Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Aprendi que tudo se conquista com esforço. Aprendi isso na pele, e, no entanto, conquistei tão pouco, segundo a minha ambição como bitola. Decerto só fiz o humanamente possível. Impingiram-me, nos ideais, que a vida é dura, e, decerto, não sei vê-la de outra maneira senão por esse prisma, mesmo que ela não o seja (mas sei que isso é relativo a uns e a outros). Não sei o que é ganho fácil. E por mais que tente, o tempo passa, mas, é como que a vida não vai para a frente. Quem somos nós para movermos o que quer que seja sem um Fulcro? Que podemos fazer nós de grandioso sem a invenção técnica de um mecanismo que nos permita sobrepujar as nossas forças. Em que a Grandiosidade se apoia? A nossa mente? Em que maquinas inventadas nós montaremos para aplanar a montanha? Até quando haverá combustível para alimentar essa mesma máquina? Porque saímos da harmonia rumo a um futuro incerto? Harmonia? Desde quando ela existiu (olhando aos pormenores)? Não, a harmonia não olha a pormenores, mas para um bem geral, o equilíbrio, exaltando uns e atropelando outros. Somos todos e tudo o que existe sempre manipulados por algo que sempre nos ultrapassará. Saímos do abrigo das cavernas, conquistámos a Terra, humanizámos o mundo e continuamos a descobrir maravilhas. Queremos mais, queremos tudo numa vida. Não queremos ser responsabilizados por nada, como que se a Terra nos tivesse que dar aquilo a que temos direito, Liberdade na ação. Liberdade na ignorância - digo eu. Porque nos foi Permitido chegar até aqui? Grandes vontades de certos seres humanos se impõem. Grandes interpretações nos levam mais além, e, no entanto, a Verdade não é alcançada, Ela não se mostra como os homens querem. Ciência para alcançar a Liberdade? Mas o que é isso? Os homens preferem a ignorância, o jogo do oculto, a impotência mascarada de potência, show off. Assim vai o mundo. Vede. Senti. No fundo sabemos quem somos. Sabemos que necessitamos de onde viemos, das Origens, de nos compreender conscientemente. E, contudo, poucos serão aqueles que poderão estar na mesma situação, idêntica diga-se, duas 2 vezes, parece-me, porque é tão precioso (!) o contexto único das coisas… Mas a que preço nos poderemos conhecer melhor? Vivemos do esforço de outros, os nossos antepassados. Tão críticos connosco, tão exigentes, movendo-se aleatoriamente segundo o que parecia, ao olhar ‘’ao longe’’, mas com firmes ideias, convicções e direitos de viver (tanto uns como outros, tanto humanos como animais), quando percebido o contexto em que agiam; tantos erros cometidos, além do mais, e, mesmo assim, devemos-lhe tanto… -Só o homem tem ilusão. Não sei se agradeça essa ilusão que nos faz mover, ou se será ela que nos irá destruir, ou, talvez, vangloriar ao nível da Magnificência, um vislumbre fugaz de Momentos psíquicos. A Psique a atingir sempre que nos seja permitido, essa Grande Ilusão.
Faz muito tempo que não escrevo. A apatia e desânimo tendem a tomar conta de mim; já não vejo um mundo imenso à minha frente, aquele mundo que me parecia possível de conquistar, de imensas possibilidades e onde cabia a minha possibilidade. Onde está a motivação de outrora? Aquela que me fazia ter esperança, aquela em que me fazia acreditar na tolerância, numa terra em paz e em liberdade, onde a minha paz e liberdade era possível. Agora vejo a vida do tipo de um jogo de copas, onde revejo a metáfora da minha vida, por mais que tente só consigo ganhar 1 em cada 4 jogos, por mais que tente…. Muito ocasionalmente, tenho uma pequena sorte eclipsante de ganhar 2 seguidos, mas quantos jogos e quantos, eu não tenho perdido seguidamente sem ao menos ganhar um. Com este pequeno exemplo, tenho a indução de que [tenho em mente que] não podemos quebrar as leis da vida, nem do Universo. O problema existencial parece-me ser o grande problema da minha vida do qual já não vou sair, muito provavelmente, se bem que me resta alguma esperança na medida do tempo que me restará de vida, mesmo sem saber qual é esse tempo; O problema de acreditar em coisas como certas, como factos, sem na realidade os poder provar, talvez jamais o poder provar traz-me uma frustração, terem-me posto na mente uma ideia que se cimentou tão fortemente que não se pode transformar, a de Deus, a da existência do correto, do bem [e do mal], uma prisão que nos acorrenta para a vida segundo a vida de Cristo; Ideias que ficam em nós [que ficaram em mim] de medo, muitas das vezes sem fundamento, a cobardia pelo medo da injustiça, quando a injustiça faz parte da casualidade dos acontecimentos, das leis da vida e do Universo, tal como as leis do jogo das copas. Pergunto-me se o que sinto é real (?), no sentido de que tudo isto que se passa em mim e comigo tem um propósito; Terá um propósito que eu nunca poderei compreender? Que desgosto traz a minha ambição; porque não serei um ser normal (?), com vontades comuns aos outros humanos, com desejos limitados, satisfazendo-me com respostas imediatas, com a ilusão de uma criança que se contenta com o comum, bastando o sentido do sentimento de que só o que se vê é o que existe. Com o que sou marginalizo-me e marginalizam-me; marginalizam-me esses, os comuns… ‘’idiotas’’, penso, ‘’a vossa vida é de escravidão, tendes um espírito pequeno de mais’’, e no entanto sou igual a vós porque sou feito de material perene; oh! Se o que vai na alma realmente contasse da grandeza de uma pessoa e fosse fonte e força de sobrevivência! O quanto eu quis desde sempre ser grande e sentir-me bem, mas, quão errado estava, com esse desejo de sonhador, quando, afinal, sou de carne e osso, feito de matéria finita, suscetível de dor, com a necessidade de ligação aos outros seres; ligação, essa, que não consigo ter, fazendo-me trilhar por estes caminhos solitários, insatisfeito, guiando-me pelo paradoxo de desejar o contato com o outro e ao mesmo tempo só me parecer que o outro me faz mal, como o inimigo, como o diabo que me tenta estragar a vida. É certo que sou um ser incomunicável, onde quase que só existe o sentido direcional do tragável, da absorção, da assimilação descontrolada; na minha pessoa não há diálogo, não há expressão do meu ser; além do mais pensava que compreendia as pessoas, mas quando estou com elas não me parece isso, e vejo que sou eu que não estou a perceber o contexto e a agir em conformidade com o que me envolve; não ajo como as sardinhas que se movem em uníssono, como as aves do céu que dançam harmoniosamente em bandos; sou um ser solitário, como os seres solitário que vagueiam por esse mundo afora, tímidos, não sociáveis, com estratégias de sobrevivência fantásticas, vivendo em habitats inóspitos para a maioria dos seres, tendo características únicas. Penso ainda que tenho uma compreensão do mundo especial; mas como pô-la em prática? Como tirar proveito disso? Como sentir-me bem com o que sou e o que sinto? É certo que as pessoas não são todas iguais, más, como pode transparecer da minha ironia de escrita, do exagero daquilo que de mal sinto em mim e na minha vida; só que não compreendo porque vem a mim todo um conjunto de sentimentos que não queria ter com os outros, uma vida de mal-entendidos constantes. O legado que me deixam não me agrada, não quero ser um falhado, não quero morrer em vão, não quero a injustiça, sobrevivo na procura da paz de espirito, de jus. Assim, digo que extrapolo aqui (nesta escrita) ao máximo aquilo que sinto na verdade, na tentativa de que o mal não aconteça na realidade externa a mim. Senti-me perdido um dia, nada mais fazia sentido, não havia comunicação com o exterior, restou-me a juventude, que me traz aqui ainda, para prosseguir, e a internet para me restaurar; pergunto-me se não viverei na mesma uma ilusão, a internet não me dá as capacidades de comunicação que nunca desenvolvi, a oralidade, a relação humana, o ‘cultivar dos olhos nos olhos’; será que escrevo para o vazio, tendo apenas ecos de silêncio, pensando que estou fazendo bem a mim mesmo quando apenas estou a desperdiçar o tempo? Falhado não sou, não, não sou, sou um camaleão que se tenta disfarçar no meio ambiente, ou um ser que se fecha na sua carapaça superforte para se proteger porque a natureza não deu outros meios de proteção. Não, falhado não sou! Porque, afinal, vivo há mais de trinta anos, e isso me torna um ser abençoado, conhecedor e sabedor; sou um ser bonito, magnífico, com uma história de vida e um destino que só o Universo pode saber o porquê de ser assim. É o sentido desse destino que fortemente me condiciona!
Não dá para contar. Não há por onde começar. Não há acabar. Não há ponta por onde se lhe pegue. É assim simplesmente. Ninguém a pode mudar. Talvez o tempo… mas o tempo não é gente.
A inspiração é um dos componentes quer nos faz mover. Mas há muito mais. É o que me falta agora. Há momentos em que um simples grão de praia faz-nos pensar em imensas coisas, tal como a terra que, no Universo, é um grão pequenino e que afinal tem tanto que se lhe diga. Há momentos em que a mente fica em claro, tal como esta folha estava originalmente. Não há inspiração, não há algo que nos leve a refletir, deduzir, examinar através do pensamento. Tudo foge da mente, tal como o tempo foge e, sem ser palpável, nós sentimo-lo. Quiçá o pensamento seja da mesma onda ou frequência do tempo, daí nós sentirmo-lo. Não há nada, mas mesmo nada em absoluto, no sentido mais radical e essencial do termo, que esteja imóvel, mesmo que a nossos olhos assim o pareça. Assim o diz a ciência, através da explicação de que a matéria é constituída por átomos e neles existem outros ‘componentes’ tal como eletrões em constante movimento. Daí que na perspetiva de nossos olhos está imóvel, mas na perspetiva microscópica isso não acontece. Tudo define o tempo então. O melhor, penso, seria talvez andar-se à caça de inspiração, isto é, em lugar de estar aqui à espera que ela me possua seria eu que de papel e caneta em punho iria andando e certamente na hora que menos esperasse, ai estava ele, e, esse seria o momento para o aproveitar. Estes olhos […] são fonte de inspiração e desejam ver e ver. Estes ouvidos querem ouvir e ouvir. O nariz cheirar e cheirar. Enfim, sentir sentindo, através dos sentidos, cinco dizem. Afinal são eles fonte de inspiração. Mas este são os sentidos físicos. E quanto à existência de ouros sentidos, paranormais, digamos assim, já que está na moda, aquilo que vai para além do que denominamos normal? Bem deve ser uma questão de perspetiva. É bom que se tenha boas perspetivas, faça-se por elas, em.
Olhemos agora para a realidade. Quem és tu afinal? Alguém encurralado dentro dessa máscara eterna que por mais que mude, hás - de ser sempre, sempre, tu. É essa máscara o segredo do teu sucesso? Ou é ela a causa da tua infelicidade? É ela que te faz mover ou é ela que te aprisiona? Quantas dimensões tem o homem? Por acaso estou a ouvir uma música que diz: ‘’ The beautiful people’’. Que máscara é essa? O belo como é? Como podemos ser livres? Tirando a máscara? Sendo nós mesmos? Mas onde?
Liberdade, aqui estamos nós e aqui estás tu. Justiça, aqui estamos nós e onde estás tu? Amor, andas no ar…, mas, afinal, como te apanhamos? Solidão, de onde vens? Foi a liberdade que te chamou? OK. Mas a realidade o que é afinal? É a maneira como tu vês ou sentes ou será a maneira como eu vejo ou sinto? Mas… mas que mas. De onde vens tu ‘mas’? Foi a inteligência que te criou?
Que foi isto?! Sim, promiscuidade. Também dela se tira qualquer coisa, afinal. Alguma inspiração, talvez… Se até a vida veio do nada, da promiscuidade sempre virá qualquer coisa também.
Afinal ‘Promiscuidade’ não é o mesmo que diversidade, pois não? Diversidade faz parte da vida natural, promiscuidade faz parte da vida humana.
OBS: Este texto foi originalmente escrito nos anos 90.
Espirito inquieto, insatisfeito, inconstante, revoltado, confuso, que revolta o pensamento. Profundidade com ‘P’.
O sentir do teu íntimo, constantemente. Aperceberes- te do que se passa à tua volta, passivamente.
Pensar, com ‘P’, o quão fútil ele é. Aceitar-me como sou, integrar-me no mundo. Esquecer o meu mundo. Passar o tempo. Expor os meus ideais. Vencer. Lutar. E sobretudo ser livre. Sou livre. O fim é certo. A vida é banal. O nascer é especial. Propor-nos um fim. Sentir-se seguro.
Poderei eu ser um mártir? Defendo algo muito difícil de definir, defendo os meus ideais que julgo desde sempre serem puros, a favor do equilíbrio por exemplo, a favor do bom senso, da empatia, a favor da defesa da beleza deste mundo que é prejudicado por almas que não sei porquê mas nasceram com um espirito de destruição, de competição desenfreada, longe da harmonia e da paz de espirito, num mundo humano onde a teia dos ideais, das ideias, das palavras, dos conceitos estão entrópicos; admito que os números são excessivos, a população, admito que posso estar a mais, e, se me tivessem dado a escolher, não quereria ter nascido decerto, se bem que fico glorioso quando sinto um bem-estar que não nego, e que me pode suceder, pelo menos por enquanto. Quando falo em ideais puros não significa que eu sou puritano (por exemplo), no sentido de querer dizer que sou contra o sexo por prazer, que apenas deve servir para procriar, mas também não defendo o contrário; não defendo que o casamento deve ser para toda a vida mas também não defendo o contrário - a natureza, tudo o que tenho aprendido sobre ela me diz que não há leis absolutas, muito menos as dos homens o serão com suas culturas feitas como que para deleite de alguns e abominação de outros, e me parecem, muitas vezes, injustas (e não me cabe a mim destrinçar sobre quem são os injustos e os injustiçados, tenho as vistas muito curtas para perceber essas coisas); as leis do homem não estão acima das do mundo e do Universo -; por consequência, não significa que defendo a religião cristã, ou, muito menos, a igreja, mas, não quero dizer que sou contra ela também; substancialmente penso que tudo em si tem algo de bom que se aproveite em maior ou menor grau, em maior ou menor quantidade de bem, pena que o mal, por mais pequeno que seja manche todo o bem facilmente. As leis dos homens são regras que alguns conseguem respeitar e tê-las a seu favor contra outros cuja natureza ou o fato de serem néscios, aliados ao desconhecimento dessas regras os leva a viver em stress numa luta desigual, a meus olhos, que jamais poderei defender; ou então sou eu que estou enganado acerca das leis deste mundo, e então serei eu um mártir? Pessoalmente, sofro por estar fora ‘dessa’ cultura, sofro pela injustiça de não me deixarem ser livre, sofro e vivo por um ideal ou ideais que não querem ser aceites, sofro pela contrariedade a que fui submetido e sei lá que mais poderei exponencialmente dizer, poderei eu ser um mártir então? A questão não está se eu gostaria ou não de ser um, mas reside na forma como a minha vida foi encaminhada, parece-me que no caminho de um mártir, operador de grandes mudanças mesmo que a causa dessas mudanças não se vejam; a vida chamou-me desta maneira, parece que me pede para me reencontrar aqui, como estou fazendo agora, para fazer coisas e estar em sítios que na verdade não deveria estar, não queria estar [Talvez, decerto, eu prefira o isolamento ao sofrimento da minha vida social onde tudo parece querer cair-me em cima na maioria dos dias, como aquela canção de Rui Veloso – Não Há Estrelas no Céu]. A minha mente abriu-se ao mundo talvez desde que fui concebido - sei que é especulação, mas talvez tudo o que nós somos começa lá longe, no passado, sinto-o [note-se que o ‘talvez’ é uma palavra muito importante para mim assim como é o relativismo das coisas, estou longe das certezas deste mundo cientifico de causa-efeito, deste mundo de objetividade em que tudo se pode explicar, não querendo eu ser propriamente apologista do ceticismo; sinto-me como um mediador de todos os extremos isso o digo com toda a certeza, essa é a certeza que me rege, esse é o equilíbrio pelo qual eu sofro também] -. Admito que existe em mim esse sentimento de querer ser um expoente máximo e ao mesmo tempo ser humanamente impotente perante a imensidade do que nos/me envolve, perante aquilo que pensamos/penso controlar mas na verdade não controlamos/controlo. Não tenho dúvida que atrás desta ‘mente aberta ao mundo’, o motivo de eu ter seguido a vida desse modo, está algo ainda indefinível e subjetivo, algo ainda incompreensível para explicar o porquê eu ter nascido com estes sentimentos, por ter seguido este caminho que segui e não outro, por não ter convergido no meu ser, mas, pelo contrário, precisamente, ter divergido no meu caminhar, no meu pensar. Por vezes sinto-me capaz de tudo, sonho acordado que o futuro me há - de correr bem, que hei - de ter sorte… e dou por mim a ter a autodescoberta de que afinal tudo o que peço agora, já o peço, repetidamente, desde bem pequeno, talvez até antes, onde a minha memória sentimental não consegue alcançar (por enquanto pelo menos). Quero mais. Quero viver. Quero viver de acordo com o que acredito, e não consigo aceitar que não posso mudar o mundo a meu bel-prazer, eu não sou Deus para mudar o mundo e transformá-lo ao meu ideal, que penso ser o verdadeiro. Há quantos anos eu sonho com a liberdade do meu espirito, com a paz dele, liberdade e paz, paz e liberdade, será isso uma utopia ou serei decerto um mártir? Aqui estou eu no mesmo sítio de sempre, esta é minha vida, estes são os meus sonhos de sempre, mudarei eu? Mudarei ainda? Serei feliz, ainda que de outras maneiras? Satisfarei o desejo de mudança para melhor? Ainda não me cansei de fazer estas perguntas de modo que acho que ainda me projeto no futuro.
Já que estou aqui neste ponto, deste Post, e, mesmo, deste blog, ainda vou falar na minha fisiologia e fisionomia e na grande contribuição que têm para que tudo se passe como tem passado na minha vida, talvez na contribuição do caminhar de um mártir, poucas vezes abordo esses lados da minha vida e que na verdade sei que são a causa de tanto atrito nestes problemas que abordo. Mas devo dizer alguma coisa agora, mais alguma coisa, agora: Não, não diria que fui amaldiçoado, sendo eu um monstro, não, efetivamente fico feliz por não o ser, e não desprezo a figura mais feia que ande por esta terra, aceito que há feios e bonitos mas devo constatar a minha situação e ver em que ponto estou desses extremos; efetivamente, já fui mais jovem e sentia-me bonito, não me considero velho mas tenho que aceitar que já não tenho 20 anos e que o horizonte não está aberto à minha frente, ilusionantemente; Apesar de não querer ser imodesto, posso dizer que me sinto uma pessoa de aparência normal, ou melhor deveria sentir-me assim a maioria das vezes, mas, algo se passa que não me deixa sê-lo (e afinal tudo isto também esta relacionado, ou seja, o que somos psíquica e fisicamente está relacionado entre eles); tenho reparado em mim mais atentamente de há poucos anos a esta parte, e tenho reparado coisas fisiológicas e fisionómicas que me têm feito sentir de tal maneira que me levam a escrever muito do que escrevo neste blog, tenho reparado na mudança de maneiras de estar das pessoas que me envolvem onde quer que esteja, já para não falar quando estou com a mente alterada - bem, mas isso dá outro tema; Sempre tentei autoestimular-me, pelo menos até certo ponto da minha vida, tendo pensamentos do tipo ‘sou bonito’ (tal como o fazia em relação a autoestimular a minha força de viver ao pensar ‘sou capaz’, ‘sou [uma pessoa] normal’), ainda tenho recordações que vêm lá do fundo dos sentimentos antigos, onde eu sentia que estava a ser alvo de atração física, sinto que havia capacidade de impressionar com o meu jeito de ser, com o que eu era, afinal, era jovem. Mas, há medida que me vou redescobrindo e montando e entendendo o puzzle da minha vida, eu não era um jovem normal, e sei agora que todo um peso recaia sobre a força da minha juventude e que o levava penosamente, mas, sempre com fé, sempre confiante, de que havia de ser forte além de forçosamente tentar disfarçar e ignorar aquilo que sentia, que não estava bem [o quanto eu fui forte, vendo as coisas como eu as vejo agora, como o sentimento da vida me apelou a viver tão fortemente, e, apesar de tudo, o quanto a vida me foi generosa para que eu vivesse e o quanto algo me apelou para que me esforçasse a seguir de algum modo, porque não se pode voltar atrás, nunca]; O mundo de hoje tem muita pessoa bonita, o padrão de beleza elevou-se, não o posso negar, e acho que muita gente está de acordo comigo e isso é um verdadeiro atrito para quem não tem os padrões mínimos que esta sociedade ‘exige’, é um problema mesmo, tal como o é para mim de muitos modos - explicar em poucas palavras todo este tema que se passa é complicado, e diria mais: ‘impossível em poucas palavras’, por isso não me vou alongar nele, se bem que, admito, rodeio o assunto na tentativa de encontrar melhores ideias com que me possa exprimir; as pessoas estão mais bonitas, pelo menos no ‘mundo mais rico’, digamos assim, as pessoas nascem com menos atritos psíquicos, nascem num berço de ouro por assim dizer, têm a sorte de ser bonitas, de terem um psíquico normal, digamos assim também, e isto tende a tornar-se uma norma, quer a gente veja isso dessa maneira ou não, além disso, os trabalhos são-lhes menos penosos fisicamente o que preserva o físico, e mais, o mundo tende a consciencializar-se de cada individuo deve tratar-se bem, falando de um modo popular, e para mais ainda, o mundo televisivo influência tudo isto, a propaganda da beleza e do bem-estar, com o seu grande poder de encaminhar as atitudes das pessoas, um poder que ainda nunca lhe pude ver a verdadeira dimensão na minha alma, no meu entendimento; desafortunados dos que nascem feios ou fora da norma, como sempre, o atrito, para eles, é sempre maior, e eu serei um deles, fora da norma, marginalizado, quando não marginalizado diretamente, indiretamente, e vou tentar dizer porquê da melhor maneira que puder e com a maior brevidade que conseguir: as ansiedades tomaram conta da minha vida, de tal modo que a minha entrada na vida adulta não foi nada fácil, apesar da força enorme que tive para suportar e levar tudo adiante, como já disse neste post e neste blog [não posso cansar-me de dizer tais coisas, não podem ficar por serem ditas, mesmo que me repita, desculpem o inconveniente]; estou a falar de fisionomia e fisiologia não é? Da minha… tenho pele clara, e a partir de certa altura da minha vida toda essa ansiedade que se acumulou devido a motivos que falo neste blog culminou numa explosão de rubores – tento imaginar o porquê de tudo se passar deste modo comigo constantemente, naquela altura eu descontrolei completamente, pelos meus 18 anos aproximadamente – Digo também que devo ter uma fisiologia muito própria, porque será que o sangue aflora deste modo à flor da minha pele(?), pergunto-me constantemente; Não sei porquê, meu sangue deve estar alterado, imagino, nele deve correr muita informação química que faz transparecer todo o ser que eu sou [e o ser que eu sou é sensível, delicado, estes são dois conceitos fortes que o definem, e é magnificamente belo como tem suportado as adversidades], isto deve de ser de tal modo estranho para muita gente, ouvir falar disto, que lhes deve parecer tolo, eu sei, essa gente não sabe o que é isso, tudo o que está relacionado com isso; A verdade é que tal - não quero descrever isso que se passa, porque me dói, dará para compreender? -, é fator de discriminação em muitas áreas da vida onde eu não devia estar e me tenho encontrado com elas; consigo ver situações e situações onde o olhar das pessoas dizem o que pensam, ‘n’ situações, consigo sentir o senso comum (o sentir comum) de incompreensão, reprovação, a maldade com que tantos deixam fluir seus sentimentos, as palavras que não conseguem conter, o descontrolo que toma conta de uma coisa que não querem aceitar, de sentimentos que até podem ser de superioridade e de gozo para com a minha pessoa - não posso defender os que são como eu, porque não tenho poder, porque não sei onde eles estão... – Enfim, conseguiram fazer-me mal por eu ter algo que não controlo, que não me passa com o tempo como se fosse uma bebedeira que o tempo cura e me aflige frequentemente, demasiadamente frequentemente, e, tal é a superioridade deles perante mim, que me tornam num bode-expiatório, um mártir, restar-me-á fugir? Para onde? Esconder-me? Enfrentá-los na sua incontável maioria? Lembro-me de, primordialmente, não compreender tais situações como se eu fosse um estranho em mim mesmo; posso dizer que, como pequeno exemplo, mesmo hoje a minha cor foi alterada pelo sol que apanhei, que ao invés de me dar um ar bronzeado me queimou e avermelhou o pescoço [que será dos albinos?] e não jorrou a face e o resto do corpo porque tinha boné e as roupas a tapar; Penso para mim, ‘não tenho uma doença demarcada e ao mesmo tempo várias falências tendem a aproximar-se de mim, com as quais eu luto constantemente’ - Black legend – You See The Trouble With Me. Imagino que muitos perguntem como pode o rubor, e o descontrolo dele e da pessoa que o incorpora, alterar a vida dessa pessoa, de tal modo, que seja tão doloroso viver (?) Mais ainda, como pode a minha fisiologia, descontrolada, noutros aspetos também contribuir para o meu martírio, ainda para mais? Pergunto-me. Que complô de destino é este? Porque não me aceitam como sou, e não faço eu o que posso simplesmente fazer, sem ter que andar neste sofrimento que tende a prolongar-se? E se eu jogar no euro milhões (?) e puder ser sortudo e viver em paz como desejo, passar a ser um felizardo anónimo, porque não pode ser de outra maneira. Que um raio de sorte me caia sobre o meu ser. Continua sonhando, continua…
Sintetizando: O meu ser é uma relação entre um psíquico extremamente ativo, uma mente não satisfeita, uma ansiedade que teve um pico muito alto, que me levou a andar nesta corda bamba desde tal colapso, com uma fisiologia alterada (não me referindo com isto a que sou excessivamente gordo) em interação com o psíquico alterado, baseando-se no fato principal de eu ter pele clara, aflito com rubores incompreensíveis, tendo eu ‘atingido’ entretanto patamares de conhecimento que supostamente não era para ter atingido, e, adquirindo, assim, um autoconhecimento de que tais rubores e ansiedades me estavam a destruir, a compreensão de que estava e sou marginalizado por eles, e quiçá me irão destruir paulatinamente, corroer as minhas fundações que me seguraram até aqui, porque não se pode vencer o mundo, as regras do mundo [malditas regras diria], a regra da sociedade, ou eu tenha muita sorte e veja o caminho certo a seguir sem grandes problemas.
Este texto foi escrito ao som de:
1. Pet Shop Boys - It's A Sin (5:01)
2. Peter Murphy - Cuts You Up (5:28)
3. Roxette - Listen To Your Heart (5:14)
4. Roxy Music - Take A Chance With Me (4:43)
5. The B-52's - Roam (4:54)
6. Chicago - If You Leave Me Now (3:56)
7. Billy Idol - Eyes Without A Face (4:59)
8. Bee Gees - Massachusetts (2:22)
9. Mike + The Mechanics - The Living Years (5:31)
10. Peter Cetera - Glory Of Love (4:20)
11. Prefab Sprout - When Love Breaks Down (4:06)
12. Queen & David Bowie - Under Pressure (4:05)
13. The Korgis - Everybody's Got To Learn Sometime (4:17)
14. Toni Childs - Zimbabwe (6:18)
15. Whitesnake - Here I Go Again 87 (4:33)
16. Whitesnake - Is This Love (4:42)
17. Will To Power - Baby, I Love Your Way / Freebird Medley (Free Baby) (4:07)
18. Yes - Owner Of A Lonely Heart (4:25)
19. Bee Gees - Tragedy (5:01)
20. Pink Floyd - Another Brick In The Wall, Part 1 (3:45)
21. The Eagles - New Kid In Town (5:05)
22. The Pretenders - Brass In Pocket (3:06)
23. Simon & Garfunkel - The Sound Of Silence (3:03)
24. Scott McKenzie - San Francisco (2:58)
25. ABBA - Chiquitita (5:26)
26. Los Bravos - Black Is Black (2:56)
27. Mungo Jerry - In The Summertime (3:29)
28. Ritchie Valens - La Bamba (2:07)
29. Roxy Music - Love Is The Drug (4:09)
1. Propaganda - Duel (4:46)
2. Roxy Music - More Than This (4:06)
3. Soul II Soul - Get A Life (3:43)
4. Stevie Nicks - Rooms On Fire (4:33)
5. Talk Talk - Life's What You Make It (4:28)
6. Talking Heads - And She Was (3:39)
7. Ziggy Marley And The Melody Makers - Look Who's Dancing (5:00)
1. Jim Diamond - I Should Have Known Better (3:38)
2. Marillion - Kayleigh (3:33)
3. Baby D - Let Me Be Your Fantasy (3:55)
4. R.E.M. - Mine Smell Like Honey (3:12)
5. Rui De Silva - Touch Me (3:28)
6. JX - Son of a Gun (3:13)
7. New Order - Touched By the Hand of God (3:43)
8. The Original - I Luv U Baby (3:28)
9. 11 I Love Your Smile - Shanice (4:22)
10. Roy Orbison - Blue Angel (2:47)
11. Robert Miles - Children (4:01)
12. Eros Ramazzotti - L'ombra Del Gigante (4:41)
13. Capella - Move It Up (3:59)
14. David Guetta - Titanium (feat. Sia) (4:05)
15. Fun Factory - Take Your Chance (3:56)
16. Industry - State Of The Nation (4:25)
17. Dilemma - In Spirit (3:37)
18. U2 - Walk On (Single Version) (4:11)
19. Lenny Kravitz - Stillness Of Heart (4:15)
20. Marillion - Lavender (3:40)
21. Lionel Richie - My Destiny (4:48)
22. Rick Astley - Together Forever (3:26)
23. Black Ledgend - You See The Trouble With Me (3:29)
24. Black Machine - How Gee (3:28)
25. Faithless - Insomnia (3:33)
26. Lenny Kravitz - Are You Gonna Go My Way (3:31)
27. Kaoma - Lambada (Single Version) (3:29)
28. Pete Heller - Big Love (Big Love Eat Me Edit) (2:40)
Olhai para mim e vede: Eu não era para ter existido, e, no entanto, vivo (!), tudo à minha volta atentou, senão mesmo ainda atenta a minha existência e no entanto eu continuo trilhando o caminho da luz, que me foi vedada, até no meu leito (…). Vede, it´s allright, eu podia nascer num país de opressão como a Coreia do Norte, na asia, ou outro sitio parecido; podia ter nascido na china, podia ter sido maltratado a ponto de ser um ser comum que não lhe é permitido indagar a sua existência, e, em ultima instância, a da humanidade. Podia ter nascido oprimido de modo a ter uma vã existência, mas observai bem e vede quem eu sou, eu fui oprimido mas não a ponto de deixar de pensar por mim, a minha íntima Liberdade me faz prosperar, não fiquei no ponto de acreditar no que tenho que acreditar, mas a maldade me quer cegar para não ver isso: Oh! Mas eu já vi muito, agora só me resta a vida, aquela que há-de transbordar pelos tempos. A vida é um sonho em si mesmo. E eu nasci na PAZ e a paz está comigo; peço para que esteja para sempre. Aqui estou eu a contar a minha história, a eterna história de alguém que um dia existiu e fará para sempre parte do Universo, a dizer as coisas mais complicadas sempre com a mesmas palavras, aborrecidas, para quem não entende nem quer entender; pois desses eu também não quero saber, seu futuro não me pertence. Sou alguém que questiona, impõe, grita, mas sobretudo implora pela verdade e pelo bem-estar, eu nasci, o mundo demoveu-se. Eu sou o filho certo do tempo oportuno, em que tudo faz sentido, por momentos, na imensidão do espaço-tempo. Eu continuo a subir a montanha para ver mais além. Eu sinto-me um ser perseguido, digam o que disserem, e não me calarei, e me expressarei pelo meios que tiver porque o que sinto é puro e verdadeiro, e o futuro do que sinto está ai, ele é o agora a acontecer. As pessoas nascem sem o pedirem, seguem um rumo sem o escolherem, morrem sem o entender (O rumo), mas influenciam, e, com isso fazem o bem ou o mal. Um dia, uns partem com a simples ilusão da satisfação terrena e existencial, de terem cumprido e realizado suas vidas, por outro lado, outros partem com o despeito eterno de ter vivido uma vida vã, eternamente questionável, com um fim profundamente inalcançável, com uma ilusão desfeita… cedo de mais. E os homens lutam ou deviam lutar pelo equilíbrio, mas a semente da destruição vem dentro deles, de muitos, demasiados. Eu quero acabar com o meu mal, quero-lhe cortar a raiz para não se perpetuar, eu tenho fé que ainda hei-de ser feliz, e penso, eu na verdade sou feliz, um felizardo, não vivo na coreia do norte ;) ; mas como todos somos um só coração, como dizem as músicas (‘One Heart’), enquanto uns sofrerem outros sofrerão, enquanto houver opressão e maldade que afecte um ser justo, todos estão a ser injustiçados, e não precisamos de chegar ao ponto e ser lamechas, mas tolerantes, reconhecedores dos erros, verdadeiros, não aumentar a ganância e a indiferença, a falta de empatia, ou pior, a empatia falsa que grassa no mundo. Um mundo verdadeiramente empático, sabedor, que quer compreender e aceitar é um mundo pelo qual devemos lutar. Mas muitos são conhecedores, e de saber têm muito pouco. Talvez não haja algo Supremo por que lutar, pelo menos algo que seja compreensível em nós, simples seres, mas que há magnificência naquilo que os nossos olhos conseguem vislumbrar e compreender se os soubermos abrir e observar, isso há; e não há que ser orgulhoso, apenas feliz por ser dada essa oportunidade de vislumbramento. Assim, olhai para tudo o que há à vossa volta e vede: tudo é para ter existido, tudo é para existir. E, eu, exagero toda a minha existência e de tudo o que me envolve como uma grande bomba atómica, ou simplesmente, pelo contrário, vivo em paz, na existência.
Hoje venho fazer uma simples proposta para todo o ser que é ambicioso neste mundo, uma proposta para se trilharem os verdadeiros caminhos da humanidade rumo ao Universo e a Deus, rumo ao conhecimento e à sabedoria, em que todos, e cada um de nós, se devem conjugar e orientar, de modo a alcançar um estado de paz e liberdade, que para mim se tornou realidade, talvez como para outros, mas que para muitos ainda é utopia ou desconhecido. Então, seres humanos do mundo, proponho, de hoje em diante, a aceitação de uma cisão que não é nem pode ser dissociação, mas antes uma complementaridade: ciência para atingir o conhecimento; fé e Deus para atingir a sabedoria. E que a sabedoria guie o conhecimento, é o que eu peço para o futuro.
O tempo continua na demanda do infinito. Sem conseguir parar eu sigo no trilho que tenho seguido, talvez não possa escolher outro. Sinto o tempo que passei como uma brisa de ar, seria maravilhoso se eu pudesse sentir como senti o mundo e as pessoas, crescer com aquele poder infinito de ter um Universo pela frente, uma incomensurável possibilidade de ser quem queria ser. É um sentimento, ou melhor, são sentimentos tão extremos e complexos como complexo é o nosso mundo e a nossa vida e o Universo, que eu gostaria de transmitir. É maravilhoso interagir com o Universo exterior a mim, mas ainda não compreendo este sentimento de vazio e necessidade de constante procura de algo novo ou o redescobrir do que já foi descoberto. Já experimentei muita coisa, e no entanto pareço o ser humano mais ingénuo que jamais existiu à face da terra; melhor, afinal nem sei quem sou realmente. Nestas minhas andanças já partilhei e partilharam muitos sentimentos e emoções comigo, e tenho a clara noção de que fui impotente para que fizesse brilhar aquilo que sentia e que me faria transcender nesses momentos, fui fraco e era mais fraco do que a minha mente me dizia constantemente, [agora vejo o que podia e que não podia fazer e ser, mas se nesse ‘antigo tempo’ eu visse ‘o que não podia fazer’ eu não teria lutado e então eu nesta altura não seria quem sou, para não dizer ‘ninguém’, mas estaria muito aquém do que sou, seria um derrotado logo na partida, o que não aconteceu]; errei, não fui fluente nas minhas emoções com os amigos supostos, não fui agregador de sentimentos de coerência, senti medo e incapacidade e afugentei em lugar de me aproximar de pessoas, o medo estava comigo, e sei que isso ainda acontece hoje, por isso vivo nesta solidão, que não é tão grave quanto possa soar, pelo menos por agora. Vivo num mundo à parte, a querer voltar a ser adolescente e corrigir todo o mal feito, a querer viver segundo o meu desejo de viver, segundo aquilo em que acredito; no entanto dou por mim já a não corresponder às expectativas, a querer fazer coisas que não são as certas para este meu tempo, e tenho medo de me perder nas malhas de um tempo não recuperável e de uma mente confusa que me possa tomar de assalto (se é que não estou já nela), de perder mais e ser injustiçado, quando eu só quero viver em paz, com o necessário e ao contrário das forças que me têm puxado toda a minha vida para a mudez da minha boca [quero falar], para o medo e os mal-entendidos, para o aproximamento de coisas (pessoas, acontecimentos, conhecimentos) que não desejo na verdade. Sempre me fechei, e emudeci, na tentativa de me controlar, de entender o que se passa à minha volta. Com tudo o que passei psiquicamente sei que estou seriamente danificado, psíquica e psicologicamente, meus sentimentos e emoções não são normais, por mais que eu tente ser normal. Apetecia-me libertar, libertar e sentir uma força revigorante para mandar à merda a tudo o que não me dá o direito da liberdade de ser quem sou. Houve uma noite, entre tantas outras, faz tempo, estaria eu num dos momentos mais confusos da minha vida, então peguei no carro e fui dar uma volta, até um lugar perto e apreciar a noite para desanuviar, olhando as estrelas, além de que levei uma guitarra mesmo sem eu saber tocar guitarra. E eu toquei ao luar para as estrelas que me ouviam, decerto não havia ninguém por ali, num sítio que tão bem conheço, por isso a chacota deve ter passado ao lado; toquei magnificamente, pelo menos tentei fazer música, afugentar a dor de não compreender o porquê de eu não poder eu ser livre de me expressar. Além disso apeteceu-me gritar, e eu gritei bem alto, para tentar desentranhar tudo o que sentia preso dentro de mim. Mas não, não resolveu o problema fulcral da minha vida que ainda venho tentando compreender [talvez o de ser mal-amado; talvez o mundo não tenha compreensão para o meu amor]. Talvez algumas vezes tenha agido como um louco e me tenha sentido como tal, mesmo depois de ter feito o que fiz, mas vejo loucuras muito mais sérias a acontecer neste mundo, e eu se pudesse faria justiça a elas com toda a certeza. Mas não, tenho que viver escondido e calado, ninguém pode saber quem sou, porque isso seria o descalabro e eu não aguentaria ser quem sou. Como seria maravilhoso acordar um dia e ser livre para sempre, com o bem-estar dentro de mim e gozar e curtir esta vida como deve de ser, com uma memória renovada, com um desejo eterno de viver sem magoar e sem ser magoado mesmo nas situações em que se pode perder a cabeça. Já desejei o mais mal que se possa imaginar a este mundo [assim como já desejei de tudo que de melhor possa haver] e no entanto quem sou eu para ser atendido ao meu desejo e para que se faça a minha justiça (?). Será que tudo o que desejei irá alterar o mundo ou só me alterou a mim, e ainda por cima se ficam a rir de mim por ter desejado tais coisas, que eu pensava que eram boas.
O certo é que a noite tem sido minha companheira, companheira de solidão e ela me ajuda a compreender as coisas, quaisquer que elas sejam, mas eu não mudo, e sou um inadaptado do mundo social, sem ‘social skills’, a noite jamais me deu e jamais me dará aquilo que não posso ter de algum modo, enquanto algo não se resolver, a fonte do meu insucesso social. Falo como se houvesse uma harmonia social que eu tanto desejaria integrar. Mas a verdade é que a harmonia social que existe e que passa também não me convence, o mundo deteriora-se pela cegueira e egoísmo da riqueza que todos os seres humanos demandam, como se o dinheiro fosse um deus; isto é como as pessoas andarem a mexer em fogo junto da pólvora sem saber o que isso provocará, será o fim, as pessoas que não nascem com o sentido de amor pela vida, mal-amados poderão ser potenciais destruidores daquilo que não compreendem, além de que esses são guiados pelo desamor que é o que os faz mover; o falso conhecimento também está por toda a parte; E é do que acontece hoje em dia, ah! nada é com ninguém, todos têm os direitos ao bem-estar e mesmo quem está bem só tem é que usufruir e ser mais e mais consumidor do bem que existe, só a sua liberdade acima das dos outros e do bem comum, e usufruir da beleza comum que é o mundo e a sua também quando se aplica. Parece que já não acredito, como ainda tentam fazer passar, que ‘juntos podemos fazer muito bem’, que ‘juntos conseguiremos fazer um mundo melhor’; eu acho é que podemos fazer muito mal; ou então o melhor é fazer uma orgia global (!!!) que é o que se está ou se quer realmente fazer, e fornicar tudo, pronto, tá resolvido. Pergunto-me: Será mesmo este o caminho para o fim? Cada vez menos a minha vida demanda o futuro, mas ainda a demanda, o que me diz que ainda terei um certo tempo de vida se os meus sentimentos estiverem correctos. Mas mais uma vez me pergunto a questão do porquê de tudo ser assim: vivemos e atingimos o esplendor, e ainda assim sempre seguimos insatisfeitos, pelo menos alguns como eu, que fui desancado do meu equilíbrio emocional, e tento descobrir as origens de como algo em mim me despoletou para ser quem sou e seguir o caminho que tenho seguido. Porque tudo tem de acabar? Porque não poderei acabar eu com o sentimento de ter vivido e feito obra? Como eu desejo acabar bem apesar de não me ter encaminhado bem (!).
Eu vivi na escuridão, literalmente: Os meus primeiros dois quartos eram escuros, não tinham janelas para o exterior – nunca contei isto acerca da minha vida. Cresci, bastantes anos, demasiados e importantes anos, sem saber quando amanhecia, sem a alegria de ver os dias que chegavam, a chamar-me. Acordar era como entrar num pesadelo, mais ainda, quando, ainda para mais, em vez de encarar com a luz a entrar pelo meu quarto entrava um vulto com uma voz estridente e sem sensibilidade para me chamar, pelo menos normalmente, já que não fosse com calma ou com ânimo, de que tinha que enfrentar, ou melhor ‘Fazer isto aquilo ou aqueloutro’ em mais um dia. Na verdade eu deveria era ‘abraçar’ [esse devia ser o direito da minha pessoa enquanto criança] e não ‘enfrentar’ mais um dia, estando eu na idade em que estava. Dou comigo por vezes a lembrar-me, vivamente, desses sentimentos que me assolavam e a compreender o que sinto e sou hoje, desses sentimentos que fazem parte de mim, em grande parte, ainda hoje. Assim, ainda continuo com as mesmas questões da altura: porque tende o mundo a fugir de mim, a calma, o que há de belo e a liberdade? E porque tende a depressão, a tristeza, a melancolia, a fraqueza de espirito a perseguir-me? Porque me persegue a escuridão? A minha contrariedade é grande, e é grande a quantidade dos meus desejos frustrados. Dei por mim, neste ultimo ano, a descobrir mais mundo através da internet, a descobrir muita da luz que me envolve, a natureza do resto do mundo que não conhecia, um grande resto do mundo natural que eu defendia sem nunca o ter visto, e tenho visto muito do social. Com isto tudo busco a luz do bem-estar da minha vida, mas, sinto que tudo me foge muito mais rapidamente também. Trabalhei aproximadamente 10 anos de noite. Até essa altura, que comecei a trabalhar de noite, a minha situação era má, para não dizer de ‘prognóstico’ péssimo: Eu não tinha grandes expectativas nem sabia por onde sair da situação em que estava; com muito pouco dinheiro e sem saber o que fazer para conseguir ganhar a vida, dada a situação de saúde mental em que me encontrava; foram anos difíceis, pelo menos os primeiros 3 anos que se seguiram. E assim, mais uma vez, quando comecei a trabalhar de noite, a escuridão me envolveu, mais uma vez eu senti que estava só no mundo e que estava como um barco à deriva em alto mar, e me fez querer que sou um ser solitário; desta vez eu poderia apreciar o nascer do dia que tanto tinha perdido na minha vida, mas, na verdade, eu não o apreciaria porque o dever de cumprir o meu trabalho não me deixava lugar para ter as minhas sensações, eu tinha que ganhar dinheiro, eu tinha de aguentar todos os nervos que me consumiam, eu tinha que aguentar [pensei que explodiria de tão louco estar, além da loucura que já tinha], não podia pensar em bem-estar, de ver os amanheceres calmamente, que estavam defronte a meus olhos; ‘Que será de mim? Aguentar-me-ei muito mais tempo aqui? Que farei se não me aguentar aqui (?), irei caminhar erroneamente para sempre, decerto…(?)’. Até que nos últimos anos (talvez os últimos 4) eu os pude apreciar, os diferentes amanheceres que se mostravam em toda a sua beleza, já com mais calma, algo em mim mudou, idealmente e fisiologicamente. Pensando agora nessas noites, em que tudo toma um movimento diferente, e provoca uma maneira de sentir diferente nas pessoas (julgo assim pela maneira como eu senti), uma acalmia, uma alucinação, que me levou a aprender o que nunca julguei aprender na vida. Durante esse tempo eu li, li muito; Eu pensei e reflecti, muito; eu me compreendi, e muito. E, ainda assim, apesar da compreensão, da acalmia etc, não aprendi a ganhar dinheiro na vida activamente, a virar meus pensamentos para a economia e subsistência; A minha subsistência não está periclitante a curto prazo, mas a um médio - longo prazo ela poderá estar seriamente em causa. Estou a envelhecer, tenho medo de perder ou de não conseguir aguentar o espirito de juventude que gostava de continuar a ter, os hábitos de ouvir música, ver um filme, mas ao mesmo tempo tenho que fazer algo para que não entre em miséria um dia, não posso perder tempo só a olhar para o computador, a curtir a música e as belas imagens, tenho que ser produtivo e ganhar com isso. E eu não estou bom, estou melhor, apenas, e tudo isto que digo é relativo.
As minhas dificuldades sociais sucedem-se. O tempo passa e eu fico a perder no que diz respeito à sociabilização, mesmo este tempo de escrita me parece perdido por vezes como se fosse um monólogo fútil. Desabafo aqui e não me adianta, mas pelo menos ‘lanço as sementes ao vento’. Nestes dez anos de trabalho nocturno eu senti uma força estranha que me fez evoluir e compreender a um ritmo que julgo estar a perder ao longo deste último meio ano. As sensações que tive nestes dez anos de vivacidade sentimental foram as mais díspares, diversas e com intensidades variadas, com os horários de sono diurnos, quando trabalhava, e quando de folga, tudo se mesclava entre o cansaço, a troca de sono e de regime e horário alimentar; os sentidos tomavam e captavam novas sensações as quais eu tentava compreender; a música acompanhou-me neste tempo todo: houve a redescoberta das músicas que me marcaram enquanto jovem e a entrada no ‘mundo’ dos novos sons que a rádio me ‘servia’ no dia- a -dia, coisa que tende a desaparecer [terei eu começado já a decadência?]. A minha memória funciona de uma maneira que não se adequa a ambientes sociais complexos, e até minimamente complexos. A maneira como o meu cérebro interpreta as coisas até pode ser válido [em certas situações], e a mim parece-me que é, mas não é adequado às interacções sociais que diria que são normais, e adequado à sobrevivência económica. Eu provoco o meu afastamento dos outros; num mundo de expressão como é o nosso eu sou inexpressivo e mal-entendido quando tento me exprimir, eu sou diferente e não aceite, não compreendido. Eu não domino o que me envolve de modo a eu me adaptar ao que me envolve e o que me envolve se adaptar a mim. Eu vivo na incoerência do agir, ao contrário da norma, eu fujo dela e a vejo do lado de fora, eu os vejo interagir e com surpresa não me identifico com eles, e, eles me marginalizam, porque não querem compreender a escuridão.
Neste momento, decidi tomar a bebedeira da suposta lucidez, em lugar de tomar o comprimido que me reprime ainda mais; não tomei, e agora estou mais desperto e a ludibriar aquilo que me tem em suspenso, me tem cativo, me tem aprisionado os sentimentos. Temo que amanhã não possa dizer o mesmo. Consigo compreender que para mim como para muitos a lucidez e a normalidade pode ser uma anormalidade e (por isso mesmo) vivermos em constante aperto. O excesso de normalidade pode ser mau como os excessos de álcool ou outro tipo de excesso dito ‘nocivo para a saúde’. Agora estou bem, porque mudei a constância do discurso e da minha vida, é mínimo, mas mudei. A mudança custa-me, a adaptação a novas situações e a determinados momentos é difícil para mim. Assim como o excesso de álcool produz maus efeitos, o excesso de sobriedade me parecem ser igualmente nefastos. Tudo advém da energia, com muita energia podemos ir longe, com energia positiva ainda mais, grandes sentimentos, grande passado e um futuro promissor pode ser conquistado; a repressão por parte de quem não tem valor para que essa mesma pessoa ou pessoas tenham valor é ignóbil, compreendo claramente isso. O equilíbrio existe porque grandes desequilíbrios existem para que o equilíbrio fundamental exista. O sentimento de verdadeira liberdade é o da diversidade de acções, e da mudança de condições quer mentais quer físicas quer fisiológicas. Uma pessoa parada, com os mesmos estímulos, constantes, não consegue evoluir e vai retroceder em relação rumo à melancolia; uma pessoa no escuro e sem possibilidade de sair e ter o brilho do sol como o brilho da maravilha de compreender, e, ter o exterior que lhe pertence, perde a maravilha da vida, assim eu já perdi muita; e devo dizer que estar em casa fechado sem a possibilidade de sair à rua e ver o dia e ir mesmo passear de vez em quando me stressa e me faz sentir como um incapacitado. Precisamos de mudança: do sol e da tempestade; não a constância que por vezes pode também ser bela, mas dentro dos seus limites: tal como não queremos grandes e prolongadas tempestades que destruirão tudo também o sol e a constância dele não trará a eterna felicidade e o contínuo prazer. Porque a energia não é eterna, porque somos uns insatisfeitos, e por isso mesmo, porque somos uns insatisfeitos, porque o prazer a maior parte das vezes é um momento fugaz o único caminho é evoluir e saber mais e fazer mais até não mais poder. Sei que hoje vou dormir um sono diferente, que nem um pedrado, que deixa a sua sobriedade, só que eu ao contrário disso. Sei que gostaria de deitar fogo sobre a chuva de tristeza, e secar todas as lágrimas não vazadas mas pensadas e sentidas. Gostaria de me libertar por muito tempo sem no entanto não perder, mas ganhar. Não, a ordem do mundo não está boa (!), está a rebentar pelas costuras o ‘equilíbrio’, e muitos andam para ai a gozar com tudo num faz ver que está tudo no bom caminho, o mundo está a melhorar, dizem e fazem ver. Porque me hei-de preocupar? Pelo menos por hoje não me vou preocupar, porque estou com uma ‘pedrada’, mas ao contrário, não sei se estão a ver o que isso é, pois com a verdadeira pedrada [como um drogado] me sinto eu todos os dias, a pedrada de ter que fingir normalidade, que também sou uma pessoa como as usuais; devia ter a liberdade de agir segundo o que sou mas para mim o mundo não é perfeito. Amanhã vou estar numa merda, ou talvez não, até um dia a seguir ainda vou estar bem; ah! Mas hoje vou curtir esta cena de estar ao contrário do que é habitual, vou curtir novamente a música, como se ainda estivesse a crescer. Perguntei-me agora: ‘porque olho sempre para trás sempre que faço algo? Porque estou olhando se errei?’ ; E olhando estou errando mais, vou errando e olhando para o contínuo de erros que faço estando cada vez mais errado; Ah! Mas hoje sei que não vou errar, estou numa boa, vou sonhar com anjinhas, que sou aquele que imaginei que seria e quem nunca fui; ainda não sei qual vou ser, mas um diferente certamente. Hoje vou estar no topo, no topo da glória, mesmo que não chegue lá, mesmo que nem vislumbre o que isso é, mas eu vou estar, eu vou sentir-me super bem. Hoje o mundo será justo, porque hei-de sobreviver para contar o que de belo se passou e esquecer o que de mau aconteceu. A força da liberdade de ser quem sou, de usar o que sei para sobreviver há-de ser usada a meu favor e há-de ter utilidade. Hoje hei-de vingar os meus ideais, hei-de ainda provar que sou bom naquilo a que me proponho, nem que seja de uma maneira generalista. Hoje hei-de delirar, ter um novo delírio que me empurrará para uma nova visão e possibilidade de ser e fazer as coisas. Hoje hei-de brincar e abusar da loucura que me assiste para amanhã saber estar sério e controlado. Amanhã serei contundente, hoje não, hoje vou esquecer o que isso é. Amanhã entrarei na compreensão comum das coisas, entrarei na vida comum, casarei, terei sexo, trabalharei, a vida será de satisfação, mas, hoje não, hoje será de insatisfação, procura do necessário, entrarei na luta de ideais e assim continuarei por ai adiante. Amanhã tudo fará sentido, mas hoje estou de descanso, estou com a carola cheia de pensamentos de que realmente vence quem não entra por aí, pelo caminho da sabedoria e do conhecimento, e eu estou nessa meu! Eu já não sei o que isso é, isso de continuidade do pensamento, de acções, de que sou inteligente e por ai a fora. E pronto, as dificuldades?! Já eram! ADEUS!... Até à vista, ok.
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