Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Sei que quando falo de ódio, com espírito odioso, para com os seres humanos, eu não deveria generalizar. Não posso dar a parte pelo todo, se alguém ou alguns me magoaram e me fizeram mal na vida, não posso culpar toda a gente, nem posso considerar todos por igual, como maus e malfeitores, mas há momentos em que o meu espírito tem de tal modo a feridas tão vivas que me levam, a isso. Eu próprio estou de tal maneira magoado, e tenho a mente de tal modo toldada pela dor psicológica, que amiudadas vezes magoo sem querer, sem ter essa intenção as pessoas que se tentam aproximar de mim a bem (também por causa de não poder ter sacudido o mal daquelas que se aproximaram a mal). Eu estou de tal maneira, que só atraio para mim a confusão social, os males – entendidos. Estou a lembrar-me de outro dia uma pessoa amiga me ter considerado de mau - humor, quando na verdade (ela não sabia nem deve saber, porque é difícil de entender - eu sei-o -), por trás dessa aparência de mau – humor, eu tenho segredos bem mais profundos que me levam a aparentar de mau humor ou com má cara, a minha mente tende a não transmitir aquilo que sinto, e por isso sou mal entendido constantemente na minha vida, talvez por esse esgar nervoso, esse jeito fechado e fugidio (de quem quer fugir, literalmente), que tende a ser cada vez mais frequente e intenso e que sei que me pode facilmente destruir, ou na hipótese mais real, na verdade já está a fazê-lo (provavelmente já há muito tempo) restando-me saber quanto tempo mais eu vou aguentar isto, que afinal deve significar o sobreviver, não o viver. É obvio que nessas horas de espírito toldado eu ponho em causa tudo, mas não sou uma pessoa violenta, sou uma pessoas pacifica e com a capacidade de reacção muito baixa, no entanto com um espírito em ebulição. É claro que toda a minha escrita, a que transmito neste blog está muito centrada em mim e consequentemente assim será o meu pensamento e a maneira como funciona. Cresci a fugir constantemente, sempre com aquele sentimento de fuga no meu espírito que me foi dominando, gradualmente. Os meus gritos não ecoaram na vida. Talvez as pessoas já nem liguem ao som abafado do meu gritar. É obvio que as hormonas não funcionam mais correctamente. É obvio que eu sou um ser possuído pela tristeza. E torna-se tremendamente aterrador imaginar que, com o tempo, eu, em lugar de reformar o meu espírito, de me conciliar comigo mesmo e entrar numa velhice mais consciente de quem sou e de aceitação daquilo que se passa na vida, esse lugar dê lugar ao descontrolo, à desarmonização, à dessosiabilização, à melancolia constante, à falta de realização pessoal em duas palavras. É claro para mim, que deve ter havido um ponto da minha vida, não sei precisar, talvez depois do meu nascimento, ou logo no momento da minha concepção, que me fez seguir um destino do qual não pude fugir, e que foi solidificando a minha vida, a minha maneira de ser. Consigo rever o meu passado como um fio condutor para onde estou hoje, e já consegui perceber que o futuro se interconecta com o passado e o presente, dai o meu medo do que ainda me pode acontecer.
Tornei este blog pessoal, como se tratasse de um livro aberto em que falo segundo aquilo que sinto, de um modo geral na minha vida. Um blog pode ser uma amálgama de ideias, tal como as que nos percorrem a mente. A minha mente interpreta o que vê e o que lê, mas eu estou mesmo muito influenciado é pelo que lei -o. Eu tenho lido imenso em toda a minha vida, eu tenho transposto constantemente aquilo que sou, dia após dia de leitura, por isso não descuro que toda a confusão que vai na minha mente, seja de toda a má acomodação que dou a tanto que vou lendo, a tanto que encho o saco sem despejar como deve de ser. Tudo o que aprendi se torna em toxinas para o meu espírito em lugar de o desenvolver harmoniosamente, em lugar de me tornar forte. Todo esse conhecimento me torna fraco, mas uma coisa é certa, eu compreendo, nem que compreenda mal. Sei que transcendi os limites da minha pessoa, eu que não nasci limitado mas assim me quiseram tornar. Eu que acabei por ter medo dos meus sentimentos, eu que me magoei profundamente no decorrer da minha existência, e agora vivo angustiado, cheio de amargor por ter perdido tanto dos meus desejos normais de um homem, eu que fui desfalcado psicologicamente, que me desiludi quando a minha mente compreendeu que aquelas pessoas em quem se podia confiar, não eram as mesmas pessoas depois de ver o lado de lá delas, das suas ideias. Sou único na maneira de pensar e de sentir e de ser e estar no mundo, e se isso me fascinava faz tempo atrás, neste momento isso provoca-me um pânico tremendo, o facto de estar só com o que sinto, tudo desorganizado em mim, sem conseguir vislumbrar uma saída. Sinto-me só neste meu mundo, terrivelmente só, e tudo parte do mais fundo de nós, o psíquico, esse poder que fica bem escondido mas onde, em mim, o meu consciente navega sem parar, na busca do bem-estar que temo ser utópico, e jamais alcançável novamente. Na minha mente eu não mexo ideiazinhas, simples acontecimentos ou factos, não, eu mexo toda a minha vida em peso, por isso eu estou esmagado por ela, na busca do meu bem-estar interior, na busca de uma saída, fechado sem inovar nela. Tudo muda lá fora, eu doentiamente permaneço o mesmo, não vou ao sabor da corrente. Eu tenho ideias erradas que não me consigo desfazer delas, coisas em que acreditei quando era muito pequeno e que não me querem abandonar, para me tornar outro homem. Talvez o meu pensamento já funcionasse desta maneira na altura, apesar de haver menos conteúdo nesse tempo. Mas uma coisa é certa, o meu espírito procura a paz, sem findar nos seus esforços. Assim é, assim será.
Por vezes sentimos que o nosso mundo está a ruir, eu sinto. Tudo o que foi e aconteceu parece fugir e parece que não temos mais meios nem oportunidades para repetir as sensações, como se não houvesse esperança. Temos que viver com tudo o que somos e no que nos tornámos, e isto, sozinhos. E, nem toda a compreensão que temos acerca do que se passa connosco é suficiente para apaziguar a dor da nossa existência, ou para mudar substancialmente o que quer que seja ou se passa. Pessoalmente, eu nunca deveria ter tido a retro consciência da minha existência, a retro observação, essa capacidade de estar em constante revisão do que faço, do que fiz, do agora e do meu passado, em análise constante dos meus sentimentos, desta maneira consciente se sentir. Sou demasiado sensível, demasiado humilde. O meu organismo não é suficientemente forte para ter certos modos de viver, de tal modo que se optasse por seguir certos caminhos, certos estilos de vida que certos organismos tem e que conseguem ir superando e viver sem que isso ponha em causa a sua existência, decerto eu duraria muito menos nesta vida – pelo menos parece-me isso, ou estarei errado? -. O meu organismo apela-me à fuga e à moderação, constantemente, para que possa continuar a existir por mais tempo. E sinto que vivo com medo de viver, ou melhor, com medo de perder o meu controlo, de me sentir maltratado, e por isso vivo na defensiva constantemente. Apoio a minha existência na fé, de que um Deus que me transmitiram me tenha com Ele. E eu sinto e vejo a maneira de actuar desse Deus, Deus esse que eu reformulei para viver mais em paz comigo mesmo e com o que me envolve - mas não compreendo a sua maneira de regular o mundo, como se houvesse indiferença na Sua maneira de agir, como se não tivesse vontade própria e fosse indiferente em relação aos seres que vivem nesta terra (mas sei que ao dizer isto, já mais pessoas o disseram e acharam estranho a mesma situação). Por vezes encontro noções na vida, e elas parecem-me ser experiências e lições para prosseguir, mas chego a certas alturas em que essas noções e experiências não têm mais significado. As relações humanas são estranhas, pelo menos para mim. Não posso partir do princípio que todas as pessoas são boas, ou pelo contrário, de que todas as pessoas são más. Só a experiência que temos com elas é que nos permite ajuizar o que elas são em relação a nós. Mas é estranho que o que era bom possa ficar mau, ou o que era mau possa vir a ficar bom, é estranho este constante redefinir de conceitos entre o bom e o mau. A relação que eu tenho com o mundo, é a relação que o mundo tem comigo. Se eu tenho alegria eu encontrarei alegria, mas se eu tenho tristeza, a tristeza vem ter comigo. E não sei que dom e fado é este que nasceu comigo ou então que me foi impingido [e estava a pensar como pode suceder a tanta gente], o de atrair a tristeza, os acontecimentos pesados, a difícil relação com as pessoas e de, em relação a estas, ou me quererem fazer mal e julgarem-me erradamente como mau ou então verem-me como uma pessoa de quem a aproximação não é possível, e desviam-se de mim. Eu falo assim, deste modo evasivo, mas mesmo que eu falasse no concreto, mesmo se eu fosse capaz, ninguém perceberia as ideias que eu queria transmitir, tenho a certeza. Eu estou fora do meu tempo, eu sou um ser fora do comum, o porquê não sei e continuo na busca de entendimento para isto – e já descobri muito, já encontrei muitas respostas para muitas questões, mas só fazem sentido em mim, na minha existência, e ainda não encontrei quem pudesse compreender um pouco que fosse. Por isso, me parece, jamais alguém compreenderia da maneira que eu a compreendo. E isto também se aplica da minha parte em relação aos outros: eu possivelmente jamais perceberei a maneira de sentir e de interpretar este mundo e a vida deles próprios. Este mundo, e estas maneiras de sentir, são aleatórias, tudo é um acaso, e mesmo esse Deus que tanto procuramos é um acaso. E eu procuro obsessivamente muita coisas nesta vida, mas ingloriamente estou pressionado a não ter a liberdade que tanto ambiciono, e tudo isso que quero não me vem a ter a mim, porque o meu ser não deixa. Vejo, a cada passo que dou, que tudo o que faço pode não ter feedback positivo, que tudo pode ser em vão. Isso antes não me preocupava, sentia a maravilha da vida e da existência nesta terra em mim, não receava nem tinha medo da morte, porque compreendia tudo e aceitava tudo naturalmente, mas agora… tenho medo da morte, da prisão e da injustiça, da vida que se esgota em vão, da não satisfação, de não sentir a plenitude da vida [que possivelmente tenho], até tenho medo de viver. O que eu vi ninguém mo pode tirar da minha cabeça, dos meus olhos, dos meus sentidos, a não ser a morte ou a demência. O que eu vi ainda não é facilmente entendível.
Não sei porque a vida é assim, mas é assim que eu a vou vendo, como um ser único que está a passar nesta terra, neste tempo, neste espaço, querendo estar do lado do que está certo, mas vendo que o que está certo e errado é muito relativo, e talvez nem exista. Queria defender ideais e morrer por eles, se eles estivessem certos, mas esses ideais não se revelaram suficientemente fortes, consistentes e verdadeiros para que possa morrer feliz.
E apetecia-me orar ao Universo neste momento, apetecia-me gritar, se eu pudesse. Ó Universo! A minha vida é só porquês e vazio entre eles, porquês e vazio entre eles, vazio entre as perguntas. Eu questiono constantemente a vida, e essas questões, deveriam ser perguntas de retórica. Mas eu não, eu pergunto para obter respostas, e sigo cada vez mais insatisfeito, porque eu não controlo a minha vida. Porquê só falar da finitude, das tristezas, do que não é controlável. Porque não vejo eu a alegria, o infinito, e o incontrolável e me desapego a todas as ordens que algum humano tenta instituir. Tenho medo de não subsistir, e esse medo foi-me inculcado. Uma vez que tenho de morrer porque não irei morrer sem medo, sem pânico pela sobrevivência, sem tristeza? Queremos que haja uma continuidade nas coisas, eu queria, imensamente, mas a ordem das coisas, a ordem deste Universo não é imutável nem é dominável. Porquê este sentimento de me sentir usado, eu não sou chiclete. Onde estão os meu laços? ‘Devolve-me os laços’ toranja. Onde está o meu elo, ou onde estão os meus elos? O elo de ligação com a humanidade. Só quero viver. Queria ser feliz. Tenho bons momentos na minha vida, mas por vezes alguém os quer deturpar e negar e desvalorizar e deitá-los para o lixo. Queria perceber claramente quem gosta de mim e queria poder retribuir. Eu queria, mas há muita gente que também quer, mas… é tão difícil. Como fazer? Quer faça quer não faça o tempo não pára, ele urge. Queria ser forte e não vacilar, não queria mostrar sinais de fraqueza, mas é o que eu mais facilmente demonstro, a minha atitude, simples, humilde, a minha sabedoria, a minha maneira de estar, aquilo que eu pensei que nunca saberia. A idade que eu nunca pensei alcançar, o destino e o infinito que eu sonhava tocar, nas minhas mãos, nas minhas mãos… e eu, tão pequeno, tão ínfimo e com um sentimento de incompreendido e incapaz de ser humano, e até mesmo incapaz de simplesmente ser. Eu, uma explosão de alegria que pensava ser, transformado em implosão, derrotado por aquilo que não entendo, eu simplesmente não entendo. A minha alma em palpitação, o meu ser sedento de prazer e bem-estar, com um sentimento de culpa que penso não me pertencer, completamente a leste da humanidade, que me deseja acolher e ao mesmo tempo sente repulsa por mim. Eu, que desejava ter a pujança de me afirmar, mas que a vida me nega tal desejo, porque só se afirma quem o acaso quer, ou será que é Deus que quer? Será que Deus quer? Toda a gente quer fazer parte do sucesso, mas do insucesso fogem a sete pés. E eu porque me aproximo? Porque me junto ao sofrimento sem necessidade, como se eu fosse forte e com poder para ajudar. Quando me convenço que não posso ajudar, que não tenho essa capacidade, e só me posso ajudar a mim mesmo, aos outros dar a mão por vezes, nada mais. Porque me parece que perco tempo, que o meu agir é em vão, que continuo a perder tempo, que todo este tempo tem sido desperdiçado, como se o que faço não interesse para a duração do tempo e do espaço.
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