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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Obra existencial

            Que sente um homem que vive aprisionado? Haverá a existência e separação do ‘bem’ e do ‘mal’? Como é a ‘relatividade de tudo’ para uma pessoa e para a humanidade em geral, e, de que forma estão as emoções relacionadas com essa relatividade e também com o conhecimento e sabedoria? Como um homem pode ser especial se vive aprisionado e não é conhecido? Será possível a todo e qualquer homem atingir muito conhecimento e sabedoria? Serei eu um fanfarrão que se auto -intitula conhecedor e sabedor? [Mas podem ter a certeza que sou apologista do saber e do conhecer]. Estarei eu mesmo aprisionado ou tudo será fruto da minha mente? Serei eu um marginal neste mundo? Se o for, será esse o motivo que me torna especial? De onde me vem esse desejo de ser especial? Porque não posso ser ao mesmo tempo especial, livre e feliz comigo mesmo e com os outros? Porque a maldade da destruição me quer atingir? Porque há uma força que me quer levar ao abismo e outra me quer levantar quando me prostro ou o mal me atinge? Perguntas e mais perguntas. Sim, já me disseram numa ‘expressão ortodoxa’ que eu era ‘ótimo’, devo ficar feliz por isso, e não, não foi, nunca, da boca de meu pai (efetivamente da minha mãe já ouvi elogios). Ele, a causa de eu estar aqui e agora, neste contexto, com esta forma e feitio, tenho quase a certeza que foi isso. Terei algum complexo de édipo? Na! Não me parece, invenções e mais invenções de teorias que querem explicar objetivamente aquilo que não é explicável, a psique humana, o comportamento humano, que me querem julgar erradamente. Como explicar a emoção humana? A ligação emocional entre os seres? Não quero acreditar que tenha de me queixar de quem me devia amar, sinceramente, nem queria absolutizar todo esse mal (é forte a palavra ‘mal’, admito), pelo menos não queria absolutizar toda essa real indiferença da parte dele (‘indiferença’, essa é a palavra mais suave e que se engloba melhor no contexto de que estou a falar). Vejo quem chora a ausência física de um pai que foi perdido. Vejo tristezas por não se ter nem mãe nem pai. Vejo tristezas por se ter sido abandonado. Não fui nem tive tais coisas. Mas, vejo-me, a mim, aqui, magoado, por ser quem sou, por, apesar de ter um pai e uma mãe, no entanto, um pai sem sentimentos, cheio de falsidade, enganador, realmente sinto - me enganado e usado, e só eu sei o porquê. Meu pai projetou-se no futuro com sua maldade mais intrínseca, incapaz de pôr o interesse do seu filho, futuro do seu futuro, na devida importância. Ainda vejo o momento fulcral de seus olhos chispantes a rogar-me um mau futuro, indiretamente, essa tal ‘indiferença’ que o carateriza contra uma criança que se pode resumir a esse primordial momento que compreendi o meu futuro, em que eu me projetei ate estes momentos que tenho passado agora. A História deve estar plena de casos como os meus; sei que a bíblia, por exemplo, aborda a eternidade de toda a história do homem que se repete vezes e vezes sem fim, exemplos e mais exemplos de lutas de pais contra filhos, ou ainda de um ‘bem’ contra ‘um mal’, quer isso se dê a nível familiar ou extra – familiar. Penso que também relata a eterna luta animalesca do mais forte que derrota o fraco na realidade que é este mundo. -Gostaria, do fundo do coração e da minha vida, que se rompesse toda a coerência da história do mundo, uma vez a minha existência ter irrompido nos paradoxos do mundo, eu que nasci fraco e revoltado, seria uma obra existencial que talvez nunca tenha acontecido se os fracos (inteligentes, conhecedores e sabedores) do lado do bem e da razão irrompessem do vazio da existência e derrotassem os fortes do lado do mal !!! Talvez ai o mundo se tornasse melhor - Enfim, uma utopia, que leva a considerarem-me louco, certamente, ao ir contra os desígnios da existência deste mundo, desta terra. Assim, no entanto, esta foi a minha possível vida, este terá sido o passado menos mau que pude ter e só tenho de aceitar. Será que faço de meu pai o bode expiatório da minha situação? Não creio, e é tão difícil explicar, exprimir o porquê de ser assim, mas eu sei-o (o ‘porquê’) e mais ninguém, eu sinto-o desta maneira, e custa-me imenso se tiver que morrer com este sentimento, no vazio, atingindo o nirvana sem o gosto da verdade justa. Terá que ser assim?! Anos e anos a ‘falar tristeza’, a redescobrir o meu passado, a entender que afinal tudo tem sido mais forte do que eu, querendo mudar o mundo, a expectar a mudança do mundo para comigo, porque eu me tenho sentido impotente para mudar. Talvez num desperdício de tempo, nos olhos de muitos, sempre assim, faz anos, cansado, agora, pelo tempo, pensando que esse ‘tempo’ estava do meu lado, será que não está? Pensando também que meu pai estava do meu lado, uma ilusão, enfim que tive que ter para crescer, neste mundo de promiscuidade e falsa retidão nas ações, enganado pela própria existência – generalizando, falsa retidão dele assim como daqueles que são egoístas, egocêntricos e que absolutizam o seu seres, seus corpos e as suas vidas, não aceitando o fim de tudo, fazendo crescer o mal neste mundo superlotado. O fim aproxima-se dele, se bem que pode aproximar-se de mim primeiro, contudo sempre o disse e senti: ‘Não tenho medo da morte, mas sim, do sofrimento’, e apesar disso, sinto-me a sofrer constantemente, senão, certamente, não estaria aqui, neste blog, transmitindo o que transmito, sempre com a esvanecente esperança de que ainda hei - de ser feliz. E agora digo mais, tenho imenso receio da injustiça perante a minha vida, por isso, agora, também procuro a justiça – E, procuro aperfeiçoar o entendimento desse conceito, a ‘justiça’.

            Que aos bons chegue o bem, e que eu saiba quem me envolve por bem, se me for permitido.

Escrevi isto ao som de:

 

1. Paul Young - 02 - Everytime You Go Away (4:25)

2. Johnny Hates Jazz - Turn Back The Clock (4:32)

3. 15 - Bonfire - You Make In Feel (4:44)

4. Simon Climie - Dream With Me (4:50)

5. Sydney Youngblood - I'd Rather Go Blind (4:17)

6. 01 - Jennifer Rush - Power Of Love (6:02)

7. Cock Robin - When Your Heart Is Weak (4:40)

8. Marc Cohn - Walking In Memphis (4:17)

9. Climie Fischer - Love Like A River (4:24)

10. Jon Secada - Do You Believe In Us (4:00)

11. Jennifer Rush - A Broken Heart (4:09)

12. Talk Talk - 15 - Such A Shame (5:43)

13. Mike & The Mechanics - 13 - A Time And Place (4:51)

14. Maggie Reilly - 02 - Everytime We Touch (4:04)

15. Richard Marx - Angelina (4:07)

16. Phil Collins - 10 - Long Long Way To Go (4:21)

17. Phil Collins - I Wish It Would Rain Down (5:29)

18. F.R. David - Words (3:35)

19. Celine Dion - 07 - Where Does My Heart Beat (4:30)

20. Marillon - No One Can (4:37)

21. Richard Marx - Right Here Waiting (4:26)

22. A - Ha - The Sun Always Shines On Tv (5:08)

23. Phil Collins - 01 - Do You Remember (4:38)

24. Frankie Goes To Hollywood - The Power Of Love (5:30)

25. Richard Marx - 13 - Chains Around My Heart (3:46)

26. Chris Rea - Texas (5:09)

27. Toto - Rosanna (5:31)

28. Roxette - Fading Like A Flower (3:51)

29. 11 - Peter Cetera - Glory Of Love (4:23)

30. Nik Kershaw - The Riddle (3:53)

31. Roxette - It Must Have Been Love (4:19)

32. Curtis Stigers - 01 - I Wonder Why (4:28)

33. George McCrae - Rock Your Baby (3:53)

34. Christopher Cross - Words Of Windsom (5:49)

35. Vaya Con Dios - What's A Woman (3:54)

36. Paul Young - Don't Dream It's Over (4:24)

37. Roxette - Spending My Time (4:37)

38. Spandau Ballet - How Many Lies (5:24)

39. Beverley Craven - 05 - Holding On (3:52)

40. M.C. Hammer - Have You Seen Her (3:55)

41. Fleetwood Mac - Dreams (4:18)

42. Mike & The Machanics - You Are The One (3:38)

43. Fleetwood Mac - Sara (4:38)

44. Eurythmics - Miracle Of Love (4:37)

45. Paula Abdul - 06 - Rush Rush (4:21)

46. New Kids On The Block - 16 - I'll Be Loving You (4:24)

47. Sonny & Cher - I Got You Babe (3:13)

48. Peabo Bryson & Roberta Flack - Tonight, I Celebrate My Love (3:32)

49. Huey Lewis And The News - World To Me (5:09)

50. Cock Robin - 05 - Thought You Were On My Si (4:19)

51. Billy Idol - Eyes Without A Face (4:12)

52. Mirjam's Dream - 13 - Take A Look At Me Now (3:56)

53. Vanessa Williams - 15 - Save The Best For Last (3:39)

54. Sandra - Maria Magdalena (3:39)

55. Lisa Stansfield - 07 - Change (5:39)

56. Richard Marx - Children Of The Night (4:45)

57. Fairground Attraction - Perfect (3:39)

58. Bad English - 03 - When I See You Smile (4:19)

59. Roxette - Queen Of Rain (4:53)

60. Shanice - 03 - I'm Cryin' (5:08)

61. Black - 08 - Feel Like Change (4:37)  

Consciência global

  

            Tenho por quase totalmente certo que tenho uma ‘consciência global’ e penso que posso dizer que sempre tive um ‘sentir global’ (que me levou à tal consciência), e mais, parece-me que preencho cada vez mais essa globalidade com factos que chegam até mim de todos os quadrantes além do aumento de experiências pessoais que tenho vivenciado e de todas as inferições que faço com esses dados que obtenho de algum modo. Com isto tudo, todo o saber e conhecimento que tenho, estou seriamente tentado a seguir em busca de um ‘santo graal’ que me permita perceber a lei do espaço-tempo, em mim, das variações que se irão suceder no mundo, de que modo e em que comprimento de tempo se vão dar [sem saber se o irei conseguir alcançar e se ele existe, mas tenho fé]. Gostaria de utilizar esse saber, se o achar, em primeiro lugar para eu melhor poder vivenciar a minha vida, de seguida quereria dizer que o queria utilizar para o bem do mundo, mas, já há tanta gente a tentar ‘fazer um mundo melhor’, e, apesar de tudo, a visão global do mundo que tenho é que ele não está melhor; para mim é claro que o mundo social viveu na ilusão que estaria melhor, em anos passados, devido ao petróleo que era abundante e a bom preço. Tenho para mim neste momento que se todo o conhecimento produzido não for bem aproveitado pelas mentes futuras, se o Universo assim o quiser, para produzir revoluções tecnológicas para o bem-estar de todos os homens, se o ‘bem’ que é imenso não conseguir ofuscar o ‘mal’ que é muito inferior, então julgo que se entrará num período de enorme sofrimento, que, no fundo, sempre existiu de algum modo em algum lugar, mas em menor quantidade. Vejo que toda a gente ‘fala’, toda a gente dá ideias para melhorar, mas aquelas que vingam e que são as corretas são ínfimas; eu mesmo me vejo nessa situação, tenho consciência disso, tanto neste momento em que escrevo, em que analiso e proponho, como na minha vida no geral, em que consigo sentir os rumos do espaço e do tempo e nada me parece poder fazer para os levar a bom porto. Penso que não serei o único à procura desse santo graal e desse entendimento das variações que se irão dar no mundo e no Universo, pelo contrário, penso que muita gente anda à procura disso, grandes instituições que avançam com dados sobre situações que hão-de suceder, projecções, bruxaria, mentes particulares que perscrutam em privado e muito mais. Decerto, provavelmente serei dos últimos a ter sentido em mim esse passar do tempo segundo as variáveis que se sucedem, quando por vezes queria acreditar que fui o primeiro. Sinto que as minhas preocupações natas acerca deste mundo e do Universo [toda a destruição a que o mundo está a ser sujeito, muito resumidamente - quer fisicamente (o mundo físico) quer socialmente, ou seja, moralmente e mentalmente] foram largamente difundidas e amplamente projeccionadas. Foram receios que eu entre outros (talvez muitos) sentimos e que marcam uma geração (a minha geração), e que expandem um sentimento vivo, vindo, talvez, de uma alma remota e inidentificável, de angústia pela possível perda de algo profundamente belo e irrecuperável se tal suceder: a perda do equilíbrio natural do mundo, a poluição desenfreada assim como o uso dos recursos naturais sem medida; a destruição do conhecimento verdadeiro, o facto de não vencer a força da sabedoria em cada individuo, a queda da moral quando não assistida pelo verdadeiro sentido do mundo social quotidiano, ‘o conhecimento com sabedoria’ – O mundo social está a esquecer completamente a base em que ele está sustentado! Que é a terra, a ‘mãe terra’, para usar uma expressão totalmente enraizada e globalizada-.

            Pergunto-me o que me levou(a) a ter mais em consideração o estado global do mundo, uma maior preocupação pelo estado do mundo, em detrimento da minha própria condição humana (?), e o porquê de isso acontecer (?). Porque ponho (pus) eu à frente de tudo, como prioridade, o geral antes do particular, o bem-estar geral à frente do bem-estar particular (?). Mas olho para a minha vida e tudo o que consigo sentir nela e dela, e vejo que tudo me trouxe a este momento de grande extravasamento mental. Consigo entender coisas tão globais e aparentemente complicadas e não consigo entender o comum dos mortais, não consigo entender porque eles não entendem. No fim disto tudo, sou eu quem sai a perder e sem valor neste mundo de aparência. Gosto da tecnologia, gostava de viver altamente tecnológico se isso fosse sustentável, mas eu não serei feliz se viver de uma outra maneira? Porque eu, e muitos outros, não podem ser felizes?

Proposta para uma humanidade ambiciosa

     Hoje venho fazer uma simples proposta para todo o ser que é ambicioso neste mundo, uma proposta para se trilharem os verdadeiros caminhos da humanidade rumo ao Universo e a Deus, rumo ao conhecimento e à sabedoria, em que todos, e cada um de nós,  se devem conjugar e orientar, de modo a alcançar um estado de paz e liberdade, que para mim se tornou realidade, talvez como para outros, mas que para muitos ainda é utopia ou desconhecido. Então, seres humanos do mundo, proponho, de hoje em diante, a aceitação de uma cisão que não é nem pode ser dissociação, mas antes uma complementaridade: ciência para atingir o conhecimento; fé e Deus para atingir a sabedoria. E que a sabedoria guie o conhecimento, é o que eu peço para o futuro.

Rompendo as cadeias que prendem meu coração

      São imensas as cadeias que prendem meu coração, mas já foram mais. Ouvindo Richard Marx, ‘Chains around my heart’… e, como sempre, momento após momento, eu vibro com as recordações e com a sensação de estar vivo e ter vivido, vibro, surpreendido, com o chamamento da vida nas ocasiões que penso que tudo vai desabar outra vez. Surpreendo-me e ao mesmo tempo tento aceitar aquilo que me ultrapassa, que não consigo mudar. Realmente tudo o que vivi tem um significado, e é maravilhoso ver as coisas encaixar e tomarem sentido. Todas as minhas vivências a encaixar, e, no entanto, sempre na defensiva perante o desconhecido do futuro. Eu queria reagir, e não consegui, não me foi permitido, fiquei passivo, absorvendo tudo à minha volta, tentando compreender infinitamente o mundo que me cercava, como tento compreender mais e mais a cada dia que passa ainda hoje, isso é-me permitido. Mas eu penso que tenho pouca capacidade de reacção, ainda. De bode expiatório a um ser especialmente querido, a minha metamorfose continua, nem que tudo seja ilusório. No entanto, tudo é incerto, só tenho a certeza de ter vivido, dos azares e das sortes que tive, qualquer previsão do futuro pode estar completamente errada, porque um número inimaginável de infinito futuros me podem acontecer. Sinto que a minha vida vai ter mais uma mudança no futuro que se aproxima, e queria acreditar que a vida me vai dar uma nova chance de melhorar quem eu sou e de poder gozar mais um tempo de vida de intensidade agradável. Pensei que não arrancaria mais com a minha vida, pensei que seria mais um caso perdido, de pessoas esquecidas neste mundo, mais um esquecido neste mundo, e que iria esquecer quem eu tinha sido um dia, pois só via tenebrosidade, melancolia e escuridão na minha frente, além de sentir uma profunda incompreensão do que se me estava a passar, e sentia uma imensa impotência de lutar contra forças tão estranhas e que me puxavam para o abismo. Agora, aqui estou eu, sentindo o cheiro de uma nova primavera, tentando invadir o meu espirito com sorte e positividade, neste preciso momento. O quanto desejo que todas as frustrações se vão embora da minha vida, que o equilíbrio venha ter comigo, que tenha forças para que pessoas maldosas não me consigam ferir. Quem me dera que isto que sinto fosse o cálice da vida, a compreensão geral de tudo, ou pelo menos da minha vida em que eu sou o centro do meu Universo. Eu tive a oportunidade de VER este mundo com uns olhos especiais, dados a um ser especial, e do qual só eu posso falar. Eu fui amado desde toda a eternidade, porque estive previsto desde sempre, eu nasci e cresci contra todas a probabilidades, porque me foram dados os caminhos certos para atingir estes momentos. Não sei se poderei falar do mundo agora, mas parece-me que estou apto a falar do que eu conheço, de mim próprio, e talvez com isso eu possa contar também a história do mundo. Talvez eu não possa salvar o mundo nem as pessoas que sofrem, mas posso tentar salvar-me a mim para que outros se salvem. Reafirmo a possibilidade do conhecimento e a existência da sabedoria, os quais eu respeito desde toda a minha existência, e talvez por isso eles me dão momentos tão bons na minha vida e me são tão queridas. Queria acreditar que Deus existe, mas talvez me baste saber que eu existo por meio de algo que tende a mostrar-se à medida que o tempo passa, não interessa o que lhe chamemos, e que a perfeição está nesta amálgama que por vezes parece o caos e por outro lado parece magnificamente perfeito. Sinto-me vivo ainda, e tudo o que senti faz sentido e teve uma razão de ser. Eu tive uma hipótese na vida como poucos terão possivelmente, ou pelo contrário, todos tem essa hipótese, mas nem todos a conseguem aproveitar por motivos que ainda compreenderei um dia. É o sobe e desce da vida, os momentos agradáveis e amenos e até mesmo de vigoroso esplendor versus a queda, a dor e o atrito que nos tomam sem compreendermos o porquê de ser assim. É assim até mais não podermos. Eu vejo desde aqui o que me envolve, sem no entanto ver como os outros. Eu vi: claramente a ironia do mundo; o fingimento; a minha tamanha imperfeição na tentativa de ser perfeito, assim como os erros das outras pessoas e os meus também; a relatividade de tudo, como já me parecia existir desde os meus primordiais pensamentos; a oportunidade de respirar, novamente, por um pouco que fosse, para poder mergulhar mais fundo nesta minha azarada vida. No entanto, não sei se me é permitido esta sensação de plenitude, como a conseguirei manter? Será que consigo?

Sentimentos e emoções in loco

                Orgia de sentimentos. Significação das palavras. Abstracção. Emoções. Fascínio. Confusão. Para mim é errado que emoções provocam sentimentos, mas pelo contrário, tudo o que sentimos é o que manifestamos, e sim, sentimentos provocam emoções, tendo definição de ‘emoção’ a manifestação de algo, do sentimento, a expressão do sentimento. Define a wikipédia: << Emoção, é uma experiência subjectiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra em inglês 'emotion' deriva do francês ‘émouvoir’. Que é baseada do latim emovere, onde o 'e- (variante de ex-) significa 'fora' e movere significa 'movimento'.  O termo relacionado motivação é assim derivado de movere .>>. Torna-se óbvio que a palavra e o conceito de emoção significa algo dinâmico e ‘virado’ para fora’, portanto a ‘expressão do sentimento’ é dinâmica, é a emoção, que lhe dá vida, que a exprime. O que eu sinto faz parte daquele que eu sou e rege os meus passos em direcção a um objectivo, tornando tudo à volta diferente pela acção que nós provocamos à nossa volta pelo que sentimos, manifestado em emoções, e pelo que provoca em nós o exterior. A nossa própria acção é uma manifestação daquilo que sentimos, mesmo quando o resultado dessa acção seja um simples movimento, simples acção ou uma simples obra, e não propriamente artística ou algo complexo. O que sentimos faz parte de nós, temos sentimentos que vêm de mesmo antes de termos nascido. Quando choramos, quando isso não é fingido – e quando somos crianças temos menos capacidade em fingir - isso é uma manifestação de um sentimento, a dor, que pode ser física ou psicológica. Os sentimentos vão- se tornado complexos à medida que o tempo passa, e a nossa capacidade de expressão desses sentimentos, as emoções, diminuem, tendo assim mais autocontrolo sobre nós mesmos, cada vez mais, mas também somos cada vez mais incapazes de  nos exprimirmos com naturalidade e vigor físico. Mas o mais importante para mim é viver ainda o que tenho para viver, atirar com tudo o que de negativo se passa na minha vida e viver mais um pouco, desfrutar do breve despertar, do amanhecer e do entardecer, das transições do tempo, de tudo, com prazer. Quero usufruir um pouco mais deste meu viver, sentir e compreender, estudar e saber, mais, desinteressadamente, e com isso continuar contra a corrente que por vezes quer ser avassaladora que me quer destruir. Medo, talvez não tenha de morrer, apenas da injustiça, que no entanto não mudará o mundo como eu desejava, porque nenhum homem manda no todo, e tenho muito medo de não ser amado ou mal-amado, o que ainda pode ser pior. Para que querem viver as pessoas se não ligam aos sentimentos genuínos da sabedoria?! Da interessante possibilidade do conhecimento?! Querem ser salvas… e no entanto não pedem à sua vida, não dão pequenos passos para que essa vida mude, para melhor, simplesmente não fazem por isso. Pessoalmente, procurei a minha felicidade no outro, na outra pessoa, e não a encontro por tantas razões que eu sei e que sinto mas que não consigo traduzir em emoções. Não tendo encontrado essa felicidade devo desistir e ficar apático e triste para todo o sempre por isso? Não, não quero. Mas sei que não controlo tudo, talvez uma ínfima parte da  minha vida apenas, e que o imprevisível pode vir ao meu encontro. Sei que outros me podem fazer sentir mal e sem vontade de continuar como já fizeram, sei que a vida pode virar-se contra nós quando menos esperamos, retirando-nos quase totalmente o ar, pondo-nos como zumbis.

            É óbvio que sinto um certo rancor invejoso por aqueles que nasceram equilibrados, com felicidade neles, com sorte e com dinheiro suficiente, com poder conhecer as coisas sem que isso os perturbe a tal modo que tenham medo de trilhar seu caminho, equilibradamente bonitos, equilibrados nas suas acções, amados da maneira que são, que seguem um caminho calmo. É que eu nem consigo deixar aproximar ninguém de mim. Sinto isso, uma inveja de não ter seguido o mesmo tipo de caminho… de ser tão frágil e me quererem forte e que me manifeste como forte, quase que caindo no abismo, quase que sendo devorado pelos leões. Sinto inveja de não ter uma família muito mais inteligente ainda, mais tolerante, e no entanto a amo porque necessito dela, porque posso precisar de ajuda, porque podem precisar de mim, enfim, para que me possa compreender cada vez mais e quem sabe achar saídas. Acho mesmo, muito seriamente, que o meu nascimento foi um paradoxo, o qual eu gostaria de resolver se possível, mas pelo menos compreendê-lo ao máximo.  Porque vem até mim o que é negativo e não sou eu timoneiro do barco do meu destino?  Porque se riem de mim quando aprecio o nascer e o pôr-do-sol, quando transmito um sentimento a alguém ou por alguém? Sou mesmo sem jeito (…), um inábil emocionalmente. Eu só queria falar, para alguém que me entendesse, que fizesse o meu tipo, mas o meu tipo é tão estranho, compreendo, sei disso. Não nascemos para viver para todo o sempre como seres físicos, mas quem sabe se viverá o nosso espírito.  Quero ser capaz de… me sentir bem, eu mereço sentir-me bem, e só posso falar por mim…não posso defender o desconhecido, não posso confiar no incerto, mas mesmo quando estou só e perdido, e a vida me dá uma demonstração que mereço continuar, isso é belo. Mas sou homem, e terei um fim mesmo assim. Mas enquanto eu me recordar de quem eu fui, eu ainda serei eu. Não sei ainda porque não me querem, porque sigo eu este caminho, neste mundo comum.  Mas não quero ir, quero ter muito mais caminho a trilhar, e ver cair quem me queria ver cair, injustamente, isso seria justiça in loco.

Compreendendo a [minha] solitude

      Eu sigo tentando compreender este mundo e este Universo. Eu sigo, mas com uma nova visão, e temo que por mais que tentemos entender o que quer que seja, nunca nada está compreendido na totalidade, e quiçá, longe disso, o Universo não é para compreender. Compreendo conceitos profundos da vida e do Universo que até mim chegam, sinto que compreendo: compreendo que houve um princípio para a minha existência e a minha morte, compreendo ainda mais, que a terra terá um fim assim como teve um princípio, isso é-me dado a conhecer e a saber, [sei que para muitos não, estes conceitos lhes transcendem, mas julgo que toda a gente devia ter a possibilidade de grandes compreensões] mas não compreendo para lá do princípio do Universo e do seu fim, será que ainda vou compreender através dos olhares humanos que perscrutam o todo sempre? Entristeço pelo meu fim, talvez, já entristeci mais. Entristeço pelo fim da terra, mas já entristeci mais. E entristeço pelo fim dos meus sentimentos genuínos, mas já entristeci mais. Compreendo que todos e cada ser é único, com um sentimento de si único, único em todo o seu ser de uma maneira geral. Compreendo que há seres e seres incomensuráveis, só humanos seremos 7 mil milhões, dizem, na qual eu sou uma insignificância em termos numéricos. Compreendo que há indiferença perante os actos de muitos seres, como se eles tivessem todo o direito de viver, simplesmente viver, viver quiçá inconscientemente. Compreendo o equilíbrio delicado da terra. Compreendo que haverá outros que não conseguem ficar indiferentes, como eu, perante seus actos e dos demais prevendo dor e sofrimento e um fim cada vez mais rápido perante a acção dos energúmenos, que nos chamam a nós burros. Mas quem tem razão, os indiferentes ou os preocupados? Se por um lado o homem tem a possibilidade da liberdade, de ser livre até onde chega a liberdade do outro é certo, de não se preocupar a não ser com a sua sobrevivência, onde tudo é permitido, o homem que conhece e tem o poder tem a responsabilidade e tem ou deveria de ser um preocupado. É para mim óbvio que o homem não vai parar, muitos vão utilizar o seu conhecimento para produzir coisas novas, no entanto, outros vão utilizar o que havia de ser para o bem para destruir e sobrepor-se aos outros, os ignorantes. A verdade é que todo o conhecimento do homem não vai caber neste mundo, é para mim certo o caminho destrutivo da humanidade, e que longe dos sonhos há pessoas que sofrem profundamente, até porque essa é uma lei da vida que tentam negar os criadores de ilusões, haverá sempre os que estão bem e os que estão mal, esperamos é que não sejam sempre os mesmos a ter as mesmas situações e que, ainda mais, sejam sempre as injustas. Percebendo como eu percebo as coisas neste momento, vejo que ainda há quem siga cegamente o sempre superável conhecimento humano, ainda, e sendo assim, alguns, querem vangloriar o imparável conhecimento, como fonte de salvação e bem-estar, mas que prova ser destruidor quando mal usado - e que será sempre -, mesmo dizendo que é para melhorar a existência das pessoas e do mundo. Einstein, entre outros cientistas, chegou a grandes ideias, através do seu pensamento matemático e filosófico do qual imediatamente a irracionalidade humana se apoderou para quase ter continuado o princípio da sua destruição com bombas atómicas, por exemplo. Porque foram cometidas tantas atrocidades que continuam, sempre, de uma forma ou de outra? Continuam a fazer sonhar os jovens emergentes deste mundo, que tudo é possível, que iremos inclusive para o espaço um dia e conquistá-lo-emos. Continuam a incutir-lhe o conhecimento, mas, e a sabedoria?! Quantos a possuem? Porque continuam a ignorá-la, porque têm medo dela os homens? De que servirá um dia ter imenso conhecimento se tudo isso desaparecerá com esta terra? Porquê adiantamos nós o fim do seu equilíbrio? Porque primeiro não incutem no homem a sabedoria e a empatia pelo humano, e a injustiça continua? Porque continua a ilusão? E a tolerância e o bom senso? Onde está? Eu seria feliz ainda que não tivesse tudo o que tenho, se não me tivessem feito vir até aqui, se pudesse viver nas minhas pequenas ilusões, que seres que se acham superiores a mim me aniquilaram, seres com ‘supostos direitos’ sobre outros porque acham que sabem mais do que eles e acham que estão certos. Falo daqueles que têm e não sabem o que têm de bom. Enfim cada um assume o seu destino. Amo o conhecimento, agradeço a quem o utiliza para o bem e adorava ter a sabedoria. Sonho com melhores relações humanas, e pergunto-me o porque de toda esta raiva contida em mim (?) e raiva do homem que destrói e subjuga injustamente, raiva de quem me subjugou e desvalorizou, e de quem tenta fazê-lo injustamente. Estais à espera de um salvador como Cristo como eu estava? Pois ele não virá jamais, Deus se existe avalia cada vida por si só, não há salvadores, cada um salva-se a si próprio através dos meios que Deus, se existe, lhes dá, a cada pessoa. Continuo a acreditar no que sinto, de verdadeiro, a alma genuína que me preencheu e me deu vida, ela me diz para prosseguir, e me mostra os meus direitos e o meu caminho. No entanto não sigo sem ter os meus temores, os meus receios de maus entendidos, da maldade, que surge no meio do bem, do mal contra a minha pessoa que surge não sei bem de onde. Precisamos dos outros, mas o meu sentido de defesa leva-me a ser cauteloso, na partilha da minha vida com os outros.

O [meu] Conhecimento

     O Conhecimento fascina-me. Não sou o mais conhecedor, mas, mesmo que fosse, mover-me-ia o desejo de conhecer mais, ainda assim, mesmo que isso signifique um trilho de morte certa, de incerteza e de incerto sucesso. Com isto, acredito, efectivamente, no conhecimento e tenho fé de que a Sabedoria existe, embora, para mim, esse conceito [Sabedoria] ainda não tenha sido tragado na totalidade, ou seja, ainda estou a habituar-me de que Ele existe, como se tivesse vislumbrado um fantasma D’ ele, para já, mas que demonstra a resposta para aquilo que sempre senti e lutei tendo em vista se era possível alcançá-lo. Vivemos na era do conhecimento, diz-se. E eu também o afirmo, mas talvez só o seja, aparentemente, para uma minoria, aquela que retira dividendos desta era. Assim como eu acesso o conhecimento, tantas e tantas outras pessoas acedem a ele, pessoas com mais capacidades intelectuais e monetárias, com certeza, que lhes torna possível entrar numa espiral de conhecimento muito maior que a minha, e que retiram dele os mais diferentes proveitos. Pessoalmente, nunca tirei grandes proveitos monetários desse conhecimento que vem até mim e que eu trabalho em mim, nunca consegui seguir um caminho de aplicação económica do conhecimento - talvez porque as questões da minha existência se sobrepuseram a todo o âmbito monetário que poderia aspirar na minha vida, porque a parte sentimental e emotiva intrapessoal me mereceram muito mais atenção; talvez, também, porque em mim há humanidade, no sentido de empatia com os seres que me envolvem que elevam a minha moral e põe como objectivo particular o atingimento de uma filosofia transpessoal, pela qual não posso quebrar as regras que me permitem atingir tal conhecimento, portanto, o embuste económico seria para mim uma prisão. Porque sou eu um ser abençoado de informação (?) quando tudo indicava e indica que a minha vida seria um fracasso, porque eu não me inseria no mundo que me envolve e seria um ser rejeitado, como o fui, para sempre, sem futuro à minha frente – questiono-me. Sim, apesar da minha humanidade, eu tenho muito contra os homens, eu chego a sentir o ódio mais profundo pela mesquinhez humana, pelo pseudoconhecimento que normalmente é aplicado na maneira mais rude, egoísta e destrutiva da atitude humana. Eu tenho abjecção por seres que me envolvem, porque eles não me respeitam como eu o respeito. Mas sei que isto não é regra geral, digamos que tive azar em nascer aqui e não ser daqui mentalmente, pois, acredito que a regra é haver ‘pessoas normais’, com atitudes adequadas na vida, seja de onde se for, tenha-se o conhecimento que se tiver. Apesar do meu conhecimento, tenho a minha dose de sofrimento, talvez devido também a esta sofreguidão de respostas das questões da minha vida, porque o meu tempo urge. Sinto que nasci e vivi como um néscio e pergunto-me se ainda não o serei, porque é assim que me vêem, com certeza. Consequentemente, também eu retiro o proveito da parte do conhecimento que me cabe, e isso, a essência ou o suco que eu retiro desse conhecimento, é único. A minha interpretação de tudo o que eu tanjo com todo o meu ser é fonte da minha vida e é única, acredito nisso firmemente. A questão seguinte está em saber se é proveitosa essa parte da informação que eu retiro e processo, de todo esse conhecimento que eu analiso criticamente, e se é útil passá-la a outros, transmiti-la, ou ainda, se é bom para mim fazer isso, de modo a que não seja, apenas, uma perda de tempo, ou uma inutilidade a que me prendo e que não consiga desfrutar da vida no modo mais básico, ao menos, devido a isso. Sou impelido, como qualquer humano, a manifestar-me, sou um ser criativo por natureza, pois, a natureza humana é criativa de algum modo. Consequentemente, se interiorizo e construo conhecimento em mim terei que extravasar o que eu sei, o que eu sou, de um modo ou de outro, de tal maneira que eu sinto [em mim] que a minha (nossa, de cada um) presença neste mundo deixa uma marca, visível ou invisível, menor ou maior, através da humanidade.

Revolução silenciosa

    É muito boa a sensação de bem-estar, esta, depois de um repasto que assenta bem, seja ele do que for, frugal ou exótico, bem ou mal temperado, a esta hora, na acalmia do anoitecer. É muito boa esta sensação de plenitude, que ao mesmo tempo é acompanhada por um vazio mental, onde reina um nirvana, onde não há lugar para alegria ou tristeza, preocupação ou indiferença, onde há apenas o que é, o simples facto de estar aqui e existir, sentindo o eterno agradecimento de ter o meu ser, ser quem sou, mais nada do que isso. Chamaria a esta experiência e este estado uma experiência mística. Escrevo o que escrevo, preenchendo a minha vida interior, com o intuito de pôr na net umas palavras que possivelmente se perderão no tempo – mas com a esperança de que eu não tenha existido em vão -, num monólogo introvertido e eterno comigo mesmo, onde o senso comum não tem significado, onde existe apenas o meu ‘eu’, e a consciência de que esse ‘eu’ existe. Aqui há acalmia, neste estado de espírito que se apoderou de mim, hoje, neste momento, dure o tempo que durar. No entanto, sei que há uma revolta silenciosa que permanece em standby neste momento. Este momento em que a música ambiente me rodeia e me acolhe sem exaltações, ao contrário do que tem acontecido na maioria da vezes na minha vida. Até parece que estou apaixonado por mim mesmo, que quem me ‘visse’ o que eu sinto me acharia narcísico, mas não sou, e digo a frase feita: -se eu não gostar de mim quem vai gostar? - É obvio que em inúmeros momentos e situações só isso não basta para viver, gostamos, e, mais do que isso, sobretudo necessitamos, de ser apreciados, de que gostem de nós. Contudo, na minha vida, sei o quanto isso de ‘gostarem de nós’ é relativo, e, por isso, é importante que o amor-próprio prevaleça nesses momentos em que não somos apreciados e/ou em que os factores externos a nós não nos são favoráveis. Isto porque temos direito à vida e não podemos nem devemos abdicar dele, temos de lutar contra a incompreensão dos outros perante o nosso ser, lutar harmoniosamente para que os nossos ideais tenham seguimento. Muitos, ao ler isto, rir – se - hão do que digo, mas pouco me importa, não sei quem sois e estais entregues ao vosso destino como eu estou entregue ao meu. E esse simples facto, o vosso destino, já vos é suficiente para que essa risada escarniosa que fazeis vos traga o feedback futuro do que sentires sem respeito pelo que os outros sentem. Ao passares os olhos por uma das minhas palavras já estareis contaminados pela influência do que eu sou se é que já não estáveis, mesmo antes de vos encontrares com estas palavras. E não há que ter medo, e mesmo que se tenha, isso é normal. Não sou eu que mato com as minhas palavras, mas são os significados que elas têm para vós que influenciarão o vosso futuro, talvez o encontro com uma verdade que não querias assumir e que te acendeu uma luz na mente. Comigo passou-se tão vivamente isso, que ainda agora tremo, tal a intensidade de medo pelo desconhecido que senti. E a revolução silenciosa continua a dar-se.

   Não podemos obrigar as pessoas a gostarem de nós. Não podemos agradar a todos. Acho que se a verdade tivesse cara não seria bela, e por isso não gostariam dela. A verdade será a última instância de tudo o que existe. O mundo dos seres é um mundo fingido e artificial, uma realidade efémera dada por sentidos virtuais. Como última instância de tudo o que existe, a verdade é o suporte básico de tudo o que existe, talvez tenha sido o princípio e será o fim. A verdade é o vazio da existência ou a não existência. E nós estamos num momento intercalar – a existência - dessa não – existência. Talvez os seres fujam dela (a verdade) quando por vezes dizem procurá-la, porque não cabe na nossa mente que haja uma não existência, um vazio depois de termos vivido e termos um ser coerente, sermos algo funcional e especial, queremos acreditar que há continuidade nas coisas. A verdade dói, mas não quer dizer que não possamos viver sabendo que ela existe. E é verdade que quanto mais interpretamos mais vazia, contraditória e confusa se torna a existência, parece que compreendemos mais, mas nada sabemos que já não tenhamos sabido desde sempre, um saber nato que faz parte do nosso ser logo que nascemos. Toda a filosofia se encontra em estado latente ao nascer, o que se passa é que nos vamos redescobrindo à medida que o tempo passa. Aperfeiçoamos técnicas, descobrimos novas maneiras de explorar a terra, mas a filosofia, essa, já existia e continuará a existir, o conjunto de equações do pensamento que nos leva a um resultado simples. Termino hoje esta revolução silenciosa e mental que me envolve, na ideia que tenho sempre: que por mais que pense e abarque o mundo com o meu conhecimento jamais encontrarei a resposta para o que procuro, se bem que por vezes ache que estou no caminho certo. Não quero cair no vazio demasiado cedo, sabendo que ele existe, quando ainda há caminho pela frente.

Um rosto

Hoje vi um rosto. Esse rosto não era comum, como o de qualquer pessoa. Ele tinha algo de especial, algo que me transcendia, algo que me tocava e eu não compreendia. Esse rosto, dava-me confiança, mas, num momento imediatamente a seguir, algo de contraditório se passava e contrariava esse sentimento. Era como se eu estivesse a ver que, esse rosto, era confiável, e, no entanto, as emoções que despoletava em mim, diziam completamente o contrário. E eu não conseguia escolher qual expressão ele me transmitia. Era um rosto que dizia, mas ao mesmo tempo contradizia. Era um rosto de luta - e nem vou falar de rugas de expressão, ou de outras características físicas ou faciais -. Era um rosto que dizia a verdade, somente a verdade, mas, ao mesmo tempo, eu não queria acreditar nela, como se a mentira me possuísse. Era um rosto de luta, uma eterna luta, entre os sentimentos e a razão – e era tão transparente para mim esse facto! -. Era um rosto de força, mas simultaneamente desolado, aparentemente calmo e impenetrável, e, ao mesmo tempo, aberto à humanidade, com todos os sentimentos que vagueiam o ser humano a jorrar, desse rosto. Esse rosto parecia uma pedra, quando fixava o meu, mas o que transmitia era tão forte e inexplicável que me fazia vibrar o meu ser e disparatar a minha conversa, imaginar coisas sem nexo, como se me dissesse: ‘Descobre quem sou eu, se fores capaz’. Esse rosto não aparentava ter nada por trás dele, mas eu sentia que havia. E eu era impelido a sentir uma vontade de descobrir o que estava atrás daquela expressão, que se desmultiplicava em múltiplas expressões que por sua vez transmitiam algo profundo e que, realmente, eu nunca tinha sequer imaginado que fosse assim, um rosto, aquele rosto humano. E, é curioso, é que eu pensava que conhecia o rosto dos homens, até eu ser levado a pensar nisso. Aquele rosto fazia-me pensar. Mas, afinal, que transmitiria aquele rosto cuja face eu tão bem deveria conhecer de todos estes anos de experiência, de cognição e aprendizagem de expressões faciais? Naquele momento eu senti o quanto somos permeáveis, como que temos uma membrana em que a osmose de sentimentos se dá, e percebi que não podemos contrariar essa lei da natureza. Pudemos sustê-la, mas nunca contrariá-la e erradicá-la. Esse rosto fez-me perceber o quanto somos autómatos da natureza, e cada vez mais, à medida que o tempo passa, somos levados a reconhecer, racionalmente, cada gesto que fazemos, a perceber que quando pensamos que somos nós quem dominamos, afinal, estamos a ser dominados por outras forças que nos ultrapassam. E, ao olhar esse rosto, - que era o rosto que transmitia o exponente máximo da alegria, da esperança e de todos os conceitos positivos, e concomitantemente, era o rosto que transmitia o exponente máximo da desolação, da tristeza e de todos os conceitos negativos -, percebi que não havia rosto. Aquele rosto era um reflexo que produzia reflexos, como a luz ao passar por um prisma, tão simples ou tão complexo quanto isso, depende do que se sente ou do que a razão nos diz. Aquele rosto escondia um ser. Um ser que se procurava constantemente, no espaço onde se encontrava. Procurava seu nome – uma identidade pelo menos… -, a sua ligação com o mundo. E eu percebi isso, eu reconheci isso nesse rosto, como se até então eu nunca tivesse percebido um rosto. Aquele rosto transmitia uma imensa sabedoria, que, no entanto, era silenciada pelo seus gestos simples e ingénuos, como se tentasse encobrir aquilo que aquele ser era, a sua magnitude, a sua magnificência. E aquele rosto dizia tanto, transmitia uma energia e uma presença estranha, que não passava indiferente (mas que os outros tentavam ignorar – eu percebi isso). Sei que poucos o viram e sentiram como eu o vi e senti. A angústia de não ser compreendido revelava-se na sua manifestação. Toda aquela indiferença, calma e apatia, aparente, escondiam um vulcão prestes a rebentar. E eu percebi isso. No seu olhar trazia a fé, a esperança, de que o que em que acreditava fizesse sentido e lhe desse ânimo para prosseguir o caminho. Esperança de encontrar o seu espaço no mundo. Aquele rosto trazia muito mais: na profundeza daquele olhar que perscrutava o Universo exterior, havia um infinito Universo virtual, um mundo onde as almas existem, uma dimensão onde poucos querem entrar, talvez porque estão agarrados ao seu exterior, ao que o mundo lhes dá, e não querem conhecer a matéria dos sonhos de que eles próprios são feitos. Com o passar do tempo aquele rosto entranhava-se em mim, como se o meu ser se imiscuísse no ser que eu observava. Eu via, o que até então não tinha visto. Aquele rosto me explicava porque os pólos opostos se atraem, o porquê das interacções entre os seres, as suas atitudes. Aquele rosto dizia-me mais e mais à medida que o ia observando, quando ele me permitia. Ele me abria os sentidos para compreender tanto do que até então me transcendia. Ele me abria o espírito e me revelava que tudo o que era dado como certo e coerente, não o era como se aparentava, e me revelava o paradoxo, a antítese, a antinomia que reinava neste mundo humano e dos seres em geral. Esse rosto - com aquele olhar que dizia, também, que estava aprisionado -, implorava por compreensão da parte dos outros. Esse rosto tinha um olhar que compreendia. Eu percebi por esse rosto, que tentava comunicar, o turbilhão de sentimentos, ideias, emoções que lhe estavam subjacentes. Eu tentei ajudar, olhei fixamente esse olhar daquele rosto, mas ele fechou-se, revelando uma mágoa que não era explicável no meu entender, como se dissesse ‘não há nada que tu possas fazer por mim’.

            Esse rosto significa tudo que tu possas imaginar, ou seja, o que és. Tu próprio ‘fazes’ o rosto de quem vês. Esse rosto é o vocabulário que tu tens em ti. É um reflexo de ti. Certos homens vêem, simplesmente, enquanto esse rosto observa e analisa, mesmo sem olhar. Esse rosto significa a unidade do ser, que ao mesmo tempo partilha uma dimensão, pouco abordada por um ser comum, com outros seres. Esse rosto tende a ser a manifestação da pura inteligência dos homens. Tudo o que nós somos, somos num conjunto e porque existe o outro rosto, sozinhos nada fazia sentido nem teríamos chegado ao ponto onde chegámos, e, no entanto, somos únicos na subtileza do nosso espírito, a sua essência. Esse rosto, significa a perenidade do nosso ser, que quer acreditar que somos eternos na dimensão espiritual. Talvez mesmo esse rosto seja ‘eu’. E não interessa mais nada do que foi dito, até porque só o que é escondido e está em segredo gera fascínio e curiosidade. E a verdade desse rosto, é um eterno segredo, que gera medo, porque desconhecido. Mas se sabemos que o final é certo, de que temos medo afinal? De que tenho eu medo afinal? Da estupidez humana? Ou dos rostos que olham e dizem tudo no meu espírito como se eu tivesse a resposta imediata para aqueles olhares. Como saberei se esse rosto existe? Mas que eu o vi, isso vi, e nada me pode mudar essa visão, a não ser a memória que algum dia me há-de fugir. Esse rosto necessita de descanso para prosseguir o tempo que lhe resta. Lembra-te: ‘Um rosto’.

           

Relembrando

 (...) acho que a tua vida foi muito plena de sentido, um sentido que talvez eu mesmo não venha a encontrar, mesmo no tempo que nos separa. (...) acho que a tua vida é muito significativa, não deves desistir e deves ter esses momentos bons nas tuas memórias sempre (memórias= mente, fotos etc), não para te entristecer, por saudade por exemplo, mas para te darem ânimo para caminhar até não mais poder, e esperança, de voltar a sentir bons momentos. Acho que deves relativizar os sentimentos maus, não olhar só para eles, os da fobia por exemplo, e tentar concentrar nos sentimentos bons. Eu sei que é difiçil, eu mesmo sinto essa dificuldade, mas é nesse sentido que tento seguir, tentado segurar a barra que é a minha vida também, com esforço, e tentando superá-los com sabedoria e inteligência (que tento adquirir), inteligência essa necessária para aplicar a sabedoria. Mas também sinto que posso cair a qualquer momento, que um destino menos bom me arrase, por isso me agarro com todas as forças ao que tenho. E o que tenho, quando não mais, é o meu ser, o meu passado com momentos que fazem sentido, momentos verdadeiros apesar de simples e humildes, os meus ideais (que é bom compartilhar com alguém que nos esteja disposto a ouvir, se possivel compreender, contigo neste momento de abertura,  ter internet também é uma ligação ao mundo, da qual não prescindo, enquanto a puder ter). Por enquanto consigo dizer, ainda continuo na luta. Eu, por exemplo, sinto-me melhor quando acho que compreendo melhor a minha vida, isso é algo que me faz querer continuar e saber mais e viver mais apesar das dificuldades. Também sei que muitas vezes são os outros que me fazem sentir mal, não sei se contigo se passa o mesmo, por querer que siga caminhos, ideais, maneiras de ser  que não são as minhas, que não se coadunam com o meu sentir e o meu ideal, com aquilo em que acredito, no fundo. E os meus ideais entram em conflito com os ideais daqueles que me envolvem, mesmo familiares, por exemplo. Talvez seja esse sentimento de unicidade do nosso ser interior (porque somos únicos apesar de termos mais ou menos pontos de afinidade com outros)  que nos faz sentir sós mesmo estando com quem nós amamos, pelo menos comigo é isso que se passa. Eu sei que sou reservado e timido (...) mas até isso tem explicações, e uma delas é que sou-o muitas vezes porque acho e muitas vezes é verdade que os outros não me vão compreender, porque sei que os meus assuntos e sentimentos não seriam compreendidos, se eu os verbalizasse para essas pessoas com quem estou, ou porque o momento ou o contexto nao é o indicado. E a verdade é que mesmo que o momento seja o indicado, eu retraio-me muitas das vezes, mas isso já tem outra(s) explicação(ões). Respeito o que sou e o que sinto, e sei, agora, que ninguém me pode fazer sentir o contrário a não ser que eu um dia perca o meu norte, o meu tinor, a minha liberdade (e há tanta gente no mundo que me parece que têm prazer em desnortear os outros, em condicionar - nos, pelo menos na minha vida é). E ser quem sou, sei que significa muitas vezes, estar só, não ser compreendido, ter desejo de ser outro e não conseguir, ter desejo de seguir os ideais da moda e não ser capaz de acompanhá-los, amar e não ser correspondido, sentir-me um reles ser quando na verdade deveria sentir-me em alta, ter medo em afirmar-me e de ser bom, ter medo de ter muito a perder quando na verdade não o terei. (...)

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