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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Promiscuidade

            Não dá para contar. Não há por onde começar. Não há acabar. Não há ponta por onde se lhe pegue. É assim simplesmente. Ninguém a pode mudar. Talvez o tempo… mas o tempo não é gente.

            A inspiração é um dos componentes quer nos faz mover. Mas há muito mais. É o que me falta agora. Há momentos em que um simples grão de praia faz-nos pensar em imensas coisas, tal como a terra que, no Universo, é um grão pequenino e que afinal tem tanto que se lhe diga. Há momentos em que a mente fica em claro, tal como esta folha estava originalmente. Não há inspiração, não há algo que nos leve a refletir, deduzir, examinar através do pensamento. Tudo foge da mente, tal como o tempo foge e, sem ser palpável, nós sentimo-lo. Quiçá o pensamento seja da mesma onda ou frequência do tempo, daí nós sentirmo-lo. Não há nada, mas mesmo nada em absoluto, no sentido mais radical e essencial do termo, que esteja imóvel, mesmo que a nossos olhos assim o pareça. Assim o diz a ciência, através da explicação de que a matéria é constituída por átomos e neles existem outros ‘componentes’ tal como eletrões em constante movimento. Daí que na perspetiva de nossos olhos está imóvel, mas na perspetiva microscópica isso não acontece. Tudo define o tempo então. O melhor, penso, seria talvez andar-se à caça de inspiração, isto é, em lugar de estar aqui à espera que ela me possua seria eu que de papel e caneta em punho iria andando e certamente na hora que menos esperasse, ai estava ele, e, esse seria o momento para o aproveitar. Estes olhos […] são fonte de inspiração e desejam ver e ver. Estes ouvidos querem ouvir e ouvir. O nariz cheirar e cheirar. Enfim, sentir sentindo, através dos sentidos, cinco dizem. Afinal são eles fonte de inspiração. Mas este são os sentidos físicos. E quanto à existência de ouros sentidos, paranormais, digamos assim, já que está na moda, aquilo que vai para além do que denominamos normal? Bem deve ser uma questão de perspetiva. É bom que se tenha boas perspetivas, faça-se por elas, em.

            Olhemos agora para a realidade. Quem és tu afinal? Alguém encurralado dentro dessa máscara eterna que por mais que mude, hás - de ser sempre, sempre, tu. É essa máscara o segredo do teu sucesso? Ou é ela a causa da tua infelicidade? É ela que te faz mover ou é ela que te aprisiona? Quantas dimensões tem o homem? Por acaso estou a ouvir uma música que diz: ‘’ The beautiful people’’. Que máscara é essa? O belo como é? Como podemos ser livres? Tirando a máscara? Sendo nós mesmos? Mas onde?

            Liberdade, aqui estamos nós e aqui estás tu. Justiça, aqui estamos nós e onde estás tu? Amor, andas no ar…, mas, afinal, como te apanhamos? Solidão, de onde vens? Foi a liberdade que te chamou? OK. Mas a realidade o que é afinal? É a maneira como tu vês ou sentes ou será a maneira como eu vejo ou sinto? Mas… mas que mas. De onde vens tu ‘mas’? Foi a inteligência que te criou?

            Que foi isto?! Sim, promiscuidade. Também dela se tira qualquer coisa, afinal. Alguma inspiração, talvez… Se até a vida veio do nada, da promiscuidade sempre virá qualquer coisa também.

            Afinal ‘Promiscuidade’ não é o mesmo que diversidade, pois não? Diversidade faz parte da vida natural, promiscuidade faz parte da vida humana.

 

 

OBS:  Este texto foi originalmente escrito nos anos 90.

Acreditar

            Por algum motivo cresci acreditando que havia uma verdade. Quiçá já tenha nascido com esse sentimento, em busca de uma perfeição, de ser alguém especial e que teria a minha recompensa por seguir essa busca e esse caminho que me levaria lá, a esse sentimento de grandiosidade e bem-estar. Agora, as minhas forças estão no sentido de retroceder, tudo tende a fugir, o tempo já me vai vencendo (vencendo mesmo o meu suposto rápido pensamento que em alguma altura da minha vida parece ter ultrapassado esse obstáculo, esse ‘tempo’, afinal estava em franco desenvolvimento), a fé de ‘poder alcançar’ tende a desvanecer. Tenho vivido intensamente (à minha maneira que seja), a minha mente tem transcendido todos os limites do meu entendimento, sempre na busca de compreender quem eu sou e porque eu sou como sou e como isso condiciona tudo o que se passa à minha volta.    - Aposto que a percentagem de pessoas que se tentam compreender a si próprias a sua história de vida, quando em situações difíceis, é pequena, procurando somente ajuda nos outros quando em dificuldade não acreditando no potencial que existe nelas como coadjuvante maior para a solução das suas dificuldades -. Tenho tentado acreditar que tudo o que vivi fez sentido e que no final de tudo tenho tido sorte. ‘Acreditar’ é uma palavra que uso muito, porque ‘a <<esperança>> (outra palavra que uso muito ou que tenho tentado ter sempre em mente, fortemente)  deve ser a última a morrer’. Mas há algo de diferente em mim, algo imanentemente fantástico que eu sinto, que eu sou ( e devem-me todos os que me ‘lêem’ permitir exprimir esta admiração pelo que sinto sem por isso demonstrar narcisismo da minha parte, acho que qualquer pessoa deve gostar de si, seja como for a sua situação), e que ao contrário do que posso pensar na maioria das vezes, pode dificultar ou tem dificultado a minha vida e que é a falta de continuidade das acções na minha vida, a falta de uma coerência no sentido em que eu não faço como supostamente uma pessoa inteligente e comum faz: faz coisas em que umas coisas levam a outras, sentem-se motivados por elas ou por um objectivo e vão lutando por ele seguindo um caminho sem duvidar daquilo que estão a fazer, do caminho que estão a tomar e o sentem como o correto, não divergindo naquilo que fazem, convergindo e sentindo-se bem com o que se tornam - tudo muito naturalmente. Eu não sou assim, sou um ser divergente: divirjo no pensamento e nas acções, fujo do óbvio, não o compreendo frequentemente, e dou comigo a compreender coisas que supostamente eram para ser difíceis de entender, coisas como a ‘transcendência’, o ‘imanente’, a minha vida, a compreender as acções dos homens de um modo que ainda nunca me foi abordado da mesma maneira que eu sinto, tendo uma visão generalizada e globalizada do mundo e do Universo, coisas que seriam loucas se eu as dissesse para muitas pessoas, para a maioria talvez. E, na verdade, nunca encontrei uma ligação, uma pessoa ou grupo de pessoas com quem eu pudesse viver feliz, partilhando aquilo que sinto, a verdade que eu sinto e tenho sentido ao longo da minha vida, a imensidão daquilo que sou interiormente (porque exteriormente tendo para a nulidade) – tendo falhado a maioria dos passos que tentei trilhar firmemente (alguém jogou lodo no meu caminho, sinto isso)-. É óbvio que há pessoas virtualmente fantásticas neste mundo, há um conjunto de situações (também fantásticas - tendo a sentir tudo como fantástico, é certo) e mesmo pessoas que indirectamente e ‘ao vivo’ que vêm até mim e que me levam a tornar-me naquilo que sou. Tudo o que sou não dependeu inteiramente das minhas forças, com certeza, mas a maior parte também de forças, acontecimentos e coincidências externas a mim que culminaram em momentos marcantes positivamente e que serão compreendidos de alguma forma se tudo o que sinto vier a fazer um sentido real um dia, ou seja, em que a realidade  venha a falar por si e demonstre que aquilo que senti também é válido neste mundo, também é verdadeiro, e que sou no fundo um ser aceite, que à partida parece inútil e com um aparente mesmo destino de ‘outros idênticos’, e que na verdade superei tudo com uma inteligência muito própria. No fundo gostava, como qualquer pessoa, ser alguém reconhecido, respeitado e tolerado, acima de tudo, como eu faço com o mundo. Então, o mundo tem-se revelado para mim como ‘não-perfeito’, não digo ‘imperfeito’ porque isso seria mentira, este mundo é belo, há pessoas belas, o Universo é belo, tudo o que se descobre pelo conhecimento e sabedoria é fantástico, e constrói-se com isso um novo mundo fantástico (talvez não suportável a longo prazo, mas isso é outro assunto), este mundo é o único complexamente funcional, porquanto podemos saber neste momento, não havendo outro igual, é muito difícil haver outro igual, tornando-o único. Porque o mundo ‘fantástico’ não perdura e o que é negativo, o autocontrole, o atrito, etc. não me deixa ser coerente comigo mesmo? Deixo, assim, aqui, uma outra abordagem ao conceito ‘acreditar’, hoje como tema principal.

A dominância dos limites

                     Ultrapassando todos os limites da imaginação, há uma realidade que vai muito mais além dela e da qual estamos no encalço, pelo menos por vezes. Nesta busca incessante de liberdade, de satisfação das necessidades que nos sufocam literalmente até à morte perene, se não satisfeitas, assim, tanto a necessidade de comer como de amor, há um domínio por parte da necessidade não satisfeita que nos eleva o sentido da alma numa busca que por vezes se torna desesperada, uma busca por mais um tempo de vida. O domínio, do qual a inteligência, a sorte, a energia - que significa força física e/ou anímica - tenta superar, é algo que não é mal aceite por todos, tal como existem os masoquistas. Mas para mim não, neste sentido supremo da vida, custa-me que o domínio me afecte, e ainda para mais quando seja injustamente. A incapacidade de tudo não ser eternamente perfeito, que significa a existência do paradoxo, de querermos que tudo funcione bem e ser impossível tornar tal possível de uma maneira largamente funcional quando o desejamos e fazemos por isso, é algo que questiono constantemente: porque o auge não se pode prolongar, porque a proximidade é algo que não me assiste, assim como a muitos - fazendo a vida do mundo diversificada como é. Neste mundo de sonho, de virtualidade, a necessidade de dominar surge-nos muitas vezes, talvez faça parte da disputa das vidas pela evolução e não se possa ir contra isso, e, por vezes, estamos a dominar naturalmente, quando a natureza nos favorece, ou melhor, quando vai favorecendo alguns nessa reciprocidade entre natureza e individuo/ser que se dá, em que o individuo sai avantajado por qualquer cumulo de força dominadora que deve aparecer em determinado momento. Até que ponto vai o que está certo, o que é correcto fazer ou que está errado? Simplesmente, será fazer segundo a norma onde nos encontramos, caso contrário, se nadamos contra a corrente será difícil ou talvez impossível, perante a torrente, viver em harmonia; E os paradoxos surgem constantemente neste mundo, não é na minha vida somente, eles estão em todo lado, no que se diz querer fazer e no que se faz, por exemplo - que acaba-se por fazer precisamente o contrário- ou o discurso e o diálogo é contraditório muito facilmente; Mas, tudo isto é imparável (!). Porque quero eu mudar o que quer que seja (?): que aconteça simplesmente, e que a bonança esteja comigo, é tudo quanto posso pedir. Mas o meu tempo escapa, à medida que tenho mais para viver, à medida que o domínio é compreendido e de certo modo ultrapassado.

Destino

      Tenho que prosseguir. Não sei bem como o fazer, mas tenho que aguentar todo o peso daquilo a que chamaria o meu destino, definindo, com esse termo, tudo aquilo que todo um ser, físico e mental leva a que aconteça e interaja como o mundo de determinada maneira, a maneira de cada individuo que é abrangido pelas coisas que se dão na vida dele – esse destino não existe, ele vai-se construindo e tentando solidificar esse ser se ele ceder à força com que a natureza o tenta conduzir, segundo a maneira como é física e psiquicamente -. Todo o meu ser, corpo e mente me trouxe até este momento. Sei que sou um ser estranho [ninguém mo pode negar], e toda a gente me olha dessa maneira, [além de tudo o mais de estranho que se passa comigo no meu dia a dia, sobretudo social] quando eu deixo de poder fingir que sou uma pessoa normal, porque, sei-o, sou uma pessoa que tem ‘handicaps’ [desvantagens, obstáculos] que são intrínsecos a mim, acrescidos de outras causas externas que reforçaram esses ‘handicaps’ internos. Sei bem quem sou, qual os meus limites, e sei o quanto a minha inteligência, além do cuidado pessoal que tenho tido, tem trabalhado e evoluído para sobreviver, neste meu mundo, de confusão [loucura imposta, frustração, cansaço, infortúnio, vida madrasta – dentro dos seus limites -], além da sorte que tenho tido, como é óbvio, de não estar pior, com o mérito de procurar essa sorte e tolerar os azares (e minorá-los), quando acontecem, ou muitas vezes suportar - enquanto puder suportá-los, (como tenho suportado) - o que não consigo resolver e reagir da melhor maneira (a injustiça que me atinge indelevelmente). Por vezes sinto-me rolando no fundo, sozinho, e vejo o caminho que tenho pela frente para percorrer como escabroso e, precisamente, solitário. Assim, consigo ver com uma visão divinal, o mundo que gira à minha volta, e como ele gira. Sei que o modo como sinto e como penso influência o mundo e sei como ele me influência, a mim. Mas, o pior disto tudo é não poder suportar a maneira como influencio e sou influenciado, porque estou dessincronizado com os seres humanos, e mais porque ver como vejo é um peso enorme para mim. Vivo, por isso, e isso ao mesmo tempo faz-me viver, nos extremos, na bebedeira do constante sono da minha vida, uma consciência infinita presa num corpo cada vez mais perene. E isto é um viver em cansaço constante, por mais que não queira dizer e acreditar nisso. Mas eu ainda tenho fé que posso mudar… para melhor.

A responsabilidade de cada um

Observo a atitude da sociedade. Observo e analiso. E observo que a maioria das pessoas põe culpas do que sucede, alguns em tudo, e a culpa é sempre dos outros, não do próprio. A maioria das pessoas pensa que tudo os ultrapassa e que nada é da responsabilidade de cada um. Mas decerto não sabem que a sua responsabilidade existe, e é multiplicada por aqueles que têm a mesma responsabilidade, e que insistem em a ignorar por comodismo ou outro motivo qualquer. E as pessoas são imensas, com as suas inteligências cada vez mais robustas e a explorar o que a mãe terra dá a um nível terrivelmente desnecessário. Eu sinto que nasci com uma culpa imensa às minhas costas, esquizofrenicamente sinto culpa de tudo o que se passa neste mundo, como se eu fosse o centro do mundo, o que não é verdade, mas, uma coisa é certa, eu sou o centro do meu mundo, e sou terrivelmente responsável por aquilo que se passa comigo. Se a minha vida descambar, eu enquanto ser mental e corporal que sou, sou responsável pelo que a minha vida se tornar, ou se tem tornado, excluindo aquilo que não consigo controlar, e que faz parte da inter-relação minha com o mundo aos mais diversos níveis e tipos. O  mundo surge-me na minha mente e compreensão como uma amálgama de pessoas e acontecimentos, surge-me como um verdadeiro caos que aparenta ter uma ordem, mas a verdade, apesar de eu sentir que é um caos, a verdade é que o mundo funciona e, provavelmente funcionará até um dia qualquer que não sei, nem sei se alguém saberá, precisar. Todos procuram o bem-estar, e o bem-estar é produzir e explorar mais, produzir mais produtos, explorar cada vez mais o mundo, ser mais que o outro, do que o próprio irmão, numa luta desenfreada e confusa, que eleva o mundo a patamares cada vez mais destrutivos. Eu não posso mudar tudo o que se está a passar, adoro o conhecimento mas abomino a destruição que isso significa.  Era tão bom que este mundo fosse viável… que houvesse sempre petróleo, que pudéssemos conhecer cada recanto do mundo, cada paraíso escondido na terra, sem serem destruídos que tudo permanecesse estável; que um dia a pobreza deixasse de existir; que a comunicação fosse sempre possível nos termos em que existe hoje. Mas o mundo é feito de pólos opostos, do bem e do mal, da economia que funciona como todo o Universo, feito de extremos, de paradoxos, em que para um ou vários indivíduos serem ricos, por exemplo, significa que outros tem que fazer o trabalho sujo e sacrificarem-se para que essa nata da população do mundo esteja no topo. Por isso o mundo significa exploração, exploração do homem pelo homem. Mas, também há um ponto de vista que não deixa de ser verdade, o facto de que um homem é um ser vivo, simplesmente, e que ele procura a sobrevivência neste mundo em que nasce e que sendo assim ele tem o direito de procurar o seu bem-estar e fazer pela sobrevivência, segundo aquilo que é e fazer valer todo o seu ser para esse fim. Algumas pessoas vivem de tal modo num mundo que não sei se diria dos sonhos ou perfeição e então reclamam por tudo, como se o mundo fosse feito de direitos individuais e particulares, como se houvesse pessoas que forçosamente, tivessem mais direitos do que outras pessoas, riem-se dos outros, reclamam, escrevem no livro de reclamações por tudo e por nada, consomem imenso como se isso fosse um direito que lhes assiste, querem ser importantes. E o homem tem o direito a ser importante, isso faz parte da luta pela sobrevivência neste mundo humano altamente complexo culturalmente, mas eu pergunto que direito tem um homem de destruir outro, não procurando um ponto de equilíbrio e de mediação de umas pessoas com as outras?!

Feliz no fim de tudo

Estou feliz porque vivo, tenho vida. Mas fico infeliz porque sei que tenho que sofrer, é inevitável a qualquer ser fugir de algo tão certo mais tarde ou mais cedo na vida, e é mais doloroso ainda saber que se tem consciência dessa dor, desse sofrimento, como têm os homens, mais ainda os mais inteligentes - os que têm uma inteligência intrapessoal notável, os que ultrapassaram os limites do seu tempo e do seu espaço e do seu organismo e se transfiguraram -, e pode-se tornar extremamente doloroso, mais ainda quando nos apercebemos que estamos sozinhos com essa dor que mais ninguém pode resolver, e que Deus não vem para nos ajudar, porque ele simplesmente é uma equação que leva a lado nenhum, assim como no princípio assim é o fim. E tenho pena do que perdi, tão conscientemente perdi, esta eterna lamentação, não pranto, mas lamentação. Custa-me saber que é tudo tão em vão, por exemplo estar aqui e agora e não poder assumir o momento em que vivo, aquilo que escrevo, porque o mundo é cheio de perigo e de injustiça, de seres que são tão mal amados e que nem a inteligência e a sorte lhes bate à porta do coração, de suas vidas para endireitar o sentido deste mundo, fazendo mal uns, sabendo o que estão a fazer, outros não sabendo. Custa-me tanto, é uma dor infinita esta consciência de que não estarei aqui jamais um dia, que um dia nem esta humanidade restará, apenas rastos do que se passou, de que tudo só faz sentido agora, e que esse ‘agora’ está a ser completamente destruído, porque a sina do homem como de tudo o que existe neste momento é mais tarde ou mais cedo não existir, a minha sina é só existir neste momento, e tenho medo de assumir isso, como se o mundo fosse eterno, como se fizesse sentido a perpétua existência, a história de um Rei no mais alto palanque deste mundo ou mesmo do Universo sem fim. Era um mundo tão belo se os recursos não acabassem, se a evolução fosse eterna, se o sangue permanecesse na veias e artérias sem ser derramado – como é pestilento o cheiro a morte (!), e como fede a doença (!). Há uma vibração lá fora, e eu estou ‘out’, apenas observo e nem sei se isso é bem ou mal, mas sei que estou muito susceptível, por isso me escondo, de medos incompreendidos. Não sei porque escrevo, simplesmente podia não dizer nada e seguir mudificado, simplesmente seguir e nada dizer, apenas observar e mesmo assim eu ter o mundo na minha mão. Mas ter o mundo na mão é tão relativo (!). E as palavras que nos unem são as mesmas que nos desunem. Inventamos termos e culturas complexas, e nunca pensámos chegar aqui, a esta civilização interligada. Ao mesmo tempo a civilização pode cair, porque estes momentos passados poderão ter sido os melhores, e não querem deixar cair, mas quem domina quem? Inventamos e adoramos o que inventamos, os números o dinheiro, por exemplo. E Deus? O inventámos e adoramos, mas ele não é quem pensamos, ele faz parte, mas não é supérfluo como a palavra humana. Simplesmente estes são tempos estranhos e magníficos, talvez porque os limites estão mais testados que nunca e parece não haver limite. E eu? Não me assumo, aquele ser que até pode ser superior, no mínimo especial, mas que não pode ser assumido, porque isso de ser superior e/ou especial não tem explicação verbal, é-se e pronto, e no entanto não se passa de algo vil que existe nesta terra. E só se fala da alegria de viver, dos sonhos, do que de bom há na terra, do conhecimento, do progresso, quando se esquece tudo na verdade, se esquece do mais importante, a meus olhos, possivelmente aos olhos de muitos que no entanto são uma minoria, que se unem em torno de uma causa que é indefensável, em que a evidência de que não existem regras para sempre na vida e no tempo e o fim é inevitável. Além disso o sofrimento está convivendo com tudo isto, está lado a lado, porque o homem já não ama, o homem é apenas e simplesmente um devorador de recursos, consome tudo, desperdiça incomensuravelmente, a sua ira irá levá-lo à perdição. E continuarei a procurar a causa ou as causas de toda esta amálgama, de toda esta incompreensão visceral, de todo este desperdício, de todas estas lutas sem sentido em que ninguém se entende com ninguém. O melhor que podia acontecer neste mundo era o de os homens tomarem conhecimento do vazio que eles são, cada um por si, todos, verem tudo de tal modo que sentissem o fim e isso lhes causasse o abismo mais profundo das suas almas para que aprendessem a gostar da vida, da terra, dos outros. Digo isto porque hoje em dia, não sei se foi diferente um dia, mas concerteza deve ter sido, a humildade não cabe na cultura contemporânea, é humilhante a timidez e moderação de atitudes, ou então estou errado neste mundo, completamente errado, e isso também é muito provável, mas não tenho qualquer dúvida acerca do meu fim e o do mundo. A internet veio para mudar mais ainda este mundo, tirou-me da solidão e do vazio em que vivi, esperando um Deus que resgatasse a minha alma, a minha vida deu uma volta e ainda consigo respirar, mal mas respiro.

Viagem de Mudanças [do sentir]

Prossigo esta viagem com tantos baixos e altos. Prossigo na certeza que sou único, e defendo que mais ninguém é como nós, porque até mesmo a nossa imagem que se reflecte no espelho mais perfeito é distorcida. Defendo a unicidade do ser e a incapacidade de alguém compreender alguém, neste caso, em particular, a mim, como se houvesse uma lei que definisse que os homens são todos iguais só porque a ciência ‘disse’ ou alguém descobriu que existem leis no Universo e que as encontramos em tudo o que existe e até no comportamento e na psique humana, tentando definir doenças, que por um indivíduo ter um determinado problema logo já há muitos que o tem, como se o comportamento e a psique fossem algo tão definíveis quanto a água que se evapora sempre que atinge os 100 graus célsius. Prossigo com a minha crise existencial, assumo. Pergunto-me que interessará a minha crise existencial aos outros? Quase de certeza que nada, a minha óptica cada vez me prova mais isso, porque acredito que muito pouco se pode fazer pelos outros por mais boa vontade e inteligência e capacidade que haja para tentar fazer, nem mesmo quem nos possa ter amado mais. Somos organismos independentes uns dos outros, não há interligação entre nós, e o que nos liga são apenas as emoções que cada um sente à sua maneira, apenas com uma base idêntica, o organismo, que por sua vez é único na maneira como funciona e reage ao ambiente e aos seres que o rodeiam. No organismo mais básico não existirão as emoções, e ele vive para se reproduzir, tentando perpetuar a existência da sua espécie, se for capaz, e para executar ou não funções na terra, úteis ou não, para o ambiente que o rodeia, é apenas um peão no jogo da vida. O homem como ser mais evoluído tenta controlar tudo de modo que a vida jogue a seu favor. O homem moderno e inteligente tem a ambição de que possa fazer girar o mundo à sua volta, ele tenta perceber o jogo da vida que existe e percebendo-o no seu íntimo, ele quer sobreviver ao mais alto nível, e se puder ser o dono do mundo, tentando ser de tal modo importante que tudo o que ele diga ou faça o proteja e o torne imortalizado na história do homem, enquanto o homem existir ou, em primeira instância, enquanto a terra existir. O homem inteligente e moderno tem trunfos para jogar esse jogo, ele joga o jogo da economia, dos números e do dinheiro (e logo da influência), a que as pessoas dão valor e o que faz mover os homens. Pelo menos é assim que funciona o interior de certos homens, provavelmente haverá uma legião deles assim, que por sua vez é uma elite que se junta para formarem uma força e subjugar a força e a sabedoria humana a seu favor. Não será assim? Pois não será, talvez o que eu diga não se baseie em leis científicas, nem seja um dogma, mas eu sinto de uma determinada maneira e tento trazer para fora aquilo que em mim vai, da maneira coerente ou não. O abismo puxa-me para baixo, nesta existência estranha, acredito que nesta existência peculiar, como alguns que serão tantos por ai e que estão lado a lado connosco por vezes, ao contrário da folia e da alegria e boa disposição que é facilmente demonstrável, este tipo de sentimentos e introspecção torna a relação entre as pessoas difíceis, como se a introspecção e/ou a tristeza fossem algo a desprezar, ainda para mais neste mundo de máscaras e de pretensa alegria constante, porque isso já não é um estado de alma que se possa assumir, porque é uma doença tremendamente contagiante. Pois é, a inteligência também pode ser uma doença, e a doença tem que se negar. A capacidade de ver mais além, e ver o que os outros não vêem ou não querem ver (desviando o olhar) ofusca-nos o que está perto. A relação entre os homens será para mim eternamente estranha, e pergunto-me constantemente porque tem de ser assim a vida, porque funciona da maneira que eu descobri (pelo menos da perspectivas que eu a vejo) e porque não sou eu uma pessoa normal simplesmente, fazendo questionar seriamente a existência de Deus mas não sabendo como explicar os acontecimentos na minha vida a que posso chamar sorte, em vez de Deus a quem eu atribuía os acontecimentos da minha vida. Se houve seres que seguiram os preceitos de Deus, eu fiz parte dessa legião, e não consigo conceber a existência de Deus, cada vez mais segundo o que vejo e sinto, segundo os parâmetros que me deram e que existem sobre Ele. Neste momento para mim, a vida, no geral, surge-me claramente como caótica e simplesmente casual, a existência é um acaso, e a vontade de Deus parece-me não Reinar. A natureza, simplesmente, é indiferente aos seres e aos acontecimentos, não tem vontade própria, caso contrário haveria justiça, e isso nestes momentos que correm na minha vida surge claramente no que observo do que me envolve e de tudo o que se passa na minha vida. Tudo o que existe foi invenção do homem, é simplesmente cultura, e, repito, reina, como sempre reinaram as leis caóticas da vida, os acontecimentos sem uma vontade própria de algo superior. Existe sim, uma vontade própria do meu organismo, do meu ser, uma maneira própria de eu ver a vida que me envolve e de eu tentar dirigir a minha vida segundo a minha vontade que é volátil. Claro que subsistem as questões acerca de onde reside a mente, qual a interacção que se dá entre os seres e como se processa essa interacção. E isso continua a fascinar e a criar mitos e Deuses para explicar essa interacção entre os seres. O conceito de Deus tende a diluir-se, e torna-se descabido na minha existência o conceito que me inculcaram segundo as normas cristãs, é o descrédito completo, na minha mente, da todas as crenças que me fizeram acreditar e que me levam ao abismo (segundo o que me parece que acontece na minha vida, porque não são coerentes com o que se passa na minha vida e na minha existência) com o que eu sinto, em ultima análise.

Tudo o que eu era e sentia quando nasci já existia antes de mim, eu sou uma repetição de algo que já existia, mas no decorrer da minha vida eu acrescentei coisas à minha existência: eu criei ideias, eu inventei alegrias e medos, o meu organismo modificou-se. Eu sou o que sou, e serei assim até ao fim dos meus dias por mais que isso me custe. Eu tenho a pele branca e sou sensível à exposição solar, não é expondo-me imensamente ao sol que eu ficarei preto ou que abalará esta característica, se bem que eu um dia acreditava que poderia superar isso. Eu enrubesço facilmente, todas a minhas emoções me vêm à flor da pele facilmente como se eu fosse transparente, como se a minhas emoções se manifestassem sem as poder esconder, e não mudarei muito em mim ate ao final dos meus dias [Mas como eu gostaria de que não pudessem ver as minhas emoções, de como sou fraco, como eu gostaria de mudar (!) de poder gerir todas as emoções que sinto. E como eu sinto o desprezo e o desdém, a marginalização e a superioridade, que não deveriam ter, dessa gente que nunca sequer pensou um pouquinho no que significava a vida deles, quanto mais a dos outros]. Como eu pensava que podia ser forte, e afinal me tornei na mais débil das pessoas, com a capacidade inesgotável até ao fim dos meus dias de ver todo o sofrimento que passa por mim e pelos outros e me torna incapaz de reagir, simplesmente não tenho reacção, a não ser nestas breves palavras que tento desconexadamente e incoerentemente dizer, nestas palavras em vão mas cheias de esperança de que a minha vida mude e ainda consiga um dia sentir de maneira diferente, o que se revela falso a cada passo que dou, porque é com base no que fui que eu me vou tornando outro, construo o que sou sobre o que fui, e todos os erros da construção se vão acumulando até ao fim dos meus dias, mas ainda tenho esperança, ainda tenho a fé de que posso ter sorte, ainda acredito que posso ser feliz.

A inteligência é uma forma de conhecer novos mundos

        A inteligência é uma forma de conhecer novos mundos. Com inteligência descobrimos mundos inefáveis e intrínsecos a nós próprios e mundos extrínsecos a nós próprios e damos ordem e forma ao mundo concreto que seria invisível aos nossos olhos, ou pelo menos incompreensível. A inteligência é o sistema intermediário, o interface que nos permite conhecer os dois mundos, os dois sistemas, e também constitui uma ponte que liga os dois que viveram separados durante tanto tempo. A ‘inteligência’ é um conceito relativo. Podemos ser inteligentes na escrita e criação de um texto e sermos ‘inteligentemente fracos’ na formação de uma música, por exemplo. Podemos compreender inteligentemente a mecânica de um carro e saber trabalhar nessa mecânica e não perceber nada da mecânica dos sentimentos e emoções. Podemos ser inteligentes na navegação e circulação e interpretação pelo/do meio citadino e ser uns perfeitos ignorantes em saber interpretar a natureza e o campo ou vice-versa. Mas podemos ser multi-inteligentes, ser inteligentes de uma maneira transversal, de uma maneira geral. Que nos impede ser isso? Apenas os nossos limites fisiológicos e esquemas mentais que não foram desenvolvidos quando o deviam ter sido desenvolvidos, a cultura que nos limita, a cultura que nos aprisiona. Apenas nos limita a pequenez do que somos, no geral. Acredito em ligações entre o mundo intrínseco, que é o nosso interior, aquilo que sou, e o mundo extrínseco, tudo aquilo que é exterior ao nosso sistema corporal. Acredito que há imensas ligações, muitas mais do que as óbvias: as físicas (que já sabemos que existem naturalmente), em que é exemplo a troca de matéria entre o nosso ser e o mundo externo; as ligações metafísicas que não são tão fáceis de definir, e nas quais me foco, no que concerne à supremacia da inteligência na busca de respostas para ligações que não são visíveis entre sistemas que fazem parte do mundo das ideias, mas que magnificamente, no homem se inter-relacionam fortemente (entre matéria e ideias), há medida que a inteligência aumenta.  Há muito mais para descobrir. Mas também é certo que <<quem muitos burros toca, alguns deixa para trás>>. Julgo que a vida nos força a convergir a inteligência à medida que envelhecemos. Crescemos, e os mais novos crescem num mundo multifacetado, super estimulante que faz com que se desenvolvam inteligências magníficas, ou então faz com que se submetam (como que realçando os dois opostos do que sucede) a um grau de incompreensão que os aprisiona neste mundo eternamente desconhecido. Andamos a toque de magia, para mim, que por vezes me parece um truque que ainda não compreendi. Movemo-nos, pensamos e dizemos coisas que pensamos que somos nós que produzimos e formamos de livre arbítrio e vontade própria, quando na verdade há um sistema imenso, onírico, inefável, transcendental, que regula toda esta nossa evolução de inteligência e maneira de manifestá-la e de nos manifestarmos no imediato. Já o disse, eu saí do trilho do homem comum. Toda a minha vida, que eu revejo em relances de uma inteligência sentimental muito própria e vívida de tudo o que senti, me senti um estranho em casa própria. Tudo o que eu senti, todos esses sentimentos que me queria dominar, eu estive um passo sempre à frente, como testemunho daquilo que eu próprio senti, como se fosse um jogador de xadrez que antecipa na sua mente as jogadas que se irão passar nos momentos futuros, com base na experiência e no presente, o meu presente em particular, resguardando os passos em falso que poderia dar e me conduziriam a uma vida sem saber o porquê do que me movia e onde sei que me perderia. A minha inteligência sentimental introspectiva esteve sempre num nível mais alto do que a própria ocorrência das vicissitudes, e isso me trouxe até aqui como testemunha daquilo que o homem é, e em particular, que eu sou. Parece que eu afirmo a minha inteligência como se fosse um fanfarrão, umas gabarolas que não passa de isso mesmo, não é verdade? Eu sinto essa própria ideia acerca de mim. Com que base  me posso afirmar mais inteligente do que outras pessoas, perguntais? Realmente, não sei se isso que sinto é um privilégio ou uma maldição, e se lhe poderei chamar inteligência sentimental, como gosto de lhe chamar. Tive que tocar e tento tocar ainda muitos burros na minha vida. Muitos têm ficado para trás. Tenho tentado ser transversal na minha maneira de estar no mundo, mas a minha pequenez é evidente. No entanto acredito no poder da inteligência e do pensamento que nos liberta, ou então nos aprisiona dependendo dos momentos da vida, das situações. Acredito de tal maneira no poder do pensamento (apesar de não compreender claramente o mecanismo, o ‘como funciona’), que vejo que no mundo actual, o pensamento em comunidade (social e humana) nos pode levar a ter um poder de manipular o homem. Mas, ver tal poder não significa poder usá-lo, porque não significa que se possui, apenas se tem a capacidade de o ver, e talvez utilizá-lo indirectamente, porque ‘in loco’ é difícil – como exemplo, é como ter uma máquina extremamente complexa, um carro com as mais ultimas tecnologias de ponta e no entanto só saber meter mudanças e andar e conduzir quando ele tem muito mais potencial, ou um computador mais evoluído que existe e no entanto não se conseguir trabalhar com ele plenamente e só se utilizar para falar no Messenger ou ouvir música -. É obvio que vi o filme ‘O segredo’, e nem vou falar para o verem, apesar de já ter feito publicidade ao falar nele, e não me baseio só nele, mas sim em toda a minha parafernália de experiência de que tenho memória. É curioso que antes disso já eu pensava nas coisas que vou constatando neste mundo e que não conseguia compreender. Tenho compreendido coisas que nunca pensei compreender mas tinha esperança de compreender. Mas pensava que isso me iria sentir bem e mais livre, mas pelo contrário, pelo menos para mim, compreender mais e mais tornou-me mais preso e nem por isso me sinto melhor. Ambiciono no entanto ir mais além. Este é o meu vício, compreender (pelo menos tentar – mesmo que não seja através de estudos científicos, porque eu não tenho que demonstrar nada a ninguém que A é causa de B segundo a lei tal e/ou a equação tal), que continuará enquanto eu não atingir um patamar de estabilidade que me permita parar e dizer <<já não preciso disto>>, mesmo que isso (continuar) signifique sofrer, porque sei que se parar sofrerei mais. Para mim basta sentir, e se sinto determinada coisa no meu ser e vejo nexos de causalidade através do que eu sinto, então essa coisa existe. Se a puder demonstrar a alguém que a deseje ver e/ou compreender eu lhe tentarei demonstrar, senão não interessa. Compreender a génese da atitude humana, os sentimentos, é o meu móbil, porque eu sou um ser anormal, como que um extraterrestre que ambiciona compreender esta humanidade que habita a terra. A minha inteligência é diferente, talvez seja tão e somente isso, diferente, mas é uma espécie de inteligência.

Relembrando

 (...) acho que a tua vida foi muito plena de sentido, um sentido que talvez eu mesmo não venha a encontrar, mesmo no tempo que nos separa. (...) acho que a tua vida é muito significativa, não deves desistir e deves ter esses momentos bons nas tuas memórias sempre (memórias= mente, fotos etc), não para te entristecer, por saudade por exemplo, mas para te darem ânimo para caminhar até não mais poder, e esperança, de voltar a sentir bons momentos. Acho que deves relativizar os sentimentos maus, não olhar só para eles, os da fobia por exemplo, e tentar concentrar nos sentimentos bons. Eu sei que é difiçil, eu mesmo sinto essa dificuldade, mas é nesse sentido que tento seguir, tentado segurar a barra que é a minha vida também, com esforço, e tentando superá-los com sabedoria e inteligência (que tento adquirir), inteligência essa necessária para aplicar a sabedoria. Mas também sinto que posso cair a qualquer momento, que um destino menos bom me arrase, por isso me agarro com todas as forças ao que tenho. E o que tenho, quando não mais, é o meu ser, o meu passado com momentos que fazem sentido, momentos verdadeiros apesar de simples e humildes, os meus ideais (que é bom compartilhar com alguém que nos esteja disposto a ouvir, se possivel compreender, contigo neste momento de abertura,  ter internet também é uma ligação ao mundo, da qual não prescindo, enquanto a puder ter). Por enquanto consigo dizer, ainda continuo na luta. Eu, por exemplo, sinto-me melhor quando acho que compreendo melhor a minha vida, isso é algo que me faz querer continuar e saber mais e viver mais apesar das dificuldades. Também sei que muitas vezes são os outros que me fazem sentir mal, não sei se contigo se passa o mesmo, por querer que siga caminhos, ideais, maneiras de ser  que não são as minhas, que não se coadunam com o meu sentir e o meu ideal, com aquilo em que acredito, no fundo. E os meus ideais entram em conflito com os ideais daqueles que me envolvem, mesmo familiares, por exemplo. Talvez seja esse sentimento de unicidade do nosso ser interior (porque somos únicos apesar de termos mais ou menos pontos de afinidade com outros)  que nos faz sentir sós mesmo estando com quem nós amamos, pelo menos comigo é isso que se passa. Eu sei que sou reservado e timido (...) mas até isso tem explicações, e uma delas é que sou-o muitas vezes porque acho e muitas vezes é verdade que os outros não me vão compreender, porque sei que os meus assuntos e sentimentos não seriam compreendidos, se eu os verbalizasse para essas pessoas com quem estou, ou porque o momento ou o contexto nao é o indicado. E a verdade é que mesmo que o momento seja o indicado, eu retraio-me muitas das vezes, mas isso já tem outra(s) explicação(ões). Respeito o que sou e o que sinto, e sei, agora, que ninguém me pode fazer sentir o contrário a não ser que eu um dia perca o meu norte, o meu tinor, a minha liberdade (e há tanta gente no mundo que me parece que têm prazer em desnortear os outros, em condicionar - nos, pelo menos na minha vida é). E ser quem sou, sei que significa muitas vezes, estar só, não ser compreendido, ter desejo de ser outro e não conseguir, ter desejo de seguir os ideais da moda e não ser capaz de acompanhá-los, amar e não ser correspondido, sentir-me um reles ser quando na verdade deveria sentir-me em alta, ter medo em afirmar-me e de ser bom, ter medo de ter muito a perder quando na verdade não o terei. (...)

'Um mundo sem Deus converte-se num mundo de egoísmo' - observação a Zénit

 

Vou fazer umas observações. Antes de tudo temos que saber quem é Deus, e isso não é dado a saber aos sentidos de qualquer homem, mesmo de muitos que seguem e querem acreditar na Divindade, mesmo seguindo cargos religiosos. Acredito que para O conhecer-mos e O compreender-mos teremos que nos transcender. E não há melhor forma de nos transcendermos do que afastarmo-nos de tudo o que nos foi imposto pelos homens de uma maneira incorrecta, adquirindo para isso a maior visão do mundo e do Universo que pudermos ter, afogarmo-nos o mais profundamente, em conhecimento retirando de toda essa informação apenas a substância pura e essencial, destruindo mesmo o que é conhecimento falso, ultrapassando para isso as barreiras da nossa inteligência e finitude dos nossos sentidos, e mergulhar ao mesmo tempo no nosso interior, na busca de quem somos. Porque Deus tem que estar intrinsecamente ligado à Igreja? Só quem acredita em Deus, baseado nos dogmas da Igreja, pode conhecê-lo? Pois eu acredito que a minha Cristandade, que me foi legada, me levou e tem levado a compreender cada vez mais, essa Entidade infinita. Concordo que todos deviam conhecer o que de bom Jesus tem a nos dizer acerca de Deus e das correctas relações da humanidade. Mas acredito que há outros meios de chegar a Deus, mesmo que eu ainda não os tenha vislumbrado. A questão do ‘bem’ e do ‘mal’, qual a sua definição e o que significam esses dois conceitos, também é uma questão que deve imperialmente ser colocada e não é para ser respondida de maneira fácil, pois ela é uma questão essencial na relação com a fé e com o Deus puro e essencial, que rege o Universo, sendo Ele também o próprio Universo, estando em tudo quanto existe. E a Igreja, enquanto instituição, cometeu muitas faltas no passado, contribuindo para que se tivessem provocado muitos actos reprováveis no seu percurso ao longo da História, reprimindo os homens em excesso, levando-os a afastar do verdadeiro sentido de Deus, fazendo o mal também. Assistimos hoje à completa libertinagem em que se transformou o mundo sob a capa da liberdade do homem, a vida sem freios, que foram outrora excessivos no sentido da repressão que era imposta por esses dogmas e agora tende a levar a excessos opostos no sentido de que todo o homem é livre e deve fazer o que lhe dá ‘na real gana’ como se não houvesse uma consciência moral. Como que a humanidade quer afastar-se de algo que os reprimiu durante tanto tempo, a Igreja, e ao mesmo tempo afasta-se de Deus sem se aperceber. É tempo de a Igreja mudar de paradigma, buscar nas suas fundações, que foram Cristo, o verdadeiro sentido dos sofrimentos e alegrias da humanidade e a Verdadeira relação com Deus, e fazer transmitir à humanidade de uma maneira mais razoável e que seja assimilável pelos homens, os ensinamentos de Deus, de quem Jesus foi um dos símbolos desses mesmos ensinamentos. Foi Deus que nos permitiu chegar ao ponto a que chegámos. E então qual será ‘a voz da verdade’? Qual será ‘a voz dos valores’? A voz de Deus, certamente, e isso leva-nos a perguntar novamente: -quem é Deus? - Quantos se perguntam sem obter resposta. Certamente não estão em nenhum homem, jamais em mim, essas vozes, por mais próximas de Deus que estejam. Eu acredito em Deus. Tenho fé que Deus fala à humanidade na inteligência que nos deu, em todo o nosso ser, na relação que temos com os outros primogénitos e em tudo quanto existe e podemos sentir. Deus é a nossa vida, que deveria ser harmoniosa, mas não o é porque o homem não é perfeito como Deus. Há que elevar a consciência humana, ajudar na busca do sentido da vida quem está perdido, há que viver livre, respeitando o limite da liberdade do outro, das outras criaturas e seres do mundo, da natureza no geral, sabendo que nenhum homem que tenha visto a vastidão de Deus consegue fazer algo pela humanidade e pelo belo e único mundo que algum dia tivemos, se Deus não quiser. Para finalizar, este mundo de imagem e som, este novo mundo da comunicação,  ao qual todo o ser humano se maravilha e se rende,  deve ser posto ao serviço do desenvolvimento das sociedades que compõem esta terra, demonstrando-lhe que devem viver no máximo de equilíbrio possível, ser tolerantes uns com os outros, e que façam o que fizerem, acima do bem e do mal, está Deus, essa Eternidade, e que nós apenas somos seres perenes que tendemos a perscrutar o que haverá para lá do nosso fim. E assim sendo, somos livres até ao ponto que Deus quiser, e tenho fé que cada um terá que responder por si perante o que há-de vir, nenhum outro homem o pode fazer, porque não pertencemos a ninguém a não ser a Deus, nem mesmo aos nossos pais terrestres.

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