Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Talvez se seja mais feliz sendo louco. Talvez valha mais a certeza do incerto do que a incerteza do que é certo. As minhas memórias da loucura estão escondidas através do dia-a-dia. Talvez tenha que mudar de método, talvez tenha que mudar o meu discurso, talvez tenha que mudar o meu pensamento. Talvez eu consiga ser outro sendo quem sou. Tenho que me agradar a mim próprio para andar bem. Talvez eu deva desistir de pensar que tenho de fazer qualquer coisa. Talvez eu tenha que dar o braço a torcer. Talvez este mundo não me pertença. Tenho que sair das sombras, estou farto desta escuridão. Tenho um longo caminho a percorrer até ao sítio onde eu me vou encontrar bem, não posso parar. Eles vão ganhar, vão levar a deles avante. Terei que me vencer a mim próprio. EU SOU NORMAL. Não ando pelas regras dos outros, eu próprio criei as minhas regras. Eu quero ser independente. Eu parei no tempo em muitos aspetos. Eu sou finito. Todo o homem é finito. Eu não poderei mudar o mundo. Mas porque a imagem pode? Porque pode a palavra? Porque o muda o som? Porque o muda a técnica? Porque eu não possuo um desses meios de mudar o mundo? É só sentir, só absorver, é só esconder, como um bicho do mato. Como se o mundo parasse de rodar quando eu desfalecesse, como se eu fosse ponto fulcral, se é que o já não fui. Tudo o que fui a apagar-se, o tempo a passar, e eu perco a partida. Como dar a volta, eis a questão? A minha imagem não é a imagem de aparência. Ela é o retrato de quem eu gostava de ser. A minha imagem traduzia-se pela perfeição. Mas como eu posso ser perfeito se eu sou simplesmente um humano? "Heaven is a place on earth". Talvez isso seja verdade, talvez o paraíso seja um lugar na terra. Não, não sou feliz, não sou bem-humorado, sou sério, a minha imagem não é o `faz ver'. Será que o homem só pode estar ao pé do outro estando bem-disposto, com uma boa imagem? Porque teima o homem em andar no mundo da ilusão? Já não é o suor que une os homens, mas sim a boa aparência, a falsidade das palavras. E a cada momento que passa ponho em hipótese se as minhas palavras transmitem algo com sentido. Até parece que o Outono deixou de ser Outono. Até parece que o Inverno se transformou em Verão e vice-versa. Mas isso já não me preocupa. Talvez o que mais me preocupa neste momento seja a minha sobrevivência. As flores desabrocham, o sol nasce, a lua aclara a noite. A noite mantinha o ritmo, a noite quebrou o ritmo. O mundo tem perspetivas e perspetivas, as variáveis são imensas, as palavras já serão poucas para descrever tudo. O mundo nunca será mais o mesmo. A vida nunca mais será a mesma. Eu preciso de sobreviver, mas já não sei como me aproximar dos homens, porque será que assim acontece? O meu mundo desabou e não tem mais sentido como era. Mas novos mundos podem surgir. Talvez eu já tenha perdido tudo o que tinha a perder.
Aquele sítio. Aquela jóia escondida. Aquela memória que há-de residir em mim até que a minha mente volte a pertencer ao nirvana. Aquela memória sem fim. Desde aquele dia, que não posso precisar - porque a memória não é precisa, como o tempo, que foi inventado –, que pus o meu passado naquele local, a minha memória, para que não me perdesse. Aquela é a minha caixa negra, que perdurará, mesmo depois de eu deixar de existir. E então, quase que me esqueci de quem era, quando tudo desabou sobre mim. Pensei que nunca mais me fosse encontrar, mas aquela caixa, naquele local, fez – me recordar outra vez. Aquela jóia (!). Aquela força da natureza, que protege, que nos guia - qual estrela cintilante que nos guia -, porque só nós sabemos interpretar o seu movimento. Alguns nascem como que com todos os direitos, e eu nasci com alguns que me permitem estar aqui e agora, sendo quem sou. Alguns nascem num berço de ouro, mas eu aproveitei o simples berço de madeira tosca que me foi reservado para singrar nesta vida - como se eu tivesse chegado a um patamar elevado [Na minha mente cheguei, e estou voando]. Eu depositei tudo o que tinha naquela jóia, quando tive algo. Eu guardei e dei valor ao que já não parecia ter, aproveitei o que já não servia aos outros para que tivesse alguma coisa, como se fosse um vagabundo, aproveitando os farrapos dos outros. Eu vivo (!). Eu o devo a quem não conheço. Eu partilho o meu mundo, com quem partilha, este, comigo, esta terra, a sabedoria de quem sabe inventar e me dá asas para que eu possa voar e ser uma Águia outra vez, tal como uma Fénix renascida. Alguns dão asas aos desejos, porque tudo lhes é permitido, não se abstendo de tal, não sabendo o que é a repressão, a recusa ou a negação, nem a contenção, nem a espera do reforço, tudo o que querem têm, ou então pensam ter tudo quando na verdade não têm nada. E eu pergunto-me porque não tenho o que quero, querendo eu tão pouco? Porque terei que ser um indigente, aproveitando aquilo que outros utilizaram e deitaram fora em condições de utilização, em nome da inovação, de dar o máximo que se puder no espaço de uma vida, consumindo sem freios o que devia ser preservado para outros, como se existisse o seu direito, que merecem usufruir de uma terra bela por muito mais tempo e que se vêem na contingência de sentir que nasceram como se fossem carne para canhão, extirpados dos seus desejos mais básicos, nascidos não com amor mas por uma casualidade do Universo que possivelmente os desejou para equilibrar algo que estava em desarmonia, passando por esta vida sem saber porque respiram, porque vivem, porque bate os seus corações [como se eu soubesse…] – como se eu estivesse a, ou pudesse defender quem quer que seja, como se eu os conhecesse. Não os conheço, mas sei de que lado dos bastidores estão quando eu estou fora de cena, eu conheço o outro lado dos bastidores. Vejo como esses actores vêem e sentem essa realidade que eles criam, vejo que a realidade é uma esquizofrenia, onde se vêem coisa, ouvem coisas, que acabam efectivamente por acontecer, muitas das vezes, neste fantástico mundo humano. Vejo que uns são esquizofrénicos e conseguem viver em harmonia com o mundo [social] e conseguem ser construtivos e deixam – nos viver, eles são úteis. Outros são depreciados a começar pelo nome que lhes é atribuído, porque na verdade não são compreendidos por quem não lhes é inerente a sabedoria nas suas vidas, os pseudo – inteligentes e pseudo - sabedores. Toda a arte destes pequenos grandes génios [pequenos porque não difundidos] é desvanecida por quem se pensa inteligente [e se pensa o mais humano dos homens, quando na verdade é um parasita da sociedade, tanto quanto os inúteis que sofrem pela marginalização e incompreensão], que diz que os que querem ajudar e os afundam cada vez mais. Mas afinal o que é a realidade? Uma vida esquizofrénica e paranóica é o que é, e cada vez mais se está a transformar a sociedade. Vejamos a música, vejamos a imagem, a virtualidade, a informação a circular, o caos, a entropia, querendo significar entropia como desordem do mundo da informação. Os homens gostam de tanger os limites, pôr-se à prova, quando a prova já está predeterminada. Os homens gostam de alargar limites. Mas o limite existe. Assim como existe o limite do dia, o homem assim o delimitou. E amanhece como se o fim estivesse próximo. Límpido e frio, ou cinzento, quente ou como for, este é o meu amanhecer hoje, amanhã terei outro e serão cada vez mais iguais. Há tantos amanhecerdes quantos homens habitam esta terra, que será injusta enquanto existir, que terá sempre dois pólos, a opulência e a miséria, a alegria e a tristeza, o bem e o mal, enquanto existir esta terra. Nós somos o sentido e o limite, o princípio e o fim. E tudo será como é enquanto existir a memória do homem, recordada pelo homem, que falará para si enquanto existir. A memória. A jóia que cada um deve utilizar quando é mais necessário. Chamem a isso esquizofrenia, um espaço ideal entre a memória e o sonho, um mundo paralelo à realidade, que por sua vez é outra realidade.
Vou fazer umas observações. Antes de tudo temos que saber quem é Deus, e isso não é dado a saber aos sentidos de qualquer homem, mesmo de muitos que seguem e querem acreditar na Divindade, mesmo seguindo cargos religiosos. Acredito que para O conhecer-mos e O compreender-mos teremos que nos transcender. E não há melhor forma de nos transcendermos do que afastarmo-nos de tudo o que nos foi imposto pelos homens de uma maneira incorrecta, adquirindo para isso a maior visão do mundo e do Universo que pudermos ter, afogarmo-nos o mais profundamente, em conhecimento retirando de toda essa informação apenas a substância pura e essencial, destruindo mesmo o que é conhecimento falso, ultrapassando para isso as barreiras da nossa inteligência e finitude dos nossos sentidos, e mergulhar ao mesmo tempo no nosso interior, na busca de quem somos. Porque Deus tem que estar intrinsecamente ligado à Igreja? Só quem acredita em Deus, baseado nos dogmas da Igreja, pode conhecê-lo? Pois eu acredito que a minha Cristandade, que me foi legada, me levou e tem levado a compreender cada vez mais, essa Entidade infinita. Concordo que todos deviam conhecer o que de bom Jesus tem a nos dizer acerca de Deus e das correctas relações da humanidade. Mas acredito que há outros meios de chegar a Deus, mesmo que eu ainda não os tenha vislumbrado. A questão do ‘bem’ e do ‘mal’, qual a sua definição e o que significam esses dois conceitos, também é uma questão que deve imperialmente ser colocada e não é para ser respondida de maneira fácil, pois ela é uma questão essencial na relação com a fé e com o Deus puro e essencial, que rege o Universo, sendo Ele também o próprio Universo, estando em tudo quanto existe. E a Igreja, enquanto instituição, cometeu muitas faltas no passado, contribuindo para que se tivessem provocado muitos actos reprováveis no seu percurso ao longo da História, reprimindo os homens em excesso, levando-os a afastar do verdadeiro sentido de Deus, fazendo o mal também. Assistimos hoje à completa libertinagem em que se transformou o mundo sob a capa da liberdade do homem, a vida sem freios, que foram outrora excessivos no sentido da repressão que era imposta por esses dogmas e agora tende a levar a excessos opostos no sentido de que todo o homem é livre e deve fazer o que lhe dá ‘na real gana’ como se não houvesse uma consciência moral. Como que a humanidade quer afastar-se de algo que os reprimiu durante tanto tempo, a Igreja, e ao mesmo tempo afasta-se de Deus sem se aperceber. É tempo de a Igreja mudar de paradigma, buscar nas suas fundações, que foram Cristo, o verdadeiro sentido dos sofrimentos e alegrias da humanidade e a Verdadeira relação com Deus, e fazer transmitir à humanidade de uma maneira mais razoável e que seja assimilável pelos homens, os ensinamentos de Deus, de quem Jesus foi um dos símbolos desses mesmos ensinamentos. Foi Deus que nos permitiu chegar ao ponto a que chegámos. E então qual será ‘a voz da verdade’? Qual será ‘a voz dos valores’? A voz de Deus, certamente, e isso leva-nos a perguntar novamente: -quem é Deus? - Quantos se perguntam sem obter resposta. Certamente não estão em nenhum homem, jamais em mim, essas vozes, por mais próximas de Deus que estejam. Eu acredito em Deus. Tenho fé que Deus fala à humanidade na inteligência que nos deu, em todo o nosso ser, na relação que temos com os outros primogénitos e em tudo quanto existe e podemos sentir. Deus é a nossa vida, que deveria ser harmoniosa, mas não o é porque o homem não é perfeito como Deus. Há que elevar a consciência humana, ajudar na busca do sentido da vida quem está perdido, há que viver livre, respeitando o limite da liberdade do outro, das outras criaturas e seres do mundo, da natureza no geral, sabendo que nenhum homem que tenha visto a vastidão de Deus consegue fazer algo pela humanidade e pelo belo e único mundo que algum dia tivemos, se Deus não quiser. Para finalizar, este mundo de imagem e som, este novo mundo da comunicação, ao qual todo o ser humano se maravilha e se rende, deve ser posto ao serviço do desenvolvimento das sociedades que compõem esta terra, demonstrando-lhe que devem viver no máximo de equilíbrio possível, ser tolerantes uns com os outros, e que façam o que fizerem, acima do bem e do mal, está Deus, essa Eternidade, e que nós apenas somos seres perenes que tendemos a perscrutar o que haverá para lá do nosso fim. E assim sendo, somos livres até ao ponto que Deus quiser, e tenho fé que cada um terá que responder por si perante o que há-de vir, nenhum outro homem o pode fazer, porque não pertencemos a ninguém a não ser a Deus, nem mesmo aos nossos pais terrestres.
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