Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Formalidades e informalidades fazem parte deste mundo humano, dito civilizado. O que é certo de se fazer? Sei e não sei, sei e não consigo explicar, mas na verdade eu tenho a presunção de que sinto como ninguém sentiu nem ninguém jamais poderá sentir… e, no entanto não passo de um ser, a envelhecer, na luta pela sobrevivência, pela busca de valores justos, com uma força que parece partir de mim quando na verdade não compreendo de onde vem e como funciona. Sou um expectador atento da minha vida, ambicionava mais, muito mais, não escondo esse forte sentimento pelo qual me demovi, mas pensei que podia ser grande segundo o senso do mundo social, e no entanto tornei-me um grande desconhecido na busca de terreno firme por onde eu possa seguir os dias que me restam. Às vezes penso em aventuras, ainda sonho como se fosse uma criança, mas já sem o verdadeiro sentido de força pela busca desse sonho, ainda sinto e vejo na minha mente como sonhava e o que queria alcançar, e sem dúvida tenho ou alcancei muito mais do que alcançaria se tal não acontecesse, embora isso ainda não me complete, e apelo assim à sorte para que me assista. Não sou bonito, mas pensei que o era, e tenho a certeza que já o fui, eu o sentia realmente, o que era ser jovem, bonito e com vigor. Mas eu ainda sou bonito, tenho um ‘Auto orgulho’ que qualquer ser tem (ou deveria ter) que será o último a morrer. Hei-de fazer Tudo, mas mesmo tudo ao meu alcance para viver, para procurar o amor que me ame, uma alma que que me faça companhia, porque ninguém quer ser um ser solitário, no entanto no fundo sou um ser exigente, quando na verdade me parece tudo aceitável. Eu fiz tudo certo no que compete à minha atitude interior numa perspectiva filosófica de vida e de acordo com uma entidade chamada Deus, e no entanto eu sou constantemente chamado a continuar essas atitudes de superioridade esquizofrénica que me ridicularizaria se eu não as conseguisse controlar, dentro das minhas posses. A minha existência é muito exigente comigo, e se essa exigência vem de um Deus, que eu o respeito como ele me respeita, eu também sou exigente com ele, eu sou um cliente desta existência magnifica que é o Universo tal como o conhecemos, e quero ter direitos e quero ser ajudado se eu cumprir aquilo de bom a que me propus no meu pensamento e me guiou vida afora, realmente, eu sinceramente quis encontrar e seguir o caminho da saúde e bem-estar interior e exterior, acabando por fazer o mais difícil, sofrendo com isso e compreendendo que não posso agradar a ideias opostas quando essas ideias não procuram se são correctas ou não, não querem um ponto de mediação. Tenho medo que tudo seja em vão, mas não tenho mais nada que fazer e desperdiço aqui palavras e palavras num monólogo desenfreado, na tentativa de me fazer implodir ou explodir e fazer as horas passar na enganosa tentativa de me compreender e compreender tudo e matar o tempo. Sou um entre sete mil milhões, sou mais 1, mas prefiro ver-me como ‘um’ primeiro, não como um numero qualquer, mas o 1º a contar de mim. Ainda não sou velho, mas realmente o que sinto é que estou desencontrado com a norma, sinto que toda a minha vida foi uma vida paralela, ou, paralela algumas vezes, outras, transversal, de atrito, no seio de uma cultura (entre as inúmeras que há e que não me convencem) que não aceito e que me revolta (m), porque conheci muito mais do que aquilo que a minha cultura me permitia perceber acerca do que eram a ‘liberdade’, o ‘bem’ e o ‘mal’, quiçá também já tenha visto o que é a ‘verdade’. Estou condicionado e não irei jamais atingir aquilo que eu queria ser. O amor tende a fugir na minha vida, desde quando eu vislumbro na minha vida o amor, mas sempre virtual, como se eu estivesse atrás de uma redoma com uma doença que não me deixa aproximar das pessoas que realmente imagino que gostam de mim, ou então como se uma força maléfica não me queira deixar sentir bem e feliz. Por mais que algo, que muitas vezes digo que é ‘a vida’, me queira levar à insignificância eu tento sempre deixar as minhas marcas neste mundo, embora saiba que as marcas que deixamos são muito relativas de prevalecerem ou não. Não sei porque as coisas são como são e porque acontecem na minha vida como acontecem, mas imagino, e sei que virá uma hora em que será demasiado tarde para ‘imaginar’ e ‘fazer’, em que a última palavra, como a primeira, do fato da minha existência, como possivelmente a de qualquer um, será a da eternidade. Mas os tempos das nossas vidas ta ai, dia a dia em que acordamos para prosseguir e apreciar a beleza do mundo hoje ao alcance da sociedade do conhecimento, da minha perdição, da minha marginalidade amorosa. Serei eu assim tão horrendo para não ser amado? Porque não me liberto, porque não serei libertado? E se o que eu vejo estiver certo? Mais ainda, e se maravilhosamente e antiteticamente nada do que eu sinto como certo é o certo e eu seja um erro, ou apenas um sacrifício medíocre a mais (simplesmente mais um) do propósito máximo da existência ou quiçá da ilusão da existência? Tanta gente que já pensou sobre estas coisas, escreveu romances, inventaram palavras e palavras sem fim, idealizações e idealizações inimagináveis para um ser só, mas utopicamente sonhadas por alguém que se tenta transcender, tenta acreditar que não, isto não pode ser um acaso. Toda esta luta da vida é eterna e o fraco tem supremacia sobre o fraco, mas acredito que nem por isso terá sempre, senão poucas vezes, a primazia da grandeza primordial da existência, gostava de estar cá para ver se algo disso faz sentido. O que interessa é que estou ca, nada mais, neste momento do tempo da minha vida, para peguntar:‘Diz-me porquê?’.
Mais um dia magnífico passado. A minha vida, como tantas outras, tem sido magnífica, vencendo obstáculos apos obstáculos, compreendendo as minhas dificuldades, umas após outras. É com rancor sincero que penso em todos aqueles que seguem na intolerância em relação à minha pessoa (empatizo com os que estão em situação idêntica), de que tenho sido vítima toda a minha vida. Eu não queria sentir isso nem estar aqui a dizer tudo isto que digo e repito muitas das vezes, mas caio na malha do meu destino constantemente, que até me parece que existe, o destino de cada um. Foi já um longo caminho até aqui, o meu, como muitos dirão do deles. Vou só dar um exemplo de uma dificuldade para que se tenha ideia do que falo, se não me lembrar de mais alguma ou a minha mente tender a esconder o que é negativo para exprimir: Eu ruborizo facilmente, sempre corei facilmente e isso tem sido uma fonte de discriminação da minha pessoa na minha vida, eu sei que sim e agora ninguém mo pode negar (!); e vou dar o exemplo de hoje, eu entrei num bar, na rua estava frio de rachar, o bar estava quente demais, e eu ruborizei facilmente ficando com as ‘bochechas como um tomate’ (frase de um amigo), e como não sou tolo percebo o que se passa à minha volta, e nas cabeça das pessoas até, diria, e eu disse ao meu amigo que é uma pessoa normal e não ruboriza facilmente, ‘a ti não te acontece isto pois não?’, ao que respondeu ‘não, porque te acontece isso?’, eu, sei que não vale de nada o falar sobre isso, e simplesmente respondi ‘já é de família’, sentindo que para ele era indiferente a minha situação, aquela com que eu tenho vivido e tenho de viver a minha vida toda. Ah, mas não é só por isto, e se eu tivesse um poder eu me vingaria de tudo aquilo por que tenho passado, podem ter a certeza disso, de toda a vida de discriminação, sabendo que meu pai e minha mãe sãos as pessoas ‘culpadas’ de ter vindo a este mundo, é verdade, e são culpados de muita coisa que sinto, pois foram eles que me moldaram o pensamento, mas o não ser aceite como sou por parte dos outros revolta-me imenso. Em relação ao rubor, penso que quando era mais novo não ruborizava tanto, agora fico mais corado facilmente, posso dizer que entro mesmo em hipertermia com choques de temperatura e choques emocionais, alterando-me mesmo o meu estado de consciência e de alerta. Toda a minha vida tenho vivido com medo do rubor e do gozo. Eu nasci com alguma propensão de introvertimento, talvez, mas os medos com a hipertermia junto a pessoas foram crescendo, e sei agora que isto não é normal, de tal modo que isso também me afectou a maneira como raciocino. Nasci moderadamente débil, fui ‘amamentado’ através de leite em pó, porque o leite da minha mãe não era nutritivo o suficiente, ela já estava numa idade avançada. Nasci talvez sem ser querido e esperado, tenho que admitir isso para mim mesmo por mais que não queira pensar nisso nem dizê-lo a ninguém. Mas também digo que meus pais não me abandonaram, talvez devido à cultura em que estão inseridos, e, claro, talvez porque terão senso de pertença, algum amor, e vergonha de abandonar um ser, e sei lá que mais. Sinto que a ignorância e o infortúnio me persegue desde que tenho memória, penso mesmo que desde que nasci ou ainda antes, e me chamam para junto deles e que não pense na vida, que a vida é como é e que não podemos mudar o que ela é. Mas eu queria mudá-la, queria, desde sempre, do mais profundo do meu coração, da minha alma, ser uma pessoa normal, mudar a minha vida, não passá-la em sofrimento, aceitar-me como sou e ser aceite como sou. Mas eu não me aceitei como sou, tenho que o dizer, e tenho a certeza que é porque os outros não me aceitam como sou, cheios de falsidade quando dizem o contrário. Cresci a pensar que o rubor passava, que se lutasse contra ele eu ganharia, talvez através de umas bofetadas dadas ao longo do tempo eu tomasse calo e ele não mais voltasse. Mas se não fosse assim eu agora não estaria aqui, se não fosse a ilusão e a força que me foi dada de viver pelo Universo. Mas não, eu nasci simples, sensível, com vontade de viver (é certo), mas com uma personalidade débil dentro de uma cultura e com pessoas que me querem aprisionar no que sou e sinto, querem roubar-me a minha liberdade e até a minha vida. Eu diria agora, depois de tudo o que tenho passado, que o mundo é fantástico, mas os seres são abomináveis, reles na natureza de agir, erráticos, por mais que se chame a isto tudo evolução das espécies. Muitas pessoas ficam magoadas ao ouvir isto, mas mesmo a pessoa mais inteligente do mundo e mais influente no mundo que houver nos séculos que provierem será simplesmente um ser errático, um ser que nunca atingirá o dom daquilo a que um dia se chamou Deus. E eu posso estar errado, mas isso não me pode interessar porque eu já não estarei cá. Nostradamus também deixou a palavra que Deus quis que ele deixasse, talvez mesmo todos os seres agem segundo um objectivo pré-determinado por algo nunca tangível. Penso mesmo que o homem se autodestruirá. Talvez tudo o que se passa seja um acaso. E com tudo isto do rubor eu me tornei assim. Mas algo lá bem no princípio da minha vida se tornou uma bola de neve que eu não consigo destruir agora. Não foi só o rubor, mas também a minha tendência de tímido, introvertido, com sintomas de Asperger, autismo, sei lá que mais, e confesso que odeio todos esses que inventam doenças para se governarem, tirar proveito monetário do infortúnio dos outros que por algum motivo não se encaixam nos cânones dos tempos em que vivem, eu os abomino como eles me abominam a mim. Eu só quero viver, será pedir muito? Ser tratado como humano, como sou, que sejam tolerantes para mim, tudo tal como eu faço para os outros. Não foi só o rubor, foi o fechamento que foi tornando conta de mim, a fuga ao perigo, eu só queria fugir dali, as fobias…. As ansiedades… tudo sem controlo, a tal bola de neve. Eu calei-me por de mais, proibiram-me de falar – como eu odeio meu pai-, não me deixaram reagir - como eu o odeio -, e odeio todas as pessoas que me trataram mal, me humilharam na minha vida. Como eu odeio a falsidade, de quem não lhes nasceu a vergonha na cara, o rubor, o bom senso. Eu nasci aberto ao mundo, como uma tábua rasa, eu nasci do zero, com todas as probabilidades contra mim de viver, e no entanto vivi e vivo, tentando vencer a ignorância e o mau trato. Eu abri a minha mentalidade, a minha mente ao conhecimento e à sabedoria, nasci na pacatez e sou pacato na maneira de me exprimir, mas o meu mundo ideal, as minhas ideias fervem neste caldeirão que é a minha mente. Que vou fazer nos que me resta ainda da minha vida? Não sei, tudo é tão incerto e fugidio. Vou ser mais um ser para esquecer, é certo, porque ninguém é mais que tudo o que existe. Nem vou falar do bullyng, nem de todos esses termos que tem a ver com falta de dignidade. Fiz tudo certo na minha vida, fui uma pessoa cheia de bondade, e mesmo assim, para minha surpresa, sou a pessoa que está mais errada neste mundo. Com tudo isto, algo em mim atrai o azar, me quer destruir. Cada vez que penso em todas as situações incompreendidas da minha vida tenho pena de mim próprio e me pergunto porque teve de ser tudo assim??? Pensava que o meu silêncio era forte (o suficiente) para afastar o azar e tinha a certeza que caminhava no bem e seria recompensado num futuro com bem-estar, enfim, enganei-me. Não posso sociabilizar, por causa do meu rubor, dos meus ideais errados ou desajustados, por causa das minhas emoções estragadas e deturpadas e sem coerência. Cada vez mais me parece que tenho de viver no virtual, ao menos no Virtual, do que sem acesso ao virtual, falar com ninguém, estar offline, estar inerte. Mas o que é o correcto? Cada pessoa com suas ideias, cada um a dizer a sua maneira ideal de viver… eu não posso viver assim, por isso me isolo. Até quando vou viver com dignidade? Não sei, mas a coisa pode dar para o torto, e é o mais certo, será um milagre se eu viver muitos anos e estiver enganado. Será uma luta de dia após dia, para pelo menos tentar lá chegar.
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