Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
‘’That’s the way it is’’. Assim continua a vida. Aqui estou eu, vivendo, não manifestamente. Pensando, sonhando, mas, antes de tudo, observando, tentado fazê-lo atentamente. Voltando ao mesmo ponto, porque há algo que nos define e faz ser quem nós somos, como se houvesse uma predestinação, um objetivo, do qual, façamos o que fizermos, trilhemos os trilhos que trilharmos, tudo nos leva a ele. A observância correta nos eleva os patamares do sonho e do pensamento. E, ainda, por mais que saiba e que a experiência me preencha, não encontro as ideia concretas que sempre busquei, como se essas ideias não existissem, não se pudessem concretizar. Todo um Mundo se me revela, gradualmente, no entanto é como se me não fosse permitido falar concretamente acerca dessa maneira que o vejo, talvez não seja o momento certo, ainda, talvez as palavras que se hão - de dizer tem que ter um contexto oportuno, talvez seja de mim e nunca o farei. Talvez não se possa dizer tudo o que se pensa, como se isso me fizesse perder o meu, pelo menos aparente, próprio controlo. É com surpresa que dou comigo, facilmente, a ser abordado pela vida com uma comunicação ainda não interpretada por mim, mesmo que já tenham acontecido mais vezes essas situações, à qual associo logo o medo e o desentendimento, que se apodera de mim, quando me parecia que tinha tudo entendido e sobre o controlo. Perco-me nas músicas, alguém já o saberá. Perco-me na procura dos momentos especiais, quando depois, muitas vezes, o que acontece é que parece que tudo me há-de cair em cima; grandes dores de cabeça e problemas não letais me cercam. Queria-me perder neste mundo de Ideias e Ideais, sentir a chama pulsante na maioria da minha vida sem que isso me pudesse afetar de um modo que me causa atrito e que me sinta atrapado por esta vida Real. Mas o que é o Real? O certo é que ele se mostra quando nos sentimos fracos, e, nesses momentos, até parece que todo o sentimento de Grandiosidade alguma vez sentido não tem significado e nunca mais o terá; Então, mais uma vez, entristeço, restando-me, senão, contritamente, entregar-me ao Destino, pensando coisas como: não sou igual a ninguém, e, certamente, serei igual a tanta gente. Perco o controlo no calor da noite, mas virá novo dia para me iluminar e me levar a alma por mais algum tempo, e isso me consolará. Respeito é o que sinto acima de tudo, medo, no sentido de respeito, sim, isso. Como pode um homem ser perfeito? (sempre o questionei). Ainda assim evoluímos desde que eramos como os macacos, que, diga-se clara e sucintamente, são seres tão belos quanto qualquer um outro por maior ou mais ínfimo que seja, não tenho dúvida no íntimo do meu Ser. Os que nos antecederam nos tornaram no que somos hoje, e nós faremos com que os que vierem sejam quem serão, diretamente ou não.
Vivo. Sensação de continuidade. Aí, vem a memória e a humanidade transcende-se ao rever, até à exaustão, os momentos gravados nas memórias externas, porque as nossas estavam limitadas. Sou bom a absorver o mundo, seremos todos assim, possivelmente, mas péssimo a transformar todo esse manancial de informação e conhecimento em algo que me faça ultrapassar o atrito, algo que me leve a ser dos melhores, ou então suficientemente bom e satisfeito com a vida, em última análise, estou não realizado. Tentando sempre dizer coisas, fazer coisas, nem querendo pensar na nossa finitude, mas tudo se me dirige para uma cacofonia, para uma entropia, porque as forças que movem este mundo são subjectivas, e mais, dissimuladas, que se tornam incompreensíveis quando tudo devia ser mais fácil, para mim. Há todo um poder que nos envolve, e que nos deixa vislumbrar através dele obtendo explicações simples, de algo tão maior que nós, mas, quando não somos escolhidos para desfrutar esse mundo em conformidade com as regras da normalidade, isso torna-se uma oposição e um grande peso que fica em nós, e ainda assim, o caminho é para a frente.
Confusões de ideias e palavras. Um mundo onde o móbil da felicidade e do bem-estar, esse mundo em que o estamos a transformar melhor (Ironia, acreditam mesmo nessa falácia? Falácia económica? Será uma vontade Superior que quer que seja assim?), é apregoado nos quatro cantos do mundo. Confusões também criadas por mim, mas não só, preocupações pelo estado do mundo que observei com tanta intensidade, na minha simplicidade. Afinal, muito do que sinto faz sentido, mas ainda não compreendo o porquê de estar aqui, e de preocupar-me com tanta coisa que não o de, apenas, carácter pessoal, do tipo de ganhar dinheiro e viver, mas, na verdade, o meu ser é frágil e sensível, por isso, não está fácil. Têm sido décadas magníficas, no entanto um suspiro do tempo pode levar tudo, mas, mesmo na pior das hipóteses, é muito provável que haja uma grandiosidade que irá conduzir o tempo imparável desta terra. Eu, simples, simplesmente vi a linha do tempo, tenho essa oportunidade, e ela ainda corre na minha mente e quiçá por todo o meu ser. Eu testemunho, como tantos, os dias que passam, mas a interpretação que eu faço do mundo estará em mais gente também? E pergunto-me sempre pelo significado de eu entender as coisas de um modo que acho que não é comum perceber. E pergunto-me, o porquê de eu ser quem sou e o porquê da minha existência antes de o ser – novamente e sempre perguntarei - (?). Questiono porque me questiono e policio tanto, não sendo levado ao sabor dos momentos, ficando agarrado de mais ao passado, que nos desgasta e nos torna mais do mesmo, sempre, mesmo que queiramos fazer sempre algo diferente e marcante, pela positiva. A mim sai-me o tiro pela culatra a maioria das vezes, no sentido de que ambiciono e tenho a ilusão das coisas muitas vezes no sentido da positividade por exemplo, mas tudo sai ao contrário. Pergunto-me porque tantas palavras que saem dos meus pensamentos, têm tanto feedback indesejado na minha vida por meios que eu não domino mas que sinto de algum modo, coisas que eu não consigo controlar ou, com as quais, interagir correctamente. Queria agarrar o equilíbrio com todas as minhas forças, queria toda a naturalidade que pudesse ter, e no entanto vejo que a minha vida escapa ao meu controlo e ao meu modesto desejo de viver simples e simplesmente agir sem remorso de me magoar a mim ou alguém mesmo que seja sem querer porque sempre, ou quase sempre, assim o tem sido na minha vida, e, além do mais, depois assumo culpas que se calhar nem me cabiam a mim assumir, porque, na verdade, se calhar as coisas não são o que parecem ser, o que me parecem ser. Tudo muda, mas eu não mudo assim tanto, fico parado, atónito na minha psique, lembrando sentimentos passados, como que continuamente em busca de uma Grande resposta, ou Grandes respostas, se houver mais do que uma. Ainda tendo, sempre, a acreditar e a observar que em toda a realidade, na aparência de um mundo estável e compreensível e de magnífica tecnologia humana, chamando a isso desenvolvimento e evolução, parece-me que há um Universo que não pode ser acedido ainda ou pelas formas que existem (inclusive ciência) e que interagem no nosso mundo. E a ideia continua a ser a de que o nosso mundo, o nosso planeta Terra é frágil, quando entendemos assuntos que pensávamos nunca vir a entender, a humanidade é especial, contudo, a terra fala mais alto, numa língua não perceptível por todos, porque, talvez, tenham que viver continuamente sem ter tempo para se questionar sobre as coisas, deixando-se levar aos sabor dos tempos, nos ideais feitos, ou ainda, talvez, com uma inteligência diferente e não apurada para aceitar a fragilidade de muitas coisas, dos próprios e da terra.
Recomeço, novamente. Tento recomeçar a cada dia, aquilo que não consegui encarreirar. Digo coisas repetidas, digo-as até acertar com as palavras certas, mas se não as encontrar, continuarei procurando, porque a evolução é para melhor, mesmo que o resultado dela já não seja para mim, um dia; E mais ainda, quero ter o prazer de fazer o meu caminho, caminhando (utilizando expressões e conceitos que se estabelecem fortemente, porque coerentes e bons). Eu beneficiei dos erros e da evolução de outros, outros beneficiarão de mim, assim como de ti… ainda não sei como, ao certo, mas tenho para mim queindirectamente, alguém, certamente um desconhecido ou desconhecidos, irá beneficiar de tudo o que de positivo eu fizer, assim como o negativo influenciará alguém, mesmo que seja desconhecido ou que viva num lugar distante ou num tempo futuro ao meu, e ao teu…; A verdade é que não escrevo assim tanto como queria, longe disso. Certamente, ainda menos e dificilmente escreverei as coisas certas, ou alguma coisa certa tão-somente. Outra verdade é que, também, não falo tanto como queria, tão pouco direi as coisas acertadas e, é possível que dificilmente diga alguma coisa certa, mas pelo menos tento. Agora, uma coisa acontece na minha vida e confesso: o meu pensamento não parou, está em alta velocidade em toda a minha vida, para o meu bem ou para o meu mal, nesse ritmo imparável de querer ultrapassar os meus limites, fazer aquilo que tantos me poderiam dizer ser impossível, aquela barreira que nos vai acompanhando à medida que a ultrapassamos, e que a ultrapassaremos sempre, de algum modo, até mais não podermos. Assim deveria ser para todos (ser capaz de ultrapassar o impossível), por isso falo plural ‘nós’ e não somente em ‘mim’, porque a evolução nos faz empáticos, creio, o que é bom é o que perdura, tem-se tornado evidente, isso, para mim, devendo, nós procurar a clarividência do que é bom e correcto para evoluir. Há coisas que, certamente, não irei fazer, os meus handicaps não me deixarão, percebi cedo isso. Os meus handicaps não são os dos outros, são os meus que poderão ser idênticos aos de alguém…; Este ‘meu pensamento que não pára’ é fantástico para mim (quem sabe, alvo de chacota por parte de outros, online ou na vida real), levando-me ao sabor do desconhecido, associando o presente com o passado, tentando agourar o futuro; Mesmo que esse futuro muitas vezes não se mostre risonho, ser capaz de sentir nas minhas (nossas) veias os meandros do espaço e do tempo é magnífico, sabendo, ainda assim, que tenho (tenhamos) de abdicar (inconscientemente muitas das vezes) das noções (pessoas e lugares mais próximos, por exemplo, em detrimento de um conhecimento mais Geral e Universal), dos sentimentos e emoções mais óbvios, que julgo fazerem parte da maioria das pessoas que habitam esta terra. Muito do que vem ter até a mim, sinto-o como uma Bênção, perguntando-me muitas vezes: ‘’Como isto é possível?’’. Certamente, sou o que sou hoje, devido à minha maneira de procurar a clarividência e de tentar aproveitar o que de melhor há no mundo entrópico da informação, como que continuando, na minha já relatada, busca pela perfeição, podendo considerar-me o mais imperfeito dos seres, chegue eu onde chegar um dia (à morte, indubitavelmente - como que querendo fazer-me forte, agora, KKK, borrando-me perante essa desconhecida, respeitando-a mais que tudo, ansiando, transcendentalmente, pelo meu final feliz e justo, que não quero imaginar sendo de outra maneira), faça o que fizer. Ninguém é alguém sozinho, somos o que somos enquanto comunidade, antes de mais, e espécie depois disso, porque a maioria das espécies não formam comunidades tão complexas e interdependentes como a nossa espécie.
Hoje é o dia 22 de Setembro de 2017, segundo me consta começa o Outono, e apraz-me neste momento, neste dia que foi (porque agora finda) e é para mim especial (nem que seja só pelo simbolismo numérico que ele tem na minha vida, da ilusão positiva que ele me provoca), estar aqui a escrever algo para o futuro, quiçá para alguém, certamente não só por simbolismo. 22, um número de equilíbrio para mim; hoje, sexta-feira, Setembro, quando o Sol foi equilibrado na sua força de iluminação e de calor, um dia em que me sinto abençoado, em que me sinto ‘com sorte’ e em balanço estável, com vontade de que, pelo menos todos os dias fossem como este, sabendo que isso é impossível. Tudo correu para melhor quando as minhas expectativas estavam baixas, muito baixas, mas não péssimas, vá. Estou apostando que este dia é mais uma ilusão da vida, da minha vida, mas uma ilusão tão real como a Vida Real, ‘The Real Life’; Assim, a verdade (factual) que me basta, para já, é que continuo vivendo, com esperança e fé, mesmo que tudo continue sendo tão estranho, apesar do tanto que já sei, apesar do azar que bate à porta muitas vezes, do desconhecido que temo, talvez porque, precisamente, ainda não o conheço. Continuo vivendo na espectativa de ter uma sorte futura (‘Get Lucky’), que não vislumbro, mas que anseio que se torne evidente à medida que o tempo passa. Passam-se 11 anos desde que iniciei este Blog, anos e anos de uso de internet se passaram, associando a minha existência com ela. Com a Internet, influencio e sou influenciado; As minhas capacidades (‘skills’) para me sustentar, de algum modo, com ela ou com influência dela nunca sobrepujaram todo o meu atrito que me não deixa descolar. Talvez ainda não tenha chegado o meu tempo, talvez nunca chegue, talvez o que o Universo (Deus, se acreditares) quer de mim seja diferente daquilo que eu penso que é melhor para mim. Apesar da fugacidade do tempo e da pequenez da extensão das nossas vidas, sinto, como que, o que foi há muito, para muita gente, para mim foi ontem - continuo a ser o mesmo jovem sonhando e imaginando o nosso Mundo, tentando-o compreender, e vivendo numa era tão especial, num local tão generoso e maravilhoso, que me permite estar aqui mais uma vez a perpetuar momentos de reflexão de uma vivência que jamais se repetirá, ansiando por tudo o que qualquer homem deseja.
Há desafios em cada momento das nossas vidas, porque a mudança é uma constante, em maior ou menor grau. E porque a mudança é constante e apenas o melhor tende a perdurar chamamos, a isso, evolução. Acontece que o ‘melhor’ (que a evolução seleciona) é selecionado ou evolui à custa do ‘menos bom’ e ‘pior’, não tendo, assim, menos importância o ‘menos bom’ e ‘pior’ do qual depende o ‘melhor’, apenas o ‘menos bom’ e ‘pior’ dura menos em termos de evolução. Fica aqui mais uma apologia dos mais fracos, porque quando o Sol nasce é para todos. Além disso o melhor também deixará de existir; E mais: se é melhor agora não quer dizer que será melhor amanhã. Além disso, ‘o melhor’, o ‘menos bom’ e o ‘pior’ existirão em maior ou menor grau em todos os seres ao mesmo tempo, apenas sendo mais utilizado, a longo prazo, ‘o melhor’ de cada ser, de cada coisa (generalizando), ao longo da vida de cada um, ao longo da existência do Universo, do ínfimo e do máximo.
O desafio das mudanças leva-nos a tentar adaptar de qualquer modo; hoje tenho tempo para divagar sobre o ‘desfio das mudanças’ porque a minha direção de adaptação me levou a isso; para muitos, este modo de estar na vida não faz sentido, este observar a vida, divagando, por exemplo, pelo dito tema, isto porque o sentido de adaptação é outro, porque tudo se lhes conjugou de outra forma, de outras formas. Tenho que ser feliz com o que tenho, não com os sonhos desmesurados que não terão lugar na minha vida, e no entanto, sonho, e é esse sonho que me conjugou como eu sou e me conjugará como serei; sou feliz por isso, por ter existido e compreendido; mais, algo me diz que devo lutar contra esses desafios, porque tudo tem que mudar, porque não podem simplesmente apagar o que é bom, ‘o melhor’, é a lei, mesmo que seja provisória, ‘Dura lex, sed lex’ é a lei da vida, quiçá de Deus.
A preservação de um ser é algo de magnífico, a sua idade, a sua perseverança de viver, sendo, no entanto, um suspiro despercebido na idade do tempo. A vida é algo de extraordinário e único (talvez a maioria das pessoas saiba isso e o que digo é uma vulgaridade para elas, porque o veem como evidente, tenham elas a inteligência que tiverem ou independentemente do estrato social que ocupam na sociedade); o facto de sermos seres vivos auto-conscientes ainda é mais extraordinário. Talvez sejamos únicos neste Universo. Tudo parece belo quando estamos no nosso elemento, em segurança, dentro do aceitável segundo as regras do homem, tendo um conhecimento superior ao dos outros; ou talvez nem por isso, talvez se viva bem e feliz na ignorância vivendo toda a vida como crianças; eu não me importava de ter sido esta última, já que tive de viver, se Deus quisesse. Tenho a fé de que há Leis muito maiores do que as apeladas de ‘leis’ criadas pelos homens, segundo tais Leis as leis dos homens passam somente a ser simples regras, regras de convivência ou, muitas vezes, de conveniência. A minha preservação, enquanto ser consciente e conhecedor que sou, passa por sobreviver o mais longevamente possível e na melhor qualidade de vida possível, acrescentando: na inteligência e na fé dos valores bons, positivos, da vida, na busca do que é justo além da procura da força do saber sofrer, quando tal tem que acontecer. Quero construir a minha vida, tenho que agir, no entanto sempre tive medo de agir mal, talvez porque embutiram em mim o ideal da perfeição, da autoexigência, autoexigência essa que me levou a ultrapassar os limites da minha mente, mas com um preço caro, que estou a pagar (para o bem ou para o mal), o tal sofrimento que quero superar. Essa exigência leva a que tenha ideais elevados mas me retrai no agir, visto que eu não ajo segundo as regras do homem, e sim, tento sempre agir segundo as leis do Universo, de um ideal superior, o que me causa dificuldades imensas, mas que julgo que, como crente, ao mesmo tempo me vai valendo essa fé num Bem superior, para onde temos que caminhar e evoluir. Vejo através de análises extrínsecas que muita gente não deve dar valor à vida, mesmo quando têm o essencial para lhe dar valor e lutarem pelo que é justo, subjacente está um ideal de vida de desvalorizar o Universo (a vida, tudo o que existe, eles próprios). Até posso dar um exemplo a atualidade em que jovens da europa, neste momento partem para a Síria para combater ao lado do estado islâmico; estando eles numa terra de paz e liberdade, partem para morrer em vão numa guerra sem sentido; faz-me muita confusão, isso, como é possível? Como é possível o aberrante, sem valor, atrair vidas? Dizem que lutam em nome de Deus, mas quem são eles para lutar por Deus, por amor de Deus?! Prosseguindo: Eu mesmo tenho medo, neste momento assim como em todos os momentos da minha vida, que caia numa situação em que não consiga dar mais valor à própria vida e ao que vivi. Mesmo assim, é provável que chegue a um certo ponto, se continuar a viver, em que a vida não me soará como soa agora no meu psíquico, em que tudo o que fui e sou se irá diluir no tempo, aceito que tal poderá acontecer, desconfio que já esteja acontecendo paulatinamente.
Falamos mais em ‘preservação’ quando falamos de proteger objetos para que possam existir o maior tempo possível, eu falo da minha auto-preservação. O homem devia pensar que auto-preservar-se deve ser preservar esta bela terra pelo mais longínquo tempo possível, mas à velocidade a que está o mundo tenho que dizer que não tenho esperança num futuro a médio prazo, resta-me a fé numa intervenção divina para equilibrar tudo isto. Como dizer o que vejo por palavras? É tão difícil fazer-se compreender quando as pessoas não querem compreender… É mais fácil idealizar mas tão difícil agir. Tanta gente que nasce sem amor, sem ideias, seguindo regras cegamente, seguindo seus instintos enganadores e erróneos. Deus, se existe o bem e o mal, e tu és o bem, tens que intervir e tornar este mundo belo aos olhos de todos, ou estarei eu completamente errado? Tenho medo que esteja, mas ficaria feliz se estivesse um pouco certo do que sinto.
Tento preservar-me, mas a maioria dessa capacidade de preservação não está em mim (somente uma minoria em mim), mas sim no que chamamos o acaso de situações, que poderão não ser tão acaso como pensamos. Pistas de mim perdurarão para sempre, senão histórias completas, que tentarão reescrever-me. Desejava não ser o protótipo de um homem que não tem valor, porque tudo o que sinto é imensamente valorizado, não fingido. Se tenho muitas coisas más (sentimentos, atitudes, más ações)? Terei algumas, e mesmo assim tudo em mim terá um propósito ainda muito, mas muito maior do que eu posso alcançar. Resta olhar para o que me é inerentemente bom e equilibrado, o desejo de ser um ser perfeito, apesar de todas as dificuldades e imperfeições. Poderemos chamar ao que está a acontecer no mundo ‘acaso’, ou haverá um propósito para tudo o que acontece? Talvez o propósito seja a evolução, a melhoria dos seres, mas… é tudo tão paradoxal que confunde a mente racional.
Para nos preservar também precisamos conhecermo-nos o melhor possível, saber o que podemos fazer ou não, e respeitar os limites de nós mesmos, mesmo quando estamos a ultrapassá-los constantemente, devemos respeitar o que nos é imposto pela nossa natureza. É como saber o que nos faz bem e o que nos faz mal, se nos faz mal devemos evitar sem dúvida, se possível; decerto há um lugar para nós estarmos, não devemos tentar ser como outros se não o podemos ser. Se o leite me faz mal, não o tomo, em princípio tenho alternativa; Sorte a daqueles que bebem sem males maiores, devem ter bom fígado, o meu não destila bem, vou por outro caminho, obrigado, talvez não possa ser vosso amigo. Eu que pensava ser especial, afinal sou um ser fraco, não tenho uma saúde normal, tenho que seguir o meu próprio caminho, solitário, mas o meu caminho, ou então, se não tiver caminho, lutarei para fazê-lo sobre o vosso, até morrer… Tudo pode ser sério, tudo pode ser simples, não conhecemos ninguém; Eu pelo menos tento conhecer-me a mim mesmo, e respeitar-me, e superar-me respeitando os outros quando merecem, senão luto para fazer o equilíbrio, o meu equilíbrio e o equilíbrio dos outros para comigo. Senão ainda sonho: quando não posso sonho que posso.
Culturas que se diluem em culturas; conquistas forçadas; sangue inutilmente derramado em nome de Deus, em nome de ideais que hão de desaparecer para sempre; a destruição do mais fraco; a preservação dos fósseis; atritos que não compreendemos; as inteligências de seres que superam outros mas que vivem na tolerância da humanidade são boas aos olhos de quem realmente manda; tento ver com olhos superiores mas não consigo realmente ser superior; Ajo segundo uma natureza que pressinto mas não consigo descrever; tento perseverar, quero perseverar; Não me deixes cair no vazio, e no entanto deixar-me-ás cair, mas tenho fé que me levantarás, para me auto-preservar.
A noite profunda cerca cada vez mais todo o ambiente que me rodeia: desde o lado escuro da lua (que sei que está lá fora), passando pela face oculta da terra em relação ao sol, parte essa em que me encontro, até à minha terra, ao meu lugar e à casa onde me encontro; e, eu penetro adentro nela, ainda acordado. Esta noite é de acalmia, quando em segura liberdade me encontro, num ambiente climático ameno que me enche de bem-estar - assim o é sempre que desta maneira nos encontramos; e até pode ser um momento passageiro, mas eu captei-o num instantâneo dentro de mim, como uma foto ‘congelada’ e única de um sentimento passageiro e irrepetível mas que é possível alcançar sempre que o conseguir evocar. Penso para mim (e agora para vós): eu sou este, que me digo nestes momentos, eu digo-me desta forma que escrevo. Tudo o que eu sinto flui enormemente em mim sem erupção, a agitação interior é enorme, contudo, isso pode significar muita coisa como pode não significar nada: talvez eu seja uma bomba atómica, uma coisa insignificante de se ver, mas com um poder dentro que ninguém acredita enquanto não se ver o efeito. Mas também posso ser um objecto que imita a bomba atómica, a ilusão do poder quando a insignificância do que se é se demonstra pela inutilidade do objecto. Assim sou eu e a minha definição do que sou: algo que pode ser tudo ou pode ser simplesmente nada. Tenho como certo que o que sinto e vejo é válido para mim. Mas, pergunto-me, infindavelmente, o porquê desta contrariedade (?), penso: como posso ser tão vasto e ao mesmo tempo tão insignificante? – qualquer um pode pensar nisto e pode sentir isto. Pergunto-me, mais abrangentemente, o porquê de o ‘bem’ ser acometido pelo ‘mal’ (?), porque uma pessoa boa diverge para o mal? Quase que diria que não podemos confiar em nós próprios, eu tenho esse sentimento. Por exemplo, vejo casos de pessoas que cometem actos (de errados momentos) que não encontram resposta ao porquê de os ter cometido. O que eu quero dizer é que me parece que o paradoxo faz parte da essência do universo (o ‘tudo’ e o ‘nada’ a coexistir é um paradoxo filosófico que a mente humana terá que ultrapassar se não for possível separar tais conceitos) quer se queira quer não se queira, e também julgo que ‘nem tudo o que parece ser o é como parece’. Assim, muitas vezes, os que aparentam ser estúpidos são espertos, e os espertos são burros. Mas ninguém é Deus, a grandiosidade do que sentimos não pode sobrepujar Tal Grandeza. E eu, tentando ter consciência disso, agradeço a infinidade do que sinto, mesmo que tal não me seja pedido ou sentido claramente, sempre com o devido respeito em relação àquilo que me ultrapassa, àquilo que não compreendo. E, mais, vejo e sinto o mundo como poucos sentem, talvez, e por isso sou desprezado e subjugado por muitos, mas tenho a firme esperança de que tudo isto ainda vai mudar muito enquanto eu viver.
Meus sentidos estão sensíveis, sempre alerta. Meu pensamento surpreende-me, e surpreende-me a sua capacidade também. Sei, porque tenho uma certa consciência, que repito muitas coisas que já disse, mas com certeza que enquanto não mudar de paradigma, se isso me for possível, e eu tenho fé que é possível, eu repetirei muitas palavras e ideias, e, o que senti, faz parte de mim, e, quem sabe, muito mais além de mim – porque na repetição está, com a consciência humana e nos actos gerais da vida, a eliminação do erro e a evolução dos actos assim como dos seres e da sabedoria entre outras coisas. Trago comigo toda a minha vida, que mais ninguém sabe, trago o passado comigo, todas as sensações sentidas, momentos marcantes que a qualquer hora me dizem quem sou e o que fui e me fazem pensar sobre o meu destino, o destino do mundo, e me fazem essencialmente questionar e associar cada vez mais e mais as ideias e os sentimentos para uma visão cada vez mais abrangente do mundo e do Universo externo e interior. Podia passar constantemente a lamentar-me da minha vida se simplesmente desse atenção a tudo o que de negativo nela se passa (ou o que eu penso ser negativo), lamento-o muitas vezes, e este blog talvez transmita esse facto – até porque ele foi mesmo, originalmente, concebido para isso, e ele é decerto uma tentativa de fuga a essa negatividade, uma tentativa de expressividade que tanto me falta e de que tantas vezes falo -, mas não, não faço isso na vida geral, não me lamento constantemente, mesmo tendo a forte sensação de que sou uma vítima ‘do destino’ - tenho fortes ideias comprovativas, mais que pensadas e associadas, para dizer isso -, e assim, trago comigo a sensação de que sou um privilegiado por ter vivido estes anos todos, já o disse de outras vezes, porque quando penso na quantidade de caminhos errados, isto é, muito maus, que podia ter seguido e não segui, mesmo não sabendo porquê de tudo isto acontecer, eu tenho sorte em ter conseguido seguir este, precisamente o que trilho agora, que não é mau. Mas ainda temo o futuro, eu temo o incerto e luto para que não caia em trevas outra vez, eu luto com todas as minhas forças e ideias, se é que não há um destino que dite o contrário. Sabendo as maravilhas e as tristezas que o mundo tem, não consigo vislumbrar uma resposta, uma luz que me diga o porquê de tudo o que somos se esvair no nirvana do espaço do Universo, traduzindo para latim comum, será que tudo isto que somos e toda esta filosofia que temos, falo por mim, se vai toda em merda? Qual o sentido da minha vida então? O sentido é que não há sentido? O sentido assim como tudo o resto no homem é uma invenção do homem e nada mais do que isso? Já sei que enquanto há vida há conexões entre o que fomos no passado e que nos tornamos nos futuro, conexões invisíveis que temos e também conexões que nos ligam aos outros seres deste mundo e ao que nele acontece no geral. Mas depois da morte, um vivo, como eu, não enxerga nada (!), a continuidade da ‘nossa vontade é incerta’, não me consigo projectar além desse momento.
Deste modo, e como conclusão, vejo um ‘tudo’ que significa: a vida que tenho; a vida que existe à minha volta, a vida que se sente; o senso comum, o conhecimento consciente obtido pelos homens durante gerações e gerações; os sentimentos e as emoções de todos os seres; o sentimento de cada um, ‘o sentimento de si’ ; etc. etc.; e vejo um ‘nada’, ou melhor, não vejo, um vazio de sentido que significa: a não-existência; a incompreensão da não continuidade de tudo; da escuridão de respostas que não existem para além da existência; a falta de projecção de nós e do Universo para além da consciência que algum dia existiu. E a verdade que me parece existir é que o paradoxo do ‘tudo’ e do ‘nada’ coexistem. Espero revelações futuras.
Timelapse: num lapso de tempo, as principais memórias da nossa vida percorrem a nossa mente consciente a um ritmo e de uma maneira incontrolável [antevejo a morte, a sua proximidade, quando tudo começa a acelerar, quando tudo reage para que sobrevivamos, para que tenhamos mais tempo, porque a nossa hora ainda não chegou, digo eu. E acredito que os momentos finais são dados num timelapse da memória]. Cada pessoa, acredito que cada ser também, tem uma maneira diferente de sentir a passagem do tempo. 10 Anos de uma vida, por exemplo, no tempo geral, são 10 anos para todos, mas a mudança interna e externa que se deu em cada pessoa, mudanças intrínsecas e extrínsecas que se dão individualmente jamais são iguais. Uma pessoa nasce e passados 10 anos já está muito diferente, em condições normais está com a pujança da vida em todo o seu ser. Em contrapartida, um velhote, com 70 anos, por exemplo, está com uma evolução mínima e cada vez menor da sua vida e cada vez mais travado e com as forças em decadência. Em 10 anos houve pessoas que percorreram milhares de quilómetros, assim como houve pessoas que pouco saíram à volta do seu lugarejo ou mesmo de suas casas. Em 10 anos houve pessoas que poucas vezes estiveram duas ou mais vezes no mesmo sitio, enquanto que outras não saíram do mesmo sitio. Nós mesmos não sentimos o tempo a passar sempre da mesma maneira. Sei que muito do que estou a dizer são banalidades para muita gente, mas garanto-vos que a profundidade do que sinto ao dizer as aparentes banalidades não tem medida nem justificação, nem sei se terá alguma razão de ser. A minha presença nesta vida não é indiferente a ninguém, os meus timelapse (‘s) são constantes, a minha memória anda constantemente estimulada, mas sem método para gerir essas memórias e emoções. O que eu sinto é real, e tenho pena se não puder utilizar todo este manancial de memória e emoções na minha vida em meu proveito próprio, de modo a dar um sentido à minha vida, uma paz que eu tanto ambiciono e necessito. A vida pode ser subtil, e penso que o é, para quem é subtil. A vida fala-nos da mesma maneira que nós falamos para ela, se falamos alegremente ela nos responde do mesmo modo, assim se lhe comunicamos de uma maneira triste assim ela nos responde do mesmo modo. Mas a vida também é metafórica, sarcástica, irónica, ambígua. Ela faz-nos estar e/ou sentir como se estivéssemos no topo do mundo, cheios de energia e sorte, assim como que por absurdo e incompreensível que seja ou pareça ela nos despreza e nos faz sentir a mais insignificantes das coisas, joga connosco como se fossemos insignificantes e indiferentes. E frequentemente sinto que tudo parte de nós, mas não sempre, como se houvesse uma osmose entre o que somos e o Universo que nos envolve.
Timelapse, um lapso de tempo, pequeno espaço de tempo em relação ao já vivido, onde toda a nossa essência é revelada na memória de uma forma consciente, quando sonhamos - quer a dormir, quer quando sonhamos acordados [eu sonho acordado, em timelapse constante] -, quer seja revelada quando a morte nos rodeia de forma intensa e todo o nosso ser osmótico reage em relação a esse Universo que nos envolve e que nos quer reduzir ao nirvana. Um mundo de imagens percorre a minha mente, timelapse, imagens que vi em filmes, imagens com som, tacto, cheiro e sabor, a intensidade da minha vida captada através dos meus olhos que diz ‘sim’ a essa osmose entre mim e o que me envolve; imagens que sonhei, histórias que invento ou factuais e que acabam por alterar a minha realidade. Existe timelapse quando tenho medo de perder as estribeiras da vida e que tudo me caia em cima. Em timelapse construímos (eu construo) a nossa história, que mais não é a essência do que algum dia fomos, retratada de uma maneira hiper-acelerada, um resumo imagético, em que tentamos perdurar no tempo. Entrei numa dimensão onde o timelapse é uma constante, onde por cada passo que dou e cada olhar que tenho, com sensações à mistura, me levam a ter imagens em catadupa do que fui e do que serei, um aceleramento da vida, para que possa remediar os factos do meu passado, tentando dar significados agradáveis aos maus e/ou incompreensíveis momentos vividos, e para que me possa antecipar ao futuro e remediar e/ou alterar percursos menos bons.
Eu não sou grande, jamais me senti grande, sinto-me constantemente a mais ínfima das coisas, o mais pequeno e insignificante dos seres, mas sou um eterno revoltado por ser assim, um insatisfeito por não me ser permitido o desejo da mínima normalidade, por não ser aceite como sou - e isso eu sinto-o, isso de não ser aceite, porque só facto de me dizerem que me aceitam sei que não querem dizer a verdade do que no fundo sentem; e todo esse sentimento de não ser aceite como sou se agudizou com o desdém e o desprezo original, do meu nascimento; sei que este tipo de sentimentos se deve ao sempre me ter achado uma pessoa especial sem compreender o que significa isso [concerteza que vai daí], o facto de ter ideias erróneas do que se é ser especial. Acreditei piamente que havia algo muito superior a mim e a tudo quanto eu conheço que me tinha a mim por especial se agisse segundo os preceitos do bem; e eu agi segundo o que achava serem esses preceitos, cresci na plenitude dos meus sentidos convicto de que não estava a infringir esse ideal que me daria ‘direito’ a um amor supremo desse ser imenso que me protegia e que me vangloriaria, me escolheria para ter uma vida de paz, de amor, de verdade. Acreditei que isso era possível (!), acreditei piamente (!), mas o mundo desmoronou perante o sofrimento de eu ser um ser-vivo que vive à mercê dos elementos da terra e do Universo, e que não passo de mais um ser indiferente, que quando não dança ao sabor dos elementos, do vento, quando não acompanha a corrente do rio é ou pode vir a ser brutalmente atropelado por toda a vida que um dia já esteve do meu lado, por aquilo que um dia parece ter-me defendido e ajudado a crescer e a ser homem. E é simplesmente como é, para que complicamos, para que complico? Não sei… Um timelapse constante invade meu espírito, as minhas imagens tornam-se cada vez mais intrusivas no meu olhar, não me deixando avaliar o que vem de fora dos meus olhos, dando o meu espírito primazia às imagens que estão cá dentro da minha mente. Luzes explosivas invadem meu espírito, tentando ser o inverso daquilo que sou, ou seja, em lugar de ser pequeno e indiferente nesta vida, esse timelapse, essas imagens são luzes imensas que me invadem a alma e me fazem sentir no reino do céu, sentindo-me grande quando em sintonia com o mundo que me envolve, fazem-me sentir parte daquele ou daquilo que esteve sempre comigo, aquilo que eu sou, de onde vim e para onde vou, onde sempre pertenci.
Esta vida é uma melodia. A minha vida é uma pauta. É a música. Aquela que me entretinha, com que me distraio, com que perco o meu senso, com que devaneio, com que me acalmo. A minha companhia, a minha esperança, o meu esconderijo. Os sons que nascem, os sons que permanecem, os sons que enriquecem, os sons que são um móbil da evolução, os sons da salvação, a conexão, ao mundo e aos homens. Ela foi, é, e será, a música, mas eu, jamais serei o mesmo, a partir do momento que me pertencerá. A minha pobreza, o sonho, tudo pus nela, em partituras da minha vida, como se em lotarias e euromilhões estivesse a jogar. Na verdade, não sei se fui eu que nasci para ela se foi ela que me aprisionou. Ela é tudo, como tudo o que vem do nada. A invenção, que se torna num vício, como uma droga, que nos destrói pela sua ausência, tal estamos viciados nela, que nos destrói se continuamos a utilizá-la. E uma coisa é certa, o efeito que tem, ninguém o pode negar, se bem que se pode ignorar. Ela é uma outra forma da expressão, a expressão que eu nunca tive. Eu senti-a, mesmo antes de a ver, eu me envolvi com ela, sem querer, nas malhas de palavras e emoções tecidas que desconhecia, num mundo de silêncio que me envolvia. E, eu, estava ali, sozinho, como, um dia, todos hão-de estar, olhando o céu, adivinhando, que algo havia para alcançar. E, eu, e a minha amiga, que me eleva e me abisma, sem ela não posso passar. E, eu, a chamo, para que me dê asas, que me faça voar mais além, porque atrás não podemos voltar, e o caminho é difícil de percorrer. E, eu, a oiço, como um cego, à procura de um ruído que o guie, de um som que o oriente, de uma palavra estridente, o pop do ocidente, um ponto cardeal, o norte ou o poente, como se fosse uma nascente. Nem só de sons vive o homem que vê, mas quem não os produz, imagina, canta em seu interior, o seu mundo levanta. E as horas ultrapassam-se, naquelas vozes únicas, desfazendo fronteiras, com energia invisível, onde o pensamento chega a imiscuir-se e a confundir-se com espaços infindáveis, onde, os olhos tocam, mesmo sem saberem o que é. Então, tudo rejubila! A magia torna-se real! A fluência do amor é sentida, há paixões desmedidas, o dia torna-se bonito, como bonito é aquilo que é novo e nos fascina. A voz como que surge, sou eu que estou ali, a pessoa que canta, sabe os meus sentimentos. Quem será que canta? Afinal, os passarinhos cantam e a água cai em catadupa - as cataratas -, o vento sopra. E o silêncio é música, a música que já esqueceste ou que nunca conheceste, que todos terão de aprender, viva quem viver, de manhã ou ao entardecer. Tudo é possível enquanto houver fontes a brotar, mas a seca também pode chegar. Para quê abafar com gritos quem não se quer ouvir? O som e o ruído estão no mesmo nível, então apura o ouvido, eu vou tentar fazer o mesmo.
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