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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

E o que disse tá dito [extracto 22-03-04 actualizado]

 

E o que disse tá dito. Assim são alguns que não eu. Sinto-me esgotado, a força da vida não me acompanha. Recordações, memórias surgem na minha mente como se já tivesse vivido o que tinha para viver, como se fosse velho, mas continuo a viver. Senti o que muitos outros sentiram, sinto o que muitos outros sentem, sinto de mais, sinto por muitos, claro que não por todos. Possa eu por em prática a minha maneira de ser e eu seria o homem mais poderoso do planeta. Forte e livre! A minha liberdade acima da dos outros! Mas não tenho fôlego sequer. Não perca eu a razão, a fé, a esperança que ainda me resta! A esperança de que um dia ainda serei realmente livre, e vejo que quando olhar para trás eu verei que fui realmente livre, fui grande em pensamentos. O caminho de Deus versus o caminho do homem, qual? Meu Deus como sou tão fraco, porque aparento ser forte? Porque me rotulam? Porque não expresso os meus sentimentos? Porque não me é permitido falar? Porque eu não me permito falar? Estou away, estou fora, estou desligado, estou queimado. Quero renascer, quero ser grande e forte, saber o que estou a dizer, saber o que estou a fazer. Não posso mudar o mundo, acho que nem a mim posso mudar quanto mais. Dá ao slide, foge, desvia-te. O homem, o homem, condenado à perdição, à destruição, eu condenado com os meus pensamentos que desfazem as ilusões.

Vamos mudar o discurso. Tudo é tão bonito lá fora, lá fora assim como dentro de nós. O homem é um ser condenado a ser feliz, assim porque eles são todos iguais, feitos de carne e osso. No meu pensamento só ocorrem coisas bonitas, tudo corre sem stress e sinto-me um ser perfeito. Porque falam tão bem de mim? Sinto-me tão vivaz que aposto que vou viver duzentos anos (200). Porque tenho que eu falar sempre de coisas boas, não havendo um problema que me atormente? Porque tenho eu tantos amigos, tantos que eu não sei com quem hei – de estar em cada dia da minha vida. Tudo vai de vento em popa, não há nada com que me preocupar. Compreendo todos os homens do mundo porque “quem vê o seu povo vê o mundo todo”. Só consigo imaginar em como as pessoas são alegres e divertidas, como todos são tão inteligentes e vão construir um mundo melhor, e essa é que é a realidade. Custa tanto dizer as boas verdades da vida, que até desejava que houvesse coisas más. Na verdade quero ir para onde as ruas não têm nome. Na verdade tudo o que eu digo é condicionado por variáveis incontáveis que me ultrapassam longemente. Na verdade e somente na verdade eu me baseio, e a verdade é que há verdades que me satisfazem. A verdade que encontro a cada dia que passa. Sou feliz com a mudança. Não me quero ver de fora, quero ver-me de dentro para fora. Cada vez sou menos condicionado, e isso dá-me ânimo.

Sintonia

 

Há uma sintonia que não alcanço, e temo não poder alcançar. Há uma sintonia, uma sincronia, e há o contrário a dessicronia, a dessintonia, que ao extremo tende para o colapso. Parece tão fácil a sintonia, assim como o contrário pode ser o menos provável e o mais difícil de se sair depois de interiorizado, depois de se ter entrado nesse ritmo avassalador que é o dessincronismo. Tão fácil a sintonia, essa dança perfeita dos corpos em movimento, esse trocar de olhares perfeito, esse conjunto de melodias afinadas cantadas no momento certo com o som belo dos aparelhos, esse bater dos corações em uníssono, ganhando uma força que parece ninguém parar, essa equipa entrosada, que ninguém jamais ousará ganhar, essa orquestra afinada que produz uma música tão bela e tão complexa, esse organismo que está em equilíbrio e é funcional e que procura esse equilíbrio até não mais poder. Tão fácil essa sintonia, esse entendimento completo de um ser com outro, mas mais fascinante, entenderem-se os seres em conjunto, não só através de palavras mas de tantas outras coisas visíveis e invisíveis: os gestos, as expressões, o movimento dos seus corpos, a sua maneira de agir, o olhar – a naturalidade da gestão dos olhares – a sintonia do psíquico, a sintonia do Universo, o homem todo uno, conectado por uma ligação invisível. E a alegria é quem se difunde e propaga, esse eterno optimismo de que tudo será melhor. A tristeza, essa, que toma posse dos seres, nas suas expressões quando outro ou outros assim o demonstram é desvalorizada. Todos querem participar nas alegrias, mas as tristezas são pisadas como se o fim último da existência dos seres fosse o prazer. E todos fogem das a sete pés, como que se morrer afirmando por palavras ou um conjunto de situações ou maneira de agir que se está triste, que essa tristeza não quer largar o nosso ser, fosse uma atitude anti-sobrevivência, e logo os instintos lhes dizem aos outros, os alegres, que devem desviar-se desse buraco negro do Universo que os pode consumir. Então fugi de mim que estou triste: a luta pela sobrevivência, a lei do mais forte, o destino que se reescreve a cada momento que passa, a história só reza dos vencedores, dos vencidos rezará a História, silêncio! Que se vai cantar o fado, o fado é o destino, mas a mim ninguém me cala, mais calado do que o que estou não posso ficar, da galhofa não me hei-de livrar, mas gritai por quem não tem voz.
                Há uma emotividade que não consigo compartilhar, e temo não conseguir fazê-lo, jamais. Mas a esperança é a última a morrer, e tento contornar esta solidão que me açambarca.
                Sim, sou eu que estou off, desligado do mundo. (pergunto se tereis coragem de me fornecer um cabo para me ligar?) Sim, sou eu quem vai sair derrotado, como se a minha vida fosse uma luta, que me parece ser mais de mim contra mim próprio do que propriamente contra alguém, esse alguém que se dilui no espaço e no tempo, os meus inimigos, imaginários ou não, ou apenas aqueles que simplesmente, não podem ou não querem compreender ou ceder. Eu vejo como vejo e isso faz quem sou, apesar desta busca incessante por uma identidade que seja uma máscara para poder viver mais uns tempos. Sim, sou eu que pareço certo e estou mais errado do que qualquer homem que está à face desta terra. Vou cair por terra, sei-o, vou desfalecer e não poder lutar. Sou homem, e a energia falta. A fogueira da incompreensão quer consumir-me. (serás capaz de me dar a mão?). Vão atribuir-me motivos para o que se passa, mas decerto todos vão errar. E vou viver. Quer viva anos ou meses, ou dias ou horas, ou minutos ou apenas segundos e segundos que parecem não ter fim. O fim está traçado, tudo é em vão quando não há elo de ligação, sintonia. Só me restará o sofrimento? A lamechice de mim para mim próprio? Chamem-lhe pessimismo, trauma ou o que quiserem, depois de morrer, já não me interessará, mas agora o que se diz afecta-me tão rapidamente como se eu fosse um boneco nas mãos de uma criança, incerto como uma pena ao sabor do vento. Digam o que disserem nada me vai mudar, pelo menos para já, porque, mais uma vez, a esperança é a última a morrer… dizem.
                Impeçam o impossível. Impeçam a dor e a morte se forem capazes. Impeçam-me se forem capazes desta tristeza, ainda por cima gozada, e carregada com adjectivos de destruição, aqueles que atiram pedras a quem já está moribundo, ou então regozijai-vos por teres feito quase nada, em nome de vós.
 
 
  << O poeta é um fingidor. E finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente. >>         Fernando Pessoa

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