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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Ironia

                  O meu estado de vida é passageiro, assim como o será o de qualquer pessoa, qualquer ser. Somos passageiros nesta vida, em que, na maioria das vezes, tudo foge ao nosso controlo. Tenho passado a maior parte do tempo da minha vida aprendendo, observando, como se fosse num carro de condução automática, olhando a paisagem, sentindo tudo o que chega aos meus sentidos, e, raramente, tenho parado para me mover pedestremente, para construir obra. Sinto que me perco na imensidão do que vejo e do que sinto, de tal modo que quero dizer coisas óbvias, quero expressar algo diretamente e o que consigo fazer é divagar. Os meus pensamentos abrangem a vida que vivi, o modo como senti, como se sempre fosse um ser fechado, em que cresce compreendendo (ou tentado) o modo como o meu interior evoluiu e evolui. A verdade que tanto procuro, a explicação final de tanto que busco ou buscava, cada vez se torna mais fugidia e complexa, na verdade tudo é o que parece e nada é o que parece. Aqui se englobam a ironia da situação e a ironia infinita. Direi popularmente que existe muita ironia do destino.

            O desejo de atingir objetivos, que se revelam estar muito mais longe do que aparentemente pareciam estar, é uma constante na minha vida, como, imagino, o seja a de tantas outras pessoas. Por vezes guiei esses objetivos com base na ideia de que ‘se aquela pessoa é capaz eu também o vou ser’. Sei agora que todos somos diferentes, logo por ‘aquele’ estar apto a atingir determinado objetivo e singrar até ele com obstáculos que ele pode e/ou consegue transpor não quer dizer que eu possa fazer o mesmo. Sei que podes, à partida, estar a pensar, acerca de mim, que estou a ser, talvez, pessimista, ou então, que estou a desvalorizar as minhas capacidades, ao eu pensar assim. Digo-te que não estou. Talvez eu tenha outras capacidades de ultrapassar outro tipo de obstáculos, é certo, mas não somos todos iguais, ironicamente, somo tão parecidos e ao mesmo tempo somos tão diferentes e com capacidades diferentes de lidar com as situações, mais aptos numas do que em outras, se elas acontecerem. Uma de entre outras descobertas que fiz na minha vida foi a de que a vida, pelo menos para mim, é imensamente irónica. Digo isto porque incomensuráveis vezes a vida dá dicas, digamos assim, de que tudo está a correr bem e de repente tudo corre mal, ou então, pelo contrário, tudo está a correr mal, há dicas e sinais de que tudo está dificilíssimo e de repente, a partir de certo ponto, percebemos que tudo vai correr bem. É como se a vida nos dissesse, por vezes, ‘vai, agora vai correr bem, tens tudo o que é preciso para isso, olha, eu [a vida] to demonstro’, mas ironicamente, tudo acaba por correr mal, e sinto que ela me enganou completamente. Por vezes acontece o oposto, diz-nos ‘não tens hipótese, desiste, nunca irás conseguir porque és um incapaz’, quando ironicamente nos quer dizer o oposto e tudo de bom acontece numa bonança inesperada. É como se a vida jogasse connosco a seu bel-prazer, fosse irónica connosco, comigo. É como que, há muitas situações, por mais que eu queira fazer isto ou aquilo, tudo acontece pelo contrário, noutras situações em que tudo parece impossível, ele se torna possível ironicamente, para bem ou para mal.

            Penso ‘por vezes eu sou irónico na escrita que faço, na maneira que sinto e na maneira como me expresso’. A ironia está presente na minha ação [maneira de agir]. É verdade que estou mal muita vez, mas exagero muitas dessas vezes a maneira como me sinto, em que até estou bem mas querendo chamar a atenção, assim como muitas vezes suavizo aquilo que sinto quando, na verdade, estou num desespero e/ou numa agonia psicológica imensa. Dizer o contrário do que se sente é uma ironia. De uma maneira geral, sei que transmito ironia na minha vida social, confundo as mentes que me observam e que estão habituadas a padrões previsíveis, mas com isso, que faço sem o querer, sai-o sobrecarregado e/ou magoado muitas vezes, talvez pelo mal-entendido gerado. Neste blog tenho um título que foi uma ironia propositada: http://johnybigodes.blogs.sapo.pt/45554.html – ‘Agradecimento a aqueles que me ajudam a morrer’ – é óbvio que eu não agradeço a aqueles que me ajudam a morrer, eu os detesto e lhes desejo o pior dos males, eu os abomino, esta é uma grande ironia escrita aqui, neste blog. A ironia acaba aqui.

'Angelia' - o meu crescimento ao som de grandes músicas e do sentimento amoroso

           Cresci a ouvir músicas que me aprisionaram os sentimentos, ‘Richard Marx – Angelia’, esta foi uma das muitas músicas [muitas mesmo] que tanto me marcaram; elas fazem altivar os meus sentimentos no qual um é superior, o amoroso, nunca correspondido como deve de ser [talvez devido a tudo a que me vou referindo neste blog], fazendo-me viver num mundo de sonho que tende a tornar-se numa grande desilusão de acordo com as minhas expectativas sobre ele e sobre as pessoas, uma desilusão profundamente dolorosa. Lembro-me da minha infância onde as músicas me estavam na cabeça, as músicas como que me aprisionavam, sons novos, maravilhosos, vozes magníficas que eu pensava serem as melhores e decerto assim o foram, para mim em particular, tal foi a intensidade com que entraram na minha vida, querendo elas significar algo que eu procuro encontrar e compreender o melhor que posso; ainda hoje as músicas me cativam a minha atenção, tal como na altura, de tal modo como que não me querendo deixar viver para a frieza deste mundo humano que vem ate mim, ‘de um modo errado’, penso, não me deixando olhar para fora, fazendo transcender os meus sentidos, de um modo que, tal e qual este momento em que escrevo, em que eu estou transmitindo os sentimentos provocados por tais sinfonias que fazem o que eu sou hoje, que fazem que eu sinta como sinta. Realmente as músicas que mais me marcaram a maior parte do tempo são as românticas [e já abordei o tema do romantismo aí a trás noutro post], sabendo eu que isso me tem tornado um ser, digamos assim, ‘mole’, um ser que se encontra longe do modo de pensar nas maneiras de viver e sobreviver, longe da reatividade da vida, como que vivendo na passividade do amor, dos sentimentos do maravilhoso, da beleza do mundo que devia manifestar-se em mim e de mim para fora com grandiosidade e generosidade, quando, na verdade, eu sou proibido de manifestar isso. Quem me proíbe?! Talvez um destino que na verdade compreendo pouco e muito menos consigo explicar sobre ele; talvez esse destino me fez como me fez, como se me tivesse dito uma ‘bela mentira’ (beautiful lie) para que eu chegasse onde cheguei; mas o tempo é cada vez mais escasso e essa mentira já não serve, pelo menos de todo. Como tudo muda! Tal como eu talvez haja muitas pessoas que crescem a pensar que há uma norma a seguir, que há coisas que se mantêm por muito tempo, na verdade que depois de conhecermos as coisas do mundo elas se vão manter por uma eternidade – o quanto estamos enganados…-, na verdade, a dinâmica é muito maior do que se pensa [do que pensei], e, em particular, eu tive a sorte ou o azar ter nascido no século mais dinâmico de sempre [quero acreditar que foi mais sorte do que azar], e já vamos no 13º ano do século XXI, tenho a sorte de estar aqui e agora a falar para futuras gerações que compreenderão ou não o passado, o que eu estou a dizer, que terão ou não a sorte de viver num mundo equilibrado (pacifico e farto) ou pelo menos que lhes permita a sobrevivência como têm sido os anos em que eu tenho vivido dado o espaço que me foi atribuído e me cabe. A música, as vozes, mudam também mas o sentimento mantem-se: o sentimento do amor, amar e ser amado, pelo menos há um grande desejo que se mantém de poder sentir isso sem perder aquele que eu sou. Olho para o passado e vejo coisas más (que me aconteceram, me contrariaram indevidamente) que me entristecem porque não as posso mudar, mas vejo coisas boas que ganham grandes significados ao volver a recordá-las, vejo sentimentos genuínos dentro de mim que me transcendem e me fazem querer que vale a pena lutar por mais um pouco de vida, e levam-me a querer dar um sentido positivo à minha vida, apesar do atrito que me quer fazer parar e mesmo retroceder. A minha cultura musical reside nos meus sentimentos, e, eu reencontrei-a estes anos passados recentemente com a internet, músicas que me reavivaram a memória [e os sentimentos] e me levaram a perceber melhor a mim, o que me envolve e ate certo ponto os motivos de eu estar como estou e me querem elevar até às nuvens (take me to the clouds above). Claro que as músicas nos podem provocar um trance, eu não fiquei imune disso e sou sensível ainda, com menor intensidade, a isso. Redescobri que magnificamente elas me transmitiram sentimentos que só agora posso compreender ao reencontrá-las, compreender o porquê de eu ‘sentir como sinto’ (também titulo de um post que eu fiz lá atrás, podem procurar). Já alguma vez sentiste-te assim? Já alguma vez te sentiste sempre, sempre realmente assim (have you ever really feel like that)?! E com o reencontro delas eu retornei à minha inocência (return to innocence). Pergunto-me constantemente se não fui eu que fiquei parado no tempo, aprisionado, a querer resolver os conflitos e os impasses que eu sabia que estavam a ocorrer no meu crescimento, como que a querer parar o tempo também. Trago comigo meu passado e tudo ate onde o meu conhecimento, sabedoria e sentimentos conseguem alcançar. ‘Não ligues ao que as pessoas dizem, segue o teu próprio caminho, não desistas, não desistas, é o regresso à inocência’; ouve este som que é o som da tua libertação e salvação, tem isto em mente. Eu continuo vivendo observando as coisas simples (The simple things), como a alegria e o amor na minha vida.

            Este post foi escrito ao som de:

 

 

 

 

 

1. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38)
2. Lionel Richie - Stuck On You (3:10)
3. Eros Ramazzotti - Adesso Tu (Single Version) (4:00)
4. Status Quo - Don't Stop (3:41)
5. Status Quo - Whatever You Want (4:00)
6. Lenny Kravitz - I Belong to You (4:17)
7. Lenny Kravitz - Again (3:48)
8. Eros Ramazzotti - Terra Promassa (3:36)
9. Status Quo - Rockin' All Over The World (3:30)
10. Eros Ramazzotti - Un' Altra Te (4:38)
11. Status Quo - In The Army Now (3:52)
12. Lenny Kravitz - Black Velveteen (4:48)
 
1. Boston - Higher Power (5:03)
2. New Order - True Faith (5:54)
3. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38)
4. Keemo & Tim Royko Feat. Cosmo Klein - Beautiful Lie (Keemo's Terrace Mix) (4:22)
5. Alex Gaudino Feat. Kelly - Rowland What A Feeling (Extended Mix) (3:18)
6. Chris Brown & Benny Benassi - Beautiful People (Club Mix) (3:02)
7. Joy - Touch By Touch (2:59)
8. Guru Josh Project - Infinity 2008 (3:07)
9. J.C.A. - I Begin To Wonder (3:45)
10. Late Night Alumni - Empty Streets (5:39)
11. LMC Vs. U2 - Take Me To The Clouds Above (2:44)
12. Matt Cassar - 7 Days & One Week (Myon & Shane 54 Remix Edit) (5:23)
13. Supafly Vs. Fishbowl - Let's Get Down (3:06)
14. Sandra - Heaven Can Wait (3:24)
15. Bryan Adams - Have You Ever Really Loved A Woman (4:53)
16. Enigma - Return To Innocence [Long & Alive Version] (7:05)
17. Feargal Sharkey - A Good Heart (4:28)
18. Joe Cocker - The Simple Things (4:48)

Acreditar

            Por algum motivo cresci acreditando que havia uma verdade. Quiçá já tenha nascido com esse sentimento, em busca de uma perfeição, de ser alguém especial e que teria a minha recompensa por seguir essa busca e esse caminho que me levaria lá, a esse sentimento de grandiosidade e bem-estar. Agora, as minhas forças estão no sentido de retroceder, tudo tende a fugir, o tempo já me vai vencendo (vencendo mesmo o meu suposto rápido pensamento que em alguma altura da minha vida parece ter ultrapassado esse obstáculo, esse ‘tempo’, afinal estava em franco desenvolvimento), a fé de ‘poder alcançar’ tende a desvanecer. Tenho vivido intensamente (à minha maneira que seja), a minha mente tem transcendido todos os limites do meu entendimento, sempre na busca de compreender quem eu sou e porque eu sou como sou e como isso condiciona tudo o que se passa à minha volta.    - Aposto que a percentagem de pessoas que se tentam compreender a si próprias a sua história de vida, quando em situações difíceis, é pequena, procurando somente ajuda nos outros quando em dificuldade não acreditando no potencial que existe nelas como coadjuvante maior para a solução das suas dificuldades -. Tenho tentado acreditar que tudo o que vivi fez sentido e que no final de tudo tenho tido sorte. ‘Acreditar’ é uma palavra que uso muito, porque ‘a <<esperança>> (outra palavra que uso muito ou que tenho tentado ter sempre em mente, fortemente)  deve ser a última a morrer’. Mas há algo de diferente em mim, algo imanentemente fantástico que eu sinto, que eu sou ( e devem-me todos os que me ‘lêem’ permitir exprimir esta admiração pelo que sinto sem por isso demonstrar narcisismo da minha parte, acho que qualquer pessoa deve gostar de si, seja como for a sua situação), e que ao contrário do que posso pensar na maioria das vezes, pode dificultar ou tem dificultado a minha vida e que é a falta de continuidade das acções na minha vida, a falta de uma coerência no sentido em que eu não faço como supostamente uma pessoa inteligente e comum faz: faz coisas em que umas coisas levam a outras, sentem-se motivados por elas ou por um objectivo e vão lutando por ele seguindo um caminho sem duvidar daquilo que estão a fazer, do caminho que estão a tomar e o sentem como o correto, não divergindo naquilo que fazem, convergindo e sentindo-se bem com o que se tornam - tudo muito naturalmente. Eu não sou assim, sou um ser divergente: divirjo no pensamento e nas acções, fujo do óbvio, não o compreendo frequentemente, e dou comigo a compreender coisas que supostamente eram para ser difíceis de entender, coisas como a ‘transcendência’, o ‘imanente’, a minha vida, a compreender as acções dos homens de um modo que ainda nunca me foi abordado da mesma maneira que eu sinto, tendo uma visão generalizada e globalizada do mundo e do Universo, coisas que seriam loucas se eu as dissesse para muitas pessoas, para a maioria talvez. E, na verdade, nunca encontrei uma ligação, uma pessoa ou grupo de pessoas com quem eu pudesse viver feliz, partilhando aquilo que sinto, a verdade que eu sinto e tenho sentido ao longo da minha vida, a imensidão daquilo que sou interiormente (porque exteriormente tendo para a nulidade) – tendo falhado a maioria dos passos que tentei trilhar firmemente (alguém jogou lodo no meu caminho, sinto isso)-. É óbvio que há pessoas virtualmente fantásticas neste mundo, há um conjunto de situações (também fantásticas - tendo a sentir tudo como fantástico, é certo) e mesmo pessoas que indirectamente e ‘ao vivo’ que vêm até mim e que me levam a tornar-me naquilo que sou. Tudo o que sou não dependeu inteiramente das minhas forças, com certeza, mas a maior parte também de forças, acontecimentos e coincidências externas a mim que culminaram em momentos marcantes positivamente e que serão compreendidos de alguma forma se tudo o que sinto vier a fazer um sentido real um dia, ou seja, em que a realidade  venha a falar por si e demonstre que aquilo que senti também é válido neste mundo, também é verdadeiro, e que sou no fundo um ser aceite, que à partida parece inútil e com um aparente mesmo destino de ‘outros idênticos’, e que na verdade superei tudo com uma inteligência muito própria. No fundo gostava, como qualquer pessoa, ser alguém reconhecido, respeitado e tolerado, acima de tudo, como eu faço com o mundo. Então, o mundo tem-se revelado para mim como ‘não-perfeito’, não digo ‘imperfeito’ porque isso seria mentira, este mundo é belo, há pessoas belas, o Universo é belo, tudo o que se descobre pelo conhecimento e sabedoria é fantástico, e constrói-se com isso um novo mundo fantástico (talvez não suportável a longo prazo, mas isso é outro assunto), este mundo é o único complexamente funcional, porquanto podemos saber neste momento, não havendo outro igual, é muito difícil haver outro igual, tornando-o único. Porque o mundo ‘fantástico’ não perdura e o que é negativo, o autocontrole, o atrito, etc. não me deixa ser coerente comigo mesmo? Deixo, assim, aqui, uma outra abordagem ao conceito ‘acreditar’, hoje como tema principal.

Pessoas virtuais Vs Reais [na minha vida]

            Sou como sou, serei parecido a alguém em muitos aspectos, mas no fundo, a essência que faz parte de mim e que faz ser quem eu sou é única; o que eu sou é uma combinação de factores que se juntaram de uma maneira que possivelmente não se repetirá de igual modo em nenhum outro momento da história da vida em toda a sua globalidade, quer temporal quer física, este meu sistema é único e com suas subtilezas próprias, mas temo que tudo isto que sou e vivo venha a ser em vão. Pergunto-me o sentido de todo este caminho percorrido (?), o que será de mim no fim de isto tudo ter passado (?), e o porquê de, para mim, ser tão importante a busca da existência de uma justiça, de uma liberdade (?), o porquê de haver a (minha) ânsia de um equilíbrio e do fim da própria ânsia, quando na verdade pareço estar mais longe daquilo que ambiciono atingir. No fim de tudo, custa-me que, um dia, não seja nada mais que nada, e nem quero acreditar que depois do ‘agora’ voltarei ao ‘antes’, do nada ao nada, do nirvana ao nirvana, e que tudo isto seja uma passagem cheia de emoções, de bons e maus momentos, e que na minha vida permaneçam os negativos, a insatisfação, a frustração, a raiva, a angústia, o ódio - tudo isso de um modo latente que me tende para a inércia. Custa-me pelo sentimento de injustiça, pelo sentimento de inverdade e incoerência com o que sinto, pela falta de amor que tive e pela dignidade emocional que me foi negada por alguém, quem eu ainda procuro descobrir. Procuro o porquê de toda esta insanidade que me faz perder meu tempo, aqui, perdendo horas na busca dos porquês e na busca da inspiração, na tentativa de ser artista sem ter a capacidade natural para tal, que desilusão (!) realmente, artista do infortúnio eu sou, perdido em monólogos sem fim. Porque não poderei eu subjugar o mundo que me envolve a meu bel-prazer no sentido de poder viver de acordo com os meus valores de tolerância e humanismo, num grau, o mais alto grau de humanidade (?); porquê procurando eu o equilíbrio e a perfeição me torno cada vez no mais imperfeito dos seres que tal tentam (?); porquê, fazendo eu pela sorte, o azar me vem bater à parte constantemente (?). Porque não consigo libertar-me e ser feliz? Mas eu sei porque tal acontece, o porquê de eu não atingir meus objectivos, e é porque quero mudar aquilo que não posso mudar, sei que deveria ser eu a mudar-me e não tentar mudar tudo, mas sinto que o mundo já não chega para mim, e nem sei se mesmo o Universo chegaria, não há lugar para me esconder, não há lugar onde o meu ser esteja seguro. Sei que deveria ser eu a mudar-me, mas não tendo onde me esconder não adianta fugir, não posso fugir derrotado, mas assim, fugindo, não estaria lutando, e quem sabe estaria dando o certo pelo incerto, deitando tudo a perder, quiçá. A minha raiva é profunda, mas, o que eu sinto é um misto de empatia humana virtual com profundo ódio real (quando na realidade, ‘face to face’, que sinto ao vivo na proximidade das pessoas com que falo que se cruzam comigo na vida e das quais sinto desprezo e intolerância) - quando vejo as pessoas do outro lado dum monitor, todas me parecem tão belas que tenho horror a quem lhes faz mal como quem mata de forma cruel como por exemplo Hitler, e não entendo como tal pode acontecer, mas, ao mesmo tempo, quando me transponho para a realidade junto às pessoas parecidas de certo modo em maior ou menor grau com essas que eu senti e vi no ecrã tudo é diferente, e então elas não são humildes, não são tolerantes, são ‘Burras’ para usar um termo de calão ou são ignorantes para ser mais soft, não fazem bom uso da faculdade humana, e querem-me fazer sentir que eu estou errado naquilo que digo e faço, e eu sinto uma vontade enorme que algo de mal lhes aconteça (a essas pessoas injustas); mas talvez na verdade eu esteja enganado em relação a isso tudo, no entanto o que eu sinto é real, muito real em mim, é a minha realidade num dado momento do tempo e do espaço, e não a posso negar (essa realidade), senão o que seria eu? Seria uma negação de mim mesmo (?) provavelmente. Quero justiça! Quero justiça na minha vida! E mostrem-me o contrário, ou calem-se acerca deste post e consintam que são as pessoas que eu digo. Isto pode ser um desafio…

A dança do saber e do conhecimento

                Todos devemos ter possibilidade de acesso ao conhecimento, o que não acontece com muita frequência; Mesmo, hoje em dia, a internet não está ao alcance de qualquer um; por vezes ponho-me a imaginar a quantidade de pessoas que no mundo não sabem mexer num computador, um pouco que seja, quantas não o viram, ainda, e muitas outras que têm computador e acesso a internet pouco mais sabem do que utilizar o computador como passatempo, uns joguinhos, talvez andar pelo facebook, que está na moda, enfim muito pouco, e acontece, sobretudo em países mais pobres, a ignorância total. Eu não sei muito, também, é verdade, e o meu conhecimento é generalizado, sei um pouco de tudo, mas nada de muito saber em coisas que são específicas e/ou concretas; já o disse mais vezes, o meu pensamento é divergente e leva-me à análise e absorção generalizada das coisas e a minha motivação é a de saber o essencial de cada coisa/assunto/matéria segundo as minhas necessidades, e depois, com isso, [tenho o prazer de associar] /associo constantemente umas coisas com as outras. O conhecimento e o saber é, para mim, essencial para a paz, quer da realidade externa, quer da paz interior. Não é só a internet que traz o saber e o conhecimento, é certo, mas ela é uma fonte enorme de conhecimento, ninguém o poderá negar. A pessoa que não compreende o mundo e a si mesma, aquilo que se passa exteriormente a ela e interiormente a ela, poderá torna-se agressiva/agir erradamente/cair em auto- marginalização quando o azar lhe bate à porta ou por inconsciência, poderá disparatar facilmente, não sabendo defender-se e/ou desviar-se daquilo que lhe pode fazer mal; Com conhecimento e saber, com uma visão de águia, tudo se torna mais fácil para o conhecimento de tudo o que o envolve, as pessoas, o mundo, o Universo – assim, o amor-próprio cresce, a vontade de viver tem um novo sentido, surgindo novas motivações constantemente. É claro que as pessoas têm as suas culturas, todos nós nascemos englobados numa cultura próxima de nós, a partir da qual nos desenvolvemos e que aceitamos, normalmente e habitualmente, quando nos conseguimos adaptar a ela. Mas, e quando não nos conseguimos adaptar a ela e/ou ela é nefasta para nós? Então, surgem as marginalizações, os abusos de poder sobre esses [nós/eu] que ficam afastados dessa cultura, que deviam ter absorvido e comungado; quantos há por ai assim, que são excluídos porque não são compreendidos, excluídos por essas pessoas que entram na cultura que os envolvia, mas que de ‘saber’ e ‘conhecimento’ têm pouco, e por isso, essas pessoas sem escrúpulos, fazem mal a quem está débil/na ignorância/marginalizado já de sua própria condição.

            Tenho um sentimento, que me surge frequentemente, e que me diz que tudo o que falamos é relativo, assim, o que digo é relativo segundo o que sei, segundo o que sinto, segundo as emoções do momento em que o digo, de acordo com o que sei do assunto, de acordo com a maneira como a minha mente pensa, de acordo com os meus ideais e a minha conduta de uma maneira geral – acontece que estou a falar e a certa altura não acredito muito bem no que digo, como se fosse um paradoxo. Falamos para evoluir, também, é certo, sei-o. É errando que se evolui, é errando, e muito (!), que se aperfeiçoam os seres e as coisas e os ideais, com o devido desgaste de outros sistemas. E assim, tento, com as minhas palavras, fazer a apologia de quem eu sou e de tudo o que se passa comigo e à minha volta, onde os meus sentidos (saber e conhecimento) abrangem [fazendo jus ao lema do meu blog que está no topo da minha página inicial de apresentação]; Sinto, ainda, como se fosse uma criança (magoada) sensível, questionadora, fascinada, … : magoada com aqueles que me deviam amar mais; sensível, ainda, porque, precisamente, me magoo facilmente; questionadora porque me pergunto constantemente ‘o porquê’ de tudo ser como é e acontecer como acontece; fascinada com as respostas que encontro, com tudo o que de maravilhoso vejo, dentro do equilíbrio que consigo ter ou que a vida me dá, com o meu suposto esforço. A criança que há em mim continua em busca da perfeição, e custa-me que as pessoas se relacionem pelos motivos errados; a criança que há em mim compreende as atrocidades que se têm cometido em toda a parte do mundo, ao acaso com que as coisas acontecem, devido ao desconhecimento, à falta de saber e devido ao florescer de culturas erradas, destruidoras, malignas; a criança, pessimista [ou será realista?] que há em mim continua a ver um futuro [humano] incerto e de destruição – a maioria das pessoas continua seguindo como se nada fosse com elas, comodistas, como se houvesse e tivessem todos os direitos os homens, cada um, como se a culpa do que acontece fosse do governante ou dos outros [sem querer defender partidarismos ou politica], alimentando uma complexa cadeia de destruição que será adiada enquanto a mãe terra conseguir colmatar todos os nossos erros [e penso com isto em destruição da natureza sem necessidade, destruição de ecossistemas, de espécies de animais, destruição do homem pelo homem]. E pergunto-me e ponho esta questão a todos: será que ainda há tempo para a vida? Sei que sou um homem com fé e com a mania das grandezas espirituais, mas desesperançado quando a minha mente abrange a compreensão do confim do Universo e a subtileza do equilíbrio desta terra. Já disse isto mais vezes, porque será que nasci com esta consciência? Esta consciência de sofrer por coisas que não me deviam dizer respeito… É claro que este é ou deve ser o preço daqueles que foram destinados ao saber e ao conhecimento: o sofrer, a solidão, a entropia dos sentimentos e o destemperamento das emoções [contudo não é sempre, pois quando a maré é ‘a de se sentir bem’, esse ‘sentir bem’ é imenso e incomensurável, eleva-nos ao pico das emoções, mesmo que não manifestadas, algo que a pessoa comum não deve alcançar, suponho] – assim digo, com isto, que nem o conhecimento me tem livrado e nos pode livrar de sentimentos e emoções obscuras, do mal-estar que acontece a quem compreende mas é pequeno de mais para mudar o mundo que é exterior a mim/nós; eu sinto-me frustrado por não conseguir jamais mudar o que quer que seja neste mundo, de não levar a água ao meu moinho e nem querer entrar na dança que me convida constantemente esta vida, uma dança que tenho medo de dançar, a dança de um conhecimento e saber desconhecido.

Desconforto a ultrapassar, satisfação a atingir

             Não sei por que motivo eu sou quem sou e sinto como sinto. Não sei qual o sentido da evolução, quer pessoal quer de uma maneira geral, nem do caminho rumo a uma utopia – a perfeição- Não sei para que aprendemos, se isso que aprendemos nos faz sofrer; porque tem de ser assim tudo? Escondo-me atrás destas palavras na esperança de fazer minorar a minha dor da existência que me atormenta, a tensão emocional que me acompanha, os medos, mas ainda mais, o grande stress de não poder ter calma em grupo, num conjunto de pessoas, de compreender as coisas e a situação, o que as pessoas dizem, o ideal partilhado, de saber quem sou e como estar e proceder nesse mesmo grupo e também de partilhar os sentimentos de determinados momentos e situações, de ter a minha personalidade e de não me auto- comiserar, de não sentir que estou a agir mal, simplesmente agir naturalmente, sem as emoções da dessicronia. Sinto-me tão só (!) com esta intensidade de sentimentos, com este ser único e isolado, com esta fome de harmonia de emoções que temo nunca mais ser satisfeita, tendendo mais para o isolamento. Compreendo tudo o que me fez chegar aqui, e cada vez mais, mas aquilo que não desenvolvi no tempo próprio receio que não irei desenvolver mais, embora a fé de que tempos melhores virão me fazerem mover, talvez a ilusão do sonho me mantenha suportado, talvez a sede de justiça me ampare. Por onde quer que vá e esteja o peso da maneira como me exprimo [ou melhor talvez, a apatia e inexpressividade, o desconforto] cai sobre mim; vejo nos outros, que quer num curto espaço de tempo, mas mais ainda à medida que o tempo de convívio se vai prolongando, a minha influência negativa neles e a maneira de pena com que me tratam umas vezes, outras com gozo, outras com solidariedade manifestando a resposta à minha ansiedade e pânico do mesmo modo, que por sua vez me faz crescer a minha ansiedade e pânico ainda mais porque queria dar-me normalmente, não ser a fonte de toda a desordem, de todo o descontrolo. É óbvio que as pessoas vão criando sempre mais distância, cada vez mais, à medida que o tempo passa, nem que por vezes pareça o contrário, é uma maneira natural das pessoas o facto de se afastarem daquilo que causa desconforto, o meu desconforto neste caso, de que tanto falo e me atormenta. Uma pessoa em descontrolo pode por em perigo a sua vida ou pelo menos a sua qualidade de vida, a maneira como se sente a vida também, quer num curto espaço de tempo quer num longo período de tempo, assim tem sido comigo, compreendo isso. Sonho em quebrar as amarras que me envolvem desde sempre, no dia em que serei livre. O saber tanto e não poder dar nem ter dado vazão, expressão, a tudo isso que sentia e sinto tem-me cada vez mais sufocado, e não sei como me posso equilibrar e partilhar das emoções das pessoas que me envolvem com sentimento de satisfação, sem qualquer desconfiança, sem ver maldade, ou pensar que existe maldade na maneira como me tratam, como me fez quem me devia amar mais, uma pessoa tão vã, manipuladora, simulada, egoísta e egocêntrico, que prejudicou a criança que eu era e possivelmente até ao fim dos meus dias. Ele me fez e faz desconfiar do amor na família e de outras pessoas para comigo. Ele me retirou a capacidade de reacção, e quero querer fortemente que não foi só porque eu que nasci assim, tímido e reservado, ele deu cabo da minha mente e continua a dar, aquele que me deu a vida.            

            Como estar normal numa situação de convívio? Temo que enquanto continuar concentrado nestas questões todas e não as abandonar, a pensar nisto tudo que me influência sem ter capacidade de esquecer e agir ou reagir, não vou melhorar os meus sentimentos e logo as emoções; mas também é verdade que não as pude abandonar [abandonar toda esta maneira de sentir e ser] porque se tivesse feito isso, e se não fosse assim, eu, neste momento, não me compreenderia, e estaria mais perdido, esquecido de toda a fonte ou de qual a verdadeira fonte ou fontes do meu mal, pois, talvez não haja só uma fonte, e não teria sido capaz de lutar contra elas da maneira silenciosa que luto. Anseio pela independência, por agir de acordo com os meus ideais, sentir-me normalmente satisfeito.  

Contagem decrescente de e para os grandes momentos da minha vida

Abro os meus sentidos para a minha vida interior. Exteriorizo o que sou e quem sou.

Não sei por onde começar, constantemente me acontece isso (repito-o constantemente, como se fosse uma espécie de prólogo para inicio de um texto que pretendo que faça algum sentido) quando por exemplo me deparo com uma folha em branco, ou com uma espécie de feedback que não me faz concentrar a minha mente (constantemente dispersa) em determinado fio de ligação para prosseguir um tema, ou ainda num multiplexidade de fontes de informação. Alguns dizem que a mente é capaz é capaz de processar vários tipos de informação e tarefas ao mesmo tempo, mas eu ainda não me convenci bem disso, pelo menos até que ponto podemos ser especificamente bons em algo concreto se não dedicamos todo o nosso espírito num (nessa função e objectivo concreto) determinado halo de funções que a nossa mente é capaz de processar. A prova viva de que é possível tocar muitos burros e perder bastantes pelo caminho sou eu, em primeira instância (eu que me analiso e me conheço perfeitamente e cada vez melhor, ou não fosse eu um auto-controlador e conhecedor, ansioso - por saber mais, na tentativa de me compreender e compreender a minha existência -, dos sentimentos que em mim circulam e que devem ser muito parecidos aos de outros). Mas sei, indirectamente que há muita gente assim. No meu caso, quis ter, por vários motivos da minha existência que me levou a isso, um conhecimento amplo do mundo e do Universo e nunca me apeguei às coisas concretas da vida, a saberes concretos ou aplicação concreta de conhecimentos, nada em particular me seduzia, ou melhor, tudo me seduzia tal como ainda agora seduz dessa forma, em grande parte, apesar de estar a convergir e a ser capaz de assimilar tanto conhecimento que circula por ai. Assim tenho um conhecimento generalizado sem ser especialista em nada, a não ser nisso mesmo, em análise geral, de tudo um pouco, o conhecimento dos sentidos e da semântica geral dos sentimentos dos homens, - a não ser que em particular sinto-me especialista em análise do auto-conhecimento que tanto cultivei e cultivo, devido à minha introversão primeiramente e à minha circunspecção de seguida, que a vida me faz ter, ainda sem perceber bem o porquê disso -. Assim, não sou produtor de nada, ‘compro tudo feito’, como por vezes dizemos na brincadeira. Compro feito mas analiso aquilo que compro feito sempre com espírito crítico e de reflexão, imaginando como isso, que ‘compro feito’, podia estar melhor do que foi feito, ou seja, analisando as coisas, desse modo. Já me senti o homem mais infortunado do mundo, mas neste momento sinto-me num ranking bem mais alto daquele em que já estive, inclusive um homem com bastante sorte pelo menos, depois de ver que estava perdido no mundo, preso nas minhas angústias existenciais, a querer ir mais além, ultrapassar, compreender, e por consequência sentir-me preso num atoleiro e ver que não dependia inteiramente de mim (e, se calhar, ainda bem que foi assim) sair desse atoleiro. A depressão e a confusão completamente apoderadas de mim – e ao dizer isto sinto-me tão liberto que neste momento sinto-me um homem livre dentro dos possíveis.  Tenho chegado a tão grandes conclusões (!), conhecimentos (auto - conhecimentos que fazem sentido - pelo menos para mim, e que me demonstram o porquê da minha vida -). E isto são desabafos que por vezes introduzo no meio da conversa como quem não quer ou não sabe como dizer as coisas directamente. Isso (!), talvez não queira e não saiba como dizer as coisas. Talvez as coisas tenham uma altura própria para se dizerem, uma altura em que já as sabemos e podemos dizer, e além do mais dizer com o tom de voz (de escrita neste caso) adequado, com o tom de voz de quem ultrapassou aquilo, o bom ou mau acontecimento vivido, por exemplo. Ou talvez eu tenha medo de falar. Isso (!), medo de falar… porque, as palavras, ditas por certas pessoas, com certas entoações, atingem espaços longínquos na nossa vida e na vida das pessoas e de tudo o que existe no mundo. Eu tenho medo de ser mal interpretado, um medo de morrer a defender o desconhecido, teorias que me cansariam ao ser transmitidas a muitos (homens) que fazem da vida uma ‘republica das bananas’, o caos, a ignorância, como se de nada fossem culpados. A ignorância faz os homens erróneos neste mundo, apressam a sua destruição, e se eu tiver um poder dentro de mim não quero ser autor da destruição do que quer que seja. Em última e derradeira análise, da minha destruição quando ainda posso desfrutar da passagem por esta vida. É certo que gostava de fazer algo específico na minha vida, em especial virado para as letras e o conhecimento, baseado nesta minha pretensa capacidade de analisar o mundo e o Universo de uma maneira tão particular e tão especial (para mim pelo menos). Gostava de ser livre de me dedicar livremente a esta maneira de ser, aproveitar o meu tempo em liberdade, económica (em particular, para fazer o que pretenderia), em prol da afirmação daquilo que sei, que em mim vai, em prol de um ideal de fascínio pelo que senti e sinto e tenho vivido, um prazer supremo de estar bem comigo próprio e de transmiti-lo aos outros através da comunicação, preferencialmente escrita, mas sonhando ir muito mais além oralmente, e activo fisicamente, dentro da normalidade. Não quero ser político, não (!), nada disso. Não gostaria de seguir falsos ideais, elitismos, posições que não podem ser defendidas. Não acredito no mundo tal como ele era e se apresenta. Opus-me ao sofrimento e à solidão, algo que ninguém está livre de sentir, devido às voltas de mudança que o mundo dá, nem mesmo eu que já vi e senti como vi e como senti, nem mesmo os homens com mais poder e conhecimento do mundo. Para mim o poder é uma invenção, tal como tudo o que o homem inventa e que passa a fazer parte de uma cultura, à qual se subjuga quando não se rebela, porque o homem pacífico por natureza não se rebela, ele fascina-se com o mundo e com os seres e tudo o que mundo e Universo significa. O homem mau, tende a rebelar-se, sem razão, logo também não tem o motivo do lado dele, a maioria das vezes, porque, no homem mau, está também na sua natureza rebelar-se sem razão. Poderá haver então homens que nascem pacíficos, a querer acreditar na beleza do mundo e no bem-estar do próprio e dos outros, a acreditar numa inteligência superior, que são constantemente maltratados pelos que nascem com a maldade dentro deles - aqueles que lutam a dizer que é pelo bem que agem, que deve ser feito o que eles dizem, que é o correcto -, e que maltratados por estes com má natureza se rebelam mas com motivo? Caberão os justos neste mundo? Ateando, eles, fogo contra fogo, luta com motivo verdadeiro pela luta falsa, para destruir aquilo que não está correcto, aqueles que, não se deixando levar pelas culturas impostas, seguem o caminho da vida e lutam para que esse caminho seja uma realidade, a cultura verdadeira que é o da tolerância e liberdade individual até ao ponto onde começa a liberdade dos outros, o respeito para consigo mesmo e para com tudo o que o envolve, a inteligência de querer compreender de uma maneira justa tudo o que nos envolve, aqueles que não se deixam levar pelo mundo do faz ver, das aparências. Existirão esses homens?

 

 

 

Agradecimento a aqueles que me ajudam a morrer

De repente senti uma enorme vontade de agradecer aqueles que tão generosa ajuda me dão na minha vida para morrer, me mostram o caminho da morte. Nesta ironia que é a minha vida, agradeceria, primeiramente, a quem me deu a vida, não sei precisar se de ambas as partes, que acabou por não ma dar na sua plenitude, coagindo-me e sacrificando-me, abafando meus gritos, fazendo ouvidos surdos, tentado fazer o bem (dizendo que era para meu bem), supostamente ‘o bem’, pondo-me no imponderável da vida, numa corda bamba, no limite do abismo, fazendo-me enxergar o negrume da vida, a insustentabilidade do meu ser, e sobretudo colocando-me numa situação de falta imensa de auto-confiança e auto-suficiência, numa situação de dúvida acerca de mim próprio e da minha capacidade de subsistência nesta vida. Afinal, quem nos dá a vida também nos encaminha para a morte, em vida [penso]. Supostamente, necessitei de ajuda em certos momentos chave da minha vida, e mais uma vez o complô de um destino que gira à minha volta e me encaminha para a minha morte actuou novamente e em força transpondo-me para uma nova fase de aproximação ao meu destino – aquilo que querem que seja o meu destino, o destino que uma natureza quer para mim -, entregando o meu ser e o meu destino na mão de alguém que, supostamente é ensinado para ajudar os outros, e que mais uma vez me ajuda neste caminho difícil para o fim dos meus dias, a reles atitude de quem promete o que não pode fazer, a promessa de uma cura que é impossível e que, no fundo sabem disso, mas que são superiores a tudo e agem a favor do desempenho da sua função, dizendo que é para curar que é para ajudar. Agradeço assim de seguida a todos os que se aproximam para me ajudar com base na falsidade das boas intenções, fruto de todo o erro original cometido pelos influentes seres primordiais da minha vida. O meu coração contorce-se a cada dia que passa, grito por ajuda, e vejo sempre a vã vontade humana de ajudar mascarada de sabedoria, contentes no fundo do seu âmago por não se encontrarem em tal situação. Penso nos tempos em que não tinha nada a perder, em que ainda podia confiar em alguém, até porque tinha de confiar em alguém porque sabia que o que me davam era genuíno e que não tinham a ideia de uma contrapartida, já que eu nada tinha, e logo não haveria falsidade nessa ajuda que prestavam. Agora digo correctamente, para que entendas: de repente senti uma enorme vontade de mandar à merda aqueles que ajudam a encaminhar-me para uma morte sofrida, quando podia ter uma morte com sabor a quem viveu, uma vida normal e apropriada a quem eu sou e de acordo com as minhas capacidades; De repente senti uma vontade de dar a volta a toda esta situação complicada que me envolve [uma vontade cega de vingança subtil, digo], de pessoas que não me querem deixar viver, que me empurram para o sofrimento, que se acham superiores e que agem perante mim como tal, com superioridade. Quando olho nos olhos de quem eu tão cegamente confiei um dia, hoje, consigo ver a falsidade que vai nos seus corações, e sinto-me completamente enganado, e penso, como poderá alguém tão próximo de mim ser assim? Como posso eu confiar em alguém depois disto [de ver (e sentir) isto]? E se eu não confiar, que será de mim? [penso]. Como enxergar o bem e o mal? Como saber o que é bom para mim se eu perdi o meu discernimento, estou falcatruado nos meus sentimentos, desfalcado do bom senso, alucinado pelo sofrimento que tenho de não poder ter a minha vida ao meu ritmo, devido, precisamente, ao medo de que não subsista economicamente na minha vida, quero com isto dizer, para que se entenda, ando a trabalhar doente porque se desistir não sei o que será de mim, economicamente, por isso quero morrer a trabalhar, doa o que doer. Como posso eu melhorar se não tenho capacidade de reacção que me foi retirada e anulada? E, então, eu penso naqueles que me querem ajudar, que dizem que me querem ajudar, penso, concretamente na minha médica, que diz que me quer ajudar quando eu sinto e vejo em seus olhos o desdém para quem eu sou (que pouca importância tenho para ela), assim como vejo o desdém de quem me deu a vida e de quem eu cegamente confiei. Penso também em todas as pessoas de boa vontade, que a maior parte das vezes não têm boa vontade nenhuma, porque eu sei que no fundo agem movidos por uma força interior de por os seus reais interesses (subjacentes na sua conduta inconsciente) à frente da boa vontade que manifestam. Penso na boa vontade que se manifesta em mudar uma pessoa que não pode ser mudada. Penso nas atrocidades que as pessoas cometem em nome da boa vontade e de ajudar, nas atrocidades que sempre existiram no mundo e que me querem bater à porta, a mim em particular, de uma maneira subtil. As pessoas a querer curar uma pessoa são capazes de a matar. Desgraçado daqueles que um dia necessitam de ajuda e caiem nas mãos erradas – que o mais certo é cair nas mãos erradas… na mãos dos pseudo- sabedores -. Como eu posso confiar numa medicação que um médico me dá? Como sei que não é pior a ‘emenda que o soneto’, que ao tomar aquele remédio não me fará mais mal do que o que estava? E mais ainda, estaria eu mesmo mal? Porque querem calar quem quer falar? Mas agradeço a outra hipótese que me dão de me curar, agradeço a pílula da lucidez, a pílula que me leva a morrer em vida em nome da evidência da ciência. <<Tu obténs o que dás>>, dizem. Como eu posso então obter se não tenho para dar, se me esvaziei (de energia, por exemplo). Eu deixo um repto à natureza que me envolve, que me demonstre que eu estou errado e até que ponto estou errado, que ninguém é igual a ninguém, e que posso confiar em alguém novamente. Eu peço um milagre, que me seja devolvida a auto-confiança perdida, o gosto de viver leve e livre, o poder pensar como quero pensar sem pensar que é errado, mas seja simplesmente o meu pensar, e poder agir sem atrito de morte. Porque agradeço eu a quem me ajuda a morrer? Porque querendo eu matar-me tudo se torna mais fácil com esta gente que dá uma mão, dando-me umas drogas para que eu morra lentamente, dão-me desprezo. Agradeço esse estranho tipo de amor que me dão. Esse amor que me cura. Mas vou tentar que não se fiquem a rir, indiferentes esses que me querem ajudar falsamente. Mostrem-me que as pessoas não são todas iguais, que se pode confiar, mostrem – me quem tem bom senso.

A responsabilidade de cada um

Observo a atitude da sociedade. Observo e analiso. E observo que a maioria das pessoas põe culpas do que sucede, alguns em tudo, e a culpa é sempre dos outros, não do próprio. A maioria das pessoas pensa que tudo os ultrapassa e que nada é da responsabilidade de cada um. Mas decerto não sabem que a sua responsabilidade existe, e é multiplicada por aqueles que têm a mesma responsabilidade, e que insistem em a ignorar por comodismo ou outro motivo qualquer. E as pessoas são imensas, com as suas inteligências cada vez mais robustas e a explorar o que a mãe terra dá a um nível terrivelmente desnecessário. Eu sinto que nasci com uma culpa imensa às minhas costas, esquizofrenicamente sinto culpa de tudo o que se passa neste mundo, como se eu fosse o centro do mundo, o que não é verdade, mas, uma coisa é certa, eu sou o centro do meu mundo, e sou terrivelmente responsável por aquilo que se passa comigo. Se a minha vida descambar, eu enquanto ser mental e corporal que sou, sou responsável pelo que a minha vida se tornar, ou se tem tornado, excluindo aquilo que não consigo controlar, e que faz parte da inter-relação minha com o mundo aos mais diversos níveis e tipos. O  mundo surge-me na minha mente e compreensão como uma amálgama de pessoas e acontecimentos, surge-me como um verdadeiro caos que aparenta ter uma ordem, mas a verdade, apesar de eu sentir que é um caos, a verdade é que o mundo funciona e, provavelmente funcionará até um dia qualquer que não sei, nem sei se alguém saberá, precisar. Todos procuram o bem-estar, e o bem-estar é produzir e explorar mais, produzir mais produtos, explorar cada vez mais o mundo, ser mais que o outro, do que o próprio irmão, numa luta desenfreada e confusa, que eleva o mundo a patamares cada vez mais destrutivos. Eu não posso mudar tudo o que se está a passar, adoro o conhecimento mas abomino a destruição que isso significa.  Era tão bom que este mundo fosse viável… que houvesse sempre petróleo, que pudéssemos conhecer cada recanto do mundo, cada paraíso escondido na terra, sem serem destruídos que tudo permanecesse estável; que um dia a pobreza deixasse de existir; que a comunicação fosse sempre possível nos termos em que existe hoje. Mas o mundo é feito de pólos opostos, do bem e do mal, da economia que funciona como todo o Universo, feito de extremos, de paradoxos, em que para um ou vários indivíduos serem ricos, por exemplo, significa que outros tem que fazer o trabalho sujo e sacrificarem-se para que essa nata da população do mundo esteja no topo. Por isso o mundo significa exploração, exploração do homem pelo homem. Mas, também há um ponto de vista que não deixa de ser verdade, o facto de que um homem é um ser vivo, simplesmente, e que ele procura a sobrevivência neste mundo em que nasce e que sendo assim ele tem o direito de procurar o seu bem-estar e fazer pela sobrevivência, segundo aquilo que é e fazer valer todo o seu ser para esse fim. Algumas pessoas vivem de tal modo num mundo que não sei se diria dos sonhos ou perfeição e então reclamam por tudo, como se o mundo fosse feito de direitos individuais e particulares, como se houvesse pessoas que forçosamente, tivessem mais direitos do que outras pessoas, riem-se dos outros, reclamam, escrevem no livro de reclamações por tudo e por nada, consomem imenso como se isso fosse um direito que lhes assiste, querem ser importantes. E o homem tem o direito a ser importante, isso faz parte da luta pela sobrevivência neste mundo humano altamente complexo culturalmente, mas eu pergunto que direito tem um homem de destruir outro, não procurando um ponto de equilíbrio e de mediação de umas pessoas com as outras?!

Fugacidades [do pensamento]

Continuam chegando até mim pessoas, o meu blog continua a ser visitado, fugazmente. Ah, podem não ser muitas, e até podem estar de passagem, mas elas levam-me com elas. Não são muitas, mas não é propriamente a quantidade que interessa, é a impressão que vamos causando, quando não no imediato, no futuro, o que é melhor ainda. A vida é um todo, não é um momento somente. E o que perdura e subsiste é o que interessa e realmente vai marcando. Não é só o que é imediatamente observado e que é facilmente absorvível que é o que é verdadeiro, a verdade e a genuinidade esconde-se atrás do óbvio, nesta promiscuidade imensa, neste mundo. Quanto temos que trilhar para poder chegar lá! A interacção entre o que fomos e o que nos estamos a tornar a cada momento que passa dá-se constantemente. Eu sou um ser fugaz e perene, por vezes fico contente por isso e por vezes isso dá-me uma imensa tristeza. Quando penso que perdi algo, e se foi injustamente, isso provoca-me um vazio. A complexidade pode ser maravilhosa, mas o medo de me perder dentro dela é imenso. O meu gosto pela vida e por tudo o que sinto ou imagino é transversal. Eu não sou de maneira nenhuma uma pessoa linear. Esta transversalidade da vida tem-me levado a gastar mais energia, muita mais do que gastaria se eu fosse linear nos meus gostos, mas tenho descoberto e tenho sentido o gosto de sentir a generalidade de tudo o que consigo abranger. Não sou o maior, sou o que sou segundo aquilo que me envolve. Não sou uma pessoa que adira a ideais facilmente, que vá atrás de modas, ou de outras pessoas sentimentos fáceis de união falsa. Eu sou apenas eu, um ser pequeno no meio de tantos e tantos seres, diferente de todos eles e único na maneira de sentir, mas que estou envolvido no meio desta malha que nunca conseguirei compreender por mais que tente e por mais que consiga compreender. Tenho momentos melhores e piores. Tenho alegrias e tristezas. Compreendo que tudo tem que mudar, mas tenho medo de não conseguir acompanhar essa mudança, apesar de tender a aceitar que irei ficar para trás a pouco e pouco em coisas que queria que durassem mais tempo. Compreendo que estamos sós no meio da ilusão da vida, eu sinto-me como tal. As ligações humanas são fantásticas e é bom conhecer pessoas que nos complementam, mas este mundo é mesmo estranho, por vezes as pessoas são estranhas e isso é bom, mas por vezes são estranhas e isso é mau. As pessoas falam que é necessário proteger o mundo, para o futuro das gerações, mas ninguém abdica de ser um motor das causas de destruição, ninguém quer abdicar do conforto que tem. A vida é estranha, a cultura que os homens têm é estranha, eles lutam entre eles, querem ser donos do conhecimento e ser os maiores e dominar os outros. A vida é mesmo estranha. Eu também sou assim, nasci no meio dos homens e sou de carne e osso como eles, sou um humano, sou um ser vivo desta terra. Eu quero ter conforto, e não quero abdicar desse conforto se isso for imprescindível para a minha sobrevivência, eu preciso de conforto para poder viver mais tempo. A sobrevivência é pelo que lutamos por mais avançada que seja a nossa cultura ou a nossa mente. Queremos influenciar os outros, ter um poder de os por a trabalhar para nós de sermos os detentores da sabedoria, do que faz girar todo este Universo. As pessoas, na verdade não constroem somente, elas destroem muito mais e exploram e gastam e desgastam este mundo de uma maneira sem controlo, gastam esta terra que é de todos, mas é a sobrevivência e o gosto por ir sempre mais alem que provoca o impulso de continuar a gastar sem reciclar e a querer viver tudo numa vida. O que as pessoas hoje em dia procuram, talvez como sempre procuraram foi cultivar a personalidade, a influência, o conhecimento do mundo, a beleza. A ilusão que se cria do mundo hoje é enorme. As pessoas vão atrás umas das outras. Muitas pessoas precisam de ser guiadas, mas como sabemos quem nos pode conduzir bem e se há um caminho correcto? Ou se simplesmente o nosso caminho é o correcto, seja ele qual for? O sofrimento é pungente, mas inerente ao homem, mas eu não vou pagar por aqueles que querem fazer mal a eles próprios, eu não quero fazer-me sofrer mais do que o sofrimento que o destino me faz ter. Eu quero bem-estar e preservação do ambiente que me envolve. Mas tudo isto que digo é tão relativo, as coisas são tão estranhas, a vida não nos diz claramente o que é certo ou não, e sou tão perene para compreender tais coisas. As coisas repetem-se vezes e vezes sem fim, a história repete-se vezes e vezes sem conta na nossa memória, só assim conseguimos preservar as memórias do conhecimento. Quantas coisas não repetimos sem nos darmos conta, quantas coisas sem fim. O homem quer mais e mais sem fim, sem conseguir parar, é compulsivo. Estamos num mundo dos direitos humanos, onde esses direitos não chegam a todos, porque apenas alguns os sabem reivindicar. Como gostaríamos de voltar para a inocência, como gostaríamos de reviver o clímax, o auge do prazer sentido, a genuidade da vida que parece perdida e a tentamos encontrar novamente. Porque tem de ser tais momentos passageiros e não podem durar bastante mais? De que adianta a rebelião destrutiva que nasce em certos homens, porque não são eles clarividentes para terem uma rebelião construtiva? O mundo teve um princípio e vai ter um fim por mais que queiram suster este mundo muitos, como eu. O mundo é para se usar, se bem que havia de ser usado em respeito por todos. Mas as pessoas não compreendem, as pessoas … eu não compreendo por vezes, e outras vezes pareço compreender. Já não cimentamos valores e amizades, o mundo tende a diluir-se. Toda proximidade das pessoas, a pertença a um grupo tende a diluir-se numa idade de solidão que não tem de ser propriamente de tristeza. Caminho inexoravelmente para o meu fim, caminho e não sei porque caminho, mas sei que tenho que caminhar. Caminho a leste, mas caminho, caminho só, mas continuo a caminhar, na fé de que há um Deus que me tem.

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