Contagem decrescente de e para os grandes momentos da minha vida
Abro os meus sentidos para a minha vida interior. Exteriorizo o que sou e quem sou.
Não sei por onde começar, constantemente me acontece isso (repito-o constantemente, como se fosse uma espécie de prólogo para inicio de um texto que pretendo que faça algum sentido) quando por exemplo me deparo com uma folha em branco, ou com uma espécie de feedback que não me faz concentrar a minha mente (constantemente dispersa) em determinado fio de ligação para prosseguir um tema, ou ainda num multiplexidade de fontes de informação. Alguns dizem que a mente é capaz é capaz de processar vários tipos de informação e tarefas ao mesmo tempo, mas eu ainda não me convenci bem disso, pelo menos até que ponto podemos ser especificamente bons em algo concreto se não dedicamos todo o nosso espírito num (nessa função e objectivo concreto) determinado halo de funções que a nossa mente é capaz de processar. A prova viva de que é possível tocar muitos burros e perder bastantes pelo caminho sou eu, em primeira instância (eu que me analiso e me conheço perfeitamente e cada vez melhor, ou não fosse eu um auto-controlador e conhecedor, ansioso - por saber mais, na tentativa de me compreender e compreender a minha existência -, dos sentimentos que em mim circulam e que devem ser muito parecidos aos de outros). Mas sei, indirectamente que há muita gente assim. No meu caso, quis ter, por vários motivos da minha existência que me levou a isso, um conhecimento amplo do mundo e do Universo e nunca me apeguei às coisas concretas da vida, a saberes concretos ou aplicação concreta de conhecimentos, nada em particular me seduzia, ou melhor, tudo me seduzia tal como ainda agora seduz dessa forma, em grande parte, apesar de estar a convergir e a ser capaz de assimilar tanto conhecimento que circula por ai. Assim tenho um conhecimento generalizado sem ser especialista em nada, a não ser nisso mesmo, em análise geral, de tudo um pouco, o conhecimento dos sentidos e da semântica geral dos sentimentos dos homens, - a não ser que em particular sinto-me especialista em análise do auto-conhecimento que tanto cultivei e cultivo, devido à minha introversão primeiramente e à minha circunspecção de seguida, que a vida me faz ter, ainda sem perceber bem o porquê disso -. Assim, não sou produtor de nada, ‘compro tudo feito’, como por vezes dizemos na brincadeira. Compro feito mas analiso aquilo que compro feito sempre com espírito crítico e de reflexão, imaginando como isso, que ‘compro feito’, podia estar melhor do que foi feito, ou seja, analisando as coisas, desse modo. Já me senti o homem mais infortunado do mundo, mas neste momento sinto-me num ranking bem mais alto daquele em que já estive, inclusive um homem com bastante sorte pelo menos, depois de ver que estava perdido no mundo, preso nas minhas angústias existenciais, a querer ir mais além, ultrapassar, compreender, e por consequência sentir-me preso num atoleiro e ver que não dependia inteiramente de mim (e, se calhar, ainda bem que foi assim) sair desse atoleiro. A depressão e a confusão completamente apoderadas de mim – e ao dizer isto sinto-me tão liberto que neste momento sinto-me um homem livre dentro dos possíveis. Tenho chegado a tão grandes conclusões (!), conhecimentos (auto - conhecimentos que fazem sentido - pelo menos para mim, e que me demonstram o porquê da minha vida -). E isto são desabafos que por vezes introduzo no meio da conversa como quem não quer ou não sabe como dizer as coisas directamente. Isso (!), talvez não queira e não saiba como dizer as coisas. Talvez as coisas tenham uma altura própria para se dizerem, uma altura em que já as sabemos e podemos dizer, e além do mais dizer com o tom de voz (de escrita neste caso) adequado, com o tom de voz de quem ultrapassou aquilo, o bom ou mau acontecimento vivido, por exemplo. Ou talvez eu tenha medo de falar. Isso (!), medo de falar… porque, as palavras, ditas por certas pessoas, com certas entoações, atingem espaços longínquos na nossa vida e na vida das pessoas e de tudo o que existe no mundo. Eu tenho medo de ser mal interpretado, um medo de morrer a defender o desconhecido, teorias que me cansariam ao ser transmitidas a muitos (homens) que fazem da vida uma ‘republica das bananas’, o caos, a ignorância, como se de nada fossem culpados. A ignorância faz os homens erróneos neste mundo, apressam a sua destruição, e se eu tiver um poder dentro de mim não quero ser autor da destruição do que quer que seja. Em última e derradeira análise, da minha destruição quando ainda posso desfrutar da passagem por esta vida. É certo que gostava de fazer algo específico na minha vida, em especial virado para as letras e o conhecimento, baseado nesta minha pretensa capacidade de analisar o mundo e o Universo de uma maneira tão particular e tão especial (para mim pelo menos). Gostava de ser livre de me dedicar livremente a esta maneira de ser, aproveitar o meu tempo em liberdade, económica (em particular, para fazer o que pretenderia), em prol da afirmação daquilo que sei, que em mim vai, em prol de um ideal de fascínio pelo que senti e sinto e tenho vivido, um prazer supremo de estar bem comigo próprio e de transmiti-lo aos outros através da comunicação, preferencialmente escrita, mas sonhando ir muito mais além oralmente, e activo fisicamente, dentro da normalidade. Não quero ser político, não (!), nada disso. Não gostaria de seguir falsos ideais, elitismos, posições que não podem ser defendidas. Não acredito no mundo tal como ele era e se apresenta. Opus-me ao sofrimento e à solidão, algo que ninguém está livre de sentir, devido às voltas de mudança que o mundo dá, nem mesmo eu que já vi e senti como vi e como senti, nem mesmo os homens com mais poder e conhecimento do mundo. Para mim o poder é uma invenção, tal como tudo o que o homem inventa e que passa a fazer parte de uma cultura, à qual se subjuga quando não se rebela, porque o homem pacífico por natureza não se rebela, ele fascina-se com o mundo e com os seres e tudo o que mundo e Universo significa. O homem mau, tende a rebelar-se, sem razão, logo também não tem o motivo do lado dele, a maioria das vezes, porque, no homem mau, está também na sua natureza rebelar-se sem razão. Poderá haver então homens que nascem pacíficos, a querer acreditar na beleza do mundo e no bem-estar do próprio e dos outros, a acreditar numa inteligência superior, que são constantemente maltratados pelos que nascem com a maldade dentro deles - aqueles que lutam a dizer que é pelo bem que agem, que deve ser feito o que eles dizem, que é o correcto -, e que maltratados por estes com má natureza se rebelam mas com motivo? Caberão os justos neste mundo? Ateando, eles, fogo contra fogo, luta com motivo verdadeiro pela luta falsa, para destruir aquilo que não está correcto, aqueles que, não se deixando levar pelas culturas impostas, seguem o caminho da vida e lutam para que esse caminho seja uma realidade, a cultura verdadeira que é o da tolerância e liberdade individual até ao ponto onde começa a liberdade dos outros, o respeito para consigo mesmo e para com tudo o que o envolve, a inteligência de querer compreender de uma maneira justa tudo o que nos envolve, aqueles que não se deixam levar pelo mundo do faz ver, das aparências. Existirão esses homens?