Lugares
23-12-94
Austero, integro! Cônscio! Que lugar aquele!
Foi num dia tanto quanto os outros. Que dia estrambólico aquele! Do eirado olhei para as estrelas e vi nevoeiro, ele fazia parte de mim nesse dia, ele estava de acordo com o ego. Eia! Desci até ao eido. O vento soprava mansamente do norte empurrando-me para o sul. O tempo não mudava, o levador não vinha. Estava ansioso. A anciã perorou as suas experimentadas palavras.
Indagando dolentemente, imaginava alegremente aquela dolaire da rapariga. Olhava para a paisagem e contrastava-a para onde ia, para o coração do país, onde há movimento, auspiciando o que se passaria na grande aorta.
Finámos o caminho depois de uma longa paragem. Lá estava a auspiciosa imagem! Tão diferente quão diferente já fora! Enfim, velhos passados. Num automatismo acenei mesquinhamente. Lá veio o gaivinha sempre leve como um pássaro, com as suas graças vezeiras! Bom homem! Assim fosse o outro Zé-povinho.
Encontrando-nos na viatura, partimos. Passa um, passa dois e … <<Eh carapau! Por onde vamos nós?>> Que vezada! <<Ora, bota p’rá frente>> que o destino está marcado. Grande passeata para começar. Chegados à moradia cada um seguiu para seu lado. Fomos comer. Fomos à arrecadação e… fomos embora! Austeros. Trepidação, trepidação. A paisagem era tépida. A udometria previa e ela caia. A jornada foi quebrada pelo lanche. Mas rapidamente lá chegámos. <<Ufa>>- para ela que nem sabia as baixas pressões ainda estavam para vir – mas tudo passou.
Natal citadino aquele. Cidade que no Verão está repleta de damas e donzelas, nas ruelas só havia malhas escuras, corpos de sobretudos que queriam era estar no valedouro apartamento e não ali. Li e vi televisão radical. Que calor bacanal! Dormia-se, levantava-se e comia-se. Esta trindade não era fixe. Fomos dar à trincadeira, no entanto, não estava cool, nem frio – que tontice a minha, ficar assim -. Por fim, pouca terra pouca terra, lá foi cada um para o seu ninho no seu caminho.
Há música! Ah, música! Feel the rain! Sweet rain! Jogava no cp e bem vês porquê. Lá fora começaram a cair lágrimas das nuvens. E elas, melancólicas, choraram e choraram até à Páscoa o feliz Natal.
Ah! Outra vez! Aquele sussurro: << Para o ano…>> - Não percebi o resto. Mas decerto era coisa boa e eu fiquei ansioso, ansioso por chegar esse tempo. Ver meninas com sutiã, deleitosas, lindas de morrer, sensuais, carnais. Suspirei sustenidamente.
Ah! E aquelas solenes festas! É que foi dançar o sol – e – dó! Pena que eu fiquei à soleira da porta, olhando, cabisbaixo, disfórico, a tentar compreender, sobreolhando com certo desdém, desalinhado. <<Desembucha homem! Vem dançar!>> Fico em rodeio.
Novamente eles vieram. Eu estava mais contrito da minha anterior condição, sempre estou. Com eles vinha mais alguém que me transcendia. Novas atitudes, novas figuras, mas ele… sempre o mesmo? Não, tinha diferença. Ou será que a diferença dele era a minha?
Abimitado e conformado, no entanto, acordou um novo dia. A Páscoa deu lugar às altas pressões que têm aclarado as almas e aquecido a paisagem. A alma fica imaculada e ela fica sensual. O choro abluiu a alma e deu calma, mormente. Que tempo voluptuoso este. Que sensualista, que carácter, que temperamento! A sentença está dada, mais um ano na cagada. Que regalo!