Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Talvez o sonho principal, da minha vida, desde sempre, seja o da procura do conhecimento e do saber, o que me leva a tentar escrever, para compreender, compreender a minha vida, antes de tudo, dado o grau de desordem (psíquico-mental/social) que se instalou nela a partir de certo momento. Sei que compreendo a minha vida cada vez mais, ou o tempo não passasse e esta mente não deixasse de trabalhar, constantemente, apesar de não conseguir dizer e explicar o que sinto como deve de ser, não direi nada de jeito, muitas vezes. Também, por causa deste mesmo ‘tempo’, quando compreendo as coisas já é tarde de mais, cada vez mais ‘tarde de mais’. Fui ferido e esventrado no meu orgulho, na minha dignidade e nas minhas ambições, não atingi a liberdade da independência de mim como ser (humano) físico e mental. Mas, tenho imensos sonhos, mais ainda do que muita gente possa imaginar, tanto projeto de sonho que nunca cumprirei, cada vez tenho mais a certeza disso, e, o certo, é que não consigo viver dos sonhos (Até pode haver quem consiga, mas eu como a maioria não consegue). Continuo, eu, como uma criança, a sonhar e a não conseguir entrar na realidade do dinheiro e/ou do saber fazer algo para o conseguir. Com os sonhos perco eu meu tempo, e também com esta escrita, aqui, afogando mágoas que ficarão algures na internet, sem nenhum significado, quem sabe (?), sem que eu consiga ouvir (algum dia) seu eco, que apenas se dá em mim mesmo, dentro da minha cabeça, enquanto eu existir. Deste modo, aperfeiçoei-me na arte de chorar o meu pranto, que nem uma carpideira, repetindo regularmente as queixas, soluçando sem fim, neste desgostoso ato que ainda não me levou a uma saída, nem talvez leve, por inerência de um destino que se aproxima a alta velocidade. Que seria de mim se não fosse a internet? Que será de mim se eu, um dia, não puder ter internet? A solidão alastra: tanto meio de falar e chegar às pessoas e eu não consigo falar com ninguém (simplesmente não consigo dialogar), como se um cancro tomasse cada vez mais conta de mim. Mas, prefiro que estes gritos estejam no nirvana da internet, do que ofuscados e abafados no vazio de umas folhas soltas, dobradas e amarrotadas pelo tempo, algures, no vazio de uma casa, relatando a loucura (considerem este ‘louco’ na maneira de ver dos outros, porque eu não me acho louco, sinceramente, mas sim, sofredor por causas alheias e que não me deveriam pertencer) de um ser que não quiseram que vivesse, que não pôde viver em liberdade e harmonia com o mundo. Quis eu, desde sempre, ser importante; sei, agora, que ser importante não é só ‘poder’ e/ou ‘dinheiro’, mas é amar e ser amado, (se bem que passa em grande parte por ai, e eu nem isso tenho, poder e dinheiro,poder e dinheiro…com que tanto sonho); Estou muito afastado desse real significado da vida (daquela normalidade com que sentia a vida), com que tanto sonhei e acreditei (mas acho que não devo dizer ‘em vão’, porque nada é em vão, apesar de não percebermos os significados e consequências das nossas ações, em ultima análise, da nossa existência); E, que significa esse ‘Real significado da vida’? Perguntam-me. Penso que passe por: o amor, uma relação saudável entre pais e filho (s), entre amados, entre amigos [de uma maneira geral, entre as pessoas que nos envolvem e nós]. Falo em ‘real significado’, porque não me é permitido defini-lo, não tive essa honra, a de ser um ser humano realizado para poder executar a obra da definição de tal significado, o real significado. A liberdade faz parte desse real significado. A minha vida é de solidão intrínseca, de crise existencial, e eu alheio-me deste mundo, quando ela quer tomar conta de mim: refugio-me nos meus prazeres da vida, a música por exemplo, o recordar quem fui, os sonhos que tive, o que senti ao degustar pela primeira vez tal sabor de tal comida, tal momento, entro no mundo dos sonhos das recordações, num mundo mental de sensações de todo o tipo (visuais, auditivas, táteis, olfativas, mentais, sentimentais etc.) e misturo tudo, eu comparo tudo, eu analiso tudo, eu tento encontrar respostas eu tenho imenso prazer quando encontro as causas dos efeitos que se deram, na minha vida em particular - Mas pudesse remediar eu essas causas… - As minhas sensações são visuais, predominantemente. Se bem que por momentos, não sinto essa solidão e algo ou alguém vem ao meu encontro para me dar um certo ânimo, uma lufada de ar fresco para continuar. Para um homem da minha idade, que tinha a pretensão do amor, era para ser feliz, e isso passa por estar em sintonia com o sexo oposto [mais um sonho]. Mas não, a minha vida é de tristeza por ter sido castrado psicologicamente faz tanto tempo, por me terem sido anuladas as minhas ambições, por ter sido ludibriado por adultos que me prenderam as minhas emoções, que jogaram com os meus sentimentos, enfim, pela minha origem, que talhou os meus caminhos. Se me for permitido, eu abomino as culturas de opressão. Eu vi o que é a liberdade, eu vi o que é a destruição, eu vi que ninguém é nada para parar o que quer que seja. Eu nasci em desvantagem, mas luto por ir mais além, sempre lutei, e para isso, conto com alguém, eu não sou ninguém estando sozinho (se bem que esta solitude tende a prolongar-se no tempo), não sou ninguém sem um espelho que fale comigo e me diga o que está a mudar em mim, o que sou a cada momento, eu procuro meu espelho, persigo os meus sonhos.
Estamos metidos nas malhas da economia, o dinheiro faz rodar este mundo, e eu sinto que não sou capaz de entrar neste mundo económico, sinto-me um inútil, que não sabe fazer nada. Nem ao escrever tenho sucesso, porque sou uma pessoa ordinária, no sentido de vil, maltratado e subententido, que nada mais faz, ao escrever, que pôr o dedo nas próprias feridas, gritando, sem que algo ou alguém me possa ajudar. Mas as feridas têm que sarar. A esperança é a última a morrer, os sonhos só acabam com a morte, a luta com a qual se firma a vida.
Sou como sou, serei parecido a alguém em muitos aspectos, mas no fundo, a essência que faz parte de mim e que faz ser quem eu sou é única; o que eu sou é uma combinação de factores que se juntaram de uma maneira que possivelmente não se repetirá de igual modo em nenhum outro momento da história da vida em toda a sua globalidade, quer temporal quer física, este meu sistema é único e com suas subtilezas próprias, mas temo que tudo isto que sou e vivo venha a ser em vão. Pergunto-me o sentido de todo este caminho percorrido (?), o que será de mim no fim de isto tudo ter passado (?), e o porquê de, para mim, ser tão importante a busca da existência de uma justiça, de uma liberdade (?), o porquê de haver a (minha) ânsia de um equilíbrio e do fim da própria ânsia, quando na verdade pareço estar mais longe daquilo que ambiciono atingir. No fim de tudo, custa-me que, um dia, não seja nada mais que nada, e nem quero acreditar que depois do ‘agora’ voltarei ao ‘antes’, do nada ao nada, do nirvana ao nirvana, e que tudo isto seja uma passagem cheia de emoções, de bons e maus momentos, e que na minha vida permaneçam os negativos, a insatisfação, a frustração, a raiva, a angústia, o ódio - tudo isso de um modo latente que me tende para a inércia. Custa-me pelo sentimento de injustiça, pelo sentimento de inverdade e incoerência com o que sinto, pela falta de amor que tive e pela dignidade emocional que me foi negada por alguém, quem eu ainda procuro descobrir. Procuro o porquê de toda esta insanidade que me faz perder meu tempo, aqui, perdendo horas na busca dos porquês e na busca da inspiração, na tentativa de ser artista sem ter a capacidade natural para tal, que desilusão (!) realmente, artista do infortúnio eu sou, perdido em monólogos sem fim. Porque não poderei eu subjugar o mundo que me envolve a meu bel-prazer no sentido de poder viver de acordo com os meus valores de tolerância e humanismo, num grau, o mais alto grau de humanidade (?); porquê procurando eu o equilíbrio e a perfeição me torno cada vez no mais imperfeito dos seres que tal tentam (?); porquê, fazendo eu pela sorte, o azar me vem bater à parte constantemente (?). Porque não consigo libertar-me e ser feliz? Mas eu sei porque tal acontece, o porquê de eu não atingir meus objectivos, e é porque quero mudar aquilo que não posso mudar, sei que deveria ser eu a mudar-me e não tentar mudar tudo, mas sinto que o mundo já não chega para mim, e nem sei se mesmo o Universo chegaria, não há lugar para me esconder, não há lugar onde o meu ser esteja seguro. Sei que deveria ser eu a mudar-me, mas não tendo onde me esconder não adianta fugir, não posso fugir derrotado, mas assim, fugindo, não estaria lutando, e quem sabe estaria dando o certo pelo incerto, deitando tudo a perder, quiçá. A minha raiva é profunda, mas, o que eu sinto é um misto de empatia humana virtual com profundo ódio real (quando na realidade, ‘face to face’, que sinto ao vivo na proximidade das pessoas com que falo que se cruzam comigo na vida e das quais sinto desprezo e intolerância) - quando vejo as pessoas do outro lado dum monitor, todas me parecem tão belas que tenho horror a quem lhes faz mal como quem mata de forma cruel como por exemplo Hitler, e não entendo como tal pode acontecer, mas, ao mesmo tempo, quando me transponho para a realidade junto às pessoas parecidas de certo modo em maior ou menor grau com essas que eu senti e vi no ecrã tudo é diferente, e então elas não são humildes, não são tolerantes, são ‘Burras’ para usar um termo de calão ou são ignorantes para ser mais soft, não fazem bom uso da faculdade humana, e querem-me fazer sentir que eu estou errado naquilo que digo e faço, e eu sinto uma vontade enorme que algo de mal lhes aconteça (a essas pessoas injustas); mas talvez na verdade eu esteja enganado em relação a isso tudo, no entanto o que eu sinto é real, muito real em mim, é a minha realidade num dado momento do tempo e do espaço, e não a posso negar (essa realidade), senão o que seria eu? Seria uma negação de mim mesmo (?) provavelmente. Quero justiça! Quero justiça na minha vida! E mostrem-me o contrário, ou calem-se acerca deste post e consintam que são as pessoas que eu digo. Isto pode ser um desafio…
Mais um dia quase passado, que, se fosse noutra hora de um outro tempo atrás e de uma outra maneira, poderia dizer que ‘com a esperança renovada’. Assim, agora direi que simplesmente ‘se está a passar’ e o peso dos dias que passam tendem a sobrecarregar meu ser físico e psíquico. O meu intelecto tende regredir de capacidade, a minha mente anda confusa, o meu psíquico anda desnorteado, com uma fome de verdade e de justiça e por não conseguir mudar o mundo, ao menos o meu mundo… mas nem isso. Não me sinto livre e algo (que poderia chamar Deus com convicção, se fosse noutra altura mais antiga) brinca com o meu ser a seu bel-prazer; a minha dignidade de homem está severamente manchada porque, precisamente, me magoaram indelevelmente, não sou um homem livre, não sou um homem mentalmente capaz de ter um bem- estar intelectual, porque meu espirito foi perturbado desde que me formei enquanto humano, muito possivelmente, além de onde a minha memória não pode chegar; à medida que o tempo passa, descubro o porquê de a minha vida ser perturbada, e desde precocemente isso acontece. A minha tristeza é enorme, e não deve ter fim, porque eu procuro o fim dela há já tanto tempo e não o encontro. Sinto uma revolta enorme com os meus progenitores, sinto uma revolta enorme por algo que eu não consigo identificar precisamente e poder lutar contra essas coisas que me perturbaram e perturbam, não sendo capaz de ultrapassar as dificuldades (porque não as consigo identificar claramente), um desejo que há tanto tempo cresce em mim (o de ultrapassar tudo isto); e à medida que cresce mais esse desejo mais me vejo incapaz de o realizar. Desejei a independência e a vingança – no sentido de fazer-se justiça na minha vida – daquilo, daquelas atitudes - que injustamente era alvo, pensei que cresceria e que depois então alguma luz se havia de fazer, me havia de livrar de tudo aquilo que acorrentava a minha humanidade, mas, não sabia eu, que, pelo contrário, o caminho que trilharia para essa independência era errado e que me levou a não ter saído deste mesmo sitio de sempre – falo precisamente de um momento da minha infância em que me apercebi que estava perante algo injusto, perante atitudes diárias de injustiça, pressão psicológica sobre uma inocente criança, assim como nesse dia em que me apercebi da injustiça de meu pai perante mim: sendo eu uma criança e ele tratar-me com tal dureza e crueldade, injusta, repito. Nunca me esqueci desse dia em que fugi à procura de um aconchego, em lágrimas de uma criança que tinha o mundo à sua frente, e o perdeu naquele momento, quiçá [oxalá esteja errado], para sempre, em que tudo passou a ser uma ilusão, porque só na ilusão eu poderia sobreviver com um mínimo de lucidez e normalidade aparente, tendo eu passado a fingir que vivia normalmente, quando eu entrei, na verdade, numa vida em que deixaria de ser eu, para entrar numa espécie de vida etérea, e não compreensível por ninguém que se tem cruzado pela minha vida, sem correspondência real com a vida normal dos outros, daquela no qual faz parte o senso-comum; foi nesse preciso momento que eu enxerguei pela primeira vez a injustiça e tive o sabor amargo da maldade psicológica pura e dura, de quem amava (ainda por cima, e que faz parte de muita gente por esse mundo afora) e que tive de perdoar durante toda a minha evolução para me tornar adulto, um adulto com handicaps aparentemente desvantajosos, para sobreviver, em última análise. Mas quem sou eu para estar acima de todas as outras criaturas que sofrem neste mundo? Sou só um e apenas um, mais um, do qual a injustiça e a inglória se querem apoderar. Por isso sou insignificante, por mais que isso me custe, e a minha vida depende do valor que eu lhe conseguir dar, por um lado, mas de enormes forças desconhecidas, por outro, (forças essas que partem de mim também e que se geram de uma forma muito estranha) além de que eu não consigo dar-lhe o valor mínimo necessário para que eu possa viver com clarividência mental e independência. A essência de quem eu sou foi como que sugada e açambarcada por algo que eu ainda tento desvendar, meu progenitor é um grande culpado disso, e eu não consigo lutar de modo a demarcar-me e ganhar o que ele me tirou, a forças de vida, a essência de quem eu sou. Mas este mundo é feito destas pessoas, más, não só ele mas como ele, com a força que a vida lhes imprimiu e que podem fazer tudo e andar por cima dos outros sem que venha o ‘Deus’ a safar quem é pisado, e a derrubar a maldade que se impõe injustamente.
Mais um dia magnífico passado. A minha vida, como tantas outras, tem sido magnífica, vencendo obstáculos apos obstáculos, compreendendo as minhas dificuldades, umas após outras. É com rancor sincero que penso em todos aqueles que seguem na intolerância em relação à minha pessoa (empatizo com os que estão em situação idêntica), de que tenho sido vítima toda a minha vida. Eu não queria sentir isso nem estar aqui a dizer tudo isto que digo e repito muitas das vezes, mas caio na malha do meu destino constantemente, que até me parece que existe, o destino de cada um. Foi já um longo caminho até aqui, o meu, como muitos dirão do deles. Vou só dar um exemplo de uma dificuldade para que se tenha ideia do que falo, se não me lembrar de mais alguma ou a minha mente tender a esconder o que é negativo para exprimir: Eu ruborizo facilmente, sempre corei facilmente e isso tem sido uma fonte de discriminação da minha pessoa na minha vida, eu sei que sim e agora ninguém mo pode negar (!); e vou dar o exemplo de hoje, eu entrei num bar, na rua estava frio de rachar, o bar estava quente demais, e eu ruborizei facilmente ficando com as ‘bochechas como um tomate’ (frase de um amigo), e como não sou tolo percebo o que se passa à minha volta, e nas cabeça das pessoas até, diria, e eu disse ao meu amigo que é uma pessoa normal e não ruboriza facilmente, ‘a ti não te acontece isto pois não?’, ao que respondeu ‘não, porque te acontece isso?’, eu, sei que não vale de nada o falar sobre isso, e simplesmente respondi ‘já é de família’, sentindo que para ele era indiferente a minha situação, aquela com que eu tenho vivido e tenho de viver a minha vida toda. Ah, mas não é só por isto, e se eu tivesse um poder eu me vingaria de tudo aquilo por que tenho passado, podem ter a certeza disso, de toda a vida de discriminação, sabendo que meu pai e minha mãe sãos as pessoas ‘culpadas’ de ter vindo a este mundo, é verdade, e são culpados de muita coisa que sinto, pois foram eles que me moldaram o pensamento, mas o não ser aceite como sou por parte dos outros revolta-me imenso. Em relação ao rubor, penso que quando era mais novo não ruborizava tanto, agora fico mais corado facilmente, posso dizer que entro mesmo em hipertermia com choques de temperatura e choques emocionais, alterando-me mesmo o meu estado de consciência e de alerta. Toda a minha vida tenho vivido com medo do rubor e do gozo. Eu nasci com alguma propensão de introvertimento, talvez, mas os medos com a hipertermia junto a pessoas foram crescendo, e sei agora que isto não é normal, de tal modo que isso também me afectou a maneira como raciocino. Nasci moderadamente débil, fui ‘amamentado’ através de leite em pó, porque o leite da minha mãe não era nutritivo o suficiente, ela já estava numa idade avançada. Nasci talvez sem ser querido e esperado, tenho que admitir isso para mim mesmo por mais que não queira pensar nisso nem dizê-lo a ninguém. Mas também digo que meus pais não me abandonaram, talvez devido à cultura em que estão inseridos, e, claro, talvez porque terão senso de pertença, algum amor, e vergonha de abandonar um ser, e sei lá que mais. Sinto que a ignorância e o infortúnio me persegue desde que tenho memória, penso mesmo que desde que nasci ou ainda antes, e me chamam para junto deles e que não pense na vida, que a vida é como é e que não podemos mudar o que ela é. Mas eu queria mudá-la, queria, desde sempre, do mais profundo do meu coração, da minha alma, ser uma pessoa normal, mudar a minha vida, não passá-la em sofrimento, aceitar-me como sou e ser aceite como sou. Mas eu não me aceitei como sou, tenho que o dizer, e tenho a certeza que é porque os outros não me aceitam como sou, cheios de falsidade quando dizem o contrário. Cresci a pensar que o rubor passava, que se lutasse contra ele eu ganharia, talvez através de umas bofetadas dadas ao longo do tempo eu tomasse calo e ele não mais voltasse. Mas se não fosse assim eu agora não estaria aqui, se não fosse a ilusão e a força que me foi dada de viver pelo Universo. Mas não, eu nasci simples, sensível, com vontade de viver (é certo), mas com uma personalidade débil dentro de uma cultura e com pessoas que me querem aprisionar no que sou e sinto, querem roubar-me a minha liberdade e até a minha vida. Eu diria agora, depois de tudo o que tenho passado, que o mundo é fantástico, mas os seres são abomináveis, reles na natureza de agir, erráticos, por mais que se chame a isto tudo evolução das espécies. Muitas pessoas ficam magoadas ao ouvir isto, mas mesmo a pessoa mais inteligente do mundo e mais influente no mundo que houver nos séculos que provierem será simplesmente um ser errático, um ser que nunca atingirá o dom daquilo a que um dia se chamou Deus. E eu posso estar errado, mas isso não me pode interessar porque eu já não estarei cá. Nostradamus também deixou a palavra que Deus quis que ele deixasse, talvez mesmo todos os seres agem segundo um objectivo pré-determinado por algo nunca tangível. Penso mesmo que o homem se autodestruirá. Talvez tudo o que se passa seja um acaso. E com tudo isto do rubor eu me tornei assim. Mas algo lá bem no princípio da minha vida se tornou uma bola de neve que eu não consigo destruir agora. Não foi só o rubor, mas também a minha tendência de tímido, introvertido, com sintomas de Asperger, autismo, sei lá que mais, e confesso que odeio todos esses que inventam doenças para se governarem, tirar proveito monetário do infortúnio dos outros que por algum motivo não se encaixam nos cânones dos tempos em que vivem, eu os abomino como eles me abominam a mim. Eu só quero viver, será pedir muito? Ser tratado como humano, como sou, que sejam tolerantes para mim, tudo tal como eu faço para os outros. Não foi só o rubor, foi o fechamento que foi tornando conta de mim, a fuga ao perigo, eu só queria fugir dali, as fobias…. As ansiedades… tudo sem controlo, a tal bola de neve. Eu calei-me por de mais, proibiram-me de falar – como eu odeio meu pai-, não me deixaram reagir - como eu o odeio -, e odeio todas as pessoas que me trataram mal, me humilharam na minha vida. Como eu odeio a falsidade, de quem não lhes nasceu a vergonha na cara, o rubor, o bom senso. Eu nasci aberto ao mundo, como uma tábua rasa, eu nasci do zero, com todas as probabilidades contra mim de viver, e no entanto vivi e vivo, tentando vencer a ignorância e o mau trato. Eu abri a minha mentalidade, a minha mente ao conhecimento e à sabedoria, nasci na pacatez e sou pacato na maneira de me exprimir, mas o meu mundo ideal, as minhas ideias fervem neste caldeirão que é a minha mente. Que vou fazer nos que me resta ainda da minha vida? Não sei, tudo é tão incerto e fugidio. Vou ser mais um ser para esquecer, é certo, porque ninguém é mais que tudo o que existe. Nem vou falar do bullyng, nem de todos esses termos que tem a ver com falta de dignidade. Fiz tudo certo na minha vida, fui uma pessoa cheia de bondade, e mesmo assim, para minha surpresa, sou a pessoa que está mais errada neste mundo. Com tudo isto, algo em mim atrai o azar, me quer destruir. Cada vez que penso em todas as situações incompreendidas da minha vida tenho pena de mim próprio e me pergunto porque teve de ser tudo assim??? Pensava que o meu silêncio era forte (o suficiente) para afastar o azar e tinha a certeza que caminhava no bem e seria recompensado num futuro com bem-estar, enfim, enganei-me. Não posso sociabilizar, por causa do meu rubor, dos meus ideais errados ou desajustados, por causa das minhas emoções estragadas e deturpadas e sem coerência. Cada vez mais me parece que tenho de viver no virtual, ao menos no Virtual, do que sem acesso ao virtual, falar com ninguém, estar offline, estar inerte. Mas o que é o correcto? Cada pessoa com suas ideias, cada um a dizer a sua maneira ideal de viver… eu não posso viver assim, por isso me isolo. Até quando vou viver com dignidade? Não sei, mas a coisa pode dar para o torto, e é o mais certo, será um milagre se eu viver muitos anos e estiver enganado. Será uma luta de dia após dia, para pelo menos tentar lá chegar.
Se olhasses para mim naquele momento verias a luz que em mim se acendeu, um momento a tender para o perfeito, um momento que deveria ocorrer frequentemente, uma luz que se acendeu e que devia perdurar e não se apagar. Esse momento foi o ideal, como tantos em outras situações ocorrem, mas muitas vezes ‘tirados a ferros’ porque o natural, em mim, é ter outro estado de alma, uma alma com penumbra, mas que anseia sempre por esses momentos de luz. Esse momento foi um novo folgo, nem que o seja por um momento na vida; foi um crescer de autoconfiança, nem que seja passageira; foi um retemperar de uma calma que teima em não ser contínua, mas breve; por momentos eu fui quem não tenho sido, a ilusão de um sonho tomou conta de mim e na realidade e fez – me estar ‘on’. É formidável quando a dualidade corpo - alma se encontra, quando o nosso ser físico responde em consonância com os objectivos da mente, e ai encontramos uma coerência na consequência que se dá. É certo que tento encontrar a luz a cada dia que passa na minha vida, sempre o fiz, mas não sem que as adversidades sejam maiores, há medida que essa luz me ilumina mais intensamente. Nunca há o bem sem o mal, nem a bonança sem a sua contrapartida. Se me perguntasses porque é assim, porque não tem tudo de tender para o equilíbrio, para o entendimento e para a busca do que nos corresponde (?), eu te diria que, infinitamente, me pergunto a mim próprio porque é assim (?), desde sempre, sem ter uma resposta clara diante de meus olhos. Acredito que ainda vou ter pelo menos uma resposta razoável com o tempo, que por sua vez desejava que não me trouxesse contrapartidas negativas no meu ser e na minha vida, porque tudo a que respondo traz a adversidade que me tenta consumir mais rápido do que o normal. E eu podia abominar o mundo da adversidade que me envolve como abomino, mas de nada adianta a não ser para minha maior perdição e dificuldades, a manifestação clara e inequívoca dos nossos sentimentos são a nossa destruição, visto que ficamos vulneráveis aos nossos inimigos e adversários. Eu tenho que agir com muita inteligência esperando que a sorte me bafeje, isso sim. Eu tenho paciência, muita paciência, como sempre tive, mas o tempo já é de desconto, quando estava a meu favor já passou, começo a ter mais consciência disso. Já construi a minha vida até onde a pude construir, já tive o mundo em aberto para mim, agora tende a fechar-se rapidamente, não tenho ilusões, resta-me viver trabalhando a minha vida a partir da minha formação, daquilo que construi, não tenho outra vida. Pensava que eu era o melhor, melhor no sentido de bom, pensei que havia muita gente boa, mas estava completamente errado em relação a essas duas ideias; descobri a relatividade do que significa ser bom ou mau, a efemeridade do ser e dos ideais. O esforço por encontrar o eldorado da existência humana, da minha existência, em particular, é uma tarefa que pode ser tão recompensadora como absurda. Depois de eu partir, tal como acontece ainda na existência, não depende de mim a manifestação do que eu agora digo, o sucesso das minhas palavras; a filosofia vã, de quem um dia teve fé de que, fosse como fosse, nós merecemos continuar a existir e a lutar por isso. Descubro a cada dia que passa o desentendimento e a incompreensão que grassa pelo mundo, descubro as provas concretas de algo que há muito era claro para mim, a perenidade e a inconstância do ser, sim, mas a continuidade da obra só talvez se… o que nos ultrapassa o permitir.
E, então, amanhece mais uma vez. Agora, se as minhas palavras valessem neste mundo, então elas seriam de destruição. Mas porque eu quero destruir maus e bons, os maus que fizeram mal e os bons que me tentam ajudar? Sim, esta pergunta é fulcral no momento que corre na minha vida. Eu devo-me revoltar contra quem me faz mal e não continuar a senda dos maus tratos, porque me trataram mal a mim. Assim, eu penso que… aquele fez-me mal é a ele que eu vou destruir. Eu não consigo diferenciar bem quem me faz mal e me fez bem neste momento – mas já foi muito pior -, porque estou toldado de raiva e frustração, doença e confusão. Assim, uma voz se levanta e diz: tomba tu ó excelsa pessoa, fruto da inteligência régia, sabedor de tudo e de todos os tempos, falsa és, fingidora, todo este tempo, vulcão eruptivo de sofrimento para quem te ama; Tu! Que espalhaste o teu ódio e insensatez, recusaste a humildade de ser humano nobre e me fizeste pisar as cinzas da tua ira, acreditando, por tuas ideias falsas e dissimuladas, que nada seria em vão, que isso me faria mais forte, sacrificando-me em nome de Deus, de quem eu conhecerei mais do que tu. Tu! És a perdição de ti próprio! Eleva-te ao mais alto dos céus e deixa-me viver. Porque eu retiro o suco do que de melhor tem os meus inimigos, eu me fortaleço e eternizo a cada dia que passa, nesta loucura desenfreada de quem tem uma voz apagada mas cheia de sentimento vindo de uma alma abafada. Eu te deixo fervilhar o veneno em teu corpo para que te destruas. Ao meu lado caiem gregos e troianos, levantam-se tempestades defronte de mim, persegue-me as inundações, e a mais bela-luz do sol é horrível para quem ousou fazer o que não devia ser feito. Eu mesmo me rastreio constantemente e sei que puro não serei, nunca, porque sou uma vara de uma videira impura, à espera de enxertada na boa planta. Anseio, um dia deixar de ser carne, e ser a energia das estrelas, deixar a mediocridade, a incompreensão, as desavenças, de quem não se quer em paz, porque eu fui roubado da minha dignidade. Mas tenho a certeza que continuarei a ter estas luzes, que tal como a de hoje, não se apagarão.
Procura-se estrada para o paraíso. Caminhamos para nenhum lado, estamos numa estrada sem destino , we’re on a road to nowhere, Talking Heads, não me sai da cabeça este pensamento. E o meu caminho não me leva a lado nenhum. Cada passo que dou é um passo em falso e no vazio, caminho cada vez com menos amigos e vontade de viver, em lugar de ser ao contrário, só com a diferença em relação a muitos outros como eu é de que eu sei o que me faz andar assim, pelo menos penso saber, e isto se houver outros. Às vezes penso: ‘a honra e a dignidade devem ter algum sentido’; o sexo deve ter algum sentido’; ‘isto que sinto deve ter algum sentido’. A verdade é que estou mais desfasado do mundo que me rodeia, o mundo da interactividade real, in loco, distingo cada vez menos o que é real do que não é, da acção correcta da não correcta. O meu raciocínio anda péssimo. Vacilo a cada passo, sinto coisas que não devia sentir e o mundo quer cercar-me. Sou omnipotente quando sozinho com os meus pensamentos, com o meu conhecimento, com a minha ligação ao Universo, e, no entanto, sou a mais pequena e inofensiva criatura que alguma vez existiu à face da terra, a coisa mais vulnerável que Deus ao mundo pode deitar. Cada pensamento meu é um erro. Sinto o aproximar do meu destino, que caminha até mim inexoravelmente, sem que haja algo que o possa contrariar do seu objectivo que é destruir-me. De que modo posso preservar as minhas faculdades, a minha honra, o meu desejo, os meus sentimentos? Já sei, ninguém pode responder, este mundo é cada um para si. Na minha vida, a perfeição seria desejável, uma ponte entre o céu e a terra, onde vivesse no paraíso, fosse amado e sentisse esse sentimento e correspondesse a esse amor. Mas, eu vivo na terra, as pontes que nos unem são muito elitistas, o meu amor é uma utopia, da qual inúmeros se riem. Mas eu vivo neste mundo, de caos, pequeno, em que nesta amálgama é uma sorte estarmos vivos, ou precisamente, um azar…assim como é azar eu ter enveredado pelo caminho do pensamento intrincado e egoísta, como se houvesse uma sina que dissesse o que iria ser a minha vida. Na minha vida reina o medo, o medo de magoar e o medo de ser magoado, o medo de passar despercebido e o medo de ser o centro das atenções, o medo de existir… e na verdade existo, paradoxos sem fim, e afinal tudo isso faz parte deste Universo, e no entanto não pensei que chegaria um dia em que eu fosse afectado por isso negativamente. Onde eu passo tudo se transforma à minha passagem, como qualquer pessoa, mas o feedback que eu recebo do mundo é negativo e é pesado para mim, como se o mundo me quisesse devorar, como se eu tivesse feito coisas horríveis que não deveria ter feito, quando na verdade tudo deve ser más interpretações do meu pensamento. Mas a verdade é que o mundo toma ascendente sobre mim, e eu sinto-me uma nulidade sem capacidade de reacção, chorando infinitamente o meu sentir, a minha angústia de existir, a minha angústia existencial de não ser amado como devia, chorando e exagerando, como que desejando que tudo se torne realmente como o destino me quer fazer acreditar que existe, que é esse o caminho. Pois eu sou um ‘talking head’ na minha vida, sou uma ‘cabeça falante’, que monologa sem cessar. Ou talvez seja uma aberração, tentado atrair algo de bom para a minha vida, bons sentimentos, bom futuro, sem sucesso. Gostaria de falar sobre a alegria da vida, alegria da existência, a manifestação das mais belas coisas que existem, e caio, dia após dia, no erro da melancolia, do afastamento dos homens pela verdade que existe. Qual é o meu lugar no mundo, pergunto, a cada minuto que passa, nem que seja lá no mais profundo do meu inconsciente. Que sentido posso eu tomar para preservar o que de mais importante ainda me resta. O conhecimento envolve-me e faz-me mexer o pensamento, mas não me demove de onde estou. O mundo é uma constante algazarra da qual não consigo partilhar. A minha saúde falta-me, e ninguém consegue dar-me o que perco. Os meus passos assim não fazem sentido, por isso tropeço dia após dia, sobrepondo-me aos meus sentimentos, alimentando constantemente esta incapacidade de reacção. Como eu gostava de reagir (!)… Como gostava de olhar e ver olhares, interpreta-los, ser deste mundo, mas não sou. Só me resta a esperança. A eterna esperança de que, por exemplo, pelo menos quando morrer me sinta eu. Há suspiros que me esperam. Mas acho que um homem seria mais feliz castrado do desejo, simplesmente separar-se da sua animalidade e ser pura razão e ser amado não pela sua pujança física, mas pela sua pujança intelectual, começo a acreditar nisso. Tudo há-de ser consumido, romper - se – hão todos os ideais, todas as forças de ligação tenderão a perder-se, até mesmo os ideais mais enraizados na genética humana hão - de esfumar-se, tão certo assim como o meu fim é certo. Neste longos momentos em que eu me consumo, eu me esfumo, eu voo para mais longe da orbita que eu um dia perdi. Navego agora sem destino, nesta promiscuidade de ideias e pensamentos, cada vez mais longe daquilo que algum dia fui. Adeus, adeus, digo constantemente para mim mesmo, adeus homens, seres ignóbeis, que o meu desejo tenderia a destruir se fosse ele que comandasse o destino deste Universo, mas sei que sou eu que estou errado, mas por favor, prova-mo (!), ou este será o paraíso do nirvana.
Eu sou digno. A dignidade, o que é isso? A definição do dicionário não é tão curta como isso. «Qualidade moral que infunde respeito». A minha qualidade moral não está propriamente boa neste momento, mas se a comparar com aquela que tinha há cerca de três anos, está muito melhor. A minha dignidade, a luta por ela, a minha vida por um fio, a loucura a entrar pela minha porta a dentro mascarada de inteligência, sensibilidade, bom aspecto. «Consciência do próprio valor». Se a definição fosse esta decerto teria muita dignidade, sempre achei que tinha muito valor assim como continuo a achar, só que antes pensava que eram os outros que me tinham que a reconhecer, agora sei que para quem a interessa reconhecer é para mim próprio. «Gravidade». È certo que existe gravidade em mim assim como existe em qualquer pessoa que tem orgulho em si próprio, não ter a mínima gravidade é como que atentar contra a própria existência, é não existir auto – estima, é achar-se indigno, o que não se pode negar a nenhum ser humano que tem direito de existir, seja ele qualfor, e tem direito de viver. Ao contrário do que se possa dizer por alguém, a auto estima é algo que reside em nós até à hora de morrer, mesmo que a nossa personalidade não esteja formada, mesmo que não gostemos de nós próprios, normalmente da nossa imagem exterior, a imagem interior é a própria auto estima, o sentimento de si. «Grandeza». Não. Não sou grande exteriormente, não tenho a mania das grandezas, pelo menos das exteriores, se bem que por dentro me sinto infinitamente grande, há um Universo dentro de mim, assim como o deve haver dentro de qualquer pessoa, uma grandeza que sinto tangerDeus, e ai sim, sinto-me grande, diria mesmo que me sinto o mais alto dos homens, o maior deles. É claro que sei que isto é apenas uma presunção. Não passo de um simples ser humano ainda finito. E tenho medo de ser quem sou ao mesmo tempo, tenho medo de ser grande. Bem quero perder esse medo mas... não sei se um dia o perderei. Talvez eu não queira ser grande, talvez eu seja realmente grande de mais para estes homens deste mundo, talvez eu seja apenas um entre tantos dos que, diria enviados por um Deus, o meu Deus e o Deus de todos os homens, mas tudo isto são suposições. Talvez eu na verdade não seja ninguém mais que um simples homem ou ainda um homem que simplesmente compreende o mundo e anseia compreender mais e mais, sem poder parar, como se existisse uma força que vem de dentro para tal, superior e transcendente a mim. Será que compreendo o mundo à minha maneira? Como alguém poderia dizer. Não sei se estou certo ou estou errado, e mesmo que estivesse certo que poderia eu fazer? Mais uma vez : sou um ser finito, pelo menos exteriormente já que interiormente me sinto infinito. Como poderia eu chegar às pessoas sendo eu tão limitado? Mesmo que me tornasse no melhor orador que alguma vez existiu, como poderia? Teria que viver muitos anos, e ai soufinito, um simples ser do mundo. Pois, grandezas, para nós apenas, para o nosso interior. A matéria é finita. E quanta consciência infinita eu tenho disso. «Modo digno de proceder». Sempre pensei em proceder do modo mais digno em todos os actos da minha vida, o que é sempre difícil, guiado pela busca da perfeição, até há uns tempos atrás. Mas, qual será o modo mais digno de proceder? Talvez o proceder segundo aquilo que nos parece mais certo nos momentos em que temos de proceder. Se agirmos como tal estamos a proceder bem mesmo que isso produza efeitos maus. É claro que se achamos que estamos a proceder bem para nós outros não o verão da mesma maneira. O nosso procedimento é o nosso comportamento. Se agimos, agimos movidos por um motivo, comportamo-nos segundo algo em que acreditamos e segundo causas que nos fazem mover. Mas o nosso comportamento quando interfere no comportamento do outro, privando-o da sua liberdade condicionando-o ou querendo-o condicionar e mais ainda quando se tem consciência disso, deixa de ser um modo digno de proceder. Estamos a impor-lhe algo que tem consequências, éincerto de ser bom ou mau este nosso comportamento. O homem deve ser livre de escolher os seus modos de proceder, os seus comportamentos, isso é dignidade, quando o homem tenta impor as suas ideias que se demonstram em comportamentos e isso interfere no comportamento do outro forçosamente, isso é um modo indigno de proceder. Ainda diria mais, o homem nasce por natureza digno, assim são as crianças, mas que com o crescimento vão aprendendo a ter atitudes indignas que a consciência cria como seja rabujar sem razão sópara ter a atenção de um adulto. Atitudes como estas irão criar no adulto estados conscientes de indignidade de procedimentos. E hoje, existe na sociedade dita civilizada um senso comumindigno, quando tenta conscientemente entrar na esfera privada da liberdade de cada um. Assim é o atentado que se está a dar em relação à destruição da família, assim é por exemplo o efeito que as novelas podem criar nas pessoas, na criação de comportamentos que não se ajustam com a realidade, a atitude consciente, logo indigna, de fazer sonhar as pessoas de influenciar massas a ter comportamentos que não se ajustam com a sua realidade, a fazer viver a vida em vão com valores que se tivessem que escolher livremente não escolheriam. Assim é a ideia que alguns tentam impingir e que está a alastrar-se a toda a sociedade de que o homem vive para o sexo, tornando o homem um animal consciente que está a criar uma sociedade que pensa que para proceder bem tem que fazer sexo, não dando lugar ao amor e à capacidade de amar, isto directamente relacionado com a destruição da família. «Respeitabilidade». Sem dúvida que sou uma pessoa respeitada de frente a frente com as pessoas. Por trás não sei se é assim, mas acredito que sim. Sou uma pessoas no mínimo normal e como tal as pessoas respeitam-me quando eu me respeito a mim próprio. Quando temos o ego em baixo a moral está em baixo é quando certas pessoas se intrometem, fazendo – nos sentir mais mal ainda, aquelas pessoas que conscientemente se tornam indignas ao não respeitarem a nossa liberdade e nos querem fazer ver a delas.
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