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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Rompendo as cadeias que prendem meu coração

      São imensas as cadeias que prendem meu coração, mas já foram mais. Ouvindo Richard Marx, ‘Chains around my heart’… e, como sempre, momento após momento, eu vibro com as recordações e com a sensação de estar vivo e ter vivido, vibro, surpreendido, com o chamamento da vida nas ocasiões que penso que tudo vai desabar outra vez. Surpreendo-me e ao mesmo tempo tento aceitar aquilo que me ultrapassa, que não consigo mudar. Realmente tudo o que vivi tem um significado, e é maravilhoso ver as coisas encaixar e tomarem sentido. Todas as minhas vivências a encaixar, e, no entanto, sempre na defensiva perante o desconhecido do futuro. Eu queria reagir, e não consegui, não me foi permitido, fiquei passivo, absorvendo tudo à minha volta, tentando compreender infinitamente o mundo que me cercava, como tento compreender mais e mais a cada dia que passa ainda hoje, isso é-me permitido. Mas eu penso que tenho pouca capacidade de reacção, ainda. De bode expiatório a um ser especialmente querido, a minha metamorfose continua, nem que tudo seja ilusório. No entanto, tudo é incerto, só tenho a certeza de ter vivido, dos azares e das sortes que tive, qualquer previsão do futuro pode estar completamente errada, porque um número inimaginável de infinito futuros me podem acontecer. Sinto que a minha vida vai ter mais uma mudança no futuro que se aproxima, e queria acreditar que a vida me vai dar uma nova chance de melhorar quem eu sou e de poder gozar mais um tempo de vida de intensidade agradável. Pensei que não arrancaria mais com a minha vida, pensei que seria mais um caso perdido, de pessoas esquecidas neste mundo, mais um esquecido neste mundo, e que iria esquecer quem eu tinha sido um dia, pois só via tenebrosidade, melancolia e escuridão na minha frente, além de sentir uma profunda incompreensão do que se me estava a passar, e sentia uma imensa impotência de lutar contra forças tão estranhas e que me puxavam para o abismo. Agora, aqui estou eu, sentindo o cheiro de uma nova primavera, tentando invadir o meu espirito com sorte e positividade, neste preciso momento. O quanto desejo que todas as frustrações se vão embora da minha vida, que o equilíbrio venha ter comigo, que tenha forças para que pessoas maldosas não me consigam ferir. Quem me dera que isto que sinto fosse o cálice da vida, a compreensão geral de tudo, ou pelo menos da minha vida em que eu sou o centro do meu Universo. Eu tive a oportunidade de VER este mundo com uns olhos especiais, dados a um ser especial, e do qual só eu posso falar. Eu fui amado desde toda a eternidade, porque estive previsto desde sempre, eu nasci e cresci contra todas a probabilidades, porque me foram dados os caminhos certos para atingir estes momentos. Não sei se poderei falar do mundo agora, mas parece-me que estou apto a falar do que eu conheço, de mim próprio, e talvez com isso eu possa contar também a história do mundo. Talvez eu não possa salvar o mundo nem as pessoas que sofrem, mas posso tentar salvar-me a mim para que outros se salvem. Reafirmo a possibilidade do conhecimento e a existência da sabedoria, os quais eu respeito desde toda a minha existência, e talvez por isso eles me dão momentos tão bons na minha vida e me são tão queridas. Queria acreditar que Deus existe, mas talvez me baste saber que eu existo por meio de algo que tende a mostrar-se à medida que o tempo passa, não interessa o que lhe chamemos, e que a perfeição está nesta amálgama que por vezes parece o caos e por outro lado parece magnificamente perfeito. Sinto-me vivo ainda, e tudo o que senti faz sentido e teve uma razão de ser. Eu tive uma hipótese na vida como poucos terão possivelmente, ou pelo contrário, todos tem essa hipótese, mas nem todos a conseguem aproveitar por motivos que ainda compreenderei um dia. É o sobe e desce da vida, os momentos agradáveis e amenos e até mesmo de vigoroso esplendor versus a queda, a dor e o atrito que nos tomam sem compreendermos o porquê de ser assim. É assim até mais não podermos. Eu vejo desde aqui o que me envolve, sem no entanto ver como os outros. Eu vi: claramente a ironia do mundo; o fingimento; a minha tamanha imperfeição na tentativa de ser perfeito, assim como os erros das outras pessoas e os meus também; a relatividade de tudo, como já me parecia existir desde os meus primordiais pensamentos; a oportunidade de respirar, novamente, por um pouco que fosse, para poder mergulhar mais fundo nesta minha azarada vida. No entanto, não sei se me é permitido esta sensação de plenitude, como a conseguirei manter? Será que consigo?

Surpreendido com... o pensar e o respirar

      Deveria respirar melhor do que pensar, mas não, em mim é precisamente o contrário que acontece. Quando mergulho nos pensamentos, eles se apoderam de mim, e é com prazer que eu sinto isso quando nada ao meu redor me perturba. Absorvo-me de tal modo, muitas vezes em conversa, que tenho que fazer um esforço, grande, para acompanhar e compreender os pensamentos de quem me está a falar sobre qualquer coisa, quando me estão, precisamente, a dirigir a palavra e perco-me constantemente das ideias transmitidas, ouvindo palavras soltas que apanho apenas quando o meu pensamento me deixa, e muitas vezes (vezes de mais) meu ser entra em pânico quando não consegue compreender o que está a ser transmitido. É como que o meu tipo de pensar não acompanhasse o pensar de uma pessoa comum, de uma ideia que está a ser transmitida e é comum, e, pior ainda, quando são vários interlocutores, como se fosse para mim impossível ter os dois tipos de pensamento (consciente e inconsciente) ao mesmo tempo, como se o meu pensar íntimo e inconsciente tivesse sido tornado consciente e ocupasse o lugar do pensamento consciente que rege os cinco sentidos e de sentimentos imediatos, e que também rege uma mente direccionada. É um pensamento evasivo, o meu, já o disse mais vezes, e até compreendo em mim o porquê de eu me ter tornado assim - meu pai tem grande cota parte nesse problema, por falar de mais, erradamente e controladoramente tendo eu evadido o meu pensamento também ao estar com pessoas que falam de mais como ele; e também, consequentemente, por não me deixar pensar por mim próprio, não me ajudou de nenhum modo a tornar-me livre no pensamento e livre e equilibrado emocionalmente, pelo contrário reprimiu-me ainda mais, além da minha pré-disposição para ser introvertido, tendo-me tornado eu um estranho neste mundo: na maneira de senti-lo e na minha (In) capacidade de exprimir-me normalmente -, decerto sou uma pessoa incomum, que tenta fazer dos handicaps (as minhas desvantagens, os meus obstáculos e incapacidades), a força de viver, melhor, sobreviver com o mínimo de qualidade e transformá-los em vantagens. Assim me tornei ‘eu’, assim sou eu, agora, a compreender, sobretudo ‘quando estou na minha’, os conceitos mais profundos da vida e de tudo quanto existe e a perder-me no que deveria ser mais óbvio e que é mais comum: as relações humanas. Quando estamos numa conversa não podemos ser evasivos do momento e do que se está a falar, se queremos sentir-nos em sintonia com os locutores da conversa e de acordo com o contexto. Mas em mim, o pensamento inconsciente torna-se consciente e ocupa o lugar da minha atenção, e o pânico acontece perante tal incompreensão verbal e/ou do contexto social do que se está a passar. É assim que eu tenho vivido, com todas as dificuldades de quem tenta saber mais e mais - tentando ultrapassar todos os limites até não mais poder, saber o porquê de tudo isto me acontecer -, não tendo eu, pelo menos aparentemente, arcaboiço para aguentar com tudo o que quero levar para a frente, o que quero empreender na minha vida, mas surpreendendo-me a mim e em surpresa com tudo o que a minha vida me revela, dia após dia.

Do lado de lá

Estou do lado de lá. Dou comigo constantemente desse lado onde a minha voz ecoa sem rival, de onde quero sair sem encontrar uma porta definitiva que me tire desse labirinto em que me meti, sem querer e sem perceber como é possível tal. Sem perceber, pelo menos por enquanto, como quem procura uma causa da coisa mais improvável que possa acontecer. Estou desse lado onde sei mais do que ninguém quem sou, onde me vejo e compreendo completamente – ou pelo menos tendo sempre para isso -, onde vejo o meu passado e me identifico com o que fui – o passado e só o passado, como que o presente estivesse a deixar de existir e o futuro não quisesse mais vir -, onde verdadeiramente sou eu, onde tenho um lugar – desse lado – mas que nada significa quando existe tamanha incomunicabilidade com o lado de cá. Estou num Universo paralelo onde tudo é razão, desse lado onde as emoções não moram, onde vejo sorrisos que quero retribuir mas que neste vazio não existem, onde vejo desequilíbrios que quero corrigir, mas não consigo, porque as forças faltam-me, como se em mim algo me anulasse a mim próprio, como se estivesse a ficar paralisado, paulatinamente, como se me faltasse o ar que necessito para respirar. Desse lado onde, na verdade, os gestos, os rostos e os olhares não significam nada, para mim, como se em mim tivessem sido apagados os significados naturais de tudo isso, se é que alguma vez os tive. Gostava que algumas pessoas soubessem quem sou. Não sei quem deveriam ser essas pessoas. Gostava que elas conhecessem o meu lado da vida. Gostava que me levassem a conhecer o lado de cá da vida, de que tanto oiço falar e vejo virtualmente sem conseguir sentir. Mas é difícil estar do lado de cá, sentindo desta maneira, sentindo da maneira do lado de lá. Eu perco-me e descontrolo-me, eu sinto-me a apagar, cada vez mais pequeno, a ficar sem liberdade como se não fosse livre de respirar. E então, quando olho para os rostos do lado de cá, eu não vejo nada do que eles devem estar a transmitir, nada me dizem esses rostos e esses olhares, como se deixasse de pensar, como se tivesse estado toda a vida preso dentro duma masmorra sem ver gente, como se tivesse sido um autista – tenho medo de me tornar um autista -, a verdade é que não consigo olhar. Do lado de lá há apenas monólogos. E se desse lado de lá tudo pareço compreender, do lado de cá nada pareço entender, como se fosse tudo fugidio. Sei que houve um princípio para isto, alimentado pelo tempo que passou, como se fosse uma corrente que algo ou alguém me pôs e que não foi quebrada com o tempo, mas sim foi reforçada. Vejo muitos momentos desse reforço negativo, vejo-me muitas vezes a querer fugir daquilo que devia ter encarado de frente. Vejo que interpreto como negativo muito do que me acontece. Não contrariei essa força que me levou cada vez mais para esse lado de lá. E novamente resta o sentimento da esperança, que tudo seja menos mau, já que mau parece que tem de ser. Sei que falo da minha dor e que deve parecer que falo como se ela fosse absoluta e única e como se não fosse capaz de ver a dos que me rodeiam. Mas eu vejo e sinto-a, eu absolutizo na minha dor, a dor dos que me rodeiam, porque essa dor dos outros não me é indiferente, e não sei porquê isto. Porque não absolutizarei a alegria que há nos outros e tenho que absolutizar a dor, é uma questão que me coloco neste momento. Porque não poderei ser um ser equilibrado, pelo menos? E, entre estar do lado de lá ou estar do lado de cá, entre querer as duas coisas ao mesmo tempo, é como estar no reino da contradição, do paradoxo. Entre querer ter atenção em tudo o que me rodeia e controlar tudo, do lado de lá, e querer estar concentrado e deixar – me levar ao sabor do Universo do lado de cá, vivo numa situação de instabilidade e de implosão. Mas se isto dependesse de uma simples escolha, eu já teria escolhido, viria para o lado de cá, porque estou farto do lado de lá. Mas o problema é que eu não sei viver deste lado e tenho que ir aprendendo, se me for permitido, sem no entanto deixar o outro lado porque isso seria perder-me.

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