Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Estou aqui pensando. Onde (?) não digo, mas posso dizer que estou pensando em toda a parte, como se o poder de Deus me fosse dado dessa forma, neste meu corpo perene, dependente das vicissitudes da vida de um simples ser, e nem quero dizer com isto se ele existe ou não, mas tenho para mim que jamais alguém conseguirá dizer se existe ou não. A religião afirma que existe (!), dogmaticamente: faz cair na explicação fácil e inquestionável (porque pretende dominar através da ignorância), de que tudo é explicado por um Deus com vontade própria e incomensurável e que protege os inocentes, os frágeis. E, talvez os proteja, pelo menos enquanto não duvidarem da sua fé, como me aconteceu a mim que poderia explicar a minha vida à luz da existência de Deus, até que caí na profusão da metafísica, na transcendência do abstracto, na multi-variedade e multiformidade, talvez infinitas formas, de entender o que nos é dado, a leitura de um texto, de uma frase, quiçá de uma palavra apenas que atinge todo o seu potencial quando bem expressa, emocionalmente activa, a subjectividade e multi - interpretação das ideias. Custa-me a pensar o óbvio e o imediato, mas certas verdades ocultas da vida que chegam até mim compreendo como se sempre tivessem feito parte de mim. Compreendo o livro da vida sem nunca o ter lido, todas as histórias que fazem parte da própria vida, compreendo a inexistência de regras nesta existência de seres, nesta amálgama de acções (desses seres) que não são propriamente justas, e não posso assumir que isto que sinto seja para me vangloriar, porque na verdade, nada sou, e algo me diz que não sou bom como penso que sou, e que isto é um estado de loucura. Mergulho nesta insónia faz anos, talvez eu estivesse destinado a isso. Podia ter ficado simplesmente como um louco, viver com a inexplicação da minha vida, num vegetar psicológico, mas não, algo com que interajo, talvez a minha mente com uma mente colectiva superior, me fez tornar num louco afortunado, e me chama ainda, dia após dia para que viva, me diz que eu tenho que ter fé para que a minha verdade vença.
Neste mundo humano de poderes emergentes, o meu poder só reflectirá poderes que estão acima dos meus, poderes fantásticos, que terão as usas vantagens e desvantagens para quem os possui. No entanto, o poder é estranho para mim, ter a capacidade de regular vidas de outros e ter a sua (a própria vida) salvaguardada enquanto esse poder o protege, ao regulador. Estarei salvaguardado no meu berço enquanto o poder de meus pais me protegerem; estarei salvaguardado no jogo, seja ele qual for, se eu for bom na aplicação das regras desse jogo; estarei salvaguardado no jogo da resistência se for saudável e/ou bem treinado ou, senão… terei que produzir sub-regras pessoais para que possa sobreviver já que não me adapto às regras, se não tiver capacidade de resistência e apelando à sorte, quando não houver outra explicação, e, mesmo assim, serei sempre um desvantajado por mais que queira vencer por outras regras. Num estado avançado da autoconsciência, todas as dúvidas afluem à mente, deixamos de confiar até nos nossos próprios pensamentos assim como não podemos confiar em ninguém, porque todos os outros como nós próprios estamos em constante mutação, e o que era confiável deixa de o ser num período mais ou menos curto de tempo. A desconfiança e a disputa são os móbeis (entre outros, muito provavelmente) do ser humano: intrinsecamente nas raízes do ser cerebral, que finge ser amigo, quando o não é; fingidor se tornou o humano (o animal humano que se acha a mais superior de todas as criaturas). Como posso saber quem é meu amigo ou não? Poderá a amizade ser uma constante? Vence o fingidor que consegue fingir até ao fim, quando não lhe descobrem a verdade de fingidor. E parece que fingir está na moda do televisivo, a ilusão da vida, do fascínio pela imagem a entrar e a transformar o modo de pensar e agir das pessoas na vida real, o actor durão que não morre, derrota e é mais esperto que tudo e todos.
Consigo vislumbrar a ‘panelinha’ entre os seres, mas eu não tenho. As pessoas protegem-se, criam laços entre elas, e eu não tenho nem sou capaz nem faço por isso, porque tenho medo, porque um poder maior me prende, porque me rejeitaram e sei lá que mais. Vitimizo-me, sim é verdade, porque, na verdade, sou vítima, sempre o tentei esconder até que explodi… ou melhor, talvez implodi. Jogam comigo e tentam enganar-me, não sei o que farão por trás, talvez gozar, difamar, ou talvez nada disso, apenas, sou eu que torno tudo isso exequível. O meu poder oculto é ser quem sou, intrinsecamente, extrinsecamente sou vulnerável. Meus pais só esperam ver-me bem quando chego, dia após dia, mas também assim são as pessoas no geral, porque quando estou mal viram-me as costas e não querem saber do que sinto e de me ajudar, só querem que seja normal, que faça coisas normais, e eu precisava que meus pais me ajudassem a ser livre, isso é o que preciso, e eles me negam e negaram a liberdade, e eles me prenderam. Além disso, fui um ser muito mal – educado, a educação que me deram não se aplicava a mim. Mas tenho que partir de onde estou segundo o que fui.
O poder do homem? Homem que constantemente se Auto vangloria sobre a supremacia que vai tendo sobre a natureza e dos conhecimentos que a permitem dominar, como se o homem fosse um e a natureza outra, dissociado, como se houvesse disputa entre o poder da natureza e o poder do homem, como se fosse possível aos homens vencerem a natureza. Mas que orgulho é esse?! Que luta vã é essa? O que chamam de conquistar conhecimento e supremacia sobre a natureza são na verdade passos apressados para a destruição da vida, o homem a desestabilizar o homem, uma cultura da verdade da ciência (cientifica) - que não se sabe ao certo que é a verdade mas que funciona, é certo -, e que encaminha a destruição inevitável das culturas humanas, a criação da aberração que afinal sempre existiu, a destruição de culturas, de mentalidades que pensavam (de quem pensava) viver num ambiente de valores eternos. Mas sim, para mim como para muitos outros, fizeram (-me) abrir os olhos. O melhor do mundos é uma utopia. O bem-estar anda por ai, é certo, mas é tão relativo. Pergunto-me constantemente porque para uns estarem bem têm que estar outros mal? Agora pergunto-me mais, porque quem está mal, não faz por estar bem? Mas tudo é assim, paradoxal, antitético, por contraposição, e alguém ou algo quis descobrir uma ordem que, afinal, só existe na mentalidade do homem, no sonho, nada mais que isso. Simplesmente o poder será a supremacia do mais apto e mais forte para sobreviver, quer me custe ou não, porque sei que eu não sou o mais apto e mais forte. Mas vislumbro outras capacidades de sobrevivência, mas não as defino, porque não são claras para mim.
Nós nascemos. Mas nem todos que nascem crescem, nem todos são saudáveis, nem todos são perfeitos. Nós todos temos a nossa condição humana. Eu quase diria que muito do nosso ser é determinado no nascimento. Mas, quando somos jovens, podemos alterar significativamente a aparência do que realmente somos. À medida que envelhecemos podemos mudar cada vez menos. Eu acho que apesar das mudanças que ocorrem na nossa juventude, a essência de quem somos (fisicamente e mentalmente), e o que nos tornaremos, já está definida, em grande parte, quando nascemos, comigo sinto que foi assim. O que acontece é que, na nossa juventude, e à medida que o tempo passa e nos conhecemos melhor a nós próprios, segundo a influência do ambiente, temos tendência a reforçar ou não, aquilo para o que o nosso organismo - como um todo física e psiquicamente - nos impele. Se reforçamos o que somos à nascença e continuamente, então, como exemplos: 1) Iremos reforçar o introversão e certas características que vêm acompanhadas com o introversão com que nascemos, como seja a fraca capacidade de sociabilização, o ser-se reservado, e a privilegiar as actividades solitárias; ou, 2) Iremos reforçar a extroversão e certas características que vêm acompanhadas com essa característica nata, o que fará com que, se o ambiente for propício, se venha a ser um indivíduo muito sociável, a privilegiar as actividades em conjunto, a gostar imensamente de ser o centro das atenções, virado para o mundo externo a si próprio. Se não reforçamos continuamente o que somos à nascença, segundo a influência do ambiente que nos rodeia, então estaremos entre os exemplos opostos e extremos que dei em cima (alínea 1 e alínea 2), havendo uma conduta de normalidade, uma média para a qual todo o ser humano tende. Com isto põe-se a questão de qual dos dois factores é mais preponderante nas vidas de cada ser: -a) O determinismo -seremos aqueles para o qual estamos ou fomos concebidos e agiremos de acordo como o nosso organismo (física e psiquicamente) em toda a nossa vida, andemos por onde andemos, fizermos o que fizermos; -b) Ou, o ambiente que rodeia o ser, à medida que se desenvolve, é a principal causa daquilo que somos ao longo das nossas vidas? -. Diria que não podemos excluir a acção conjunta de cada um destes dois factores abrangentes daquilo que somos, e isto devia ser consensual, se não o é ainda. Entre o extremos das características ‘1) ‘ e ‘2) ‘, há uma enorme maioria de seres normais que abrangem uma grande parte de todo esse espectro de extremos. A maneira como actuam os dois factores generalistas (‘a’ determinismo – genes e o organismo enquanto sistema, no geral - e ‘b’ ambiente) na vida de cada pessoa é enormemente complexa. Eu sinto em mim essa complexidade. Sei, em mim, que nasci, reforcei e solidifiquei (psíquica e fisicamente) muitas características das quais não me consegui livrar, embora eu conseguisse ver que elas não eram e não estão a ser adequadas para a minha sobrevivência. Contudo, eu sobrevivo ainda. Mas a questão central, que se subdivide, que me faz escrever estas linhas anteriores é: Poderemos ou não tornar-nos muito diferentes daquilo para que estávamos programados organicamente à nascença pelos genes e por todo o nosso ser (?), de uma maneira geral, já formado embrionariamente, restando-nos apenas crescer (?) e adaptar-nos ao ambiente segundo o que somos? Tenho pensado sobre isso. Pessoalmente, segundo o que conheço de mim (e conheço-me bem), sei que eu não mudaria muito se o rumo da minha vida tivesse sido outro, ou seja, se tivesse seguido outro caminho sei que eu basicamente seria o mesmo sempre. E sei também que me poderia ter perdido na incompreensão daquilo que eu sou, na ignorância das minhas raízes, os meus pais, com o qual eu me identifico e comparo aquilo que eu sinto como sendo muito idêntico, e ainda sei que muita gente se perde por não perceber o porquê de ser como são, não conhecerem as suas ascendências. É claro que muitos prosperam na vida apesar de não conhecerem a sua história, ou talvez por isso, mas nunca é regra geral, como digo sempre. Sinto que, em mim, o factor genético pesou mais e tem pesado na minha vida, no meu ser enquanto organismo, e tem, de um modo geral condicionando a minha acção. Sei que há casos de pessoas que dão a volta ‘por cima’ às características e à força retractiva, que para muitos é brutal, e que se transfiguram nesta vida, passando de ‘patinhos feios’ a figuras esbeltas, e/ou de seres que parecem tolos e/ou com pouca inteligência e que triunfam e se tornam sabedores de como vencer, logo vencedores, de desafortunados a afortunados. E quando penso nestes casos penso também, novamente, que tenho a noção clara de que não há leis gerais que guiem o psiquismo da humanidade em interacção com o ambiente, como que se pudesse generalizar que o facto de alguns seres mudarem na vida imensamente, o seja possível fazer qualquer um. A globalidade dos dois factores (orgânico-genéticos - determinantes - e ambiente que rodeia o individuo) que refiro e que agem na vida de cada ser em particular é muito própria de cada indivíduo no tempo cultural em que se encontra. Assim, também as características psico-fisiológicas de um homem, que seriam positivas em determinado ambiente cultural de determinada época e determinado contexto podem ser desadaptativas noutros ambientes culturais e/ou noutro tempo. Vivemos num mundo diferente do de outrora, existe uma consciência cultural globalizada, devido aos meios de comunicação existentes, sendo que a cultura que rege os homens, hoje em dia, sobretudo nos países democráticos e de livre expressão, que contem o princípio da tolerânciaem relação aos seres que são diferentes e/ou que se exprimem de maneira diferente, o que os protege imenso, ou seja: aos deficientes, aos doentes, aos que são mais feios, aos que tem uma opinião e uma mentalidade diferente do normal, e digo mesmo também, daqueles que têm uma opção sexual diferente, aos criminosos que agem muitas vezes devido a condições, particularmente, humanas que existem neles, entre outros exemplos. Conheço na História, assim como na vida hodierna, pelo que leio e pelo que vejo, e sinto que isso é altamente verosímil, as atrocidades que o homem comete para com o outro, e bastantes vezes na melhor das intenções como seja, curar ou ajudar uma pessoa, mas, estando a fazer mal. Sinto a dor de quem foi e é, através dos tempos, marginalizado, maltratado e muitas vezes pagando com a sua vida uma existência vã, esperando eternamente por algo que os salve, por um Deus. Sinto a injustiça que sentem aqueles que não conseguem defender-se, que são dados como loucos, doentes, pacientes malogrados de um Frankenstein, ou ainda, daqueles que são diferentes e pesa sobre eles a dor de uma vida sem brilho que não conseguem compreender e ter uma hipótese de ter uma continuidade existencial aceitável. A vida neste mundo é complexa, mais bem dito ainda, é estranha, muito estranha. Talvez mesmo cada ser tenha a sua condição humana, que não cabe a mais ninguém compreender.
Eu não estaria aqui a falar hoje – se calhar para ninguém -, se não fosse esta profunda transformação na maneira de comunicar, a internet, que me permite, sendo eu quem sou – um ser que teve que seguir o caminho da introspecção e do isolamento, que não consegue sociabilizar de uma maneira normal devido aos factores genético-ambientais – estar ligado ao mundo social e em contacto com as pessoas, e isso libertou-me. Libertou-me por exemplo da depressão, do isolamento a que estaria votado e mesmo de uma loucura incontrolável se estivesse em casa sem o feedback do mundo, alem de que me fez conhecer muito melhor a mim próprio e ao mundo que me rodeia. Sei e sinto que a maneira de se relacionar das pessoas se está a alterar com a internet, com as redes sociais a ser um modo de socializar das pessoas. Claro que para muitas pessoas é mais um meio de estar na vida e de se relacionar, a internet, mas para muitas outras é o único meio onde conseguem ser livres e sentirem-se normais. Acho mesmo que o mundo com a característica individualista se demarcou ainda mais com o aparecimento da internet, a que todos querem ter acesso. A mudança de mentalidades está a ser enorme. Continuo a achar que a solidão é combatida, apesar do distanciamento que as pessoas criam entre elas, mais agarradas à tecnologia, privilegiando-a e detrimento do contacto social ‘in loco’. Mas é certo que é difícil avaliar o efeito de uma influência como é a internet, nas pessoas. Cada pessoa é diferente, cada caso é um caso, cada pessoa é única, e tem a sua própria maneira de sentir, a sua própria maneira de interpretar o mundo. Cada pessoa é uma condição humana.
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