Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Cresci a ouvir músicas que me aprisionaram os sentimentos, ‘Richard Marx – Angelia’, esta foi uma das muitas músicas [muitas mesmo] que tanto me marcaram; elas fazem altivar os meus sentimentos no qual um é superior, o amoroso, nunca correspondido como deve de ser [talvez devido a tudo a que me vou referindo neste blog], fazendo-me viver num mundo de sonho que tende a tornar-se numa grande desilusão de acordo com as minhas expectativas sobre ele e sobre as pessoas, uma desilusão profundamente dolorosa. Lembro-me da minha infância onde as músicas me estavam na cabeça, as músicas como que me aprisionavam, sons novos, maravilhosos, vozes magníficas que eu pensava serem as melhores e decerto assim o foram, para mim em particular, tal foi a intensidade com que entraram na minha vida, querendo elas significar algo que eu procuro encontrar e compreender o melhor que posso; ainda hoje as músicas me cativam a minha atenção, tal como na altura, de tal modo como que não me querendo deixar viver para a frieza deste mundo humano que vem ate mim, ‘de um modo errado’, penso, não me deixando olhar para fora, fazendo transcender os meus sentidos, de um modo que, tal e qual este momento em que escrevo, em que eu estou transmitindo os sentimentos provocados por tais sinfonias que fazem o que eu sou hoje, que fazem que eu sinta como sinta. Realmente as músicas que mais me marcaram a maior parte do tempo são as românticas [e já abordei o tema do romantismo aí a trás noutro post], sabendo eu que isso me tem tornado um ser, digamos assim, ‘mole’, um ser que se encontra longe do modo de pensar nas maneiras de viver e sobreviver, longe da reatividade da vida, como que vivendo na passividade do amor, dos sentimentos do maravilhoso, da beleza do mundo que devia manifestar-se em mim e de mim para fora com grandiosidade e generosidade, quando, na verdade, eu sou proibido de manifestar isso. Quem me proíbe?! Talvez um destino que na verdade compreendo pouco e muito menos consigo explicar sobre ele; talvez esse destino me fez como me fez, como se me tivesse dito uma ‘bela mentira’ (beautiful lie) para que eu chegasse onde cheguei; mas o tempo é cada vez mais escasso e essa mentira já não serve, pelo menos de todo. Como tudo muda! Tal como eu talvez haja muitas pessoas que crescem a pensar que há uma norma a seguir, que há coisas que se mantêm por muito tempo, na verdade que depois de conhecermos as coisas do mundo elas se vão manter por uma eternidade – o quanto estamos enganados…-, na verdade, a dinâmica é muito maior do que se pensa [do que pensei], e, em particular, eu tive a sorte ou o azar ter nascido no século mais dinâmico de sempre [quero acreditar que foi mais sorte do que azar], e já vamos no 13º ano do século XXI, tenho a sorte de estar aqui e agora a falar para futuras gerações que compreenderão ou não o passado, o que eu estou a dizer, que terão ou não a sorte de viver num mundo equilibrado (pacifico e farto) ou pelo menos que lhes permita a sobrevivência como têm sido os anos em que eu tenho vivido dado o espaço que me foi atribuído e me cabe. A música, as vozes, mudam também mas o sentimento mantem-se: o sentimento do amor, amar e ser amado, pelo menos há um grande desejo que se mantém de poder sentir isso sem perder aquele que eu sou. Olho para o passado e vejo coisas más (que me aconteceram, me contrariaram indevidamente) que me entristecem porque não as posso mudar, mas vejo coisas boas que ganham grandes significados ao volver a recordá-las, vejo sentimentos genuínos dentro de mim que me transcendem e me fazem querer que vale a pena lutar por mais um pouco de vida, e levam-me a querer dar um sentido positivo à minha vida, apesar do atrito que me quer fazer parar e mesmo retroceder. A minha cultura musical reside nos meus sentimentos, e, eu reencontrei-a estes anos passados recentemente com a internet, músicas que me reavivaram a memória [e os sentimentos] e me levaram a perceber melhor a mim, o que me envolve e ate certo ponto os motivos de eu estar como estou e me querem elevar até às nuvens (take me to the clouds above). Claro que as músicas nos podem provocar um trance, eu não fiquei imune disso e sou sensível ainda, com menor intensidade, a isso. Redescobri que magnificamente elas me transmitiram sentimentos que só agora posso compreender ao reencontrá-las, compreender o porquê de eu ‘sentir como sinto’ (também titulo de um post que eu fiz lá atrás, podem procurar). Já alguma vez sentiste-te assim? Já alguma vez te sentiste sempre, sempre realmente assim (have you ever really feel like that)?! E com o reencontro delas eu retornei à minha inocência (return to innocence). Pergunto-me constantemente se não fui eu que fiquei parado no tempo, aprisionado, a querer resolver os conflitos e os impasses que eu sabia que estavam a ocorrer no meu crescimento, como que a querer parar o tempo também. Trago comigo meu passado e tudo ate onde o meu conhecimento, sabedoria e sentimentos conseguem alcançar. ‘Não ligues ao que as pessoas dizem, segue o teu próprio caminho, não desistas, não desistas, é o regresso à inocência’; ouve este som que é o som da tua libertação e salvação, tem isto em mente. Eu continuo vivendo observando as coisas simples (The simple things), como a alegria e o amor na minha vida.
Este post foi escrito ao som de:
1. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38) 2. Lionel Richie - Stuck On You (3:10) 3. Eros Ramazzotti - Adesso Tu (Single Version) (4:00) 4. Status Quo - Don't Stop (3:41) 5. Status Quo - Whatever You Want (4:00) 6. Lenny Kravitz - I Belong to You (4:17) 7. Lenny Kravitz - Again (3:48) 8. Eros Ramazzotti - Terra Promassa (3:36) 9. Status Quo - Rockin' All Over The World (3:30) 10. Eros Ramazzotti - Un' Altra Te (4:38) 11. Status Quo - In The Army Now (3:52) 12. Lenny Kravitz - Black Velveteen (4:48)
1. Boston - Higher Power (5:03) 2. New Order - True Faith (5:54) 3. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38) 4. Keemo & Tim Royko Feat. Cosmo Klein - Beautiful Lie (Keemo's Terrace Mix) (4:22) 5. Alex Gaudino Feat. Kelly - Rowland What A Feeling (Extended Mix) (3:18) 6. Chris Brown & Benny Benassi - Beautiful People (Club Mix) (3:02) 7. Joy - Touch By Touch (2:59) 8. Guru Josh Project - Infinity 2008 (3:07) 9. J.C.A. - I Begin To Wonder (3:45) 10. Late Night Alumni - Empty Streets (5:39) 11. LMC Vs. U2 - Take Me To The Clouds Above (2:44) 12. Matt Cassar - 7 Days & One Week (Myon & Shane 54 Remix Edit) (5:23) 13. Supafly Vs. Fishbowl - Let's Get Down (3:06) 14. Sandra - Heaven Can Wait (3:24) 15. Bryan Adams - Have You Ever Really Loved A Woman (4:53) 16. Enigma - Return To Innocence [Long & Alive Version] (7:05) 17. Feargal Sharkey - A Good Heart (4:28) 18. Joe Cocker - The Simple Things (4:48)
Por algum motivo cresci acreditando que havia uma verdade. Quiçá já tenha nascido com esse sentimento, em busca de uma perfeição, de ser alguém especial e que teria a minha recompensa por seguir essa busca e esse caminho que me levaria lá, a esse sentimento de grandiosidade e bem-estar. Agora, as minhas forças estão no sentido de retroceder, tudo tende a fugir, o tempo já me vai vencendo (vencendo mesmo o meu suposto rápido pensamento que em alguma altura da minha vida parece ter ultrapassado esse obstáculo, esse ‘tempo’, afinal estava em franco desenvolvimento), a fé de ‘poder alcançar’ tende a desvanecer. Tenho vivido intensamente (à minha maneira que seja), a minha mente tem transcendido todos os limites do meu entendimento, sempre na busca de compreender quem eu sou e porque eu sou como sou e como isso condiciona tudo o que se passa à minha volta. - Aposto que a percentagem de pessoas que se tentam compreender a si próprias a sua história de vida, quando em situações difíceis, é pequena, procurando somente ajuda nos outros quando em dificuldade não acreditando no potencial que existe nelas como coadjuvante maior para a solução das suas dificuldades -. Tenho tentado acreditar que tudo o que vivi fez sentido e que no final de tudo tenho tido sorte. ‘Acreditar’ é uma palavra que uso muito, porque ‘a <<esperança>> (outra palavra que uso muito ou que tenho tentado ter sempre em mente, fortemente) deve ser a última a morrer’. Mas há algo de diferente em mim, algo imanentemente fantástico que eu sinto, que eu sou ( e devem-me todos os que me ‘lêem’ permitir exprimir esta admiração pelo que sinto sem por isso demonstrar narcisismo da minha parte, acho que qualquer pessoa deve gostar de si, seja como for a sua situação), e que ao contrário do que posso pensar na maioria das vezes, pode dificultar ou tem dificultado a minha vida e que é a falta de continuidade das acções na minha vida, a falta de uma coerência no sentido em que eu não faço como supostamente uma pessoa inteligente e comum faz: faz coisas em que umas coisas levam a outras, sentem-se motivados por elas ou por um objectivo e vão lutando por ele seguindo um caminho sem duvidar daquilo que estão a fazer, do caminho que estão a tomar e o sentem como o correto, não divergindo naquilo que fazem, convergindo e sentindo-se bem com o que se tornam - tudo muito naturalmente. Eu não sou assim, sou um ser divergente: divirjo no pensamento e nas acções, fujo do óbvio, não o compreendo frequentemente, e dou comigo a compreender coisas que supostamente eram para ser difíceis de entender, coisas como a ‘transcendência’, o ‘imanente’, a minha vida, a compreender as acções dos homens de um modo que ainda nunca me foi abordado da mesma maneira que eu sinto, tendo uma visão generalizada e globalizada do mundo e do Universo, coisas que seriam loucas se eu as dissesse para muitas pessoas, para a maioria talvez. E, na verdade, nunca encontrei uma ligação, uma pessoa ou grupo de pessoas com quem eu pudesse viver feliz, partilhando aquilo que sinto, a verdade que eu sinto e tenho sentido ao longo da minha vida, a imensidão daquilo que sou interiormente (porque exteriormente tendo para a nulidade) – tendo falhado a maioria dos passos que tentei trilhar firmemente (alguém jogou lodo no meu caminho, sinto isso)-. É óbvio que há pessoas virtualmente fantásticas neste mundo, há um conjunto de situações (também fantásticas - tendo a sentir tudo como fantástico, é certo) e mesmo pessoas que indirectamente e ‘ao vivo’ que vêm até mim e que me levam a tornar-me naquilo que sou. Tudo o que sou não dependeu inteiramente das minhas forças, com certeza, mas a maior parte também de forças, acontecimentos e coincidências externas a mim que culminaram em momentos marcantes positivamente e que serão compreendidos de alguma forma se tudo o que sinto vier a fazer um sentido real um dia, ou seja, em que a realidade venha a falar por si e demonstre que aquilo que senti também é válido neste mundo, também é verdadeiro, e que sou no fundo um ser aceite, que à partida parece inútil e com um aparente mesmo destino de ‘outros idênticos’, e que na verdade superei tudo com uma inteligência muito própria. No fundo gostava, como qualquer pessoa, ser alguém reconhecido, respeitado e tolerado, acima de tudo, como eu faço com o mundo. Então, o mundo tem-se revelado para mim como ‘não-perfeito’, não digo ‘imperfeito’ porque isso seria mentira, este mundo é belo, há pessoas belas, o Universo é belo, tudo o que se descobre pelo conhecimento e sabedoria é fantástico, e constrói-se com isso um novo mundo fantástico (talvez não suportável a longo prazo, mas isso é outro assunto), este mundo é o único complexamente funcional, porquanto podemos saber neste momento, não havendo outro igual, é muito difícil haver outro igual, tornando-o único. Porque o mundo ‘fantástico’ não perdura e o que é negativo, o autocontrole, o atrito, etc. não me deixa ser coerente comigo mesmo? Deixo, assim, aqui, uma outra abordagem ao conceito ‘acreditar’, hoje como tema principal.
Orgia de sentimentos. Significação das palavras. Abstracção. Emoções. Fascínio. Confusão. Para mim é errado que emoções provocam sentimentos, mas pelo contrário, tudo o que sentimos é o que manifestamos, e sim, sentimentos provocam emoções, tendo definição de ‘emoção’ a manifestação de algo, do sentimento, a expressão do sentimento. Define a wikipédia: << Emoção, é uma experiência subjectiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra em inglês 'emotion' deriva do francês ‘émouvoir’. Que é baseada do latim emovere, onde o 'e- (variante de ex-) significa 'fora' e movere significa 'movimento'. O termo relacionado motivação é assim derivado de movere .>>. Torna-se óbvio que a palavra e o conceito de emoção significa algo dinâmico e ‘virado’ para fora’, portanto a ‘expressão do sentimento’ é dinâmica, é a emoção, que lhe dá vida, que a exprime. O que eu sinto faz parte daquele que eu sou e rege os meus passos em direcção a um objectivo, tornando tudo à volta diferente pela acção que nós provocamos à nossa volta pelo que sentimos, manifestado em emoções, e pelo que provoca em nós o exterior. A nossa própria acção é uma manifestação daquilo que sentimos, mesmo quando o resultado dessa acção seja um simples movimento, simples acção ou uma simples obra, e não propriamente artística ou algo complexo. O que sentimos faz parte de nós, temos sentimentos que vêm de mesmo antes de termos nascido. Quando choramos, quando isso não é fingido – e quando somos crianças temos menos capacidade em fingir - isso é uma manifestação de um sentimento, a dor, que pode ser física ou psicológica. Os sentimentos vão- se tornado complexos à medida que o tempo passa, e a nossa capacidade de expressão desses sentimentos, as emoções, diminuem, tendo assim mais autocontrolo sobre nós mesmos, cada vez mais, mas também somos cada vez mais incapazes de nos exprimirmos com naturalidade e vigor físico. Mas o mais importante para mim é viver ainda o que tenho para viver, atirar com tudo o que de negativo se passa na minha vida e viver mais um pouco, desfrutar do breve despertar, do amanhecer e do entardecer, das transições do tempo, de tudo, com prazer. Quero usufruir um pouco mais deste meu viver, sentir e compreender, estudar e saber, mais, desinteressadamente, e com isso continuar contra a corrente que por vezes quer ser avassaladora que me quer destruir. Medo, talvez não tenha de morrer, apenas da injustiça, que no entanto não mudará o mundo como eu desejava, porque nenhum homem manda no todo, e tenho muito medo de não ser amado ou mal-amado, o que ainda pode ser pior. Para que querem viver as pessoas se não ligam aos sentimentos genuínos da sabedoria?! Da interessante possibilidade do conhecimento?! Querem ser salvas… e no entanto não pedem à sua vida, não dão pequenos passos para que essa vida mude, para melhor, simplesmente não fazem por isso. Pessoalmente, procurei a minha felicidade no outro, na outra pessoa, e não a encontro por tantas razões que eu sei e que sinto mas que não consigo traduzir em emoções. Não tendo encontrado essa felicidade devo desistir e ficar apático e triste para todo o sempre por isso? Não, não quero. Mas sei que não controlo tudo, talvez uma ínfima parte da minha vida apenas, e que o imprevisível pode vir ao meu encontro. Sei que outros me podem fazer sentir mal e sem vontade de continuar como já fizeram, sei que a vida pode virar-se contra nós quando menos esperamos, retirando-nos quase totalmente o ar, pondo-nos como zumbis.
É óbvio que sinto um certo rancor invejoso por aqueles que nasceram equilibrados, com felicidade neles, com sorte e com dinheiro suficiente, com poder conhecer as coisas sem que isso os perturbe a tal modo que tenham medo de trilhar seu caminho, equilibradamente bonitos, equilibrados nas suas acções, amados da maneira que são, que seguem um caminho calmo. É que eu nem consigo deixar aproximar ninguém de mim. Sinto isso, uma inveja de não ter seguido o mesmo tipo de caminho… de ser tão frágil e me quererem forte e que me manifeste como forte, quase que caindo no abismo, quase que sendo devorado pelos leões. Sinto inveja de não ter uma família muito mais inteligente ainda, mais tolerante, e no entanto a amo porque necessito dela, porque posso precisar de ajuda, porque podem precisar de mim, enfim, para que me possa compreender cada vez mais e quem sabe achar saídas. Acho mesmo, muito seriamente, que o meu nascimento foi um paradoxo, o qual eu gostaria de resolver se possível, mas pelo menos compreendê-lo ao máximo. Porque vem até mim o que é negativo e não sou eu timoneiro do barco do meu destino? Porque se riem de mim quando aprecio o nascer e o pôr-do-sol, quando transmito um sentimento a alguém ou por alguém? Sou mesmo sem jeito (…), um inábil emocionalmente. Eu só queria falar, para alguém que me entendesse, que fizesse o meu tipo, mas o meu tipo é tão estranho, compreendo, sei disso. Não nascemos para viver para todo o sempre como seres físicos, mas quem sabe se viverá o nosso espírito. Quero ser capaz de… me sentir bem, eu mereço sentir-me bem, e só posso falar por mim…não posso defender o desconhecido, não posso confiar no incerto, mas mesmo quando estou só e perdido, e a vida me dá uma demonstração que mereço continuar, isso é belo. Mas sou homem, e terei um fim mesmo assim. Mas enquanto eu me recordar de quem eu fui, eu ainda serei eu. Não sei ainda porque não me querem, porque sigo eu este caminho, neste mundo comum. Mas não quero ir, quero ter muito mais caminho a trilhar, e ver cair quem me queria ver cair, injustamente, isso seria justiça in loco.
Não vejo a face que está do outro lado. Procuro-a, mas não a encontro. Há um vazio entre esta diferença abismal do que sinto e sou capaz de compreender e do que sou capaz de fazer. Acredito que compreendo (isto tudo que sinto é compreensão, só pode ser), mas não posso ou consigo dizê-lo, sou incapaz. E porquê? Talvez eu esteja preso perante a imensidade, talvez porque o mundo que me envolve me tende a sentir perdido; Talvez seja eu que sou tão pequeno para fazer e tão grande para ver, ínfimo no ser físico e na capacidade de executar e vasto no sentimento interior e faculdade de sentir e analisar; Talvez porque eu esteja virado mais para o interior do que para o exterior; talvez porque eu absorvo mais do que o meu organismo desde sempre ou algum dia poderá construir ou exprimir. Exprimir-me é como uma doença, não me deixaram [o mundo que me rodeia: os meus pais, a minha cultura e cultura dos que me rodeiam] desenvolver a capacidade de expressão, além de que, conseguir ver toda a minha trajectória de vida na minha mente e nos meus sentimentos [como sou capaz de ver e sentir], até aos dias em que estou, saber o que me afecta e não ter a capacidade suficiente de ultrapassar todos os obstáculos, é a causa de uma doença, conformada nos limites da esperança de que dias melhores ainda virão, e que haverá sempre dias menos maus e mesmo bons, de sentimentos positivos, de sentimento de liberdade enquanto tal não se der. Lutar contra todo este atrito de expressão é como lutar contra a pequenez a que a minha vida me quer votar, a indiferença do mundo perante mim. Não consigo medir o meu alcance, o alcance das minhas acções, de todo o meu ser em contacto com o mundo [mundo esse que é o que sei e conheço], pelo menos de uma maneira concreta e objectiva, conseguindo no entanto ver a subjectividade das minhas acções.
O Conhecimento fascina-me. Não sou o mais conhecedor, mas, mesmo que fosse, mover-me-ia o desejo de conhecer mais, ainda assim, mesmo que isso signifique um trilho de morte certa, de incerteza e de incerto sucesso. Com isto, acredito, efectivamente, no conhecimento e tenho fé de que a Sabedoria existe, embora, para mim, esse conceito [Sabedoria] ainda não tenha sido tragado na totalidade, ou seja, ainda estou a habituar-me de que Ele existe, como se tivesse vislumbrado um fantasma D’ ele, para já, mas que demonstra a resposta para aquilo que sempre senti e lutei tendo em vista se era possível alcançá-lo. Vivemos na era do conhecimento, diz-se. E eu também o afirmo, mas talvez só o seja, aparentemente, para uma minoria, aquela que retira dividendos desta era. Assim como eu acesso o conhecimento, tantas e tantas outras pessoas acedem a ele, pessoas com mais capacidades intelectuais e monetárias, com certeza, que lhes torna possível entrar numa espiral de conhecimento muito maior que a minha, e que retiram dele os mais diferentes proveitos. Pessoalmente, nunca tirei grandes proveitos monetários desse conhecimento que vem até mim e que eu trabalho em mim, nunca consegui seguir um caminho de aplicação económica do conhecimento - talvez porque as questões da minha existência se sobrepuseram a todo o âmbito monetário que poderia aspirar na minha vida, porque a parte sentimental e emotiva intrapessoal me mereceram muito mais atenção; talvez, também, porque em mim há humanidade, no sentido de empatia com os seres que me envolvem que elevam a minha moral e põe como objectivo particular o atingimento de uma filosofia transpessoal, pela qual não posso quebrar as regras que me permitem atingir tal conhecimento, portanto, o embuste económico seria para mim uma prisão. Porque sou eu um ser abençoado de informação (?) quando tudo indicava e indica que a minha vida seria um fracasso, porque eu não me inseria no mundo que me envolve e seria um ser rejeitado, como o fui, para sempre, sem futuro à minha frente – questiono-me. Sim, apesar da minha humanidade, eu tenho muito contra os homens, eu chego a sentir o ódio mais profundo pela mesquinhez humana, pelo pseudoconhecimento que normalmente é aplicado na maneira mais rude, egoísta e destrutiva da atitude humana. Eu tenho abjecção por seres que me envolvem, porque eles não me respeitam como eu o respeito. Mas sei que isto não é regra geral, digamos que tive azar em nascer aqui e não ser daqui mentalmente, pois, acredito que a regra é haver ‘pessoas normais’, com atitudes adequadas na vida, seja de onde se for, tenha-se o conhecimento que se tiver. Apesar do meu conhecimento, tenho a minha dose de sofrimento, talvez devido também a esta sofreguidão de respostas das questões da minha vida, porque o meu tempo urge. Sinto que nasci e vivi como um néscio e pergunto-me se ainda não o serei, porque é assim que me vêem, com certeza. Consequentemente, também eu retiro o proveito da parte do conhecimento que me cabe, e isso, a essência ou o suco que eu retiro desse conhecimento, é único. A minha interpretação de tudo o que eu tanjo com todo o meu ser é fonte da minha vida e é única, acredito nisso firmemente. A questão seguinte está em saber se é proveitosa essa parte da informação que eu retiro e processo, de todo esse conhecimento que eu analiso criticamente, e se é útil passá-la a outros, transmiti-la, ou ainda, se é bom para mim fazer isso, de modo a que não seja, apenas, uma perda de tempo, ou uma inutilidade a que me prendo e que não consiga desfrutar da vida no modo mais básico, ao menos, devido a isso. Sou impelido, como qualquer humano, a manifestar-me, sou um ser criativo por natureza, pois, a natureza humana é criativa de algum modo. Consequentemente, se interiorizo e construo conhecimento em mim terei que extravasar o que eu sei, o que eu sou, de um modo ou de outro, de tal maneira que eu sinto [em mim] que a minha (nossa, de cada um) presença neste mundo deixa uma marca, visível ou invisível, menor ou maior, através da humanidade.
É urgente o desejo intenso que nos consome. So, come to me… É urgente e incompreensível, a necessidade de satisfazermos os nossos ímpetos. Tendemos para o outro e a vida não faz sentido sem o outro. Vivemos também porque fazemos parte de uma sociedade, complexa, e de tal maneira complexa, que nos torna vulneráveis, pelo afastamento que já temos, e cada vez mais temos, da sociedade de outrora. Cada vez somos menos auto-suficientes e mais dependentes desta sociedade, e se algum dia acontecer algo de grave na estruturação da nossa sociedade e da maneira como esta se organiza, vai haver muito provavelmente uma grave crise social. Vejamos um exemplo localizado, o furacão Katrina de 2005 que assolou a América, mais precisamente em Nova Orleães. O furacão pôs à mostra e demonstrou precisamente a incapacidade humana para dar uma resposta conveniente face à situação que se gerou. Não morreram mais pessoas porque fugiram a tempo, mas quem ficou, sentiu na pele a impotência de não poder fazer nada e nem as ajudas (externas) foram imediatamente frutíferas e salvadoras tal foi o caos que se criou com o rebentamento dos diques que orientavam as águas e que inundaram a cidade, sendo ela plana e estando numa situação de localização baixa, julgo que abaixo de tais canais que orientavam a água. Toda aquela cidade complexa ficou imensamente destruída (socialmente muito mais, talvez) e com uma reconstrução difícil pela frente. Os que sobreviveram necessitaram de ajuda exterior, concerteza, para o difícil futuro que se previa. Individualmente, cada ser em particular, de uma maneira geral, possui precisamente, hoje em dia, menos capacidade física para reagir com força física a possíveis problemas que possam surgir, caso surja a impossibilidade de ter todos os seus artefactos, toda a sua técnica - que é o que faz desenvolver toda esta sociedade, com base na exploração da natureza em profundidade como nunca foi feito antes – à mão e a poder funcionar para salvação em caso de catástrofe. O homem hoje em dia está mais vulnerável, de uma maneira geral, e psicologicamente também. Se de repente nos virmos sem electricidade, logo sem televisão e computadores e outras coisas mais que fazem parte do nosso dia-a-dia, o homem cairia num vazio, o de como agir perante tais ausências, que poderia ser mais momentâneo e reagir, ou então poderia prolongar-se e não ter a capacidade de reagir e cair numa depressão (dependendo das pessoas) – e isto seria um filme de terror. Eu não sei como reagiria a uma situação dessas, mas provavelmente mal, sei-o. Mas a vida é mais que um filme de terror muitas vezes, sentimento que eu não descarto, tal é a dureza com que age com certos homens (psicologicamente em mim, também). O homem tem uma noção de que as coisas se alteram muito gradualmente e tudo o que é geral se mantém no tempo, e que todas as técnicas novas criadas, e que tudo o que conquistou é um dado adquirido, que existe uma estabilidade. Mas eu diria que cada vez mais a catástrofe é iminente, sendo uma questão de tempo, mais ou menos curta ou mais ou menos longa, e que o homem tenta prever, e procura não acreditar, porque não consegue imaginar, ou não quer imaginar, o que será tal coisa, a catástrofe, ou por ignorância, ou por outro motivo qualquer. Uma catástrofe pode por em causa tudo. Para já todas as catástrofes estão a ser localizadas, apesar de cada vez mais frequentes. E estou a lembrar-me do terramoto do Haiti, em Janeiro deste ano. Aquela sociedade ficou literalmente arrasada. A sobrevivência fica seriamente comprometida com tais catástrofes, em que os seres ficam à mercê da sorte do que os rodeia, de acordo com as suas características físicas e mentais (psicológicas). Mais do que em qualquer situação, as catástrofes geram, ou devem gerar (se não for o caso de gerar), união entre os seres para que se possa reconstruir toda uma nova estabilidade e uma organização de vida social e material. Mas a perda mais ou menos massiva de vidas é inevitável. O espaço é cada vez mais reduzido, a exploração é intensa, e as pessoas só querem viver imensamente mais do que o necessário, e desnecessariamente abusam do material, da matéria-prima, consomem os recursos, e não pensam no futuro das gerações, porque todo o homem, se pudesse, viveria, egoisticamente, tudo numa só vida, não tendo capacidade de abdicar pelo seu futuro, pelo amor dos seus filhos e de todos os seus primogénitos, das pessoas que são os outros. Necessitamos do outro, e a nossa cultura para partilhar a nossa vida com o outro é complexa. E nesta complexa sociedade culturalmente evoluída, o individualismo está acima do todo que é a sociedade. Com o individualismo vem o orgulho, o menosprezo pelo que nos envolve como se cada um, cada ser que nasce, tem todos os direitos acima dos outros, mas mais ainda, acima da própria natureza. Pois esta civilização é um momento, no meu olhar, perspectivado do que sei.
A urgência do desejo cega-me, assim como cegará todo o homem, que age inconscientemente por um sentimento animalesco, e mais, por um sentimento de poder, de dominar o outro. Continuo a achar que o homem não passa de um simples animal, que tenta atingir o domínio do Deuses, mas errando completamente o seu percurso, porque à medida que chega perto do conhecimento dos Deuses, deixa atrás um caminho de destruição, porque será eternamente imperfeito. A destruição do seu espaço será a sua aniquilação. O homem segue errante. Resta a consolação na urgência do desejo, do amor, que nos leva ao sonho. Somos infinitamente pequenos, mas com visões altaneiras, é certo, e bastos como formigas que trabalham cegamente com uma finalidade não definida, que não sabem para que trabalham. – Sei que falo como se eu fosse de um mundo diferente, como se do que falo não me fosse afectar a mim, mas sou um homem, simplesmente, e a urgência do sentir faz-me utilizar todos os recursos que tenho para comunicar com o que é exterior a mim, com o Universo, com a natureza que me envolve, e sou afectado por tudo o que sinto e digo -. Que significa ‘sobrevivência’? Perpetuação dos genes e viver o tempo suficiente para tal acontecer. 'Procura do amor' dirá o homem hodierno. E os significados diluem-se uns com os outros (se bem que os querem separar à força, desintegrar tudo o que é uno para estudar as suas funções) e já não percebemos o que significa a vivência. O mundo dos sonhos? É o que nos é dado através do virtual e nos intensifica a realidade. Que significa amor e sexo? De que maneira se interpenetram? Estes são os verdadeiros conceitos da sobrevivência e da supremacia neste mundo. O desejo mais intenso que desafia a própria morte, morte que acaba sempre por vencer. A fonte de toda a complexidade do ser humano, que inventa as suas adorações e a sua adorável e fantástica cultura, que cultiva uma ideia de beleza e a faz render, tudo por momentos únicos. Momentos únicos que fazem desenrolar a história e todos os acontecimentos para esse fim. Quando o desejo urge, a morte não faz mais sentido, tal como a fome tem que ser saciada urgentemente na ausência de alimento, pois a morte é iminente, é uma questão breve no tempo. E custa-me pensar, ver e viver, imensamente, a mim - pois parece-me tão verosímil esta ideia que me surge, a do nirvana, de modo que tudo, a nossa acção, é indiferente - num mundo que desaba, o nosso mundo que seja, somente. Desabamos, o nosso sistema desaparecerá e apenas restará a nossa manifestação daquilo que fomos, aquilo que fizemos, que por sua vez poderá perdurar mais ou menos, dependendo de infinitas variáveis, dependendo se é material ou imaterial, sabendo que existirá enquanto houver cultura humana para entender a nossa acção neste mundo, e toda a nossa acção só existirá enquanto essa cultura for viável no tempo, enquanto existirem homens que nos entendam e queiram perdurar a nossa acção, a nossa obra. É urgente o nosso ensejo, o meu ensejo de construir castelos firmes neste mundo, destruir o menos possível, purificar o meu ser e a minha vida. Sei que um dia regressarei para onde vim, é urgente esse sentimento de harmonia e paz. Nasci e cresci, urgentemente, à margem de todos os conhecimentos, que agora possuo, e nunca pensei chegar até onde cheguei, nunca pensei que enveredaria por este caminho, único e sem retrocesso, que veria por um prisma diferente como hoje vejo. Pensei que a vida seria plena para mim, envolvi-me no meu interior, no chamamento de um Universo que não compreendia e que me falava, e agora o sinto tão próximo, tal como a loucura que os homens inventam, para dominarem homens. Eu tento urgentemente viver. Viver como vivo, univocamente, mas com a utopia de encontrar um elo perdido de ligação com este mundo. Urge fugir do vazio, reencontrar-me e reencontramo-nos com a sensatez, a abertura do espírito à sabedoria, à inteligência, ao bom senso, porque fazer um mundo melhor é possível, fazer com que o mundo bata seus corações em uníssono, sem destruir mais do que o necessário, sem desconfiar no sentimento que se abre, de modéstia e paciência. A mim é-me urgente a riqueza, mas uma riqueza que seja sustentável, uma vida plena de amor e bens materiais quanto baste. A ‘urgência’ nunca teve mais em moda do que agora, a urgência de se repensar o mundo, de mudanças tais que não cabem a um só homem fazer, a urgência de reparar todo o mal produzido a partir de coisas feitas para o bem, a maior parte das vezes. Urge-me a mim, o desejo de saber onde fica a fonte, ou as fontes, do bem e a origem, ou as origens, do mal, mesmo quando um dia já se seguiu o caminho da rectidão e nos perdemos. O desejo de saber e compreender é imenso, movem-se montanhas para atingir a compreensão das coisas, se bem que a maioria das pessoas segue um normal encaminhamento da vida, não vendo, porque não querem, ou porque têm medo de que aquilo que temem seja verdade, ou por outro motivo qualquer, fechando os olhos aquilo que é o conhecimento. E o conhecimento brota de toda a cultura humana, de tudo o que é possível e imaginário. E uma força brutal existe neste preciso momento, deste ano que corre, de conhecimento, e de formação de realidades que eram imagináveis há anos atrás. Urge o tempo, - e o desejo enorme de uma multidão sem nome, de algo que é indiferente a tudo o que é particular e individual -, um desejo da maioria da sociedade humana, concretiza-se, como se se transformasse numa orgia global. Será que isto é um vulcão prestes a rebentar, ou prestes, simplesmente, a expelir lava?
Sei que quando falo de ódio, com espírito odioso, para com os seres humanos, eu não deveria generalizar. Não posso dar a parte pelo todo, se alguém ou alguns me magoaram e me fizeram mal na vida, não posso culpar toda a gente, nem posso considerar todos por igual, como maus e malfeitores, mas há momentos em que o meu espírito tem de tal modo a feridas tão vivas que me levam, a isso. Eu próprio estou de tal maneira magoado, e tenho a mente de tal modo toldada pela dor psicológica, que amiudadas vezes magoo sem querer, sem ter essa intenção as pessoas que se tentam aproximar de mim a bem (também por causa de não poder ter sacudido o mal daquelas que se aproximaram a mal). Eu estou de tal maneira, que só atraio para mim a confusão social, os males – entendidos. Estou a lembrar-me de outro dia uma pessoa amiga me ter considerado de mau - humor, quando na verdade (ela não sabia nem deve saber, porque é difícil de entender - eu sei-o -), por trás dessa aparência de mau – humor, eu tenho segredos bem mais profundos que me levam a aparentar de mau humor ou com má cara, a minha mente tende a não transmitir aquilo que sinto, e por isso sou mal entendido constantemente na minha vida, talvez por esse esgar nervoso, esse jeito fechado e fugidio (de quem quer fugir, literalmente), que tende a ser cada vez mais frequente e intenso e que sei que me pode facilmente destruir, ou na hipótese mais real, na verdade já está a fazê-lo (provavelmente já há muito tempo) restando-me saber quanto tempo mais eu vou aguentar isto, que afinal deve significar o sobreviver, não o viver. É obvio que nessas horas de espírito toldado eu ponho em causa tudo, mas não sou uma pessoa violenta, sou uma pessoas pacifica e com a capacidade de reacção muito baixa, no entanto com um espírito em ebulição. É claro que toda a minha escrita, a que transmito neste blog está muito centrada em mim e consequentemente assim será o meu pensamento e a maneira como funciona. Cresci a fugir constantemente, sempre com aquele sentimento de fuga no meu espírito que me foi dominando, gradualmente. Os meus gritos não ecoaram na vida. Talvez as pessoas já nem liguem ao som abafado do meu gritar. É obvio que as hormonas não funcionam mais correctamente. É obvio que eu sou um ser possuído pela tristeza. E torna-se tremendamente aterrador imaginar que, com o tempo, eu, em lugar de reformar o meu espírito, de me conciliar comigo mesmo e entrar numa velhice mais consciente de quem sou e de aceitação daquilo que se passa na vida, esse lugar dê lugar ao descontrolo, à desarmonização, à dessosiabilização, à melancolia constante, à falta de realização pessoal em duas palavras. É claro para mim, que deve ter havido um ponto da minha vida, não sei precisar, talvez depois do meu nascimento, ou logo no momento da minha concepção, que me fez seguir um destino do qual não pude fugir, e que foi solidificando a minha vida, a minha maneira de ser. Consigo rever o meu passado como um fio condutor para onde estou hoje, e já consegui perceber que o futuro se interconecta com o passado e o presente, dai o meu medo do que ainda me pode acontecer.
Tornei este blog pessoal, como se tratasse de um livro aberto em que falo segundo aquilo que sinto, de um modo geral na minha vida. Um blog pode ser uma amálgama de ideias, tal como as que nos percorrem a mente. A minha mente interpreta o que vê e o que lê, mas eu estou mesmo muito influenciado é pelo que lei -o. Eu tenho lido imenso em toda a minha vida, eu tenho transposto constantemente aquilo que sou, dia após dia de leitura, por isso não descuro que toda a confusão que vai na minha mente, seja de toda a má acomodação que dou a tanto que vou lendo, a tanto que encho o saco sem despejar como deve de ser. Tudo o que aprendi se torna em toxinas para o meu espírito em lugar de o desenvolver harmoniosamente, em lugar de me tornar forte. Todo esse conhecimento me torna fraco, mas uma coisa é certa, eu compreendo, nem que compreenda mal. Sei que transcendi os limites da minha pessoa, eu que não nasci limitado mas assim me quiseram tornar. Eu que acabei por ter medo dos meus sentimentos, eu que me magoei profundamente no decorrer da minha existência, e agora vivo angustiado, cheio de amargor por ter perdido tanto dos meus desejos normais de um homem, eu que fui desfalcado psicologicamente, que me desiludi quando a minha mente compreendeu que aquelas pessoas em quem se podia confiar, não eram as mesmas pessoas depois de ver o lado de lá delas, das suas ideias. Sou único na maneira de pensar e de sentir e de ser e estar no mundo, e se isso me fascinava faz tempo atrás, neste momento isso provoca-me um pânico tremendo, o facto de estar só com o que sinto, tudo desorganizado em mim, sem conseguir vislumbrar uma saída. Sinto-me só neste meu mundo, terrivelmente só, e tudo parte do mais fundo de nós, o psíquico, esse poder que fica bem escondido mas onde, em mim, o meu consciente navega sem parar, na busca do bem-estar que temo ser utópico, e jamais alcançável novamente. Na minha mente eu não mexo ideiazinhas, simples acontecimentos ou factos, não, eu mexo toda a minha vida em peso, por isso eu estou esmagado por ela, na busca do meu bem-estar interior, na busca de uma saída, fechado sem inovar nela. Tudo muda lá fora, eu doentiamente permaneço o mesmo, não vou ao sabor da corrente. Eu tenho ideias erradas que não me consigo desfazer delas, coisas em que acreditei quando era muito pequeno e que não me querem abandonar, para me tornar outro homem. Talvez o meu pensamento já funcionasse desta maneira na altura, apesar de haver menos conteúdo nesse tempo. Mas uma coisa é certa, o meu espírito procura a paz, sem findar nos seus esforços. Assim é, assim será.
Procura-se estrada para o paraíso. Caminhamos para nenhum lado, estamos numa estrada sem destino , we’re on a road to nowhere, Talking Heads, não me sai da cabeça este pensamento. E o meu caminho não me leva a lado nenhum. Cada passo que dou é um passo em falso e no vazio, caminho cada vez com menos amigos e vontade de viver, em lugar de ser ao contrário, só com a diferença em relação a muitos outros como eu é de que eu sei o que me faz andar assim, pelo menos penso saber, e isto se houver outros. Às vezes penso: ‘a honra e a dignidade devem ter algum sentido’; o sexo deve ter algum sentido’; ‘isto que sinto deve ter algum sentido’. A verdade é que estou mais desfasado do mundo que me rodeia, o mundo da interactividade real, in loco, distingo cada vez menos o que é real do que não é, da acção correcta da não correcta. O meu raciocínio anda péssimo. Vacilo a cada passo, sinto coisas que não devia sentir e o mundo quer cercar-me. Sou omnipotente quando sozinho com os meus pensamentos, com o meu conhecimento, com a minha ligação ao Universo, e, no entanto, sou a mais pequena e inofensiva criatura que alguma vez existiu à face da terra, a coisa mais vulnerável que Deus ao mundo pode deitar. Cada pensamento meu é um erro. Sinto o aproximar do meu destino, que caminha até mim inexoravelmente, sem que haja algo que o possa contrariar do seu objectivo que é destruir-me. De que modo posso preservar as minhas faculdades, a minha honra, o meu desejo, os meus sentimentos? Já sei, ninguém pode responder, este mundo é cada um para si. Na minha vida, a perfeição seria desejável, uma ponte entre o céu e a terra, onde vivesse no paraíso, fosse amado e sentisse esse sentimento e correspondesse a esse amor. Mas, eu vivo na terra, as pontes que nos unem são muito elitistas, o meu amor é uma utopia, da qual inúmeros se riem. Mas eu vivo neste mundo, de caos, pequeno, em que nesta amálgama é uma sorte estarmos vivos, ou precisamente, um azar…assim como é azar eu ter enveredado pelo caminho do pensamento intrincado e egoísta, como se houvesse uma sina que dissesse o que iria ser a minha vida. Na minha vida reina o medo, o medo de magoar e o medo de ser magoado, o medo de passar despercebido e o medo de ser o centro das atenções, o medo de existir… e na verdade existo, paradoxos sem fim, e afinal tudo isso faz parte deste Universo, e no entanto não pensei que chegaria um dia em que eu fosse afectado por isso negativamente. Onde eu passo tudo se transforma à minha passagem, como qualquer pessoa, mas o feedback que eu recebo do mundo é negativo e é pesado para mim, como se o mundo me quisesse devorar, como se eu tivesse feito coisas horríveis que não deveria ter feito, quando na verdade tudo deve ser más interpretações do meu pensamento. Mas a verdade é que o mundo toma ascendente sobre mim, e eu sinto-me uma nulidade sem capacidade de reacção, chorando infinitamente o meu sentir, a minha angústia de existir, a minha angústia existencial de não ser amado como devia, chorando e exagerando, como que desejando que tudo se torne realmente como o destino me quer fazer acreditar que existe, que é esse o caminho. Pois eu sou um ‘talking head’ na minha vida, sou uma ‘cabeça falante’, que monologa sem cessar. Ou talvez seja uma aberração, tentado atrair algo de bom para a minha vida, bons sentimentos, bom futuro, sem sucesso. Gostaria de falar sobre a alegria da vida, alegria da existência, a manifestação das mais belas coisas que existem, e caio, dia após dia, no erro da melancolia, do afastamento dos homens pela verdade que existe. Qual é o meu lugar no mundo, pergunto, a cada minuto que passa, nem que seja lá no mais profundo do meu inconsciente. Que sentido posso eu tomar para preservar o que de mais importante ainda me resta. O conhecimento envolve-me e faz-me mexer o pensamento, mas não me demove de onde estou. O mundo é uma constante algazarra da qual não consigo partilhar. A minha saúde falta-me, e ninguém consegue dar-me o que perco. Os meus passos assim não fazem sentido, por isso tropeço dia após dia, sobrepondo-me aos meus sentimentos, alimentando constantemente esta incapacidade de reacção. Como eu gostava de reagir (!)… Como gostava de olhar e ver olhares, interpreta-los, ser deste mundo, mas não sou. Só me resta a esperança. A eterna esperança de que, por exemplo, pelo menos quando morrer me sinta eu. Há suspiros que me esperam. Mas acho que um homem seria mais feliz castrado do desejo, simplesmente separar-se da sua animalidade e ser pura razão e ser amado não pela sua pujança física, mas pela sua pujança intelectual, começo a acreditar nisso. Tudo há-de ser consumido, romper - se – hão todos os ideais, todas as forças de ligação tenderão a perder-se, até mesmo os ideais mais enraizados na genética humana hão - de esfumar-se, tão certo assim como o meu fim é certo. Neste longos momentos em que eu me consumo, eu me esfumo, eu voo para mais longe da orbita que eu um dia perdi. Navego agora sem destino, nesta promiscuidade de ideias e pensamentos, cada vez mais longe daquilo que algum dia fui. Adeus, adeus, digo constantemente para mim mesmo, adeus homens, seres ignóbeis, que o meu desejo tenderia a destruir se fosse ele que comandasse o destino deste Universo, mas sei que sou eu que estou errado, mas por favor, prova-mo (!), ou este será o paraíso do nirvana.
Como pode um homem viver quando o mais básico lhe é negado? Como pode um homem, que anda com o coração na boca, em erupção constante, silenciado - em que lhe é negada a mais básica manifestação de expressão, uma palavra certa no momento certo – incapaz de pensar em sociedade, encontrar os elos de ligação que unem os homens, que o une aos homens? O mais difícil é não ser levado na corrente, mas há homens que o fazem. Há homens que se desligam dessa teia, conseguem libertar-se de uma (ou várias) teia (s) humana (s), para cair noutras malhas, ainda mais fortes. E não sei qual será melhor, se ser levado pela corrente ou se libertar-se dela e não sentir a pertença a algo, algum lugar, a alguém - porque, reafirmo, ninguém é de ninguém, se bem que cada vez mais dependemos uns dos outros [talvez em direcção à unidade] –. E não pertencer e libertar-se pode muito provavelmente significar o entrar numa ideologia própria e sentir-se só - porque poucos se encontram que partilhem ideais tão vastos quantos aqueles [esses que se libertam] alcançam, ou então não os descobriram, ou então, ainda, serão cegos e não os vêem, esses, os seus congéneres, estando eles lado a lado, ao nosso lado. E esses ideais vastos têm em si e demonstram [no íntimo de cada um, que é capaz de ver e ouvir mais além, de chegar onde mais ninguém ousa chegar], um pensamento intrincado, uma refinação do pensamento, a atenção do Universo dirigida para o ‘Eu’, um mundo de palavras com um sentido intenso, que quando não compreendido e reconhecido, quando não nos deixam ser quem somos, nos leva a uma decadência. Há momentos mais ou menos longos, ou mais ou menos curtos, em que somos tratados de coitadinhos. É certo que, de certo modo, isso é importante, nesses determinados momentos, nas nossas vidas, como uma mão que nos é estendida para que possamos subir o palanque, quando a força ou a falta de jeito nos falta. É um sinal de misericórdia desses que connosco se deparam, um sinal de que um dia também podem precisar dessa mão que foi ajudada. Mas um homem tem que lutar, seja de que forma for, para que não se reduza a uma insignificância, para que não seja tratado abaixo de cão e não fique prisioneiro em si próprio. Quantas palavras vãs não são [proferidas pelos outros e] dirigidas, erradamente, ao ‘Eu’ (!). Quantas vezes é necessário esquecer ou engolir em seco (!). Quanta banalidade e baixeza se ouve e se vê (!). E o ‘Eu’ capta esses momentos do interior humano e forma o ‘mapa genético’ desse interior que se manifesta, desse interior que é observado por uma mente que penetra no fundo dos seres. E o ‘Eu’ surpreende-se com o que vê – que é como quem diz: com o que sente -. Lembrai – vos, vós que andais com o sentimento de impunidade, a liberdade tratar – vos – á como agires. E é um jogo de sentimentos que anda na baila, uma brincadeira com sentimentos que fluem complexamente na sociedade. Porquê este medo de influenciar e ser influenciado (?), se sabemos que hoje, mais do que nunca, este jogo é vivo e excitante. Porquê o medo de sair do mais difícil (?): o equilíbrio utópico que se procura. Mas o medo alguma razão de ser terá, e eu, pessoalmente, respeito – o. Foi esse respeito e penso que é esse respeito que faz com que me respeitem. Houve uma altura, que reconheço na minha memória, em que senti um completo desprezo pela minha vida [por parte dos outros], as pessoas estavam votadas a esquecer-me - sinto esse sentimento como se fosse hoje -, eu não me reconhecia. Minhas mãos escorregavam pela encosta abrupta na esperança de encontrar uma última força e conseguir segurar-me nalguma saliência. Senti como um homem pode ser esquecido e o impensável dar-se a qualquer momento. Jamais o meu pensamento se projectava no futuro, como se deve projectar qualquer ser humano. E nada do que eu fizesse mudaria a mentalidade instalada nas pessoas, eu era algo do passado, uma esperança desvanecida. Eu estava desprovido da minha auto – consciência, ou não a reconhecia ou então não tinha a noção dela. Senti a minha sintonia perdida com as pessoas, não acreditava nem conseguia antever que forças me iriam ajudar a sobreviver. Jamais pensei recuperar um bocadinho do muito que recuperei hoje - como se eu tivesse recuperado –, o insignificante para alguns que para mim é tudo. Eu contornei, eu criei calo, eu estou insensível, mas sinto o tacto nas profundezas do meu ser, eu imagino tudo o que não posso tanger e a minha mente me permite alcançar. Afinal, seja de que modo for, eu sei que pertenço a uma mente colectiva, eu consigo compreender, à minha maneira que seja, as pessoas e o mundo. Aprecio a humildade e simplicidade antes de tudo num ser, o que aliado à inteligência, glorifica esse ser humano. O equilíbrio entre as qualidades e defeitos é algo difícil de atingir, mas eu acredito nessa possibilidade. E o meu ideal é válido, nem que eu um dia não saiba quem sou ou quem fui, mas, agora sei que ele é valido eternamente. Porque se querem silenciar as palavras? Porque uns tem o direito de influenciar e outros não? Porque uns fazem parte activa na sociedade e outros são seres passivos, apáticos, diria mesmo? O meu carácter é formado por um desejo intenso, como o de qualquer ser humano, sou dominado por emoções que revelam sentimentos e que me dominam intensamente. No entanto é-me negada a irreverência na mais primordial existência do meu espírito. Como pode um homem aguentar em tensão toda uma vida? Como pode um homem viver quando esse homem sente a sua vida pendente de um linchamento silencioso, como se o destino o quisesse fazer desistir? Desde sempre vi faces, olhares a cruzarem com o meu. Desde sempre sonhei e alguém foi sonhado. Desde sempre reconheci certas faces mesmo sem as vislumbrar. Desde sempre senti essa frequência [dessa onda, neste espírito sequestrado pela emoção]. Mas a contrariedade dos sentimentos impera. Essa fuga da envolvência, essa fuga dos sentimentos, das expressões, condena. Não espero encontrar a verdade, mas continuarei à procura de respostas, e serei um ser brevemente satisfeito, se as for encontrando, e as puder adequar à realidade, a minha realidade.
Para mim, a vida é: uma energia que vacila mas não cede, como uma vela bruxuleante, que dura até ao fim do pavio, depois de consumida a cera que lhe dá a força da existência; tudo o que podemos alcançar, física e psiquicamente, o que podemos tocar, ou quando não, imaginar que tocamos; onde estamos ou onde podemos ir; aquilo que conhecemos ou podemos conhecer, estando lá ou sem nunca ter lá ido; é um sonho sem fim; uma aventura, onde ser quem somos - os aventureiros - é-nos definida por cada passo que damos, o caminho dessa aventura, como se houvesse um destino, trilhemos o caminho que trilhar - mos. Talvez no homem, que tem sentimentos conscientes (e tem consciência da própria vida, talvez como nenhum outro ser), as emoções sejam o condimento dessa vida. Assim, o contentamento e a tristeza fazem parte de todos nós, tanto que acho que só conhece a alegria e o contentamento quem já conheceu a tristeza. Perscruta o teu interior e procura o teu contentamento.
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