Um complô dificil de entender
Não vejo a face que está do outro lado. Procuro-a, mas não a encontro. Há um vazio entre esta diferença abismal do que sinto e sou capaz de compreender e do que sou capaz de fazer. Acredito que compreendo (isto tudo que sinto é compreensão, só pode ser), mas não posso ou consigo dizê-lo, sou incapaz. E porquê? Talvez eu esteja preso perante a imensidade, talvez porque o mundo que me envolve me tende a sentir perdido; Talvez seja eu que sou tão pequeno para fazer e tão grande para ver, ínfimo no ser físico e na capacidade de executar e vasto no sentimento interior e faculdade de sentir e analisar; Talvez porque eu esteja virado mais para o interior do que para o exterior; talvez porque eu absorvo mais do que o meu organismo desde sempre ou algum dia poderá construir ou exprimir. Exprimir-me é como uma doença, não me deixaram [o mundo que me rodeia: os meus pais, a minha cultura e cultura dos que me rodeiam] desenvolver a capacidade de expressão, além de que, conseguir ver toda a minha trajectória de vida na minha mente e nos meus sentimentos [como sou capaz de ver e sentir], até aos dias em que estou, saber o que me afecta e não ter a capacidade suficiente de ultrapassar todos os obstáculos, é a causa de uma doença, conformada nos limites da esperança de que dias melhores ainda virão, e que haverá sempre dias menos maus e mesmo bons, de sentimentos positivos, de sentimento de liberdade enquanto tal não se der. Lutar contra todo este atrito de expressão é como lutar contra a pequenez a que a minha vida me quer votar, a indiferença do mundo perante mim. Não consigo medir o meu alcance, o alcance das minhas acções, de todo o meu ser em contacto com o mundo [mundo esse que é o que sei e conheço], pelo menos de uma maneira concreta e objectiva, conseguindo no entanto ver a subjectividade das minhas acções.