedade. Nasci e cresci tímido, mas isso não é, em si, a causa do meu insucesso, a causa do meu mal - estar interior, a causa da minha constante insatisfação na minha vida, do vazio da minha existência nesta vida real, a causa está exterior a mim, só pode estar (!), por mais que mo neguem. Em consequência disso tenho visto e sentido o melhor e o pior do homem, das pessoas, neste mundo em que vivo. Perdi a confiança das pessoas, sinto-me traído por quem me deu a vida e é mais próximo de mim. Como posso eu voltar a sentir que posso confiar em certas e determinadas pessoas (pelo menos) (?), como posso ganhar a confiança nas pessoas (se é que algum dia a tive)? Meu pai, esse traidor [e digo isto com uma mágoa enorme], um falso, que acredito ter condicionado a minha vida para sempre; esse homem que me fez duvidar da bondade natural e humana, me fez desconfiar daqueles que poderão (iam) ser meus amigos. Devido a todas as circunstâncias em que nasci, elas me perseguem e me querem destruir, desde sempre, e agora sei-o realmente, consigo ver isso, e mais do que nunca, que isso (as circunstâncias em que nasci me querem destruir) é verdade. Enquanto eu tinha para dar também ia recebendo, agora, que não tenho para dar, que necessitava mais do que nunca, de quem mais foi importante para mim, se já não o é, [dessas (2)palavras] agora que precisava de receber e sentir que realmente eu estava em sintonia, eu não recebo nem sinto. Meu pai magoou a minha maneira de sentir. Estou como que nu e não se dignam de me oferecer umas roupas para me cobrir, e estou envergonhado e sem dignidade. Sempre fui vulnerável na minha inteligência, nos meus sentimentos e sentidos [no geral, em todo o meu ser, mas com a certeza de que poderia ser forte como quem é forte se não estivesse traído em mim próprio] : eles que me maravilham com a demonstração de todo o dom que me foi concedido, são eles também que destroem o meu ser, por tal sensibilidade e vulnerabilidade não caberem (não ser aceite) no mundo em que nasci, o mundo que me envolvia e envolve, por circunstâncias únicas de falta de amor e egoísmo humano [meu pai é a causa prima da minha vida e do meu sofrimento]. E eu pergunto, porque tenho o direito de perguntar e indignar-me (!), haverá justiça neste mundo? Porque sai impune o injusto, o malévolo, o destruidor (?) Porque sai a rir, a gozar, ou ainda sabendo que errou e continuando a errar? O meu deus, onde eu me tentei refugiar, não existe, e a crença ( na existência de uma justiça ou de um deus) é apenas um paliativo nesta vida, como o foi até ao momento nesta minha vida, para que não soframos tanto, sendo essa crença (na existência de justiça ou de deus) a causa dos maiores sofrimentos e atrocidades que os homens causam uns aos outros, aos seres vivos, à terra]. Tenho tristeza por este clã em particular, e, mais profundamente por mim: não queria magoar e tento não magoar, e, no entanto, magoo e estou mais magoado do que ninguém no meio disto tudo. Realmente serei um louco (?). Porque me tomaram por tolo? Vocês tem de saber como me sinto - porque enquanto estou vivo é-me permitido queixar. Tudo de errado acontece na minha vida, em consequência do que sou e do que sinto: os outros são intolerantes comigo e fazem interpretações erradas acerca do que eu sou, tudo o que é negativo vem ter comigo, como se alguém tivesse embruxado a minha vida, como se tivessem deitado um mau feitiço sobre ela. [Pensei que não era supersticioso até a certo ponto da minha idade adulta para agora ter de admitir a mim próprio que sou mais supersticioso do que ninguém, porque vejo, acontecem-me e sinto coisas que são muito estranhas na minha vida e não sei como as hei-de acomodar na minha vida e viver com elas, já que sei que não me posso desfazer delas.] Meu pai desprezou-me (e despreza-me), não mostra sentimentos e emoções, e todas as consequências de tal (ais) atitude (s), provavelmente entre outras, que se dá desde o meu nascimento poderiam ser catastróficas para mim, não fosse eu um ser abençoado pela vida e, afinal, com direito a viver e a ter a minha prosperidade que meu pai desde sempre, assim como muitas outras pessoas, talvez por consequência, não conseguem ver e aceitar em mim, nem tem o altruísmo de a dar, como seja gente próxima que se coíbe de demonstrar o verdadeiro sentido da existência de tais palavras que procuro, de as entranhar em mim [Será que preciso de ficar doente para sentir novamente a amizade das pessoas (?), para sentir o melhor e o pior que elas tem para demonstrar - talvez a indiferença e a critica - (?) ] . É certo que os meus dias já estão em desconto, caminho já pelo incerto; o incerto de poder viver 1 ano ou 1 dia, com a fé de que terei sorte, e se a tiver ainda viverei ainda muitos anos mais e terei tempo suficiente para trilhar este meu caminho e ainda usufrui-lo com satisfação; ou então, ainda há sempre o lado negro da coisa: tudo se tornar pior e todo o mal que vem de trás entrar em pleno na minha vida e destruir-ma completamente. Tudo, na minha vida tomou dimensões desproporcionadas. Vivo constantemente na corda bamba, na queda, a qualquer momento, imprevista a curto prazo mas possível, na imponderabilidade do vazio, na injustiça da minha vida. Para muitos que lerão isto, dirão, tal como meu pai o fez, que sou um louco (com a mania da perseguição, ainda para mais), ou ainda ‘um queixinhas que tenta atrair as atenções para ele’. A verdade é que escrevo para verbalizar o que vai em mim, que não consigo expressar-me de outra maneira nem tenho para quem por causa de todos os motivos já ditos. Escrevo para tentar por em ordem o que sinto. Escrevo com a imparcialidade de quem não está precisamente e concretamente a pedir ajuda, como um desabafo, mas que no fundo a ajuda seria bem-vinda se o meu coração a sentisse como genuína. Bem, muita coisa mais será pensada do que dita, uns compreenderão outros criticarão negativamente [ou positivamente (mas, sinceramente, duvido que sejam criticas positivas], e eu digo: Não tenho estômago para vos aguentar, assim como vós não tereis para toda esta minha verborreia. Estou saturado.
No romantismo, encontramos o amor, a agitação mais alta dos sentimentos, a alegria da sintonia de duas almas, ou de múltiplas almas, que vivem em exaltação dos sentimentos (que se desejam positivos), onde se encontram as motivações para se viver, o verdadeiro sentido da dualidade ou da multiplicidade do encontro das almas que se unem, mas, que, no romantismo, levavam (noutros tempos, mais propriamente) ao desespero, e/ou à tristeza da necessidade de proximidade do amor ausente e a tenebrosidade que causava na alma essa ausência, de algo que se necessita tanto, hoje colmatada pela facilidade de comunicação que alterou a relação entre as pessoas e a relação de amor que temos. O ‘amor’, esse conceito difícil de definir concretamente. Apesar de ter o ‘sentido do amor’ magoado na minha alma, consigo conceber o amor tal como ele é vendo-o [interpretando o conceito de amor] de uma perspectiva exterior a ele. Sei que existe o amor nas mais diversas dimensões sociais: na família - pode existir o amor paternal, dos irmãos, só por alguém em particular, ou, generalizado e abrangente nesse clã; na dimensão da amizade; na dimensão sexual; na dimensão do emprego; etc. O amor toma, assim, diferentes formas dependendo dos contextos e quem ama pode não amar só numa dimensão ou contexto, pode amar por uma característica em particular ou por um todo, pode amar um ou mais, por mais que certas culturas o tentem negar. Agora a questão que coloco é: porque todo o meu amor degenera em ódios, desprezo/indiferença, mal entendidos? Sei que me falta o sentimento, ou ainda o que me define melhor os sentimentos, a falta de sintonia. O meu amor está toldado pela mágoa, pela descrença, pela distância sentimental das pessoas, como um astronauta que perdeu a comunicação com a nave, vejo-a mas não a sinto.
Assim procuro acreditar na existência de 2 palavras (na minha vida): Amor Gratuito.
Sento-me nesta cadeira que tão bem conheço. Pelo menos conheço a maneira de eu me sentir sentado nela. Não que eu esteja sempre a olhar, ou que eu tenha olhado para ela profundamente e que conheça mentalmente da maneira como ela é feita, o pormenor do seu encosto tão bem conseguido e dos seus braços de encosto tão bem desenhados. Realmente, quem a desenhou é artista. Mas eu não, não sou observador, limito-me a sentir e a analisar o que sinto, faz já muito tempo, limito-me, no caso da minha cadeira, a senti-la, simplesmente, e a sentir (analisar) a maneira como ela me faz sentir. Entrei por esta vereda já faz muito tempo, talvez tocado por um dom desde que nasci, para compreender quem sou, o que sou e o que fui, porque, talvez, me tenha apercebido que o caminho ia ser difícil, o ambiente da minha vidaque eu ‘vislumbrei’ à nascença (antes mesmo de ver visualmente e antes de ter consciência) era negativo, como se houvesse um condicionamento enorme daquilo que eu queria ser, algo que, sei hoje, punha em causa a minha existência. Sei agora que eu era (já não quero dizer ‘sou’ - e isso é óptimo) uma crise existencial antes mesmo de eu sentir essa crise racionalmente e compreender abstractamente esse meu passado que fui reconstruindo na minha mente. Tento pôr em palavras aquilo que sinto, mas sempre me foi extremamente difícil fazer isso. Sempre fui muito fechado e muito pouco expressivo. Desenvolvi, à medida que o tempo passou, a característica de me tornar um espectador atento e observador (sendo neutro no contexto, tal como um espectador televisivo), à medida que me ia tornando cada vez mais fechado, reforçando essa característica da qual nunca mais consegui sair e dificilmente sairei completamente porque tornou-se numa característica de mim. Desenvolvi de tal modo essa característica em que me tornei, que me sinto péssimo no centro das atenções e não consigo facilmente fazer parte activa do contexto social em que me encontro, sou completamente o oposto (ou pelo menos já fui muito mais) de um exibicionista, ou uma pessoa extrovertida, que gosta de se manifestar na presença dos outros. Se ser exibicionista não é uma característica apropriada, sei, por experiência própria, que ser o oposto (que é aquilo que eu sou ou que sinto que sou) também é uma característica desvantajosa, ainda para mais no mundo de hoje, que até se ‘pede mais’ para se ser extrovertido e um ser social. E para compreender ou descobrir aquilo (aquela ou aquelas coisas) que não me deixam ser uma pessoa normal no que diz respeito ao relacionamento social eu tenho trilhado mentalmente caminhos e mais caminhos, tenho pensado e repensado sem parar, tenho comparado ideias sem fim, tenho comparado incomensuráveis situações da minha vida, tenho inventado e reinventado situações (para descobrir uma linha de verdade), tenho tentado ir ao cerne dos problemas, na ânsia de ainda ir a tempo de remediar tanto estrago que tem havido na minha vida devido à falta de um equilíbrio que me falta, uma normalidade na vida. Como pessimista que tendo a ser, vejo difícil essa ‘normalidade’ vir a concretizar-se, vejo muitas variáveis contra as quais tenho que lutar e contra as quais sigo lutando, para chegar a bom porto. Mas no meio disto tudo há a verdade da minha vida, há situações e ideais que são os motivadores de tudo isto, que é a minha vida. Contudo, vejo que no meio desta tempestade nocturna, há um farol que me guia. Sinto que faça o que fizer, aconteça o que acontecer, há um sentido, há forças que me hão-de suster, há uma maneira única de dar sentido ao mundo, e essa maneira é o meu espírito, éaquele que eu sou, o Eu com o qual me identifico e que mais ninguém pode valorizar do que eu. E vejo-me como um ser que luta, na verdadeira acepção da palavra, talvez de modos misteriosos e não visíveis, a maior parte das vezes. Mas é esse mistério daquilo que eu sou que me faz ser forte, porque a aparência é muitas vezes enganadora.
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