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http://visao.sapo.pt/o-fim-do-mundo-somos-nos=f823730
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Luís Ribeiro (artigo publicado na VISÃO 1164, de 25 de junho) |
Diz-se que o maior problema da Terra é o Homem já ser suficientemente poderoso para a destruir, mas ainda não suficientemente poderoso para a consertar. Um estudo publicado na revista Science Advances parece confirmar isso mesmo. Com um título que não deixa margem para mal-entendidos (Acelerada perda moderna de espécies induzida pelos homens: entrando na sexta extinção em massa), o artigo, da autoria de um grupo de investigadores liderado por Gerardo Caballos, da Universidade Autónoma Nacional do México, traduz em números o que há muito se suspeitava - está mesmo em curso uma extinção como o mundo não assistia há 66 milhões de anos, com uma taxa de desaparecimento de vertebrados oito a cem vezes superior ao expectável. Pelas contas mais conservadoras dos cientistas, calculada a média de espécies desaparecidas da história terrestre, a ordem natural das coisas ditaria nove extinções entre 1900 e 2014. Em vez disso, extinguiram-se 477 (69 mamíferos, 80 aves, 24 répteis, 146 anfíbios e 158 peixes). Em circunstâncias normais, dizem, este número de espécies levaria entre 800 e 10 mil anos a ser apagado da face do planeta. "Podemos concluir com alto grau de confiança que as taxas de extinção modernas são excecionalmente altas, estão a crescer e sugerem que uma extinção em massa está em curso - a sexta do seu género em 4,5 mil milhões de anos da história da Terra. (...) Se este ritmo de extinção se mantiver, os humanos irão brevemente (...) ficar sem muitos dos benefícios dados pela biodiversidade." Os investigadores advertem que, mesmo sem levar em conta as alterações climáticas, a Extinção do Holoceno (como já é conhecida) poderá atingir em menos de 500 anos os níveis de perda de biodiversidade que as outras grandes cinco extinções da História levaram largos milhares ou milhões de anos a alcançar. A extinção, apesar de tudo, é um fenómeno comum e que sempre definiu a história da evolução. Sem a morte da maioria dos dinossauros (alguns evoluíram para aves), os mamíferos nunca teriam tido a oportunidade de dominarem o planeta e o Homem não estaria aqui hoje - nem teria posto um ponto final na vida do tigre-de-java, do golfinho-lacustre-chinês, do sapo-dourado e do rinoceronte-negro-ocidental.
As outras cinco extinções em massa
Nos últimos 500 milhões de anos, houve cinco superextinções, de causas diferentes, cada uma delas responsável por matar mais de metade das espécies (a última dizimou os dinossauros). Calcula-se que mais de 99% das cinco milhões de espécies de animais e plantas que passaram pela Terra tenham desaparecido.
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Recolhido neste antro, oiço subitamente, o relógio tocar. Toca o peso das horas imponderáveis. É imenso o peso que recai sobre esta esferográfica, onde cada palavra é escrita sobre imenso esforço. Meço cada frase, que é olvidada quando se procura uma mais sobranceira. E tal como o som que o sino emitiu, que veio do vazio – para lá voltar-, assim sinto cada oração escrita, vazia de sentido. Como encontrar uma mais proeminente? Como superar-me a mim mesmo? A busca da perfeição não tem sentido, somos limitados por natureza.
O mundo desabou sobre mim. Esta cogitação deixou de ter pés e cabeça, o pensamento não é linear. Sinto em mim o grito cavo e próximo da noite, tentando aliviar o âmago em letargia. Sim, já não sou eu que grito, porque mais não consigo. Mas há algo que grita por mim. Tenho medo de cada palavra que profiro, que ela me seja pungente, melhor, tenho medo de mim mesmo. […] Tenho medo dos meus próprios pensamentos. Sou uma máquina infernal que se consome lentamente. Todo eu sou efusão de sentimentos recalcados, tudo a manifestar-se ao mesmo tempo. E nada consola este coração despedaçado, abandonado como gota de água no deserto. É nesta fugacidade que tento reencontrar o equilíbrio.
No silêncio das horas procuro uma luz que ilumine o meu caminho, transeunte que sou, nesta vida sem destino. Proclamo a lua e o sol como renovadores de esperança, que os seus raios de luz desçam em abundância. Procuro com avidez pormenores despercebidos com os cinco sentidos. Quero espaço, quero ar, quero mar, quero chuva, quero descansar, acordar, ver estrelas a brilhar, preenchendo o vazio sideral.
OBS: Este texto foi originalmente escrito nos anos 90.
Poderei eu ser um mártir? Defendo algo muito difícil de definir, defendo os meus ideais que julgo desde sempre serem puros, a favor do equilíbrio por exemplo, a favor do bom senso, da empatia, a favor da defesa da beleza deste mundo que é prejudicado por almas que não sei porquê mas nasceram com um espirito de destruição, de competição desenfreada, longe da harmonia e da paz de espirito, num mundo humano onde a teia dos ideais, das ideias, das palavras, dos conceitos estão entrópicos; admito que os números são excessivos, a população, admito que posso estar a mais, e, se me tivessem dado a escolher, não quereria ter nascido decerto, se bem que fico glorioso quando sinto um bem-estar que não nego, e que me pode suceder, pelo menos por enquanto. Quando falo em ideais puros não significa que eu sou puritano (por exemplo), no sentido de querer dizer que sou contra o sexo por prazer, que apenas deve servir para procriar, mas também não defendo o contrário; não defendo que o casamento deve ser para toda a vida mas também não defendo o contrário - a natureza, tudo o que tenho aprendido sobre ela me diz que não há leis absolutas, muito menos as dos homens o serão com suas culturas feitas como que para deleite de alguns e abominação de outros, e me parecem, muitas vezes, injustas (e não me cabe a mim destrinçar sobre quem são os injustos e os injustiçados, tenho as vistas muito curtas para perceber essas coisas); as leis do homem não estão acima das do mundo e do Universo -; por consequência, não significa que defendo a religião cristã, ou, muito menos, a igreja, mas, não quero dizer que sou contra ela também; substancialmente penso que tudo em si tem algo de bom que se aproveite em maior ou menor grau, em maior ou menor quantidade de bem, pena que o mal, por mais pequeno que seja manche todo o bem facilmente. As leis dos homens são regras que alguns conseguem respeitar e tê-las a seu favor contra outros cuja natureza ou o fato de serem néscios, aliados ao desconhecimento dessas regras os leva a viver em stress numa luta desigual, a meus olhos, que jamais poderei defender; ou então sou eu que estou enganado acerca das leis deste mundo, e então serei eu um mártir? Pessoalmente, sofro por estar fora ‘dessa’ cultura, sofro pela injustiça de não me deixarem ser livre, sofro e vivo por um ideal ou ideais que não querem ser aceites, sofro pela contrariedade a que fui submetido e sei lá que mais poderei exponencialmente dizer, poderei eu ser um mártir então? A questão não está se eu gostaria ou não de ser um, mas reside na forma como a minha vida foi encaminhada, parece-me que no caminho de um mártir, operador de grandes mudanças mesmo que a causa dessas mudanças não se vejam; a vida chamou-me desta maneira, parece que me pede para me reencontrar aqui, como estou fazendo agora, para fazer coisas e estar em sítios que na verdade não deveria estar, não queria estar [Talvez, decerto, eu prefira o isolamento ao sofrimento da minha vida social onde tudo parece querer cair-me em cima na maioria dos dias, como aquela canção de Rui Veloso – Não Há Estrelas no Céu]. A minha mente abriu-se ao mundo talvez desde que fui concebido - sei que é especulação, mas talvez tudo o que nós somos começa lá longe, no passado, sinto-o [note-se que o ‘talvez’ é uma palavra muito importante para mim assim como é o relativismo das coisas, estou longe das certezas deste mundo cientifico de causa-efeito, deste mundo de objetividade em que tudo se pode explicar, não querendo eu ser propriamente apologista do ceticismo; sinto-me como um mediador de todos os extremos isso o digo com toda a certeza, essa é a certeza que me rege, esse é o equilíbrio pelo qual eu sofro também] -. Admito que existe em mim esse sentimento de querer ser um expoente máximo e ao mesmo tempo ser humanamente impotente perante a imensidade do que nos/me envolve, perante aquilo que pensamos/penso controlar mas na verdade não controlamos/controlo. Não tenho dúvida que atrás desta ‘mente aberta ao mundo’, o motivo de eu ter seguido a vida desse modo, está algo ainda indefinível e subjetivo, algo ainda incompreensível para explicar o porquê eu ter nascido com estes sentimentos, por ter seguido este caminho que segui e não outro, por não ter convergido no meu ser, mas, pelo contrário, precisamente, ter divergido no meu caminhar, no meu pensar. Por vezes sinto-me capaz de tudo, sonho acordado que o futuro me há - de correr bem, que hei - de ter sorte… e dou por mim a ter a autodescoberta de que afinal tudo o que peço agora, já o peço, repetidamente, desde bem pequeno, talvez até antes, onde a minha memória sentimental não consegue alcançar (por enquanto pelo menos). Quero mais. Quero viver. Quero viver de acordo com o que acredito, e não consigo aceitar que não posso mudar o mundo a meu bel-prazer, eu não sou Deus para mudar o mundo e transformá-lo ao meu ideal, que penso ser o verdadeiro. Há quantos anos eu sonho com a liberdade do meu espirito, com a paz dele, liberdade e paz, paz e liberdade, será isso uma utopia ou serei decerto um mártir? Aqui estou eu no mesmo sítio de sempre, esta é minha vida, estes são os meus sonhos de sempre, mudarei eu? Mudarei ainda? Serei feliz, ainda que de outras maneiras? Satisfarei o desejo de mudança para melhor? Ainda não me cansei de fazer estas perguntas de modo que acho que ainda me projeto no futuro.
Já que estou aqui neste ponto, deste Post, e, mesmo, deste blog, ainda vou falar na minha fisiologia e fisionomia e na grande contribuição que têm para que tudo se passe como tem passado na minha vida, talvez na contribuição do caminhar de um mártir, poucas vezes abordo esses lados da minha vida e que na verdade sei que são a causa de tanto atrito nestes problemas que abordo. Mas devo dizer alguma coisa agora, mais alguma coisa, agora: Não, não diria que fui amaldiçoado, sendo eu um monstro, não, efetivamente fico feliz por não o ser, e não desprezo a figura mais feia que ande por esta terra, aceito que há feios e bonitos mas devo constatar a minha situação e ver em que ponto estou desses extremos; efetivamente, já fui mais jovem e sentia-me bonito, não me considero velho mas tenho que aceitar que já não tenho 20 anos e que o horizonte não está aberto à minha frente, ilusionantemente; Apesar de não querer ser imodesto, posso dizer que me sinto uma pessoa de aparência normal, ou melhor deveria sentir-me assim a maioria das vezes, mas, algo se passa que não me deixa sê-lo (e afinal tudo isto também esta relacionado, ou seja, o que somos psíquica e fisicamente está relacionado entre eles); tenho reparado em mim mais atentamente de há poucos anos a esta parte, e tenho reparado coisas fisiológicas e fisionómicas que me têm feito sentir de tal maneira que me levam a escrever muito do que escrevo neste blog, tenho reparado na mudança de maneiras de estar das pessoas que me envolvem onde quer que esteja, já para não falar quando estou com a mente alterada - bem, mas isso dá outro tema; Sempre tentei autoestimular-me, pelo menos até certo ponto da minha vida, tendo pensamentos do tipo ‘sou bonito’ (tal como o fazia em relação a autoestimular a minha força de viver ao pensar ‘sou capaz’, ‘sou [uma pessoa] normal’), ainda tenho recordações que vêm lá do fundo dos sentimentos antigos, onde eu sentia que estava a ser alvo de atração física, sinto que havia capacidade de impressionar com o meu jeito de ser, com o que eu era, afinal, era jovem. Mas, há medida que me vou redescobrindo e montando e entendendo o puzzle da minha vida, eu não era um jovem normal, e sei agora que todo um peso recaia sobre a força da minha juventude e que o levava penosamente, mas, sempre com fé, sempre confiante, de que havia de ser forte além de forçosamente tentar disfarçar e ignorar aquilo que sentia, que não estava bem [o quanto eu fui forte, vendo as coisas como eu as vejo agora, como o sentimento da vida me apelou a viver tão fortemente, e, apesar de tudo, o quanto a vida me foi generosa para que eu vivesse e o quanto algo me apelou para que me esforçasse a seguir de algum modo, porque não se pode voltar atrás, nunca]; O mundo de hoje tem muita pessoa bonita, o padrão de beleza elevou-se, não o posso negar, e acho que muita gente está de acordo comigo e isso é um verdadeiro atrito para quem não tem os padrões mínimos que esta sociedade ‘exige’, é um problema mesmo, tal como o é para mim de muitos modos - explicar em poucas palavras todo este tema que se passa é complicado, e diria mais: ‘impossível em poucas palavras’, por isso não me vou alongar nele, se bem que, admito, rodeio o assunto na tentativa de encontrar melhores ideias com que me possa exprimir; as pessoas estão mais bonitas, pelo menos no ‘mundo mais rico’, digamos assim, as pessoas nascem com menos atritos psíquicos, nascem num berço de ouro por assim dizer, têm a sorte de ser bonitas, de terem um psíquico normal, digamos assim também, e isto tende a tornar-se uma norma, quer a gente veja isso dessa maneira ou não, além disso, os trabalhos são-lhes menos penosos fisicamente o que preserva o físico, e mais, o mundo tende a consciencializar-se de cada individuo deve tratar-se bem, falando de um modo popular, e para mais ainda, o mundo televisivo influência tudo isto, a propaganda da beleza e do bem-estar, com o seu grande poder de encaminhar as atitudes das pessoas, um poder que ainda nunca lhe pude ver a verdadeira dimensão na minha alma, no meu entendimento; desafortunados dos que nascem feios ou fora da norma, como sempre, o atrito, para eles, é sempre maior, e eu serei um deles, fora da norma, marginalizado, quando não marginalizado diretamente, indiretamente, e vou tentar dizer porquê da melhor maneira que puder e com a maior brevidade que conseguir: as ansiedades tomaram conta da minha vida, de tal modo que a minha entrada na vida adulta não foi nada fácil, apesar da força enorme que tive para suportar e levar tudo adiante, como já disse neste post e neste blog [não posso cansar-me de dizer tais coisas, não podem ficar por serem ditas, mesmo que me repita, desculpem o inconveniente]; estou a falar de fisionomia e fisiologia não é? Da minha… tenho pele clara, e a partir de certa altura da minha vida toda essa ansiedade que se acumulou devido a motivos que falo neste blog culminou numa explosão de rubores – tento imaginar o porquê de tudo se passar deste modo comigo constantemente, naquela altura eu descontrolei completamente, pelos meus 18 anos aproximadamente – Digo também que devo ter uma fisiologia muito própria, porque será que o sangue aflora deste modo à flor da minha pele(?), pergunto-me constantemente; Não sei porquê, meu sangue deve estar alterado, imagino, nele deve correr muita informação química que faz transparecer todo o ser que eu sou [e o ser que eu sou é sensível, delicado, estes são dois conceitos fortes que o definem, e é magnificamente belo como tem suportado as adversidades], isto deve de ser de tal modo estranho para muita gente, ouvir falar disto, que lhes deve parecer tolo, eu sei, essa gente não sabe o que é isso, tudo o que está relacionado com isso; A verdade é que tal - não quero descrever isso que se passa, porque me dói, dará para compreender? -, é fator de discriminação em muitas áreas da vida onde eu não devia estar e me tenho encontrado com elas; consigo ver situações e situações onde o olhar das pessoas dizem o que pensam, ‘n’ situações, consigo sentir o senso comum (o sentir comum) de incompreensão, reprovação, a maldade com que tantos deixam fluir seus sentimentos, as palavras que não conseguem conter, o descontrolo que toma conta de uma coisa que não querem aceitar, de sentimentos que até podem ser de superioridade e de gozo para com a minha pessoa - não posso defender os que são como eu, porque não tenho poder, porque não sei onde eles estão... – Enfim, conseguiram fazer-me mal por eu ter algo que não controlo, que não me passa com o tempo como se fosse uma bebedeira que o tempo cura e me aflige frequentemente, demasiadamente frequentemente, e, tal é a superioridade deles perante mim, que me tornam num bode-expiatório, um mártir, restar-me-á fugir? Para onde? Esconder-me? Enfrentá-los na sua incontável maioria? Lembro-me de, primordialmente, não compreender tais situações como se eu fosse um estranho em mim mesmo; posso dizer que, como pequeno exemplo, mesmo hoje a minha cor foi alterada pelo sol que apanhei, que ao invés de me dar um ar bronzeado me queimou e avermelhou o pescoço [que será dos albinos?] e não jorrou a face e o resto do corpo porque tinha boné e as roupas a tapar; Penso para mim, ‘não tenho uma doença demarcada e ao mesmo tempo várias falências tendem a aproximar-se de mim, com as quais eu luto constantemente’ - Black legend – You See The Trouble With Me. Imagino que muitos perguntem como pode o rubor, e o descontrolo dele e da pessoa que o incorpora, alterar a vida dessa pessoa, de tal modo, que seja tão doloroso viver (?) Mais ainda, como pode a minha fisiologia, descontrolada, noutros aspetos também contribuir para o meu martírio, ainda para mais? Pergunto-me. Que complô de destino é este? Porque não me aceitam como sou, e não faço eu o que posso simplesmente fazer, sem ter que andar neste sofrimento que tende a prolongar-se? E se eu jogar no euro milhões (?) e puder ser sortudo e viver em paz como desejo, passar a ser um felizardo anónimo, porque não pode ser de outra maneira. Que um raio de sorte me caia sobre o meu ser. Continua sonhando, continua…
Sintetizando: O meu ser é uma relação entre um psíquico extremamente ativo, uma mente não satisfeita, uma ansiedade que teve um pico muito alto, que me levou a andar nesta corda bamba desde tal colapso, com uma fisiologia alterada (não me referindo com isto a que sou excessivamente gordo) em interação com o psíquico alterado, baseando-se no fato principal de eu ter pele clara, aflito com rubores incompreensíveis, tendo eu ‘atingido’ entretanto patamares de conhecimento que supostamente não era para ter atingido, e, adquirindo, assim, um autoconhecimento de que tais rubores e ansiedades me estavam a destruir, a compreensão de que estava e sou marginalizado por eles, e quiçá me irão destruir paulatinamente, corroer as minhas fundações que me seguraram até aqui, porque não se pode vencer o mundo, as regras do mundo [malditas regras diria], a regra da sociedade, ou eu tenha muita sorte e veja o caminho certo a seguir sem grandes problemas.
Este texto foi escrito ao som de:
1. Pet Shop Boys - It's A Sin (5:01)
2. Peter Murphy - Cuts You Up (5:28)
3. Roxette - Listen To Your Heart (5:14)
4. Roxy Music - Take A Chance With Me (4:43)
5. The B-52's - Roam (4:54)
6. Chicago - If You Leave Me Now (3:56)
7. Billy Idol - Eyes Without A Face (4:59)
8. Bee Gees - Massachusetts (2:22)
9. Mike + The Mechanics - The Living Years (5:31)
10. Peter Cetera - Glory Of Love (4:20)
11. Prefab Sprout - When Love Breaks Down (4:06)
12. Queen & David Bowie - Under Pressure (4:05)
13. The Korgis - Everybody's Got To Learn Sometime (4:17)
14. Toni Childs - Zimbabwe (6:18)
15. Whitesnake - Here I Go Again 87 (4:33)
16. Whitesnake - Is This Love (4:42)
17. Will To Power - Baby, I Love Your Way / Freebird Medley (Free Baby) (4:07)
18. Yes - Owner Of A Lonely Heart (4:25)
19. Bee Gees - Tragedy (5:01)
20. Pink Floyd - Another Brick In The Wall, Part 1 (3:45)
21. The Eagles - New Kid In Town (5:05)
22. The Pretenders - Brass In Pocket (3:06)
23. Simon & Garfunkel - The Sound Of Silence (3:03)
24. Scott McKenzie - San Francisco (2:58)
25. ABBA - Chiquitita (5:26)
26. Los Bravos - Black Is Black (2:56)
27. Mungo Jerry - In The Summertime (3:29)
28. Ritchie Valens - La Bamba (2:07)
29. Roxy Music - Love Is The Drug (4:09)
1. Propaganda - Duel (4:46)
2. Roxy Music - More Than This (4:06)
3. Soul II Soul - Get A Life (3:43)
4. Stevie Nicks - Rooms On Fire (4:33)
5. Talk Talk - Life's What You Make It (4:28)
6. Talking Heads - And She Was (3:39)
7. Ziggy Marley And The Melody Makers - Look Who's Dancing (5:00)
1. Jim Diamond - I Should Have Known Better (3:38)
2. Marillion - Kayleigh (3:33)
3. Baby D - Let Me Be Your Fantasy (3:55)
4. R.E.M. - Mine Smell Like Honey (3:12)
5. Rui De Silva - Touch Me (3:28)
6. JX - Son of a Gun (3:13)
7. New Order - Touched By the Hand of God (3:43)
8. The Original - I Luv U Baby (3:28)
9. 11 I Love Your Smile - Shanice (4:22)
10. Roy Orbison - Blue Angel (2:47)
11. Robert Miles - Children (4:01)
12. Eros Ramazzotti - L'ombra Del Gigante (4:41)
13. Capella - Move It Up (3:59)
14. David Guetta - Titanium (feat. Sia) (4:05)
15. Fun Factory - Take Your Chance (3:56)
16. Industry - State Of The Nation (4:25)
17. Dilemma - In Spirit (3:37)
18. U2 - Walk On (Single Version) (4:11)
19. Lenny Kravitz - Stillness Of Heart (4:15)
20. Marillion - Lavender (3:40)
21. Lionel Richie - My Destiny (4:48)
22. Rick Astley - Together Forever (3:26)
23. Black Ledgend - You See The Trouble With Me (3:29)
24. Black Machine - How Gee (3:28)
25. Faithless - Insomnia (3:33)
26. Lenny Kravitz - Are You Gonna Go My Way (3:31)
27. Kaoma - Lambada (Single Version) (3:29)
28. Pete Heller - Big Love (Big Love Eat Me Edit) (2:40)
29. New Order - Regret (4:08)
30. Benni Benassy - Benassi Bros Ft. Sandy / Illusion (Sfaction Mix) (3:33)
31. Kim Wilde - You Keep Me Hangin' On (4:15)
32. Bros - When will I be famous (7" Single version) (4:01)
33. Juventa - Only Us (8:15)
34. Corona - Baby Baby (Lee Marrow Radio Mix) (3:01)
35. Everything But the Girl - Missing (Todd Terry Club Mix) (3:30)
Houve uma altura na minha vida, talvez há uns 12 anos, em que eu, simplesmente, não entendia o que se estava a passar nela: eu estava mal (para não dizer péssimo) e não compreendia o porquê – talvez porque eu não queria acreditar no que se passava, no que via, no que era a compreensão do porquê de eu estar assim, talvez porque tudo tem um tempo próprio para se compreender e superar se assim se puder entender. O tempo e o espaço muda, tenho presente esse aspecto desde sempre, no meu espirito. E, ainda hoje, provavelmente, eu não estarei bem, mas não estou certamente naquela situação de imponderabilidade e desespero em que estava nessa altura. No entanto receio o futuro a médio prazo, o que será de mim se eu não conseguir lutar para viver, ou pior ainda, para sobreviver. Naquela altura eu procurava ajuda de algum modo, como qualquer ser procura ajuda no outro, procurei na internet, tinha as minhas ilusões de que alguém seria forte o suficiente para me dar uma dica que fosse para sair da situação que desde muito novo eu senti que estava, aprisionado. Eu tinha as minhas fugas, eu saia até à noite para me soltar, eu procurava amigos dia e noite, eu procurava ser um ser humano normal. Mas na verdade algo mais profundo me atormentava desde sempre, hoje sei-o, e, estou no encalço da fonte do meu mal, sinto isso (espero ansiosamente isso), e tem sido uma luta interminável, uma luta de força interior e física, de inteligência, de esperteza; agora sou raposa que persegue raposa, melhor ainda, se ainda não o sou quero-o ser, não hei-de ser presa que seja agarrado por predador; mesmo que nunca venha a ser predador hei-de ser mais astuto do que aqueles predadores que me perseguem - que a vida me seja dada na plenitude com que a desejo, de acordo com o que eu sei que sou e sinto e que se faça justiça para toda a eternidade, que o meu grito mais profundo atinga o todo sempre. Um homem, tal como um animal (‘homem’ que também o é), tem que se defender dos seus predadores, aqueles que querem destruir a sua vida [subtilmente], é luta pela luta, é luta pela sobrevivência, seja feita de que maneira for, e não me venham dizer que um homem tal como um animal não se pode defender com os meios que têm ao seu alcance! ‘Quem não tem cão caça com gato’. Todo o ser tem direito a defender-se quando ameaçado, para mim tende a tornar-se claro isso. E não duvido que ‘O homem é lobo do homem’ ou então sou eu um ser humano que não devia ter existido se isso não for verdade, ou ainda sou eu então a fonte de todos os males da terra e tento ‘fazer ver’ que não o sou. E quando se é ameaçado, subtilmente, como o fazem os homens? Mas um homem tem que ter amor à vida, ou talvez por isso mesmo fica no seu espaço esperando que a ameaça passe. Muitas vezes é maltratado por um conjunto de indivíduos cobardes, mas na verdade assim é a natureza, o mundo animal, onde se unem seres para destruírem numa luta profundamente desigual um outro ser – um ser por vezes débil, por qualquer motivo [E isso, realmente não compreendo no meu espírito devido a ter-me sido implantado a existência de um Deus, que ainda por cima me disseram ser bom, e que bondade trás bondade – e sou surpreendido pelo paradoxo de que o ser bom também age e faz mal sem querer]. Mais ainda, o homem faz isso…, e eu não compreendo, e fico perplexo, boquiaberto, face àquilo que me foi entranhado, segundo os mandamentos de Deus, segundo os seus princípios. Eu desafiei a existência de Deus desde a minha infância, eu o questiono, assim, algo me é dado a conhecer, eu o respeito, mas para mim subsiste a injustiça que abarca a minha vida e isso não me pode deixar ter a calma necessária para poder estar na ‘onda’ do ‘Deus bom’. E a verdade é que estou cada vez mais envolvido nessa crença que questiono, e quanto mais a questiono, a maravilha do desconhecido acontece a cada momento na minha vida, coincidências atrás de coincidências, se assim fosse com a sorte ao jogo e me saísse o Euro milhões e pudesse viver a vida em paz e segurança… Hoje em dia os sentimentos que me dominam são de revolta - rancor e frustração são os ingredientes base com que cozinho o meu espírito (sem querer, mas porque tem que ser assim enquanto acontecimentos maiores não ocorrerem), para que me reforce para atingir a justiça na minha vida (espero que esse seja o fim do que eu passo). Decerto, as minhas forças físicas atingiram o seu máximo há pouco tempo atrás e agora tendem a diminuir, no entanto, sinto o meu espírito mais forte, no sentido de que me sinto mais sabedor e conhecedor do mundo que me envolve, mais conhecedor da psicologia e do psiquismo das pessoas, capaz de entrar na profundidade da vida humana, na cultura dos seres. Curiosamente é das pessoas que cultivam o mal, a superpotência, a falsidade (o ‘bem parecer’ que trás a oculta intenção de prejudicar) que eu topo mais facilmente, pessoas do tipo das que têm interesses ocultos, maléficos, e que têm objectivos condenáveis, injustos e realmente desequilibrantes do que deve ser a vida dos seres humanos de hoje em dia que devem ser assertivos, que buscam a paz, a inteligência, e procuram ser altruístas. Falo daqueles sugantes de vidas humildes, ingénuas ou simples e boas (de bom espirito, bom coração). Pois, cheguei à conclusão que há forças muito negativas que envolvem o meu mundo, forças que vêm a raiz da minha nascença. Talvez esteja a falar das raízes do mal que me envolvem e que têm origem numa raiz maléfica forte, que infelizmente não foi, pelo contrário, a raiz justa que devia alimentar-me com mais intensidade, e me devia dar o suco do bem.
Tudo indica grandes mudanças a médio prazo, o mundo vai mudar decerto muito, e eu também não concebo o futuro de outra maneira, segundo o que me é dado a conhecer e a saber. Temo que essas mudanças sejam negativas e afectem a minha vida ainda mais. Ou então mais uma vez eu estou a complicar a vida, como tantos o fazem, e este sentimento seja o sentimento da perda gradual da própria vida, da inconformidade com um destino que é reservado aos fracos, que além disso, se revoltam por serem fracos, EU.
Ultrapassando todos os limites da imaginação, há uma realidade que vai muito mais além dela e da qual estamos no encalço, pelo menos por vezes. Nesta busca incessante de liberdade, de satisfação das necessidades que nos sufocam literalmente até à morte perene, se não satisfeitas, assim, tanto a necessidade de comer como de amor, há um domínio por parte da necessidade não satisfeita que nos eleva o sentido da alma numa busca que por vezes se torna desesperada, uma busca por mais um tempo de vida. O domínio, do qual a inteligência, a sorte, a energia - que significa força física e/ou anímica - tenta superar, é algo que não é mal aceite por todos, tal como existem os masoquistas. Mas para mim não, neste sentido supremo da vida, custa-me que o domínio me afecte, e ainda para mais quando seja injustamente. A incapacidade de tudo não ser eternamente perfeito, que significa a existência do paradoxo, de querermos que tudo funcione bem e ser impossível tornar tal possível de uma maneira largamente funcional quando o desejamos e fazemos por isso, é algo que questiono constantemente: porque o auge não se pode prolongar, porque a proximidade é algo que não me assiste, assim como a muitos - fazendo a vida do mundo diversificada como é. Neste mundo de sonho, de virtualidade, a necessidade de dominar surge-nos muitas vezes, talvez faça parte da disputa das vidas pela evolução e não se possa ir contra isso, e, por vezes, estamos a dominar naturalmente, quando a natureza nos favorece, ou melhor, quando vai favorecendo alguns nessa reciprocidade entre natureza e individuo/ser que se dá, em que o individuo sai avantajado por qualquer cumulo de força dominadora que deve aparecer em determinado momento. Até que ponto vai o que está certo, o que é correcto fazer ou que está errado? Simplesmente, será fazer segundo a norma onde nos encontramos, caso contrário, se nadamos contra a corrente será difícil ou talvez impossível, perante a torrente, viver em harmonia; E os paradoxos surgem constantemente neste mundo, não é na minha vida somente, eles estão em todo lado, no que se diz querer fazer e no que se faz, por exemplo - que acaba-se por fazer precisamente o contrário- ou o discurso e o diálogo é contraditório muito facilmente; Mas, tudo isto é imparável (!). Porque quero eu mudar o que quer que seja (?): que aconteça simplesmente, e que a bonança esteja comigo, é tudo quanto posso pedir. Mas o meu tempo escapa, à medida que tenho mais para viver, à medida que o domínio é compreendido e de certo modo ultrapassado.
Estou aqui pensando. Onde (?) não digo, mas posso dizer que estou pensando em toda a parte, como se o poder de Deus me fosse dado dessa forma, neste meu corpo perene, dependente das vicissitudes da vida de um simples ser, e nem quero dizer com isto se ele existe ou não, mas tenho para mim que jamais alguém conseguirá dizer se existe ou não. A religião afirma que existe (!), dogmaticamente: faz cair na explicação fácil e inquestionável (porque pretende dominar através da ignorância), de que tudo é explicado por um Deus com vontade própria e incomensurável e que protege os inocentes, os frágeis. E, talvez os proteja, pelo menos enquanto não duvidarem da sua fé, como me aconteceu a mim que poderia explicar a minha vida à luz da existência de Deus, até que caí na profusão da metafísica, na transcendência do abstracto, na multi-variedade e multiformidade, talvez infinitas formas, de entender o que nos é dado, a leitura de um texto, de uma frase, quiçá de uma palavra apenas que atinge todo o seu potencial quando bem expressa, emocionalmente activa, a subjectividade e multi - interpretação das ideias. Custa-me a pensar o óbvio e o imediato, mas certas verdades ocultas da vida que chegam até mim compreendo como se sempre tivessem feito parte de mim. Compreendo o livro da vida sem nunca o ter lido, todas as histórias que fazem parte da própria vida, compreendo a inexistência de regras nesta existência de seres, nesta amálgama de acções (desses seres) que não são propriamente justas, e não posso assumir que isto que sinto seja para me vangloriar, porque na verdade, nada sou, e algo me diz que não sou bom como penso que sou, e que isto é um estado de loucura. Mergulho nesta insónia faz anos, talvez eu estivesse destinado a isso. Podia ter ficado simplesmente como um louco, viver com a inexplicação da minha vida, num vegetar psicológico, mas não, algo com que interajo, talvez a minha mente com uma mente colectiva superior, me fez tornar num louco afortunado, e me chama ainda, dia após dia para que viva, me diz que eu tenho que ter fé para que a minha verdade vença.
Neste mundo humano de poderes emergentes, o meu poder só reflectirá poderes que estão acima dos meus, poderes fantásticos, que terão as usas vantagens e desvantagens para quem os possui. No entanto, o poder é estranho para mim, ter a capacidade de regular vidas de outros e ter a sua (a própria vida) salvaguardada enquanto esse poder o protege, ao regulador. Estarei salvaguardado no meu berço enquanto o poder de meus pais me protegerem; estarei salvaguardado no jogo, seja ele qual for, se eu for bom na aplicação das regras desse jogo; estarei salvaguardado no jogo da resistência se for saudável e/ou bem treinado ou, senão… terei que produzir sub-regras pessoais para que possa sobreviver já que não me adapto às regras, se não tiver capacidade de resistência e apelando à sorte, quando não houver outra explicação, e, mesmo assim, serei sempre um desvantajado por mais que queira vencer por outras regras. Num estado avançado da autoconsciência, todas as dúvidas afluem à mente, deixamos de confiar até nos nossos próprios pensamentos assim como não podemos confiar em ninguém, porque todos os outros como nós próprios estamos em constante mutação, e o que era confiável deixa de o ser num período mais ou menos curto de tempo. A desconfiança e a disputa são os móbeis (entre outros, muito provavelmente) do ser humano: intrinsecamente nas raízes do ser cerebral, que finge ser amigo, quando o não é; fingidor se tornou o humano (o animal humano que se acha a mais superior de todas as criaturas). Como posso saber quem é meu amigo ou não? Poderá a amizade ser uma constante? Vence o fingidor que consegue fingir até ao fim, quando não lhe descobrem a verdade de fingidor. E parece que fingir está na moda do televisivo, a ilusão da vida, do fascínio pela imagem a entrar e a transformar o modo de pensar e agir das pessoas na vida real, o actor durão que não morre, derrota e é mais esperto que tudo e todos.
Consigo vislumbrar a ‘panelinha’ entre os seres, mas eu não tenho. As pessoas protegem-se, criam laços entre elas, e eu não tenho nem sou capaz nem faço por isso, porque tenho medo, porque um poder maior me prende, porque me rejeitaram e sei lá que mais. Vitimizo-me, sim é verdade, porque, na verdade, sou vítima, sempre o tentei esconder até que explodi… ou melhor, talvez implodi. Jogam comigo e tentam enganar-me, não sei o que farão por trás, talvez gozar, difamar, ou talvez nada disso, apenas, sou eu que torno tudo isso exequível. O meu poder oculto é ser quem sou, intrinsecamente, extrinsecamente sou vulnerável. Meus pais só esperam ver-me bem quando chego, dia após dia, mas também assim são as pessoas no geral, porque quando estou mal viram-me as costas e não querem saber do que sinto e de me ajudar, só querem que seja normal, que faça coisas normais, e eu precisava que meus pais me ajudassem a ser livre, isso é o que preciso, e eles me negam e negaram a liberdade, e eles me prenderam. Além disso, fui um ser muito mal – educado, a educação que me deram não se aplicava a mim. Mas tenho que partir de onde estou segundo o que fui.
O poder do homem? Homem que constantemente se Auto vangloria sobre a supremacia que vai tendo sobre a natureza e dos conhecimentos que a permitem dominar, como se o homem fosse um e a natureza outra, dissociado, como se houvesse disputa entre o poder da natureza e o poder do homem, como se fosse possível aos homens vencerem a natureza. Mas que orgulho é esse?! Que luta vã é essa? O que chamam de conquistar conhecimento e supremacia sobre a natureza são na verdade passos apressados para a destruição da vida, o homem a desestabilizar o homem, uma cultura da verdade da ciência (cientifica) - que não se sabe ao certo que é a verdade mas que funciona, é certo -, e que encaminha a destruição inevitável das culturas humanas, a criação da aberração que afinal sempre existiu, a destruição de culturas, de mentalidades que pensavam (de quem pensava) viver num ambiente de valores eternos. Mas sim, para mim como para muitos outros, fizeram (-me) abrir os olhos. O melhor do mundos é uma utopia. O bem-estar anda por ai, é certo, mas é tão relativo. Pergunto-me constantemente porque para uns estarem bem têm que estar outros mal? Agora pergunto-me mais, porque quem está mal, não faz por estar bem? Mas tudo é assim, paradoxal, antitético, por contraposição, e alguém ou algo quis descobrir uma ordem que, afinal, só existe na mentalidade do homem, no sonho, nada mais que isso. Simplesmente o poder será a supremacia do mais apto e mais forte para sobreviver, quer me custe ou não, porque sei que eu não sou o mais apto e mais forte. Mas vislumbro outras capacidades de sobrevivência, mas não as defino, porque não são claras para mim.
O Conhecimento fascina-me. Não sou o mais conhecedor, mas, mesmo que fosse, mover-me-ia o desejo de conhecer mais, ainda assim, mesmo que isso signifique um trilho de morte certa, de incerteza e de incerto sucesso. Com isto, acredito, efectivamente, no conhecimento e tenho fé de que a Sabedoria existe, embora, para mim, esse conceito [Sabedoria] ainda não tenha sido tragado na totalidade, ou seja, ainda estou a habituar-me de que Ele existe, como se tivesse vislumbrado um fantasma D’ ele, para já, mas que demonstra a resposta para aquilo que sempre senti e lutei tendo em vista se era possível alcançá-lo. Vivemos na era do conhecimento, diz-se. E eu também o afirmo, mas talvez só o seja, aparentemente, para uma minoria, aquela que retira dividendos desta era. Assim como eu acesso o conhecimento, tantas e tantas outras pessoas acedem a ele, pessoas com mais capacidades intelectuais e monetárias, com certeza, que lhes torna possível entrar numa espiral de conhecimento muito maior que a minha, e que retiram dele os mais diferentes proveitos. Pessoalmente, nunca tirei grandes proveitos monetários desse conhecimento que vem até mim e que eu trabalho em mim, nunca consegui seguir um caminho de aplicação económica do conhecimento - talvez porque as questões da minha existência se sobrepuseram a todo o âmbito monetário que poderia aspirar na minha vida, porque a parte sentimental e emotiva intrapessoal me mereceram muito mais atenção; talvez, também, porque em mim há humanidade, no sentido de empatia com os seres que me envolvem que elevam a minha moral e põe como objectivo particular o atingimento de uma filosofia transpessoal, pela qual não posso quebrar as regras que me permitem atingir tal conhecimento, portanto, o embuste económico seria para mim uma prisão. Porque sou eu um ser abençoado de informação (?) quando tudo indicava e indica que a minha vida seria um fracasso, porque eu não me inseria no mundo que me envolve e seria um ser rejeitado, como o fui, para sempre, sem futuro à minha frente – questiono-me. Sim, apesar da minha humanidade, eu tenho muito contra os homens, eu chego a sentir o ódio mais profundo pela mesquinhez humana, pelo pseudoconhecimento que normalmente é aplicado na maneira mais rude, egoísta e destrutiva da atitude humana. Eu tenho abjecção por seres que me envolvem, porque eles não me respeitam como eu o respeito. Mas sei que isto não é regra geral, digamos que tive azar em nascer aqui e não ser daqui mentalmente, pois, acredito que a regra é haver ‘pessoas normais’, com atitudes adequadas na vida, seja de onde se for, tenha-se o conhecimento que se tiver. Apesar do meu conhecimento, tenho a minha dose de sofrimento, talvez devido também a esta sofreguidão de respostas das questões da minha vida, porque o meu tempo urge. Sinto que nasci e vivi como um néscio e pergunto-me se ainda não o serei, porque é assim que me vêem, com certeza. Consequentemente, também eu retiro o proveito da parte do conhecimento que me cabe, e isso, a essência ou o suco que eu retiro desse conhecimento, é único. A minha interpretação de tudo o que eu tanjo com todo o meu ser é fonte da minha vida e é única, acredito nisso firmemente. A questão seguinte está em saber se é proveitosa essa parte da informação que eu retiro e processo, de todo esse conhecimento que eu analiso criticamente, e se é útil passá-la a outros, transmiti-la, ou ainda, se é bom para mim fazer isso, de modo a que não seja, apenas, uma perda de tempo, ou uma inutilidade a que me prendo e que não consiga desfrutar da vida no modo mais básico, ao menos, devido a isso. Sou impelido, como qualquer humano, a manifestar-me, sou um ser criativo por natureza, pois, a natureza humana é criativa de algum modo. Consequentemente, se interiorizo e construo conhecimento em mim terei que extravasar o que eu sei, o que eu sou, de um modo ou de outro, de tal maneira que eu sinto [em mim] que a minha (nossa, de cada um) presença neste mundo deixa uma marca, visível ou invisível, menor ou maior, através da humanidade.
Tenho que prosseguir. Não sei bem como o fazer, mas tenho que aguentar todo o peso daquilo a que chamaria o meu destino, definindo, com esse termo, tudo aquilo que todo um ser, físico e mental leva a que aconteça e interaja como o mundo de determinada maneira, a maneira de cada individuo que é abrangido pelas coisas que se dão na vida dele – esse destino não existe, ele vai-se construindo e tentando solidificar esse ser se ele ceder à força com que a natureza o tenta conduzir, segundo a maneira como é física e psiquicamente -. Todo o meu ser, corpo e mente me trouxe até este momento. Sei que sou um ser estranho [ninguém mo pode negar], e toda a gente me olha dessa maneira, [além de tudo o mais de estranho que se passa comigo no meu dia a dia, sobretudo social] quando eu deixo de poder fingir que sou uma pessoa normal, porque, sei-o, sou uma pessoa que tem ‘handicaps’ [desvantagens, obstáculos] que são intrínsecos a mim, acrescidos de outras causas externas que reforçaram esses ‘handicaps’ internos. Sei bem quem sou, qual os meus limites, e sei o quanto a minha inteligência, além do cuidado pessoal que tenho tido, tem trabalhado e evoluído para sobreviver, neste meu mundo, de confusão [loucura imposta, frustração, cansaço, infortúnio, vida madrasta – dentro dos seus limites -], além da sorte que tenho tido, como é óbvio, de não estar pior, com o mérito de procurar essa sorte e tolerar os azares (e minorá-los), quando acontecem, ou muitas vezes suportar - enquanto puder suportá-los, (como tenho suportado) - o que não consigo resolver e reagir da melhor maneira (a injustiça que me atinge indelevelmente). Por vezes sinto-me rolando no fundo, sozinho, e vejo o caminho que tenho pela frente para percorrer como escabroso e, precisamente, solitário. Assim, consigo ver com uma visão divinal, o mundo que gira à minha volta, e como ele gira. Sei que o modo como sinto e como penso influência o mundo e sei como ele me influência, a mim. Mas, o pior disto tudo é não poder suportar a maneira como influencio e sou influenciado, porque estou dessincronizado com os seres humanos, e mais porque ver como vejo é um peso enorme para mim. Vivo, por isso, e isso ao mesmo tempo faz-me viver, nos extremos, na bebedeira do constante sono da minha vida, uma consciência infinita presa num corpo cada vez mais perene. E isto é um viver em cansaço constante, por mais que não queira dizer e acreditar nisso. Mas eu ainda tenho fé que posso mudar… para melhor.
Estado de alerta. Estado de aparente clarividência. Estado de auto-controlo máximo. Estes parecem ser alguns dos meus principais estados que fazem a minha vida. Pânico de perda de controlo. Pensamento constante sobre a vida e a sua efemeridade, a morte como algo certo que nos persegue. Pergunto-me o sentido da minha existência, o para quê da acumulação de saber, como se houvesse continuação das coisas quando tudo parece apontar para um fim de uma existência sem um motivo, apenas uma casualidade. Para onde irá toda esta grandiosidade de sentimentos depois de um fim, que parece perseguir todos os seres, e que lhes encurta o caminho aos mais incautos, desprevenidos ou com pouca sorte. Serei sortudo ou azarado nesta contabilidade de sortes e azares que constituem a vida, a minha vida? Vivi um estado de tensão constante - Gostaria de dizer para sempre deste modo, como se tudo isso fosse passado -. Vivi desfasado da vida comum sem o perceber, sem perceber de tudo o que afluía a mim (de uma maneira muito estranha). Ainda sou um desfasado. Vivo à margem, mas não quero dizer marginalizado. Continuo a achar estranho tudo isto que se passou, mas encontro nexo na compreensão das coisas que se passaram, tenho teorias que encaixam, finalmente, como se começasse a perceber as leis que regem a minha vida. Talvez as leis que regem a vida psíquica das pessoas não seja igual em ninguém, e talvez isso nos torne únicos. Mas temo que a minha vida me esteja a escapar, inevitavelmente, nunca tomando um rumo com que sempre sonhei. E, uma coisa é certa, estou dentro de um sonho, mesmo que não seja propriamente aquele que eu queria ter, até porque nunca estamos satisfeitos com o que temos e onde estamos, mas, no fundo, eu estou. Só que as pessoas desestabilizam-se umas às outras, propositadamente ou despropositadamente. Eu sinto o vibrar de todos os seres em mim. Sinto um estado dentro de mim, para além do visível. E com isto caminho nesta vida, a minha vida, feita de leis próprias que se tornam gigantes quando tento fugir delas. Pergunto-me, constantemente: porquê? Porquê a vida tem que mudar de estado? Porque não podemos captar o estado perfeito na nossa vida (?) e apreendê-lo para sempre em nós, o estado da eterna juventude e do momento e sentimentos perfeitos, e vivermos assim até ao momento das nossas mortes (?). Porque se agita esta amálgama de seres neste mundo (?) e se empurram uns aos outros, porque monologam os homens (?) na busca de uma lei eterna, de um eterno saber? I’m just asking why? Eu pergunto o porquê? Porquê este Enigma que consome quem o enfrenta (?) – mas o consome de prazer, como se fosse um masoquista -. Apaixonamo-nos na vida, pelos seres, pelo desconhecido, pelo novo, pelo que subsiste ou pelo que é vulnerável, pelo pequeno e pelo grande, como se existisse, ainda, uma criança em nós, em mim, constantemente, curiosa e maravilhada por tudo quanto existe, uma alma aberta a um Universo que estranhamente se torna conhecido a cada passo que se dá, e que se revela incomensuravelmente maior quanto mais o descobrimos e sabemos dele. Esta é a lei que me rege desde os meus primórdios, a lei de uma igreja e da existência de algo maior que a própria sabedoria de todos os seres da terra que existiram e irão existir, algo que engloba tudo e que nunca conseguiremos transpor fisicamente, mas, que acredito que seja tangível, açambarcável e compreensível psiquicamente - ou então eu vivo numa ilusão constante -. Amo a natureza, os seres, como se não me cansasse de o dizer, como se os seres e tudo quanto existe fosse bom por natureza. Gosto do campo e do trabalho nele, a liberdade da existência e o cultivo do fruto necessário para essa existência. Não desvalorizo quem tem as mãos calejadas pela dureza saudável da vida e rejeito os seres, homens sobre todos os seres que menosprezam aquilo que é essencial, como se a cultura fosse o móbil do homem, a cultura do ignóbil em detrimento da sabedoria da existência. Mas quem sou eu para dirigir os caminhos desta terra, quem será alguém, que existe, para fazer tal? Contudo, ninguém, nenhum ser, pode fugir à responsabilidade dos seus passos e dos seus actos. E com isto constato que a linguagem muda através dos tempos, mas a ideia do que é transmitido perdura através da existência, a existência da terra e do Universo que produz todos os ideais, e assim, também podemos encontrar a mensagem da existência de cada ser em particular através das eras.
Na minha vida sou, ainda (pelo menos um pouco) movido por uma ideia que afinal se prova ser errada, eu estava enganado, completamente: <<não quero influenciar nem ser influenciado, muito menos negativamente>>. Não sei porque tive tanto tempo esta ideia de querer ser um agente neutro neste mundo, ou um agente positivo. De onde surgiu esta ideia? Não sei, ainda… Mas surgiu-me, claramente, na minha mente como uma espécie de clarividência que todos temos que influenciar e ser influenciados, a neutralidade não existe. A nossa presença neste Universo é um sem fim de influências, como uma osmose, influências directas e indirectas. Mesmo que pareça que não estamos a influenciar nada, podemos estar a influenciar muito mais do que pensamos, todo o Universo que gira à nossa volta. E não quer dizer que a nossa influência tenha que ser negativa ou positiva muitas vezes, mas não deixa de ser uma influência que faz mudar o que gira em torno do nosso ser e que nos dá um feedback, que nos quer fazer mudar também, em ultima instância (num estado ultimo), aniquilar. Desde o que pensamos até ao que fazemos, a nossa acção, influencia o nosso futuro, e nós não temos consciência disso na maioria das vezes, e, mesmo que tenhamos, muitas vezes não somos capazes de controlar o sentido do nosso caminhar. Realmente eu vivia oprimido e ainda sofro as consequências disso: o medo de influenciar e ser influenciado, o medo de provocar coisas negativas que se voltassem contra mim e me aniquilassem, ou pior, me magoassem. E, contudo, eu saí magoado. Agora vejo mais claramente como o mundo de influências funciona, vejo que todo o homem erra, e errou. Vejo homens a levar povos no caminho negativo, a provocarem guerras, sofrimento, em nome de culturas e de progresso, em nome de uma paz inalcançável, a prometerem um mundo melhor, mas prosseguindo a destruição sem a conseguir deter. Vejo homens, que lutam pelo instinto mais básico de um ser desde que a vida existiu, a sobrevivência e a perpetuação daquilo que é esse ser, seja a que nível de conhecimento for. Vejo e não posso fazer nada, apenas suspirar de tanta opressão do meu ser, de tanta injustiça, que nunca se vai remediar. Temo que todas as opressões me tenham já encurtado a vida. E, então, serei eu, ainda agora, tal como esses homens de renome, mais um a lutar pela sobrevivência, talvez, este, o primordial estado da vida.
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