Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
‘’Pela primeira vez, foi feita uma análise à distribuição da riqueza em Portugal.
27-04-2015 12:28 por Redacção e Rodrigo Machado (infografia)’’
Assim vai a economia portuguesa, diria mais, assim vai o mundo económico em que uma minoria detém a maioria dos valores monetários do mundo. Vivemos num mundo em que, maioritariamente, o homem está ao serviço da economia, num mundo de escravização económica, em que as pessoas só veem a necessidade do dinheiro, um mundo economicamente humanizado, em que a destruição do ecossistema terrestre é evidente, em que a destruição da biodiversidade é aceleradamente constante, devido, precisamente, a esse paradigma criado pelo homem, passe a redundância: economia. E isto faz-me pensar: ainda me pergunto, segundo a minha fé, se é Deus (se ele existe?) que permite isto (?), e qual será a finalidade que ele tem para com este mundo (sei que me é permitido questionar isto). A economia devia estar, se não está, ao serviço do homem e da natureza, deste mundo no geral, parece-me justa esta ideia formada por outros e abraçada por mim. Mas não, quem tem o poder do dinheiro, tende a acomodar-se e a criar culturas supérfluas, em vez de investir na sustentabilidade do mundo. Mais uma vez me pergunto: onde está um possível Deus no meio disto tudo? – Um Deus em que tendo a acreditar, contudo, questionando-me ativamente sobre isso, sem me poder livrar dessa crença facilmente. Por favor acordem essas mentalidades justas, não deixem o mal e a destruição grassar nesta terra preciosa.
Talvez o sonho principal, da minha vida, desde sempre, seja o da procura do conhecimento e do saber, o que me leva a tentar escrever, para compreender, compreender a minha vida, antes de tudo, dado o grau de desordem (psíquico-mental/social) que se instalou nela a partir de certo momento. Sei que compreendo a minha vida cada vez mais, ou o tempo não passasse e esta mente não deixasse de trabalhar, constantemente, apesar de não conseguir dizer e explicar o que sinto como deve de ser, não direi nada de jeito, muitas vezes. Também, por causa deste mesmo ‘tempo’, quando compreendo as coisas já é tarde de mais, cada vez mais ‘tarde de mais’. Fui ferido e esventrado no meu orgulho, na minha dignidade e nas minhas ambições, não atingi a liberdade da independência de mim como ser (humano) físico e mental. Mas, tenho imensos sonhos, mais ainda do que muita gente possa imaginar, tanto projeto de sonho que nunca cumprirei, cada vez tenho mais a certeza disso, e, o certo, é que não consigo viver dos sonhos (Até pode haver quem consiga, mas eu como a maioria não consegue). Continuo, eu, como uma criança, a sonhar e a não conseguir entrar na realidade do dinheiro e/ou do saber fazer algo para o conseguir. Com os sonhos perco eu meu tempo, e também com esta escrita, aqui, afogando mágoas que ficarão algures na internet, sem nenhum significado, quem sabe (?), sem que eu consiga ouvir (algum dia) seu eco, que apenas se dá em mim mesmo, dentro da minha cabeça, enquanto eu existir. Deste modo, aperfeiçoei-me na arte de chorar o meu pranto, que nem uma carpideira, repetindo regularmente as queixas, soluçando sem fim, neste desgostoso ato que ainda não me levou a uma saída, nem talvez leve, por inerência de um destino que se aproxima a alta velocidade. Que seria de mim se não fosse a internet? Que será de mim se eu, um dia, não puder ter internet? A solidão alastra: tanto meio de falar e chegar às pessoas e eu não consigo falar com ninguém (simplesmente não consigo dialogar), como se um cancro tomasse cada vez mais conta de mim. Mas, prefiro que estes gritos estejam no nirvana da internet, do que ofuscados e abafados no vazio de umas folhas soltas, dobradas e amarrotadas pelo tempo, algures, no vazio de uma casa, relatando a loucura (considerem este ‘louco’ na maneira de ver dos outros, porque eu não me acho louco, sinceramente, mas sim, sofredor por causas alheias e que não me deveriam pertencer) de um ser que não quiseram que vivesse, que não pôde viver em liberdade e harmonia com o mundo. Quis eu, desde sempre, ser importante; sei, agora, que ser importante não é só ‘poder’ e/ou ‘dinheiro’, mas é amar e ser amado, (se bem que passa em grande parte por ai, e eu nem isso tenho, poder e dinheiro,poder e dinheiro…com que tanto sonho); Estou muito afastado desse real significado da vida (daquela normalidade com que sentia a vida), com que tanto sonhei e acreditei (mas acho que não devo dizer ‘em vão’, porque nada é em vão, apesar de não percebermos os significados e consequências das nossas ações, em ultima análise, da nossa existência); E, que significa esse ‘Real significado da vida’? Perguntam-me. Penso que passe por: o amor, uma relação saudável entre pais e filho (s), entre amados, entre amigos [de uma maneira geral, entre as pessoas que nos envolvem e nós]. Falo em ‘real significado’, porque não me é permitido defini-lo, não tive essa honra, a de ser um ser humano realizado para poder executar a obra da definição de tal significado, o real significado. A liberdade faz parte desse real significado. A minha vida é de solidão intrínseca, de crise existencial, e eu alheio-me deste mundo, quando ela quer tomar conta de mim: refugio-me nos meus prazeres da vida, a música por exemplo, o recordar quem fui, os sonhos que tive, o que senti ao degustar pela primeira vez tal sabor de tal comida, tal momento, entro no mundo dos sonhos das recordações, num mundo mental de sensações de todo o tipo (visuais, auditivas, táteis, olfativas, mentais, sentimentais etc.) e misturo tudo, eu comparo tudo, eu analiso tudo, eu tento encontrar respostas eu tenho imenso prazer quando encontro as causas dos efeitos que se deram, na minha vida em particular - Mas pudesse remediar eu essas causas… - As minhas sensações são visuais, predominantemente. Se bem que por momentos, não sinto essa solidão e algo ou alguém vem ao meu encontro para me dar um certo ânimo, uma lufada de ar fresco para continuar. Para um homem da minha idade, que tinha a pretensão do amor, era para ser feliz, e isso passa por estar em sintonia com o sexo oposto [mais um sonho]. Mas não, a minha vida é de tristeza por ter sido castrado psicologicamente faz tanto tempo, por me terem sido anuladas as minhas ambições, por ter sido ludibriado por adultos que me prenderam as minhas emoções, que jogaram com os meus sentimentos, enfim, pela minha origem, que talhou os meus caminhos. Se me for permitido, eu abomino as culturas de opressão. Eu vi o que é a liberdade, eu vi o que é a destruição, eu vi que ninguém é nada para parar o que quer que seja. Eu nasci em desvantagem, mas luto por ir mais além, sempre lutei, e para isso, conto com alguém, eu não sou ninguém estando sozinho (se bem que esta solitude tende a prolongar-se no tempo), não sou ninguém sem um espelho que fale comigo e me diga o que está a mudar em mim, o que sou a cada momento, eu procuro meu espelho, persigo os meus sonhos.
Estamos metidos nas malhas da economia, o dinheiro faz rodar este mundo, e eu sinto que não sou capaz de entrar neste mundo económico, sinto-me um inútil, que não sabe fazer nada. Nem ao escrever tenho sucesso, porque sou uma pessoa ordinária, no sentido de vil, maltratado e subententido, que nada mais faz, ao escrever, que pôr o dedo nas próprias feridas, gritando, sem que algo ou alguém me possa ajudar. Mas as feridas têm que sarar. A esperança é a última a morrer, os sonhos só acabam com a morte, a luta com a qual se firma a vida.
Eu vivi na escuridão, literalmente: Os meus primeiros dois quartos eram escuros, não tinham janelas para o exterior – nunca contei isto acerca da minha vida. Cresci, bastantes anos, demasiados e importantes anos, sem saber quando amanhecia, sem a alegria de ver os dias que chegavam, a chamar-me. Acordar era como entrar num pesadelo, mais ainda, quando, ainda para mais, em vez de encarar com a luz a entrar pelo meu quarto entrava um vulto com uma voz estridente e sem sensibilidade para me chamar, pelo menos normalmente, já que não fosse com calma ou com ânimo, de que tinha que enfrentar, ou melhor ‘Fazer isto aquilo ou aqueloutro’ em mais um dia. Na verdade eu deveria era ‘abraçar’ [esse devia ser o direito da minha pessoa enquanto criança] e não ‘enfrentar’ mais um dia, estando eu na idade em que estava. Dou comigo por vezes a lembrar-me, vivamente, desses sentimentos que me assolavam e a compreender o que sinto e sou hoje, desses sentimentos que fazem parte de mim, em grande parte, ainda hoje. Assim, ainda continuo com as mesmas questões da altura: porque tende o mundo a fugir de mim, a calma, o que há de belo e a liberdade? E porque tende a depressão, a tristeza, a melancolia, a fraqueza de espirito a perseguir-me? Porque me persegue a escuridão? A minha contrariedade é grande, e é grande a quantidade dos meus desejos frustrados. Dei por mim, neste ultimo ano, a descobrir mais mundo através da internet, a descobrir muita da luz que me envolve, a natureza do resto do mundo que não conhecia, um grande resto do mundo natural que eu defendia sem nunca o ter visto, e tenho visto muito do social. Com isto tudo busco a luz do bem-estar da minha vida, mas, sinto que tudo me foge muito mais rapidamente também. Trabalhei aproximadamente 10 anos de noite. Até essa altura, que comecei a trabalhar de noite, a minha situação era má, para não dizer de ‘prognóstico’ péssimo: Eu não tinha grandes expectativas nem sabia por onde sair da situação em que estava; com muito pouco dinheiro e sem saber o que fazer para conseguir ganhar a vida, dada a situação de saúde mental em que me encontrava; foram anos difíceis, pelo menos os primeiros 3 anos que se seguiram. E assim, mais uma vez, quando comecei a trabalhar de noite, a escuridão me envolveu, mais uma vez eu senti que estava só no mundo e que estava como um barco à deriva em alto mar, e me fez querer que sou um ser solitário; desta vez eu poderia apreciar o nascer do dia que tanto tinha perdido na minha vida, mas, na verdade, eu não o apreciaria porque o dever de cumprir o meu trabalho não me deixava lugar para ter as minhas sensações, eu tinha que ganhar dinheiro, eu tinha de aguentar todos os nervos que me consumiam, eu tinha que aguentar [pensei que explodiria de tão louco estar, além da loucura que já tinha], não podia pensar em bem-estar, de ver os amanheceres calmamente, que estavam defronte a meus olhos; ‘Que será de mim? Aguentar-me-ei muito mais tempo aqui? Que farei se não me aguentar aqui (?), irei caminhar erroneamente para sempre, decerto…(?)’. Até que nos últimos anos (talvez os últimos 4) eu os pude apreciar, os diferentes amanheceres que se mostravam em toda a sua beleza, já com mais calma, algo em mim mudou, idealmente e fisiologicamente. Pensando agora nessas noites, em que tudo toma um movimento diferente, e provoca uma maneira de sentir diferente nas pessoas (julgo assim pela maneira como eu senti), uma acalmia, uma alucinação, que me levou a aprender o que nunca julguei aprender na vida. Durante esse tempo eu li, li muito; Eu pensei e reflecti, muito; eu me compreendi, e muito. E, ainda assim, apesar da compreensão, da acalmia etc, não aprendi a ganhar dinheiro na vida activamente, a virar meus pensamentos para a economia e subsistência; A minha subsistência não está periclitante a curto prazo, mas a um médio - longo prazo ela poderá estar seriamente em causa. Estou a envelhecer, tenho medo de perder ou de não conseguir aguentar o espirito de juventude que gostava de continuar a ter, os hábitos de ouvir música, ver um filme, mas ao mesmo tempo tenho que fazer algo para que não entre em miséria um dia, não posso perder tempo só a olhar para o computador, a curtir a música e as belas imagens, tenho que ser produtivo e ganhar com isso. E eu não estou bom, estou melhor, apenas, e tudo isto que digo é relativo.
As minhas dificuldades sociais sucedem-se. O tempo passa e eu fico a perder no que diz respeito à sociabilização, mesmo este tempo de escrita me parece perdido por vezes como se fosse um monólogo fútil. Desabafo aqui e não me adianta, mas pelo menos ‘lanço as sementes ao vento’. Nestes dez anos de trabalho nocturno eu senti uma força estranha que me fez evoluir e compreender a um ritmo que julgo estar a perder ao longo deste último meio ano. As sensações que tive nestes dez anos de vivacidade sentimental foram as mais díspares, diversas e com intensidades variadas, com os horários de sono diurnos, quando trabalhava, e quando de folga, tudo se mesclava entre o cansaço, a troca de sono e de regime e horário alimentar; os sentidos tomavam e captavam novas sensações as quais eu tentava compreender; a música acompanhou-me neste tempo todo: houve a redescoberta das músicas que me marcaram enquanto jovem e a entrada no ‘mundo’ dos novos sons que a rádio me ‘servia’ no dia- a -dia, coisa que tende a desaparecer [terei eu começado já a decadência?]. A minha memória funciona de uma maneira que não se adequa a ambientes sociais complexos, e até minimamente complexos. A maneira como o meu cérebro interpreta as coisas até pode ser válido [em certas situações], e a mim parece-me que é, mas não é adequado às interacções sociais que diria que são normais, e adequado à sobrevivência económica. Eu provoco o meu afastamento dos outros; num mundo de expressão como é o nosso eu sou inexpressivo e mal-entendido quando tento me exprimir, eu sou diferente e não aceite, não compreendido. Eu não domino o que me envolve de modo a eu me adaptar ao que me envolve e o que me envolve se adaptar a mim. Eu vivo na incoerência do agir, ao contrário da norma, eu fujo dela e a vejo do lado de fora, eu os vejo interagir e com surpresa não me identifico com eles, e, eles me marginalizam, porque não querem compreender a escuridão.
Não sei fingir. Toda a minha vida tenho enganado com a verdade, tem sido do tipo de ‘com a verdade te engano’. Bem, talvez não seja bem assim, mas a verdade é que sou muito mau fingidor. Depois de tantos anos nesta vida, ainda não percebi os meandros do entendimento humano que me envolve, pelo menos do entendimento visível, onde todo um esquema de atrocidade cultural tenta invadir os seres mais fechados, como eu (que absorve sem conseguir dar vazão ao que se forma, como que oprimido na expressão dos sentimentos: as emoções). Depois de todo este tempo ainda sou uma pessoa vulnerável neste mundo humano de conhecimento onde o fingimento corrói quem é ingénuo, onde grandes actores se divertem a fingir relações humanas que não têm nada a ver com alguns, muitos talvez (imagino), como eu. Ah, mas eu tenho algo do meu lado, talvez o definiria como um conhecimento sentimental profundo, conheço as leis que regem os sentimentos, e talvez sejam elas que têm jogado a meu favor para equilibrar a balança, entre a ingenuidade social e o desterro deste mundo (que este mundo me queria votar), afinal, aquilo a que se chama ‘sorte’ também joga a meu favor - yes! -. Nem que tudo isto que eu diga não seja verdade para muitos, mas, para mim, tem de ser. Vejo através deste mundo de economia que floresce cada vez mais e atropela as antigas leis da vida, onde os números são adorados, em especial por alguns, que querem o poder através deles, que não olham a meios para atingir seus fins. Deve haver uma ‘verdade’ a ser seguida pra sobreviver no meio disto e perpetuar-se nos tempos sem fim, tem de haver (!) - não consigo ver de outro modo a não ser desta maneira-, não posso negar que algo existe, de complexo, a gerir todas estas vida, em particular a minha, nesta minha vida no meio deste mundo, e que eu sinto à minha maneira, que a minha compreensão vai atingindo cada vez mais. Eu ganhei e, assim, tenho ‘vontade’ neste mundo, mas até que ponto sou livre de exercer esse meu ensejo?
Passo muito do meu tempo aqui, agarrado à tecnologia, que me fascina, me ocupa, me desenvolve (o conhecimento sobretudo) e me ajuda a passar o tempo. Por vezes temo não ter tempo para ela, e cada vez me surge mais frequentemente esse sentimento, porque o meu tempo urge. Temo perder o fascínio pela tecnologia e pela vida, mas tenho esperança de que tudo o que me envolve espaço – temporalmente, - o universo (de que eu tanto falo) e o meu tempo (passado, presente e futuro) me traga uma vida realizada, livre de mágoas, ressentimentos e frustrações, à medida que os meus anos de vida passam, além de que desejo que o meu sistema (o meu organismo) me dê uma vida justa , metabolicamente falando, livre de complicações de maior. Todas as variáveis que me envolvem são enormes e eu não consigo controlá-las, mas consigo observar de uma maneira especial a maneira como elas funcionam, de uma maneira mais superior, por causa de / graças a , toda a dificuldade que tem aparecido na minha vida, graças aquilo que sou desde sempre e que procuro a resposta para o porque de eu ser quem sou. É verdade que gosto de tecnologia, é verdade que gosto de ser livre, mas a ideia de que tudo tem um custo no tempo e no espaço prende-me (acorrenta-me), porque eu não queria destruir cegamente (como muitos e muitos) aquilo que deve ser para usufruto de quem merece – ou seja, de todo o ser nascido, que devia ser livre até ao ponto em que o outro é livre e que tem direito a ter um mundo que o acolha e do qual possa desfrutar de acordo com aquilo que sente e que é, e para que tudo isto fosse perfeito, que tivesse uma mentalidade elevada para poder respeitar todos os seres e que pudesse receber esse feedback de respeito [mas tudo isto é um sonho da perfeição, do ser imperfeito que eu sou, angustiosamente, e do qual me quero livrar] - tendo um ambiente sustentável no tempo futuro, livre de excessos, injustiças e desigualdades. Mas sei, cada vez mais, que não me cabe a mim mudar o rumo que o mundo com tais imensas variáveis toma, e no entanto ainda não me conformo, não estou satisfeito se não conseguir sentir-me bem comigo próprio e com o mundo que me envolve. Não é o facto de eu abdicar e mudar umas poucas de mentes, ou devido à minha fraca presença que o mundo vai mudar para melhor, além de que nada me garante que o meu ideal esteja certo como já alguma vez acreditei piamente. Questiono-me, constantemente, o porquê do mundo me ser algo tão estranhamente belo (?), em certas horas, para ser um verdadeiro pesadelo noutras. Pergunto-me o porquê de haver tanta gente que joga (?), em primeiro lugar o jogo da economia, do dinheiro e do valor monetário, que somos obrigados a jogar desde sabe-se lá quando começou a fazer parte da cultura, tão abrangente hoje em dia, do homem. Acho que o jogo faz parte do homem, e jogos que uns gostam de jogar podem não gostar outros. Sei que há muita gente que não imagina o que está por detrás destas palavras que eu digo, nem mesmo eu (!) imagino o alcance que elas têm… Não ligam e desprezam ou ignoram, simplesmente, mas o facto de as ter encontrado já ditaram um novo rumo nas suas vidas, nem que seja da forma mais elementar, mais simples. Influenciamos e somos influenciados, e eu só tenho de aceitar isso, por mais que me custe. Eu não estou no centro do mundo, e isso tem que me entrar bem dentro da minha cabeça, eu sou apenas algo que existe, para não mais existir, um dia, por mais que isso me faça sentir inconformado, me intrigue também a minha existência, muitas vezes injustiçada neste mundo. Vivo um isolamento espiritual imenso, atingindo visões que não percebo o porque de elas virem até mim, compreensões de coisas das quais não encontro quem, mais alguém, as sinta do mesmo modo, ou idêntico, e que as queira comentar. Vivo um jogo singular que não serve neste mundo económico - e mesmo que não falando na economia falamos nas emoções, das quais as minhas não são idênticas as dos outros seres. Tudo à minha volta é estranho, muitas vezes, ou então sou eu que provoco essa estranheza: ambas as situações acontecem, sei-o claramente; Vejo situações das quais o ambiente me pede intervenção, não podendo-lhe dar essa intervenção criando um bloqueio em que tudo à minha volta começa a ser muito estranho e anormal; vejo situações em que o ambiente me diz que estou como observador e sei que há algo de anormal a passar mesmo que eu não consiga entender o quê, e que não está a acontecer por minha culpa. Mas uma coisa é certa, dependentemente ou independentemente de mim: 'assim acontece'.
<<Preciso de uma operação que custa cinco mil euros no privado entretanto espero, vai fazer quatro anos em Agosto, por uma consulta no hospital de Faro. Liberdade para morrer.>>
Fulano
Os políticos, como qualquer pessoa que promete e é responsável e tem poder, deviam ser condenados por não cumprirem com o que prometem, pois o poder é um conceito que encerra (ou devia encerrar), em si, muita responsabilidade. E o mais relevante nisto é que põem falsas esperanças em muitas pessoas que necessitam ou simplesmente 'entram na onda' dos ideais de tais homens (tal como acontece noutras áreas de influência do âmbito humano), como se eles pudessem chegar a resolver o problema de cada ser humano, o 'cidadão' como lhes chamam. Cometem, muitas vezes, atrocidades, sobre o pretexto de que querem ajudar a melhorar o mundo, o seu país ou até onde o seu poder abrange. Mas os políticos não são Deuses, eles fazem parte de um jogo humano, o do poder, o de influenciar a vida das outras pessoas, quer para o caminho da vida, quer para o caminho da morte, quer se aceite esse facto ou não. A verdade é que, nesta economia, em que se 'adoram' os números, somos medidos, precisamente, por valores numéricos no conjunto e não como seres em particular que somos, nesta imensidão de gente que habita no planeta, cuja natureza parece agir com indiferença em relação aos seres que neles habitam, como se a vida fosse uma 'sorte' e um acaso. Já que este mundo humano é de impunidade, e a revolta nem sempre é o caminho a seguir, pois, por exemplo, pode destruir-nos mais a nós do que com quem nos queremos revoltar, resta-nos acreditar que a nossa existência terá um sentido. Em Deus (por exemplo, porque não?) ou num conceito que ele representa, a verdadeira natureza, não a natureza pervertida do homem. Acreditar que não é só a vida que tem sentido, mas que depois da morte, tudo continuará a ter sentido e que já havia um sentido antes da vida. E mais, o que é facto é que tudo funciona, apesar do caos que governa o mundo, por mais admiração que isso possa causar. Como pode funcionar assim? Não sei, mas o mundo não pára. Eu iria contra os meus princípios se fizesse algo em que não acreditasse e soubesse que poderia ter consequências trágicas nas pessoas. Os políticos talvez devessem fazer o mesmo. Talvez por isso não me demova do meu sentir primitivo e me guie por esta apatia em que caminho. Neste momento deverá aplicar-se o provérbio: 'A esperança deve ser a última a morrer'. Acreditem na natureza, que eu vou tentar fazer o mesmo, e que ela abra os olhos de quem pode e que essa natureza faça justiça, para que, quem pode, ponha à frente dos seus próprios interesses os interesses dos seres em geral e da natureza.
Exasperando, todos os dias. Talvez a definição me leve a algum lado. Piorando certas coisas de dia para dia (embora haja algumas que melhorem também), irritado, para dentro, constantemente, faz longos anos. Talvez exasperado signifique crispado, contrafeito e também contraído, tenso. Um emaranhado de definições, umas que nos levam a outras e que me trazem de novo a esta: exasperado. Contrafeito com o que me envolve, encontro respostas para as minhas frustrações também. Como posso eu estar sereno e não exasperado se o que vejo e o que leio não me deixa ficar indiferente? Como posso eu ficar indiferente às notícias que vejo no telejornal, que vejo no jornal, que vejo na revista? Uma menina foi raptada em certa altura, quantas não foram raptadas depois desta? E parece que já foi morta, há indícios disso, um homicídio, de um ser humano, ainda com a vida pela frente ainda para mais, como posso eu ficar indiferente? Como se não fosse humano… mas sou. Violações, crimes, suicídios… dia após dia tudo a vir ao de cima. Coisas (problemas) que me não poderiam dizer respeito, mas dizem, sou humano, pertenço aos homens, e a humanidade busca a perfeição, e para atingir tal, essas coisas não são admissíveis. Nessa busca da perfeição e bem-estar, na busca de múltiplas respostas para as imensas perguntas que nos envolvem com todo o avanço tecnológico, toda a humanidade se atropela uma há outra, a interacção entre os homens é imensa nos dias que correm com tendência a aumentar. A raça é só uma, a humana, mas a lei não é igual para todos, a justiça humana é errática e o que move o mundo moderno é a economia e os números, no geral. O homem moderno ambiciona muito os bens materiais, de uma maneira geral, e em poder económico como se esse fosse o fim para que se vive, como se o outro fosse mais um numero nesta teia imensa que é a humanidade. Nem sempre foi assim, houve tempos em que o homem valorizava o interior e os sentimentos, o que era genuíno na humanidade. O homem antes de ser homem já era animal, mas não se restringiu ao que era, para bem da sua sobrevivência enquanto espécie, e agora quer tornar-se num Deus, fazendo uma justiça que há – de ficar aquém de justa, querendo transformar o mundo como se o mundo um dia se tornasse melhor só porque ele o transformou à imagem dele, do sonho que persegue. Como posso ficar indiferente às alterações climáticas que estão acontecendo em nome da liberdade do homem, que tem por base essa economia, e num sonho inalcançável como é a perfeição, esquecendo-se e afastando-se daquele que é o seu lar, que é a terra? ‘O homem é lobo do homem’ (Thomas Hobbes, filósofo inglês). Para mim a espécie humana compete neste momento, como sempre, segundo ‘a lei do mais forte’, só que num nível mais evoluído do conhecimento e inteligência, mas está cada vez mais longe das origens, ou será cada vez mais perto? ‘Do pó vieste e ao pó hás – de voltar’. Talvez a perfeição seja um equilíbrio entre coisas perfeitas e coisas imperfeitas. Parece-me isso o mais evidente, a perfeição não é um estado, um facto, mas um momento, e assim há coisas e momentos perfeitos e há coisas e momentos imperfeitos. Tem que haver o pobre e o rico, o inteligente e o ‘burro’, alegria e a tristeza… Não se consegue um estado para sempre. A perfeição não deve ser uma meta mas uma constante universal de equilíbrio onde desajustes desse equilíbrio tendem a fazer movimentar sistemas que estão em interacção dentro desse sistema maior em equilíbrio e que formam um todo (um outro sistema) e que tendem para um novo equilíbrio. Logo, nem sempre seremos inteligentes, nem sempre estaremos em baixo na vida – teremos momentos melhores e momentos piores e talvez o pobre nem tenha sempre que ser pobre, talvez ele veja ‘a luz’ e consiga singrar na vida e vir a ser rico, talvez porque um outro rico deixou o lugar vago e passou a ser pobre – relacionando isto com economia.
Termino assim, um pouco menos exacerbado com o mundo humano. Talvez as coisas tenham que acontecer como acontecem, talvez o assassino aja como aja movido por desequilíbrios no sistema que o envolve e o faz agir assim. O sistema maior que engloba todos estes sistemas, o universo, é o sistema de onde vimos e para onde vamos. Concluo por hoje que tudo é uma passagem, e a nossa vida depende da interacção do nosso sistema, que somos cada um de nós, com os sistemas que nos envolvem. Nada depende somente de nós, mas nós podemos fazer a diferença em relação ao que se pode passar no nosso futuro, imediato ou posterior.
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