Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Os dias têm passado. O Outono, cada vez mais frio, tende a instalar-se, rumo ao Inverno, que já não e como outrora, porque tudo muda, porque tudo tem de mudar. O clima altera-se; sempre tive noção da mudança, de que nada estava parado; mas não tinha consciência de que, cada vez mais, teria menos forças e capacidades para enfrentar mudanças, menos forças para ultrapassar as dificuldades; Na verdade, pensei que apesar da mudança, não iria chegar tão longe [com relevância no que diz respeito ao conhecimento, compreendendo em simultâneo que - e tendo dificuldade em aceitar que - sei tão pouco] e ao mesmo tempo ficar tão perto de onde nasci, pois, não sou aventureiro, o espirito do medo entranhou-se em mim, de algum modo que eu tento perceber, tentando ultrapassá-lo sempre mas, cada vez mais, com mais dificuldade. O Frio vai na minha alma a maior parte destes dias, nesta minha escrita irónica do que sinto realmente, porque aos extremos de sentir na pele essa ironia não quero chegar, tentando antecipar as jogadas que se seguem, como quem disse: << fingindo tão completamente, que chega a fingir a dor que deveras sente>>, Fernando Pessoa; Mas tenho medo de lá chegar, ao descambamento, neste mundo imprevisível onde me parece que tudo pode acontecer, onde a estabilidade é uma visão efémera do eterno tempo, onde eu sinto que não domino o meu destino, onde eu sou o que sou segundo o que sinto e onde estou, não podendo ambicionar, assim, ter controlo justo sobre a minha vida, sentir-me bem, talvez porque não consigo controlar o que sinto, porque deixei de ser fluente no que sinto faz muito tempo, arrastando o meu passado comigo, passado esse, que por um lado me enche de conhecimento para lutar contra algo, esse algo que me aprisiona, mas, por outro me está a fazer cada vez mais atrito, cada vez menos me deixa prosseguir; sinto que haverá um ponto de rutura algures no meu futuro, e tenho a esperança de que esse futuro seja positivo para mim como sempre o esperancei. Cheguei a pensar, em determinada altura da minha vida (naquela altura que deveria ter sido um trampolim para a vida que me restava, e não o foi) que não sentiria mais o calor da vida. Tenho visto tanto mal-entendido nela, tanta mudez, querer expressar-me e não conseguir… e, no entanto, sei que ainda ando aos tombos num vazio que não aceito e não consigo ultrapassar. Vejo coisas que de algum modo sei que nunca quis ver nem sentir em plenitude naqueles tempos, pois seria a minha derrota antes de ter sequer começado, a derrota antes de ter tentado ir mais além, como o fiz para estar aqui agora; e nessa época cerrei os olhos e lancei-me às feras lutando com a força que parecia que iria ter para sempre, a força de aguentar pesos que se acumulavam nas minhas costas, de tentar aguentar como uma rocha, que na verdade não sou nem nenhum homem o é. Assim, fui à luta e enfrentei os meus medos, desajustadamente, sei-o agora, mas na altura eu não o poderia saber nem poderia ter sido de outra maneira, eu, simplesmente, tinha que andar, tinha que continuar, para não cair na indiferença de mim sobre mim próprio, no desânimo de não ter esperança, quando a esperança deve ser a última a morrer, sempre. Eu deveria ser um ser normalmente satisfeito mas algo não o deixou ser, será que ainda é essa a mesma ‘tal’ causa que não me deixa ser, ou estou a delirar? Vejo coisas, sinto coisas, não no sentido da inventada ‘esquizofrenia’ [eu o afirmo veementemente!!! ] mas no sentido de que vejo e sinto associações de coisas que não são objetivas no dia a dia comum, no sentir de quem apenas age sem saber que age ou, pelo menos, no sentir de quem age sem se preocupar com o que é passado, com os sentimentos, quando na verdade há tanto subjacente àquilo que se vê, aquilo que é fachada e que eu tenho que descobrir… tanto, mas tanto, que eu me sinto um ignorante que caminha vulnerável na vida; com isso quero dizer que existem espécie de complôs que nos perseguem, azares, há ideias obscuras escondidas – passe a redundância- que nos querem afundar, sobrepujar indevidamente, injustamente, a mim parece sê-lo como acabei de o dizer. Pensava que lutando cegamente iria ter mais força, mas não se pode lutar contra as leis da natureza, e mesmo, direi, contra a natureza das coisas paranormais ou que não compreendemos. Um dos meus erros, que me fez aumentar todos os meus nervos, e que só há pouco, e, gradualmente decidi combater, porque só agora percebi que era verdade, era que eu bebia leite e o leite fazia-me mal, tão simples quanto isso, fazendo-me mal-estar intestinal e aumentando a minha ilusão ‘que me puseram na cabeça’ de que o mal era outro, era da minha cabeça, aumentando os meus nervos ao longo destes anos impiedosos de luta constante contra a natureza do leite que não me era favorável; simplesmente, dizem que o leite contem a chamada lactose, e, eu verifiquei ultimamente que bebendo leite sem lactose me sinto melhor dos intestinos, pelo que concluo que tenho grande intolerância á lactose, e foi isso que, se não foi a causa, pelo menos foi o coadjuvante de seguir o sentido de mal-estar que senti estes anos todos, porque burros como a médica de família, entre outros familiares não foram capazes de dizer que poderia ser isso e ajudar-me a ultrapassar esse desconforto que aposto, mais uma vez, influenciou todos estes anos fortemente [eu nunca quis deixar de beber leite porque sei que é fonte de cálcio e de muitas vitaminas das quais não queria abdicar, além de que ignorava que havia leite sem lactose]. As pessoas matam as pessoas, a cultura mata, mata quem não se insere na cultura, afirmo-o enraivecidamente. No seguimento do que digo, também o meu organismo não tolera bem o álcool, - a cultura vigente por estas terras de Deus, que eu tanto amo, mas que por certas pessoas me parecem terras do diabo - por isso evito beber, além de que nem deveria ser copinho de leite… hehe Sim, mais calmo… Só que agora o grande mal já está feito, o meu medo de andar mal do intestino alastrou-se no meu sistema nervoso, e pergunto-me que se mantiver a minha terapêutica, chamemos-lhe assim, de não beber leite com lactose (o que me esvazia os bolsos de um desempregado com problemas de achar emprego por causa de efeitos bola de neve), irei eu melhorar nos restantes sintomas e recuperar um bem-estar normal (?) Tenho esperança, quero acreditar que sim. Acabei de renascer, penso. Vou testar a teoria.
O conhecimento anda por ai, e também na net há muito, muito mais. Mas o poder do paranormal e daquilo que não se pode explicar, que está para lá do natural, continua no mundo das pessoas. O metafísico é algo que tanto pode ser agradável e belo, como pode ser um horror (tirem-me deste filme…!). De que modo o natural, o mundo físico, interage com o sobrenatural, o mundo metafísico? Que interagem é para mim - e em mim - claro, não provado e assente ainda, mas evidente. Como pode um problema intestinal virar numa bola de neve e levar a problemas do comportamento, e dai a ser diagnosticado, com o passar dos tempos, como tendo problemas psíquicos, que de fato se tem, exponenciados também pelo leite além da maneira como se tratam as pessoas? Esta é a minha questão que responderei (nem que seja a mim próprio) nos próximos tempos, da minha vida tão descambada. Sou louco porque lutei contra o que não se pode lutar, sim, segundo essa definição eu sou louco, mas quem não é louco em algum momento da vida pelo menos? Nasci fraco, abaixo da normalidade é certo; Se por um lado é bom que se seja ‘puxado’ como sendo uma pessoa normal, como pode a intolerância dar lugar á tortura de um ser que constantemente é levado a dar mais do que pode? De onde vêm as forças que nos mantêm vivos e que ninguém se pergunta normalmente quando se está bem, e se nasceu bem constituído metabolicamente? Como pode o medo da diarreia levar à loucura? Coisas tão simples que soam a complicadas, talvez porque não isoladas, coisas simples, males simples que se tornam complexos, tal é o efeito exponencial. Talvez não seja só desse mal que tudo levou a onde levou, mas é um princípio dos princípios. E estou a atacar um princípio, por isso estou no caminho certo, penso. Assim destrinço ou começo a destrinçar a relação entre o que acontece na dimensão da realidade, tornando-se fato, e aquilo que se interpreta no mundo do psiquismo. Se não estamos bem fisicamente, como poderemos está-lo psicologicamente? Vislumbro inter-relações entre o natural e o psiquismo, entre o que ocorre na vida e vemos com os nossos olhos e o que ocorre a nível das ideias, e digo, tenho medo do mundo das ideias, quando não as dominamos e elas se querem virar contra nós, contra mim, de tal modo que nos querem aniquilar; é verdade que cada um tem a vida que pode ter, é óbvio que um ser saudável e motivado ultrapassa os limites anteriormente vencidos, vai mais além, domina o seu ser, até ao ponto em que ele não domina mais, é certo, porque algo está sempre para além dele, os acontecimentos que ainda não foram explicados. E então fala-se em segredos, ‘o segredo’, o segredo do sucesso etc e tal. Mas as coisas não são tão lineares assim; todos os que jogam no euromilhões desejam fortemente ganhar mas só um, normalmente o ganha isolado, o resto é uma imensidade de ilusões, de que hão de ser especiais, tal como eu um dia o desejei ser erradamente... Ou talvez não, ou talvez nunca o saiba, ou talvez nunca saiba que o fui, porque o desejo de ser especial está tão enraizado em mim, ainda… porque o gostava de o ser sem o ser deste modo, gostava de acreditar, tenho esperança que ainda vou acreditar novamente na especialidade, mesmo que não me saia o euromilhões ;) Com isto, digo que o natural está tão intricadamente ligado com o sobrenatural, aquilo que os nossos olhos veem está ligado com o sentir, que mesmo que não o vejamos não o podemos negar, e resta-nos tentar explicar, a maioria das vezes erradamente até que chegamos a um ponto ‘milagroso’ em que podemos finalmente explica-lo, simplesmente.
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Fernando Pessoa
«Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco.
Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior.»
Excerto do 'Livro do desassossego’ de Fernando Pessoa
Nesta nossa vida (assim como na Internet, em particular, ao buscarmos por algo), tudo o que somos nos leva ao encontro daqueles que manifestam ou manifestaram algo, segundo aquilo que sentimos em determinado momento ou espaço de tempo, parecendo até, que somos iguais a alguém e que não estamos sós, como às vezes nos sentimos, interiormente, psiquicamente. Mas, a verdade, penso ser a de que somos únicos, e já o disse mais vezes, apesar de todas as afinidades que possa haver entre nós, humanos.
Compararia o que somos, fisicamente, à escrita, na qual existe um Alfabeto (Um conjunto de letras isoladas), sobre o qual se constrói todo um texto, este composto por palavras (conjunções e outros mais – os experts da linguagem que o digam) que podem designar algo em si mesmo, conceitos, e que constroem frases e textos que transmitem ideias.
Assim, fisicamente, somos feitos da mesma massa, a carne (como se costuma dizer, de uma maneira muito genérica), não sendo só essa característica que nos define como idênticos, mas também, temos cabeça como os outros, temos braços como os outros, e assim, como os outros, temos dedos, pernas, pés, Tudo isto é uma parte das similitudes que definem a nossa espécie. Mas sabemos mais, hoje em dia. Além daquilo que vemos exteriormente, no nosso interior existem órgãos que devido á similitude da sua disposição e características contribuem ainda mais para a definição da nossa espécie. Mas ainda há mais, antes disso estão as células que são as unidades que constituem os órgãos e que também já sabemos que funcionam de maneira idêntica entre nós. E acho que, o que foi descrito são as características mais gerais que nos definem fisicamente como espécie humana, como pessoas.
Comparando o que somos fisicamente à escrita, diria que a nossa espécie é como um livro enorme. Sendo assim, cada palavra representará uma célula do nosso organismo humano. Cada conjunto de palavras, as frases, que irão formar uma ideia na escrita, representarão um conjunto de células que farão parte de um órgão no organismo. Ao conjunto de ideias que transmite cada frase irá formar-se uma ideia geral que é transmitida num parágrafo, e cada parágrafo será um órgão do organismo, da pessoa. Ao conjunto das ideias gerais que transmitem os parágrafos irá formar-se o tema ou um capítulo do livro, ou seja, ao conjunto dos órgãos todos juntos e funcionais dá-se o nome de organismo. Sendo assim, cada pessoa é como um tema ou capítulo desse enorme livro que é a humanidade.
Mas podemos aprofundar mais a questão à medida que o nosso conhecimento avança, continuando ainda com a comparação do que somos à escrita. Sabe-se que para lá da célula, no seu interior, ela própria funciona como um organismo simples, como um ser unicelular. Dentro dela há mitocôndrias e D.N.A entre outras formas que constituem a célula o qual desconheço ou já não me recordo de os ter interiorizado. Mas interiorizei esse conceito de D.N.A como sendo um fio básico da vida, onde se encontra o Alfabeto da vida, uma relação directa entre escrita e o que somos. Se considerei que as palavras seriam como as células do nosso organismo, agora considero que as letras, que constituem as palavras e são o Alfabeto na escrita, são equivalentes ao Genes que constituem o D.N.A (É claro que isto para muitos é óbvio, devido ao grau de conhecimento que possuem). Assim como cada letra forma a palavra, assim os genes [são as letras que] irão formar a célula, ou seja, são os genes que lhe dirão em que tipo de célula se irá transformar, segundo o órgão para que está destinada. Na escrita, as letras são utilizadas, segundo o conceito (a palavra) que se quer transmitir, mas isto já baseado na ideia que se quer transmitir. A inter - relação que há entre o conceito (a palavra), a ideia (a frase), a ideia geral (o parágrafo) e o tema é ou deve ser recíproca para que tudo se conjugue na perfeição. Assim é no organismo, a relação entre os órgãos, as células que os constituem e os genes, de um modo muito geral, deve ser recíproca também para que tudo funcione correctamente, numa reciprocidade que eu toco com a minha imaginação, admito. Continuando ainda, as substâncias básicas que formam o D.N.A ainda não serão os genes, assim como as letras não são o elemento básico da escrita física. No D.N.A encontramos «as quatro bases [que o formam] que são a adenina (abreviado A), citosina (C), guanina (G) e timina (T)» (fonte de revisão: wikipedia). São estes os símbolos básicos da vida orgânica e que formam os genes e posteriormente as células. Assim como, continuando a metáfora, são aquilo a que se chamam ‘símbolos’ (aos rabiscos que parecem não significar nada quando não os entendemos), que formam as letras, e estes podem variar segundo as culturas,(e temos os símbolos árabes e chineses que diferem dos nossos, por exemplo). São os símbolos (esses rabiscos idealizados para base na construção das ideias) os compostos básicos na escrita tal como as bases dos genes são as que foram enunciadas e que são a base de todo o processo evolutivo e/ou regenerativo do organismo.
Já o que somos psiquicamente assenta, segundo me parece, naquilo que nos suporta, e que já falei, o organismo físico. O que somos psiquicamente é da ordem das ideias e não da escrita. A escrita à primeira vista, é uma manifestação das ideias. Mas apareceu primeiro a ideia ou a palavra? E tudo isto não é uma evidência ou uma clarividência, para mim falar das questões de que ‘apareceu primeiro a escrita ou a ideia’ é o mesmo que questionar, aquela questão clássica popular, se ‘apareceu primeiro o ovo ou a galinha’. E numa questão mais profunda, será que o nosso espírito foi-nos dado depois de sermos concebidos ou já estava pré-destinado ou ainda a eterna e irrespondível questão: entre isto tudo haverá obra de Deus, Ele existirá? E de seguida surgem outras questões, haverá vida psíquica para além da morte? Já que me parece que claramente o nosso organismo físico voltará a ser parte integrante do universo, ele se desintegrará e se transformará, nunca mais naquilo que já foi. Será que se passará algo idêntico com o nosso espírito? Será que ele se desintegrará nas partes essenciais que constituem esse lado da dimensão espiritual e continuará a tomar outras formas por esse Universo fora, a fazer parte não como um todo que já foi, mas em pedaços maiores ou menores de outros espíritos (outros psiquismos). Mas se tal acontecer, então nós já somos feitos de matéria psíquica que já existia, somos um aglomerado de pedaços de outros espíritos que existiram antes de nós e que nós desenvolvemos no decorrer da nossa existência e que passaremos a outros ou a algo que sucederá depois de nós. Mas à frente da nossa existência depois de desaparecermos, enquanto homens e seres vivos, do mundo, que restará? Os espíritos dos homens não poderão desaparecer assim sem mais nem menos. E ainda, tudo teve um princípio, sem dúvida e não se sabe se existirá fim. Se o nosso espírito existe, e isso é um facto, da ordem das ideias, ele não surgiu de qualquer modo, do ‘nada’ [o ‘nada’ não poderá existir porque ele engloba um conceito em si mesmo, demonstra a existência de algo e só existe em função dessa existência, o conceito de ‘nada’ existe porque na verdade existe algo], mesmo que isso nunca venha a ser entendido pelo homem, haverá uma explicação para isso. E penso, em Deus, O intangível principio e fim de tudo, O Universo palpável e O Nirvana a coexistir, o incomensurável tempo que nos antecede e procede. Deus, essa palavra que transmite um conceito ideal que nunca chega a estar definido, uma imagem à semelhança do homem, que alguns tentam transmitir, uma imagem que tentam concretizar, mas, que é indefinível nos moldes em que a tentam abordar.
Então, O nosso ser, no geral, é uma conjugação de uma entidade física, o corpo (humano) e uma entidade ideal (do mundo das ideias) que é o nosso psíquico. A relação entre essas duas entidades forma aquilo que nós ‘somos’ no geral, e apesar de haver algo que nos identifica ao longo da vida, que nos torna aquilo que ‘somos’, a conduta que nos rege e os traços que nos caracterizam, não somos seres imutáveis, pelo contrário, somos mutáveis, e mais, não há nada, por mais ínfima que seja a nossa observação, imutável ou parado no Universo. E é essa relação que forma o nosso sistema, a nossa pessoa, que interage com outros sistemas de muitas formas (outras pessoas). Não há sistemas fechados, no sentido absoluto do termo, por mais que um sistema pareça independente. E surgem mais questões: Surgiu primeiro a entidade física ou a entidade ideal, bem lá nos primórdios da existência dos seres vivos? Em relação à palavra e a ideia: O homem teve primeiro a ideia e inventou a palavra, ou primeiro, inventou ou proferiu sons que se tornaram em ideia? Tanto podemos imaginar o homem (os seus ancestrais, o homem primitivo) a ver uma ‘pedra’ e a proferir um som que começou a repetir para a designar, como podemos imaginá-lo a imaginar (sublinho ‘imaginar’, o que demonstraria que a ideia precede a palavra) essa ‘pedra’ e a tentar ou a, efectivamente, inventar um som para ela e a divulgá-lo entre os que o rodeavam. Também há a hipótese de ambos os casos irem acontecendo ao longo da evolução, havia objectos para os quais se diziam sons que se tornavam no identificativos desses objectos entre a comunidade e o caso de se estar a pensar na imagem do objecto e inventar-se um som para ele. Será muito difícil encontrar resposta se quisermos colocar a hipótese de que terá sido apenas uma das duas a ter acontecido primeiramente. O homem ao emitir sons, tal como qualquer animal já transmite um sentimento, se magoarmos um animal, se o pisarmos, o animal emite um som (estou a pensar num cão assim como pode ser um rato, que guincha) de dor, logo ele tem uma ideia de dor, que manifesta com um som. Para mim, neste momento, a interacção entre sons e sentimentos formou primeiro um desenvolvimento da mente no sentido da imaginação e nesse entretanto surgiu a palavra, os sons com significados, designando primeiramente objectos e coisas ‘palpáveis’, concretas, e depois passando para o mundo dos conceitos abstractos, tudo ao longo da evolução. Não ponho outra hipótese a não ser a de que a escrita veio depois destas questões já estarem assentes e mesmo apareceu depois de muitas formas de expressão terem sido desenvolvidas. O tema sem dúvida é longo.
Quero concluir a ideia com que iniciei: ‘somos únicos’. E esta ideia é transmitida, quando não claramente no que escrevi anteriormente, nas entrelinhas e nas milhares de ideias que as enunciadas nos levam a pensar, se tivermos imaginação. Mesmo entre irmãos, sei-o por experiência própria, gémeos até, pelo que leio e oiço, somos diferentes, por mais semelhanças físicas ou intelectuais ou ideais ou psíquicas que haja, as semelhanças são ínfimas, se analisarmos profundamente as diferenças. Somos diferentes porque temos genes únicos para começar, que nos tornam diferentes à medida que nos desenvolvemos, mesmo sendo gémeos, o ambiente nos tornará cada vez mais diferentes. Somos únicos, ainda mais, e mais marcadamente, na parte psíquica (intelectual, ideal). Somos únicos no nosso espírito, porque marcados, não só por aqueles que nos envolvem fisicamente, mas também por ideias e ideais que vieram até nós de diversas formas, por pessoas que vivem ou já não vivem, e até ponho a hipótese de sermos marcados por espíritos de personalidades que nos antecederam (atenção: esta minha ideia não tem nada a ver com espiritismo ou muito menos com práticas espíritas são utilizadas e acreditadas por alguns, apesar de poder parecer como tal, mas por um pensamento puro e puramente meu segundo os meus conhecimentos, pensamentos e reflexões). Somos únicos, mas não estamos sós, mesmo que tudo venha a faltar para a nossa sobrevivência, mesmo que seja a derradeira velhice que nos faça estar sem sentido, mesmo que seja uma provação que seja caso de vida ou morte, mesmo que este sentimento de solidão se apodere de nós por várias razões, entre as quais o não conseguirmos ser aquilo que queríamos ser (o querer ser como outros são, por vezes, ter outras características; aquilo que os outros nos impelem a querer que sejamos sem nós querermos, quem não somos). Mesmo que nos aprisionem fisicamente ou psicologicamente e injustamente por motivos de: ideais que fazem parte de nós, por aquilo em que acreditamos, pela nossa liberdade, por atentarem contra a nossa vida e nos tentarmos defender disso, por simplesmente não gostarem da nossa cara ou do nosso ser, por quererem ser maiores, condicionando ou destruindo os outros – a lei do homem é injusta – a nossa existência nunca foi nem será em vão, quero acreditar nisso. E gostava de fazer acreditar aqueles que não acreditam e sofrem com isso, até porque, acreditando comigo nisso, acredito que a força da liberdade permanecerá no mundo, porque acredito que existe o bem e o mal e que ele reside no homem ao mesmo tempo, e acredito que o bem tem de vencer, e o bem é a compreensão e a união em torno daquilo que faz o homem viver, a saúde que reside mais na mente do que no físico, porque acredito que Deus, essa entidade, conceito e ideia que em mim reside irá domar o homem tal como o homem doma a fera, tornado – o dócil e co – adjuvante.
Para terminar, Fernando Pessoa foi sem dúvida um grande homem, sei-o, mesmo sem o ter lido muito, mas porque o sinto – assim como muitos o foram e são – e foi – o porque se apoiou nos ombros de gigantes, tal como eu me gostava de apoiar e me tento apoiar. Não vi o infinito, mas gosto de senti-lo, apesar da solidão que se instala, quando temos que encarar um mundo que não é o nosso.
Muitos são grandes e vistosos, outros sãotão grandes que nem se vêem.
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