Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Se, simplesmente, pudéssemos fugir daquilo que nos apoquenta, que nos magoa, que nos oprime, que nos pisa, que nos afronta, que não conseguimos mudar, nós fugiríamos, sem dúvida alguma. Mas, fugir para onde (com as nossas limitações)? E mais: e fugir de nós mesmos?! Muita gente ainda deve pensar que o mundo é grande e que o Universo é incompreensível, duvidam de tais coisas como de o homem ter ido à lua, no sentido que tais entendimentos nos dão uma coerência da compreensão das coisas que, por sua vez, nos dá uma visão mais ampla de tudo o que os magníficos sentidos humanos nos dão a entender, como se não acreditassem no mundo em que vivem. Muita gente prefere a ignorância porque saber de mais faz mal (talvez porque não tem outro meio de a ultrapassar também, é certo); e eu digo: ‘Ó santa ignorância porque me abandonaste?’, como se eu soubesse muito; Porque tenho eu de saber mais do que o que posso saber? Porque tendo para o desequilíbrio entre a minha capacidade de sentir e o que realmente não sou capaz de ignorar de sentir? Que abismo é este que não me deixa ser feliz na ilusão? Mas, muita gente sabe muito mais do que eu e não tem desequilíbrios – o quanto, sinceramente, os invejo… -. Tento não me manifestar, na globalidade da ação da minha vida, como se de um espetador me tratasse, que assiste ao desenrolar da novela, do filme, da música, ou melhor, gostava de ser sempre um anónimo espetador, coisa que não posso ser, da mesma forma que o era em criança. Os sentidos do mundo caem sobre mim, e eu, eu não tenho capacidade de reação, eu não sei responder minimamente bem ao apelo que me é feito daquilo que me envolve. Responder aos apelos que o dia-a-dia nos trás é uma coisa séria, responder de acordo com as situações que nos ocorrem é uma tarefa para equilibrados que conquistam o mundo com o seu autodomínio. Respondes mal e és um homem acabado…; Que dizer da incapacidade de responder a uma agressão? O bullying? Uma guerra? O terror psicológico? Como responder a algo quando se está em inferioridade? Como se defende uma criança? Como responder ao mal com mal quando se tem amor à vida e ao bem, quando os ideais que nos movem são os da paz? Existem agressões que atuam mais subtilmente, que se dão como vindas de sistemas superiores que não são facilmente percetíveis, não é mesmo percetível a sua causa. Existem agressões que não se conseguem identificar de onde partem, tal é a teia que as envolve e disfarça? Mania da perseguição? Não, para mim existem agressões sem culpado… identificável. E eu sinto medo quando não compreendo as coisas, então, eu invento mitos e lendas para as explicar, eu invento histórias. Eu sinto medo, muito medo, um medo terrível e inexplicável por mitos, lendas ou histórias, porque erradamente aprendi que devia dar tanto valor à minha insignificante vida na imensidão incalculável do Universo, como uma criança que se acha no centro de tudo, especial, quando na verdade tudo é uma ilusão, quando na verdade não podemos ultrapassar as leis que regem o universo, a existência dos seres, ou seja, resumindo, tive azar. Como destruir a causa da agressão? Perguntando melhor: Como destruir a causa de uma agressão sem sermos feridos? Matar? Matar, matar, matar, matar!… guerra!… Perder o amor à vida(!), perder a piedade(!), matar a causa da nossa dor(!), esse desejo que em mim persegue; Resolveria alguma coisa matar? Talvez não, mas matar por necessidade assim como se defender por necessidade está na lei do mundo natural em que o homem tenta sobrepor com as suas leis onde consequentemente muitos desafortunados perdem esse direito de se defender vitalmente dos ataques à sua vida assim mesmo como atacar para suprimir as suas necessidades. Será a causa da nossa dor, essa mesmo que pensamos? Revoltamo-nos muitas vezes porque a agressão existe, mas a questão é: revoltamo-nos contra quem é o culpado, a causa da nossa agressão? ;E damos por nós a revoltarmo-nos contra quem nos ama, apesar de por sua vez haver formas muito duvidosas de amar, existem formas muito bizarras de amar, além de feitios que não se conseguem mudar, e nos causam frustração, raiva, angústia – muita angústia-, e nos infundem muito medo… se ao menos pudéssemos afastarmo-nos…
No meu transe, nesta minha vida, em que eu procuro a(s) causa(s) para aquilo que eu sou, neste meu desejo (talvez utópico) de que eu seja feliz ainda nesta procura de aceitação de como eu sou no mundo dos homens, eu mesmo tenho medo de mim, porque infundo medo no que me envolve, que num ciclo sem fim regressa a mim, destruindo-me, dia após dia, mas que não consigo evitar. Tenho medo de cada passo que dou, sei que não o darei bem, certo dos passos maus que tenho dado dia após dia, do azar que me persegue, nesta ilusão, que quando não puder ser sustentada, será cruel de mais, a dura realidade, se imporá muito mais dura que está a ser a minha vida atual. Sei que me abandonarão, se é que já não fui abandonado pela existência psíquica faz tempo. E, apesar de a morte ser certa, ninguém ousa indagar o que o sofrimento é. Certamente gostaria de mudar (obstinadamente) coisas difíceis de mudar, e mesmo que se consigam mudar, o preço da vida é alto de mais a pagar por essas mudanças, mas talvez seja a lei do mais forte e do mais fraco a funcionar, em que nós, para acrescentar à dificuldade que é suster a vida, temos ainda a nossa autoconsciência a infernizar o que deveria ser aceite naturalmente e imperceptivalmente, as leis da natureza.
As guerras mundiais existiram e nunca se sabe se existirá outra, outra vez; tenho como ideia minha de que a maior parte das guerras muitas vezes não são causadas por motivos maiores, digamos assim, por motivos que se possa fazer uma apologia, mas sim por ideais estúpidos e sem sentido, nacionalismos, ignorância e falta de sentido da beleza da vida e da apreciação da paz. O mundo dos homens sabedores compreende a finitude do nosso mundo e dão valor a vida e à paz como consequência da sua própria sabedoria. O mundo civilizado esgrima nas palavras a sua luta, a guerra que se dá entre ideais, essa é a guerra mundial nas ideias do momento. No meu desejo de criança utópica, em que um Deus faz parte de uma justiça a atingir, as agressões seriam justificadas por esse ideal máximo que seria esse Deus a atuar na imensidão do tempo, e a justiça seria feita nessa mesma imensidão do tempo. Mas, para minha angústia, dadas as contradições e realidades que se impõem na minha mente, naquilo que me é dado a conhecer, a dúvida torna-me inseguro e insignificante, e a minha luta pela sobrevivência poderá ser em vão.
Houve uma altura na minha vida, talvez há uns 12 anos, em que eu, simplesmente, não entendia o que se estava a passar nela: eu estava mal (para não dizer péssimo) e não compreendia o porquê – talvez porque eu não queria acreditar no que se passava, no que via, no que era a compreensão do porquê de eu estar assim, talvez porque tudo tem um tempo próprio para se compreender e superar se assim se puder entender. O tempo e o espaço muda, tenho presente esse aspecto desde sempre, no meu espirito. E, ainda hoje, provavelmente, eu não estarei bem, mas não estou certamente naquela situação de imponderabilidade e desespero em que estava nessa altura. No entanto receio o futuro a médio prazo, o que será de mim se eu não conseguir lutar para viver, ou pior ainda, para sobreviver. Naquela altura eu procurava ajuda de algum modo, como qualquer ser procura ajuda no outro, procurei na internet, tinha as minhas ilusões de que alguém seria forte o suficiente para me dar uma dica que fosse para sair da situação que desde muito novo eu senti que estava, aprisionado. Eu tinha as minhas fugas, eu saia até à noite para me soltar, eu procurava amigos dia e noite, eu procurava ser um ser humano normal. Mas na verdade algo mais profundo me atormentava desde sempre, hoje sei-o, e, estou no encalço da fonte do meu mal, sinto isso (espero ansiosamente isso), e tem sido uma luta interminável, uma luta de força interior e física, de inteligência, de esperteza; agora sou raposa que persegue raposa, melhor ainda, se ainda não o sou quero-o ser, não hei-de ser presa que seja agarrado por predador; mesmo que nunca venha a ser predador hei-de ser mais astuto do que aqueles predadores que me perseguem - que a vida me seja dada na plenitude com que a desejo, de acordo com o que eu sei que sou e sinto e que se faça justiça para toda a eternidade, que o meu grito mais profundo atinga o todo sempre. Um homem, tal como um animal (‘homem’ que também o é), tem que se defender dos seus predadores, aqueles que querem destruir a sua vida [subtilmente], é luta pela luta, é luta pela sobrevivência, seja feita de que maneira for, e não me venham dizer que um homem tal como um animal não se pode defender com os meios que têm ao seu alcance! ‘Quem não tem cão caça com gato’. Todo o ser tem direito a defender-se quando ameaçado, para mim tende a tornar-se claro isso. E não duvido que ‘O homem é lobo do homem’ ou então sou eu um ser humano que não devia ter existido se isso não for verdade, ou ainda sou eu então a fonte de todos os males da terra e tento ‘fazer ver’ que não o sou. E quando se é ameaçado, subtilmente, como o fazem os homens? Mas um homem tem que ter amor à vida, ou talvez por isso mesmo fica no seu espaço esperando que a ameaça passe. Muitas vezes é maltratado por um conjunto de indivíduos cobardes, mas na verdade assim é a natureza, o mundo animal, onde se unem seres para destruírem numa luta profundamente desigual um outro ser – um ser por vezes débil, por qualquer motivo [E isso, realmente não compreendo no meu espírito devido a ter-me sido implantado a existência de um Deus, que ainda por cima me disseram ser bom, e que bondade trás bondade – e sou surpreendido pelo paradoxo de que o ser bom também age e faz mal sem querer]. Mais ainda, o homem faz isso…, e eu não compreendo, e fico perplexo, boquiaberto, face àquilo que me foi entranhado, segundo os mandamentos de Deus, segundo os seus princípios. Eu desafiei a existência de Deus desde a minha infância, eu o questiono, assim, algo me é dado a conhecer, eu o respeito, mas para mim subsiste a injustiça que abarca a minha vida e isso não me pode deixar ter a calma necessária para poder estar na ‘onda’ do ‘Deus bom’. E a verdade é que estou cada vez mais envolvido nessa crença que questiono, e quanto mais a questiono, a maravilha do desconhecido acontece a cada momento na minha vida, coincidências atrás de coincidências, se assim fosse com a sorte ao jogo e me saísse o Euro milhões e pudesse viver a vida em paz e segurança… Hoje em dia os sentimentos que me dominam são de revolta - rancor e frustração são os ingredientes base com que cozinho o meu espírito (sem querer, mas porque tem que ser assim enquanto acontecimentos maiores não ocorrerem), para que me reforce para atingir a justiça na minha vida (espero que esse seja o fim do que eu passo). Decerto, as minhas forças físicas atingiram o seu máximo há pouco tempo atrás e agora tendem a diminuir, no entanto, sinto o meu espírito mais forte, no sentido de que me sinto mais sabedor e conhecedor do mundo que me envolve, mais conhecedor da psicologia e do psiquismo das pessoas, capaz de entrar na profundidade da vida humana, na cultura dos seres. Curiosamente é das pessoas que cultivam o mal, a superpotência, a falsidade (o ‘bem parecer’ que trás a oculta intenção de prejudicar) que eu topo mais facilmente, pessoas do tipo das que têm interesses ocultos, maléficos, e que têm objectivos condenáveis, injustos e realmente desequilibrantes do que deve ser a vida dos seres humanos de hoje em dia que devem ser assertivos, que buscam a paz, a inteligência, e procuram ser altruístas. Falo daqueles sugantes de vidas humildes, ingénuas ou simples e boas (de bom espirito, bom coração). Pois, cheguei à conclusão que há forças muito negativas que envolvem o meu mundo, forças que vêm a raiz da minha nascença. Talvez esteja a falar das raízes do mal que me envolvem e que têm origem numa raiz maléfica forte, que infelizmente não foi, pelo contrário, a raiz justa que devia alimentar-me com mais intensidade, e me devia dar o suco do bem.
Tudo indica grandes mudanças a médio prazo, o mundo vai mudar decerto muito, e eu também não concebo o futuro de outra maneira, segundo o que me é dado a conhecer e a saber. Temo que essas mudanças sejam negativas e afectem a minha vida ainda mais. Ou então mais uma vez eu estou a complicar a vida, como tantos o fazem, e este sentimento seja o sentimento da perda gradual da própria vida, da inconformidade com um destino que é reservado aos fracos, que além disso, se revoltam por serem fracos, EU.
Timelapse: num lapso de tempo, as principais memórias da nossa vida percorrem a nossa mente consciente a um ritmo e de uma maneira incontrolável [antevejo a morte, a sua proximidade, quando tudo começa a acelerar, quando tudo reage para que sobrevivamos, para que tenhamos mais tempo, porque a nossa hora ainda não chegou, digo eu. E acredito que os momentos finais são dados num timelapse da memória]. Cada pessoa, acredito que cada ser também, tem uma maneira diferente de sentir a passagem do tempo. 10 Anos de uma vida, por exemplo, no tempo geral, são 10 anos para todos, mas a mudança interna e externa que se deu em cada pessoa, mudanças intrínsecas e extrínsecas que se dão individualmente jamais são iguais. Uma pessoa nasce e passados 10 anos já está muito diferente, em condições normais está com a pujança da vida em todo o seu ser. Em contrapartida, um velhote, com 70 anos, por exemplo, está com uma evolução mínima e cada vez menor da sua vida e cada vez mais travado e com as forças em decadência. Em 10 anos houve pessoas que percorreram milhares de quilómetros, assim como houve pessoas que pouco saíram à volta do seu lugarejo ou mesmo de suas casas. Em 10 anos houve pessoas que poucas vezes estiveram duas ou mais vezes no mesmo sitio, enquanto que outras não saíram do mesmo sitio. Nós mesmos não sentimos o tempo a passar sempre da mesma maneira. Sei que muito do que estou a dizer são banalidades para muita gente, mas garanto-vos que a profundidade do que sinto ao dizer as aparentes banalidades não tem medida nem justificação, nem sei se terá alguma razão de ser. A minha presença nesta vida não é indiferente a ninguém, os meus timelapse (‘s) são constantes, a minha memória anda constantemente estimulada, mas sem método para gerir essas memórias e emoções. O que eu sinto é real, e tenho pena se não puder utilizar todo este manancial de memória e emoções na minha vida em meu proveito próprio, de modo a dar um sentido à minha vida, uma paz que eu tanto ambiciono e necessito. A vida pode ser subtil, e penso que o é, para quem é subtil. A vida fala-nos da mesma maneira que nós falamos para ela, se falamos alegremente ela nos responde do mesmo modo, assim se lhe comunicamos de uma maneira triste assim ela nos responde do mesmo modo. Mas a vida também é metafórica, sarcástica, irónica, ambígua. Ela faz-nos estar e/ou sentir como se estivéssemos no topo do mundo, cheios de energia e sorte, assim como que por absurdo e incompreensível que seja ou pareça ela nos despreza e nos faz sentir a mais insignificantes das coisas, joga connosco como se fossemos insignificantes e indiferentes. E frequentemente sinto que tudo parte de nós, mas não sempre, como se houvesse uma osmose entre o que somos e o Universo que nos envolve.
Timelapse, um lapso de tempo, pequeno espaço de tempo em relação ao já vivido, onde toda a nossa essência é revelada na memória de uma forma consciente, quando sonhamos - quer a dormir, quer quando sonhamos acordados [eu sonho acordado, em timelapse constante] -, quer seja revelada quando a morte nos rodeia de forma intensa e todo o nosso ser osmótico reage em relação a esse Universo que nos envolve e que nos quer reduzir ao nirvana. Um mundo de imagens percorre a minha mente, timelapse, imagens que vi em filmes, imagens com som, tacto, cheiro e sabor, a intensidade da minha vida captada através dos meus olhos que diz ‘sim’ a essa osmose entre mim e o que me envolve; imagens que sonhei, histórias que invento ou factuais e que acabam por alterar a minha realidade. Existe timelapse quando tenho medo de perder as estribeiras da vida e que tudo me caia em cima. Em timelapse construímos (eu construo) a nossa história, que mais não é a essência do que algum dia fomos, retratada de uma maneira hiper-acelerada, um resumo imagético, em que tentamos perdurar no tempo. Entrei numa dimensão onde o timelapse é uma constante, onde por cada passo que dou e cada olhar que tenho, com sensações à mistura, me levam a ter imagens em catadupa do que fui e do que serei, um aceleramento da vida, para que possa remediar os factos do meu passado, tentando dar significados agradáveis aos maus e/ou incompreensíveis momentos vividos, e para que me possa antecipar ao futuro e remediar e/ou alterar percursos menos bons.
Eu não sou grande, jamais me senti grande, sinto-me constantemente a mais ínfima das coisas, o mais pequeno e insignificante dos seres, mas sou um eterno revoltado por ser assim, um insatisfeito por não me ser permitido o desejo da mínima normalidade, por não ser aceite como sou - e isso eu sinto-o, isso de não ser aceite, porque só facto de me dizerem que me aceitam sei que não querem dizer a verdade do que no fundo sentem; e todo esse sentimento de não ser aceite como sou se agudizou com o desdém e o desprezo original, do meu nascimento; sei que este tipo de sentimentos se deve ao sempre me ter achado uma pessoa especial sem compreender o que significa isso [concerteza que vai daí], o facto de ter ideias erróneas do que se é ser especial. Acreditei piamente que havia algo muito superior a mim e a tudo quanto eu conheço que me tinha a mim por especial se agisse segundo os preceitos do bem; e eu agi segundo o que achava serem esses preceitos, cresci na plenitude dos meus sentidos convicto de que não estava a infringir esse ideal que me daria ‘direito’ a um amor supremo desse ser imenso que me protegia e que me vangloriaria, me escolheria para ter uma vida de paz, de amor, de verdade. Acreditei que isso era possível (!), acreditei piamente (!), mas o mundo desmoronou perante o sofrimento de eu ser um ser-vivo que vive à mercê dos elementos da terra e do Universo, e que não passo de mais um ser indiferente, que quando não dança ao sabor dos elementos, do vento, quando não acompanha a corrente do rio é ou pode vir a ser brutalmente atropelado por toda a vida que um dia já esteve do meu lado, por aquilo que um dia parece ter-me defendido e ajudado a crescer e a ser homem. E é simplesmente como é, para que complicamos, para que complico? Não sei… Um timelapse constante invade meu espírito, as minhas imagens tornam-se cada vez mais intrusivas no meu olhar, não me deixando avaliar o que vem de fora dos meus olhos, dando o meu espírito primazia às imagens que estão cá dentro da minha mente. Luzes explosivas invadem meu espírito, tentando ser o inverso daquilo que sou, ou seja, em lugar de ser pequeno e indiferente nesta vida, esse timelapse, essas imagens são luzes imensas que me invadem a alma e me fazem sentir no reino do céu, sentindo-me grande quando em sintonia com o mundo que me envolve, fazem-me sentir parte daquele ou daquilo que esteve sempre comigo, aquilo que eu sou, de onde vim e para onde vou, onde sempre pertenci.
Sento-me nesta cadeira que tão bem conheço. Pelo menos conheço a maneira de eu me sentir sentado nela. Não que eu esteja sempre a olhar, ou que eu tenha olhado para ela profundamente e que conheça mentalmente da maneira como ela é feita, o pormenor do seu encosto tão bem conseguido e dos seus braços de encosto tão bem desenhados. Realmente, quem a desenhou é artista. Mas eu não, não sou observador, limito-me a sentir e a analisar o que sinto, faz já muito tempo, limito-me, no caso da minha cadeira, a senti-la, simplesmente, e a sentir (analisar) a maneira como ela me faz sentir. Entrei por esta vereda já faz muito tempo, talvez tocado por um dom desde que nasci, para compreender quem sou, o que sou e o que fui, porque, talvez, me tenha apercebido que o caminho ia ser difícil, o ambiente da minha vidaque eu ‘vislumbrei’ à nascença (antes mesmo de ver visualmente e antes de ter consciência) era negativo, como se houvesse um condicionamento enorme daquilo que eu queria ser, algo que, sei hoje, punha em causa a minha existência. Sei agora que eu era (já não quero dizer ‘sou’ - e isso é óptimo) uma crise existencial antes mesmo de eu sentir essa crise racionalmente e compreender abstractamente esse meu passado que fui reconstruindo na minha mente. Tento pôr em palavras aquilo que sinto, mas sempre me foi extremamente difícil fazer isso. Sempre fui muito fechado e muito pouco expressivo. Desenvolvi, à medida que o tempo passou, a característica de me tornar um espectador atento e observador (sendo neutro no contexto, tal como um espectador televisivo), à medida que me ia tornando cada vez mais fechado, reforçando essa característica da qual nunca mais consegui sair e dificilmente sairei completamente porque tornou-se numa característica de mim. Desenvolvi de tal modo essa característica em que me tornei, que me sinto péssimo no centro das atenções e não consigo facilmente fazer parte activa do contexto social em que me encontro, sou completamente o oposto (ou pelo menos já fui muito mais) de um exibicionista, ou uma pessoa extrovertida, que gosta de se manifestar na presença dos outros. Se ser exibicionista não é uma característica apropriada, sei, por experiência própria, que ser o oposto (que é aquilo que eu sou ou que sinto que sou) também é uma característica desvantajosa, ainda para mais no mundo de hoje, que até se ‘pede mais’ para se ser extrovertido e um ser social. E para compreender ou descobrir aquilo (aquela ou aquelas coisas) que não me deixam ser uma pessoa normal no que diz respeito ao relacionamento social eu tenho trilhado mentalmente caminhos e mais caminhos, tenho pensado e repensado sem parar, tenho comparado ideias sem fim, tenho comparado incomensuráveis situações da minha vida, tenho inventado e reinventado situações (para descobrir uma linha de verdade), tenho tentado ir ao cerne dos problemas, na ânsia de ainda ir a tempo de remediar tanto estrago que tem havido na minha vida devido à falta de um equilíbrio que me falta, uma normalidade na vida. Como pessimista que tendo a ser, vejo difícil essa ‘normalidade’ vir a concretizar-se, vejo muitas variáveis contra as quais tenho que lutar e contra as quais sigo lutando, para chegar a bom porto. Mas no meio disto tudo há a verdade da minha vida, há situações e ideais que são os motivadores de tudo isto, que é a minha vida. Contudo, vejo que no meio desta tempestade nocturna, há um farol que me guia. Sinto que faça o que fizer, aconteça o que acontecer, há um sentido, há forças que me hão-de suster, há uma maneira única de dar sentido ao mundo, e essa maneira é o meu espírito, éaquele que eu sou, o Eu com o qual me identifico e que mais ninguém pode valorizar do que eu. E vejo-me como um ser que luta, na verdadeira acepção da palavra, talvez de modos misteriosos e não visíveis, a maior parte das vezes. Mas é esse mistério daquilo que eu sou que me faz ser forte, porque a aparência é muitas vezes enganadora.
Procura-se assunto para escrever num blog. Acho que muita gente procura. Eu sinto os assuntos a jorrar de mim para o vazio à medida que caminho sem aquela alma que deveria estar do outro lado a ouvir-me, dar atenção e sentir-se interessada por aquilo que tenho para dizer. Acho que vou começar de qualquer modo. Tenho tanto para dizer, tenho cada vez mais para dizer. As ideias fluem sem parar, as imagens passam e associam-se, a base de dados torna-se maior, e o tempo, esse, cada vez mais escasso e valioso. A motivação que nos leva a escrever, neste caso num blog, é o motor que pode durar mais ou menos conforme a qualidade desse motor, dessa motivação. E eu aqui sou um actor, eu sinto-me como tal, e no entanto não deixo de ser eu, mas, cada vez mais o sou. A motivação que me faz viver é a mesma motivação que me faz continuar a lutar por aquilo em que acredito. E aquilo em que acredito é: diga o que disser, faça o que fizer, ou simplesmente siga silenciado, tudo se resume a viver, porque eu estou vivendo! Luto pela vida porque a morte é certa e inesperada. Luto pelo poder que a vida tem, à minha maneira, da maneira que posso, porque mereço viver, porque algo que me transcende me diz que devo continuar a viver, doa o que doer. Uma motivação é sentir. Não devemos abdicar de sentir. Temos em nós a força da nossa vida, não devemos procurar no óbvio a força que nos faz viver. Eu procurei ardentemente no outro a força da minha vida, como se no outro estivesse o meu destino. São tão complexas as forças que unem os homens e no entanto como podem ser tão diferentes das forças que nos fazem viver e que só nós conhecemos. Essas forças que nos unem, essas energias que nos envolvem e que nos ligam e desligam uns dos outros são teias imensas, de tal modo que me custa a acreditar que tudo terá um fim, mas que aceitarei se assim o for, mesmo que nunca venha a ter respostas para isso. Por vezes, queremos dissertar sobre assuntos, queremos pegar num tema e desenvolvê-lo até mais não poder. E, eu, muitas vezes, pego no vazio e na incapacidade de aparecerem temas e desenvolvo as ideias que muitas vezes nada têm a ver, aparentemente umas com as outras. Eu desenvolvo, muitas vezes, temas baseados naquilo que sinto. Sei que posso estar aparentemente a falar no vazio, mas tenho a esperança que no momento certo tudo será dito e feito. Tudo têm um momento próprio para se fazer. E a gente sabe quando chega esse momento, porque o sentimos, assim eu o espero sentir. Idealizo o mundo à medida da minha experiência física e mental. E o mundo transcende-me infinitamente, embora eu ainda tenda a duvidar, e a questionar-me se o mundo não poderá ser abarcado pela minha mente conhecedora, é que tantas vezes me parece tão pequeno quando estou no meu mundo que confundo o que é o meu mundo com o mundo que existe lá fora e que açambarca o meu. Oh! Como é bela a semântica, como é bela na escrita, a dualidade de ideias dentro de uma expressão frásica. E digo dualidade como digo pluralidade de ideias que nos podem levar à esquizofrenia, ah, mas eu não queria ter mais medo, o medo é o que realmente não nos deixa viver. E, mais, falo também em auto – estimulação, a capacidade de nos desenvolvermos, ou desenvolvermos uma capacidade sem haver um estímulo real a provocar-nos tal desenvolvimento. São só assuntos e mais assuntos acerca do que se sente. Tanta maneira de dizer a mesma coisa que por sua vez trás tanta falácia, assim é o discurso humano do qual tentamos extrair o suco e tentamos apura-lo de modo a que sejamos cada vez mais perfeitos, aparentemente… Também tenho estímulos que me impelem a que me manifeste, a raiva é um deles, a contrariedade que me envolve, como se fosse realmente um ‘Mr Anger’ [expressão tirada do blog de ‘Mr Anger’, anger = raiva], que na verdade reside em cada um de nós.
Tanto assunto, e só um é o que é mais falado. O amor. Tanto assunto confundido num só, o amor. Tema que faz grandes músicas. O amor. Tema que nos faz mover. O amor… e o sexo. Antes só podia dizer amor, sexo era proibido, mas agora não, os tempos são outros, até já o diz o meu avô. Ainda bem que existe liberdade de expressão. Ainda bem que somos livres, e deixem-me que vos diga a crua e nua verdade, somos livres de destruir este mundo, desculpem que vos diga, mas os vossos filhos estão enterrados na lama e ninguém pode fazer nada. Como pode alguém pode confiar em alguém no mundo que corre? O clima de desconfiança é total. Desfrute quem pode desfrutar, porque quem não pode tem que aguardar por uma benesse que caia do céu. Que Alguém os salve, porque eu já não posso mais. Nunca me esquecerei, que ainda me chamaram burro. O burro era eu ?!!! Não posso mais, nem do meu destino sou dono. Como há gente tão cega? Desculpai que vos diga. Porque tenho eu que seguir este destino autómato? Acessos de raiva dão conta de mim, nesta vereda de palavras. Acessos, esses, que nunca se manifestam, a vida é demasiado curta para isso. Mas tenho que jogar este jogo, da vida, esta viagem eterna pelo mundo, tenho que entrar no jogo para viver, e no entanto eu não pertenço aqui. Eu que compreendo, pelo menos tento, acho-me vitima, de tanta incompreensão. Procuro a luz da coerência, a luz da coerência da minha vida. Outro assunto: A angústia existencial. O porquê de a minha vida ter sido assim e não de outro modo, porque não pude ser feliz quando queria? [A alteração do estado de espírito nota-se a cada frase que passa.] Como pode um homem seguir sereno? Como podes seguir sem conseguires dizer ‘desculpa’? Como me humilhei perante esta vida e nem sequer foste capaz de mostrar compaixão! Busco uma causa que responda à minha questão do porquê de mim estar aqui e agora assim. Porquê? Jamais serei eu quem te pode perdoar, o infinito Universo tratará de te julgar na justa medida. Anseio por ter uma paz, agradeço a que me é legada hoje. Desde o fundo da minha alma, até essa alma que está do lado de lá de um monitor ou onde quer que estejam, num espaço que eu nunca conheci com os meus olhos mas que eu o acolho com a minha alma. As almas vibram em conjunto, e juntas tem um poder, o poder mais alto que nenhuma alma só pode alcançar, esse é o poder do êxtase seguido da destruição. Não posso avançar uma data no tempo, porque o tempo é relativo. Mas posso avançar que é inevitável. Vejo seres que depositam esperança em tudo o que o homem criou, eles participam activamente dessa esperança, eles são o móbil da sociedade futurista, da sociedade que inventa e reinventa, acelerando o que é uma verdade inultrapassável, inabalável, e inconcebível neste ponto do tempo, a meta que todos anseiam alcançar. E o móbil é o mesmo de sempre: a sobrevivência, quero dizer, o amor, ou seja, o sexo, isto é, tudo à mistura.
Sei que posso significar tudo e posso não significar nada. Sei que posso ser o ‘assunto’ ou posso não passar de um conjunto de gatafunhos que não se entende nada. Mas uma coisa gostaria que nunca mais perdesse, era que eu nunca me esquecesse de quem eu sou, jamais, que jamais me voltasse a perder de mim próprio e da minha relação espiritual com o Universo. Porque há pessoas que dizem para ser este ou aquele e eu pergunto-me: porquê? Eu que não sou actor na vida, eu sou actor apenas na tábua rasa. Na vida todos me conhecem, porque EU SOU ASSIM COMO SOU, esta indefinição que se define nos espíritos daqueles que me vêem e sentem. Escolhe o que sou, mas pensa que terás que viver com aquilo que achas, o que pensas acerca de mim. Escrever pode significar um vazio, quando nas palavras que exprimimos não há consenso entre um vasto número, maior ou menor, de pessoas. Mas pelo menos temo-nos a nós como espectadores (e expectadores) de nós próprios, e resta-nos a consolação de nos termos a nós próprios como melhores amigos, de revermos e reinventarmos as nossas ideias. Temos que avançar, mesmo que não vejamos resultados imediatos, mesmo que nada faça sentido, mesmo que não sejamos reconhecidos, porque devemos ter a esperança que encontraremoso sentido algures no futuro, eu o espero. Devemos espalhar as sementes hoje para que no futuro as vejamos germinar, já agora as sementes do amor. Eu espalhei, eu espalhei… não é que o clima me atraiçoou? como eu posso perdoar o clima? E como eu posso perdoar quem manda nele? E quem mandará nele? Porquê (?) o meu destino, esta inter-relação entre passado e futuro, esta loucura de que alguém quer transmitir que o louco sou eu (?) Engole o que disseste (!), não cuspas na cara de quem está acima de ti. Desiste. Eu desisti. É verdade: arrependo-me e ao mesmo tempo não me arrependo. As coisas são como são, não há volta atrás. Mas a vida é justa, cada um tem o que merece. Queres que eu te empreste os olhos para veres pelo meu prisma, queres ser eu (?), então sê actor, e, nunca serás EU, porque um actor não passa de um palhaço -como eu o serei para muitos que lêem estas letras desgastadas pelo sono dorme! O universo te reequilibrará. Os assuntos? Não interessa… sê simplesmente, escreve simplesmente, dá vida às tuas palavras e ideias, dá-lhe alma, e elas tornar – se - hão vida – talvez eu o diga para mim próprio, tão-somente, para infligir em mim uma auto – energia de optimismo.
Até ao próximo assunto.
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