Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Não dá para contar. Não há por onde começar. Não há acabar. Não há ponta por onde se lhe pegue. É assim simplesmente. Ninguém a pode mudar. Talvez o tempo… mas o tempo não é gente.
A inspiração é um dos componentes quer nos faz mover. Mas há muito mais. É o que me falta agora. Há momentos em que um simples grão de praia faz-nos pensar em imensas coisas, tal como a terra que, no Universo, é um grão pequenino e que afinal tem tanto que se lhe diga. Há momentos em que a mente fica em claro, tal como esta folha estava originalmente. Não há inspiração, não há algo que nos leve a refletir, deduzir, examinar através do pensamento. Tudo foge da mente, tal como o tempo foge e, sem ser palpável, nós sentimo-lo. Quiçá o pensamento seja da mesma onda ou frequência do tempo, daí nós sentirmo-lo. Não há nada, mas mesmo nada em absoluto, no sentido mais radical e essencial do termo, que esteja imóvel, mesmo que a nossos olhos assim o pareça. Assim o diz a ciência, através da explicação de que a matéria é constituída por átomos e neles existem outros ‘componentes’ tal como eletrões em constante movimento. Daí que na perspetiva de nossos olhos está imóvel, mas na perspetiva microscópica isso não acontece. Tudo define o tempo então. O melhor, penso, seria talvez andar-se à caça de inspiração, isto é, em lugar de estar aqui à espera que ela me possua seria eu que de papel e caneta em punho iria andando e certamente na hora que menos esperasse, ai estava ele, e, esse seria o momento para o aproveitar. Estes olhos […] são fonte de inspiração e desejam ver e ver. Estes ouvidos querem ouvir e ouvir. O nariz cheirar e cheirar. Enfim, sentir sentindo, através dos sentidos, cinco dizem. Afinal são eles fonte de inspiração. Mas este são os sentidos físicos. E quanto à existência de ouros sentidos, paranormais, digamos assim, já que está na moda, aquilo que vai para além do que denominamos normal? Bem deve ser uma questão de perspetiva. É bom que se tenha boas perspetivas, faça-se por elas, em.
Olhemos agora para a realidade. Quem és tu afinal? Alguém encurralado dentro dessa máscara eterna que por mais que mude, hás - de ser sempre, sempre, tu. É essa máscara o segredo do teu sucesso? Ou é ela a causa da tua infelicidade? É ela que te faz mover ou é ela que te aprisiona? Quantas dimensões tem o homem? Por acaso estou a ouvir uma música que diz: ‘’ The beautiful people’’. Que máscara é essa? O belo como é? Como podemos ser livres? Tirando a máscara? Sendo nós mesmos? Mas onde?
Liberdade, aqui estamos nós e aqui estás tu. Justiça, aqui estamos nós e onde estás tu? Amor, andas no ar…, mas, afinal, como te apanhamos? Solidão, de onde vens? Foi a liberdade que te chamou? OK. Mas a realidade o que é afinal? É a maneira como tu vês ou sentes ou será a maneira como eu vejo ou sinto? Mas… mas que mas. De onde vens tu ‘mas’? Foi a inteligência que te criou?
Que foi isto?! Sim, promiscuidade. Também dela se tira qualquer coisa, afinal. Alguma inspiração, talvez… Se até a vida veio do nada, da promiscuidade sempre virá qualquer coisa também.
Afinal ‘Promiscuidade’ não é o mesmo que diversidade, pois não? Diversidade faz parte da vida natural, promiscuidade faz parte da vida humana.
OBS: Este texto foi originalmente escrito nos anos 90.
Cresci a ouvir músicas que me aprisionaram os sentimentos, ‘Richard Marx – Angelia’, esta foi uma das muitas músicas [muitas mesmo] que tanto me marcaram; elas fazem altivar os meus sentimentos no qual um é superior, o amoroso, nunca correspondido como deve de ser [talvez devido a tudo a que me vou referindo neste blog], fazendo-me viver num mundo de sonho que tende a tornar-se numa grande desilusão de acordo com as minhas expectativas sobre ele e sobre as pessoas, uma desilusão profundamente dolorosa. Lembro-me da minha infância onde as músicas me estavam na cabeça, as músicas como que me aprisionavam, sons novos, maravilhosos, vozes magníficas que eu pensava serem as melhores e decerto assim o foram, para mim em particular, tal foi a intensidade com que entraram na minha vida, querendo elas significar algo que eu procuro encontrar e compreender o melhor que posso; ainda hoje as músicas me cativam a minha atenção, tal como na altura, de tal modo como que não me querendo deixar viver para a frieza deste mundo humano que vem ate mim, ‘de um modo errado’, penso, não me deixando olhar para fora, fazendo transcender os meus sentidos, de um modo que, tal e qual este momento em que escrevo, em que eu estou transmitindo os sentimentos provocados por tais sinfonias que fazem o que eu sou hoje, que fazem que eu sinta como sinta. Realmente as músicas que mais me marcaram a maior parte do tempo são as românticas [e já abordei o tema do romantismo aí a trás noutro post], sabendo eu que isso me tem tornado um ser, digamos assim, ‘mole’, um ser que se encontra longe do modo de pensar nas maneiras de viver e sobreviver, longe da reatividade da vida, como que vivendo na passividade do amor, dos sentimentos do maravilhoso, da beleza do mundo que devia manifestar-se em mim e de mim para fora com grandiosidade e generosidade, quando, na verdade, eu sou proibido de manifestar isso. Quem me proíbe?! Talvez um destino que na verdade compreendo pouco e muito menos consigo explicar sobre ele; talvez esse destino me fez como me fez, como se me tivesse dito uma ‘bela mentira’ (beautiful lie) para que eu chegasse onde cheguei; mas o tempo é cada vez mais escasso e essa mentira já não serve, pelo menos de todo. Como tudo muda! Tal como eu talvez haja muitas pessoas que crescem a pensar que há uma norma a seguir, que há coisas que se mantêm por muito tempo, na verdade que depois de conhecermos as coisas do mundo elas se vão manter por uma eternidade – o quanto estamos enganados…-, na verdade, a dinâmica é muito maior do que se pensa [do que pensei], e, em particular, eu tive a sorte ou o azar ter nascido no século mais dinâmico de sempre [quero acreditar que foi mais sorte do que azar], e já vamos no 13º ano do século XXI, tenho a sorte de estar aqui e agora a falar para futuras gerações que compreenderão ou não o passado, o que eu estou a dizer, que terão ou não a sorte de viver num mundo equilibrado (pacifico e farto) ou pelo menos que lhes permita a sobrevivência como têm sido os anos em que eu tenho vivido dado o espaço que me foi atribuído e me cabe. A música, as vozes, mudam também mas o sentimento mantem-se: o sentimento do amor, amar e ser amado, pelo menos há um grande desejo que se mantém de poder sentir isso sem perder aquele que eu sou. Olho para o passado e vejo coisas más (que me aconteceram, me contrariaram indevidamente) que me entristecem porque não as posso mudar, mas vejo coisas boas que ganham grandes significados ao volver a recordá-las, vejo sentimentos genuínos dentro de mim que me transcendem e me fazem querer que vale a pena lutar por mais um pouco de vida, e levam-me a querer dar um sentido positivo à minha vida, apesar do atrito que me quer fazer parar e mesmo retroceder. A minha cultura musical reside nos meus sentimentos, e, eu reencontrei-a estes anos passados recentemente com a internet, músicas que me reavivaram a memória [e os sentimentos] e me levaram a perceber melhor a mim, o que me envolve e ate certo ponto os motivos de eu estar como estou e me querem elevar até às nuvens (take me to the clouds above). Claro que as músicas nos podem provocar um trance, eu não fiquei imune disso e sou sensível ainda, com menor intensidade, a isso. Redescobri que magnificamente elas me transmitiram sentimentos que só agora posso compreender ao reencontrá-las, compreender o porquê de eu ‘sentir como sinto’ (também titulo de um post que eu fiz lá atrás, podem procurar). Já alguma vez sentiste-te assim? Já alguma vez te sentiste sempre, sempre realmente assim (have you ever really feel like that)?! E com o reencontro delas eu retornei à minha inocência (return to innocence). Pergunto-me constantemente se não fui eu que fiquei parado no tempo, aprisionado, a querer resolver os conflitos e os impasses que eu sabia que estavam a ocorrer no meu crescimento, como que a querer parar o tempo também. Trago comigo meu passado e tudo ate onde o meu conhecimento, sabedoria e sentimentos conseguem alcançar. ‘Não ligues ao que as pessoas dizem, segue o teu próprio caminho, não desistas, não desistas, é o regresso à inocência’; ouve este som que é o som da tua libertação e salvação, tem isto em mente. Eu continuo vivendo observando as coisas simples (The simple things), como a alegria e o amor na minha vida.
Este post foi escrito ao som de:
1. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38) 2. Lionel Richie - Stuck On You (3:10) 3. Eros Ramazzotti - Adesso Tu (Single Version) (4:00) 4. Status Quo - Don't Stop (3:41) 5. Status Quo - Whatever You Want (4:00) 6. Lenny Kravitz - I Belong to You (4:17) 7. Lenny Kravitz - Again (3:48) 8. Eros Ramazzotti - Terra Promassa (3:36) 9. Status Quo - Rockin' All Over The World (3:30) 10. Eros Ramazzotti - Un' Altra Te (4:38) 11. Status Quo - In The Army Now (3:52) 12. Lenny Kravitz - Black Velveteen (4:48)
1. Boston - Higher Power (5:03) 2. New Order - True Faith (5:54) 3. Eros Ramazzotti - La Nostra Vita (4:38) 4. Keemo & Tim Royko Feat. Cosmo Klein - Beautiful Lie (Keemo's Terrace Mix) (4:22) 5. Alex Gaudino Feat. Kelly - Rowland What A Feeling (Extended Mix) (3:18) 6. Chris Brown & Benny Benassi - Beautiful People (Club Mix) (3:02) 7. Joy - Touch By Touch (2:59) 8. Guru Josh Project - Infinity 2008 (3:07) 9. J.C.A. - I Begin To Wonder (3:45) 10. Late Night Alumni - Empty Streets (5:39) 11. LMC Vs. U2 - Take Me To The Clouds Above (2:44) 12. Matt Cassar - 7 Days & One Week (Myon & Shane 54 Remix Edit) (5:23) 13. Supafly Vs. Fishbowl - Let's Get Down (3:06) 14. Sandra - Heaven Can Wait (3:24) 15. Bryan Adams - Have You Ever Really Loved A Woman (4:53) 16. Enigma - Return To Innocence [Long & Alive Version] (7:05) 17. Feargal Sharkey - A Good Heart (4:28) 18. Joe Cocker - The Simple Things (4:48)
Até tenho medo de falar. Há temas tão sensíveis para serem tratados até mesmo neste nível de anonimidade relativa, mas, afinal, aqui me tenho aberto através do meu avatar johnybigodes que deveria ser, pelo nome, um avatar divertido e concentrar-se em dizer coisas positivas e alegres; quem sabe eu não seja isso também. Mas o que me interessa e me faz concentrar dia a dia é compreender e tentar superar todos os meus entraves da minha vida. Todos aqueles que são próximos de mim, a minha família, são os principais responsáveis por eu ter trilhado um caminho e não outros. E aquilo que me leva a escrever são as mágoas, a frustração, a raiva, a busca pelo meu meio de bem-estar, de equilíbrio. Caminho a medo, com receio de fazer algo de mal, como se ser livre é mau; eu bem que tento ser livre e pesquiso, onde quer que seja, na minha mente e no meu psíquico, em última instância, o que isso significa, segundos todos os dados que chegaram até mim nesta altura da minha vida e que tanto me influenciam, mesmo que eu não me aperceba disso para ultrapassar as dificuldades.
A sexualidade e o sexo definem todas as espécies, cada ser ou criatura tem o seu modo de seduzir para levar à reprodução, que no homem significa seduzir para levar ao prazer (consciente), também. Admito que tenho confusões deveras - como não seria possível (!), mais uma das grandes confusões da minha vida-, sobre esse tema tão central da existência dos seres, e como móbil do homem, centro de procura de prazer, afetos, contato, apoio. É um tema difícil de ser tratado, pelo menos para mim, essa ligação da atração humana e frequentemente sinto de um modo especial a maneira desfasada em que me encontro em relação ao ‘centro’ do entendimento dessa questão, da (s) maneira (s) de agir no dia-a-dia segundo os preceitos – mas questiono-me acerca desses preceitos, que são eles? Que significam? - Não procuro respostas concretas, sei que é difícil haver respostas que se possam dar, já feitas, acerca destes temas em que o mundo humano se vai abrindo mais e mais, em que nada é definitivo. A sexualidade faz parte de culturas, e molda a conduta das culturas, o caminho por que seguem as culturas. Sei que há culturas muito piores que a minha, mas, eu tenho medo e revolta acerca da minha cultura; nunca me agradou como fui e sou tratado, sobre as imposições que se põem e que se têm que cumprir para não se ser marginalizado, o casamento por exemplo, como se tivesse de casar só por casar, de sobrepor os meus princípios que vêm de la de trás. Terei eu que achar que o sexo é mau (?), em última análise, como uns tantos querem fazer transparecer, quando a perversidade de todo os tipos e feitios reinam nesta terra destes homens em decadência? Terei que achar que é mau gostar-se de alguém? Muitos dos problemas que surgem no desenvolvimento jovem, de um jovem normal, quase que apostava que são devido à sexualidade, à relação de sexualidade do próprio ser com o mundo envolvente, à restrição da sexualidade que cada um tem nessa área para a qual a vida nos desperta e a qual nem sempre ultrapassamos (essa fase) do modo normal, como deveria ser, por qualquer motivo (s). Eu tive grandes dificuldades no que foi dito anteriormente, e este foi um dos grandes motivos pelos quais estive no vazio da existência devido a uma questão tão simples quanto ‘sexo’, falta de afectos, descontrolo emocional, e que se perpétua na minha vida. Por exemplo, a sexualidade faz parte do ser psicofísico de cada um de nós. E nem quero estender-me falando em traumas de abusos que podem transviar a beleza da sexualidade, nem de más interpretações acerca do estar com o nosso complemento, o ‘Yin’ e o ‘Yang’, quer seja com o Homem o ‘Yang’ ou a Mulher a ’Yin’, penso.
Tenho que dizer isto, com imensa mágoa, para a eternidade, meu progenitor é um derradeiro arrasador em relação a este tema, a sexualidade, -como a tantos outros, mas não falemos de tudo-, o amor, as emoções (‘arrasador’ para não falar do feitio extravasante de ser contra tudo, que só ele é que sabe tudo e manda em tudo, o que ele diz é que é); tenho fome de ver o seu ascendente sobre mim cair e seria fantástico se eu tivesse sorte depois de tanto atrito, dor psicológica mesmo). Apetece-me por vezes trata-lo a um nível baixo e chamar-lhe nomes, ‘velho de merda’, por exemplo, mas nunca o faço, mas revolto-me silenciosamente nesta luta de surdos; aguardo o fim dele para que tenha a sorte de viver pelo menos em paz comigo, ou pelo menos busca-la como deve de ser, buscar a tal liberdade que tanto procuro, mas ele nem ser tratado abaixo de cão merece. Quero perdoar-lhe tudo o que me faz, sempre o quis, mas não faz mais sentido. Ele arrasou-me todo o tema ou temas que disse, pois, arrasa-me, ainda, as emoções, a capacidade de amar, os afetos e o equilíbrio das emoções. Ele é um verdadeiro desafio constante na minha vida, este desafio entre o viver com ele ou mandar-me para o vazio e morrer injustiçado, algo que ninguém compreende facilmente e sobre o qual não me vou estender facilmente, contudo vou tentar encontrar as palavras certas para dizer o que sinto, sempre, ao longo do tempo. Meu progenitor complica sempre que pode, nunca facilita, possivelmente um mafioso emocional desde toda a sua vida, vou-lhe descobrindo mais agora a careca, e questiono-me acerca das pessoas que me envolvem se não há algo de idêntico nelas, porque há muitos modos de se ser da mesma maneira por outras aparências, e de que modo posso sair disto forte e vacinado. Estou a envelhecer e relativizo tudo mais, mas a indiferença pela minha vida não pode existir. Eu sou um ser cansado psiquicamente com tudo o que se passa na minha vida, obcecado na procura de um amor que sei que vai ser muito difícil encontrar devido aos motivos mais que ditos, devido a um progenitor controlador; sou um filho tardio, não único, numa cultura de indiferença pelos seres, desprezado na vida como se a ele não lhe dissesse nada o futuro da minha vida. Mas apetecia-me gritar: ‘Eu tenho direito a ser amado, a afeto e tudo o mais’, eu procuro isso, e isso foi-me roubado. Porque perdi o comboio estou out, preciso de ainda apanhar o avião pra la chegar. Estou desorientado, por isso procuro justiça, eu tenho direito a ser livre sexualmente, e não são os beatos pervertidos que me vão ensinar tudo o que a minha gloriosa vida me tem demonstrado, e pelo qual eu apelo que me demonstre sempre mais e me traga mais alegria e paz além que me faça estar no lado da razão.
Formalidades e informalidades fazem parte deste mundo humano, dito civilizado. O que é certo de se fazer? Sei e não sei, sei e não consigo explicar, mas na verdade eu tenho a presunção de que sinto como ninguém sentiu nem ninguém jamais poderá sentir… e, no entanto não passo de um ser, a envelhecer, na luta pela sobrevivência, pela busca de valores justos, com uma força que parece partir de mim quando na verdade não compreendo de onde vem e como funciona. Sou um expectador atento da minha vida, ambicionava mais, muito mais, não escondo esse forte sentimento pelo qual me demovi, mas pensei que podia ser grande segundo o senso do mundo social, e no entanto tornei-me um grande desconhecido na busca de terreno firme por onde eu possa seguir os dias que me restam. Às vezes penso em aventuras, ainda sonho como se fosse uma criança, mas já sem o verdadeiro sentido de força pela busca desse sonho, ainda sinto e vejo na minha mente como sonhava e o que queria alcançar, e sem dúvida tenho ou alcancei muito mais do que alcançaria se tal não acontecesse, embora isso ainda não me complete, e apelo assim à sorte para que me assista. Não sou bonito, mas pensei que o era, e tenho a certeza que já o fui, eu o sentia realmente, o que era ser jovem, bonito e com vigor. Mas eu ainda sou bonito, tenho um ‘Auto orgulho’ que qualquer ser tem (ou deveria ter) que será o último a morrer. Hei-de fazer Tudo, mas mesmo tudo ao meu alcance para viver, para procurar o amor que me ame, uma alma que que me faça companhia, porque ninguém quer ser um ser solitário, no entanto no fundo sou um ser exigente, quando na verdade me parece tudo aceitável. Eu fiz tudo certo no que compete à minha atitude interior numa perspectiva filosófica de vida e de acordo com uma entidade chamada Deus, e no entanto eu sou constantemente chamado a continuar essas atitudes de superioridade esquizofrénica que me ridicularizaria se eu não as conseguisse controlar, dentro das minhas posses. A minha existência é muito exigente comigo, e se essa exigência vem de um Deus, que eu o respeito como ele me respeita, eu também sou exigente com ele, eu sou um cliente desta existência magnifica que é o Universo tal como o conhecemos, e quero ter direitos e quero ser ajudado se eu cumprir aquilo de bom a que me propus no meu pensamento e me guiou vida afora, realmente, eu sinceramente quis encontrar e seguir o caminho da saúde e bem-estar interior e exterior, acabando por fazer o mais difícil, sofrendo com isso e compreendendo que não posso agradar a ideias opostas quando essas ideias não procuram se são correctas ou não, não querem um ponto de mediação. Tenho medo que tudo seja em vão, mas não tenho mais nada que fazer e desperdiço aqui palavras e palavras num monólogo desenfreado, na tentativa de me fazer implodir ou explodir e fazer as horas passar na enganosa tentativa de me compreender e compreender tudo e matar o tempo. Sou um entre sete mil milhões, sou mais 1, mas prefiro ver-me como ‘um’ primeiro, não como um numero qualquer, mas o 1º a contar de mim. Ainda não sou velho, mas realmente o que sinto é que estou desencontrado com a norma, sinto que toda a minha vida foi uma vida paralela, ou, paralela algumas vezes, outras, transversal, de atrito, no seio de uma cultura (entre as inúmeras que há e que não me convencem) que não aceito e que me revolta (m), porque conheci muito mais do que aquilo que a minha cultura me permitia perceber acerca do que eram a ‘liberdade’, o ‘bem’ e o ‘mal’, quiçá também já tenha visto o que é a ‘verdade’. Estou condicionado e não irei jamais atingir aquilo que eu queria ser. O amor tende a fugir na minha vida, desde quando eu vislumbro na minha vida o amor, mas sempre virtual, como se eu estivesse atrás de uma redoma com uma doença que não me deixa aproximar das pessoas que realmente imagino que gostam de mim, ou então como se uma força maléfica não me queira deixar sentir bem e feliz. Por mais que algo, que muitas vezes digo que é ‘a vida’, me queira levar à insignificância eu tento sempre deixar as minhas marcas neste mundo, embora saiba que as marcas que deixamos são muito relativas de prevalecerem ou não. Não sei porque as coisas são como são e porque acontecem na minha vida como acontecem, mas imagino, e sei que virá uma hora em que será demasiado tarde para ‘imaginar’ e ‘fazer’, em que a última palavra, como a primeira, do fato da minha existência, como possivelmente a de qualquer um, será a da eternidade. Mas os tempos das nossas vidas ta ai, dia a dia em que acordamos para prosseguir e apreciar a beleza do mundo hoje ao alcance da sociedade do conhecimento, da minha perdição, da minha marginalidade amorosa. Serei eu assim tão horrendo para não ser amado? Porque não me liberto, porque não serei libertado? E se o que eu vejo estiver certo? Mais ainda, e se maravilhosamente e antiteticamente nada do que eu sinto como certo é o certo e eu seja um erro, ou apenas um sacrifício medíocre a mais (simplesmente mais um) do propósito máximo da existência ou quiçá da ilusão da existência? Tanta gente que já pensou sobre estas coisas, escreveu romances, inventaram palavras e palavras sem fim, idealizações e idealizações inimagináveis para um ser só, mas utopicamente sonhadas por alguém que se tenta transcender, tenta acreditar que não, isto não pode ser um acaso. Toda esta luta da vida é eterna e o fraco tem supremacia sobre o fraco, mas acredito que nem por isso terá sempre, senão poucas vezes, a primazia da grandeza primordial da existência, gostava de estar cá para ver se algo disso faz sentido. O que interessa é que estou ca, nada mais, neste momento do tempo da minha vida, para peguntar:‘Diz-me porquê?’.
O tempo continua na demanda do infinito. Sem conseguir parar eu sigo no trilho que tenho seguido, talvez não possa escolher outro. Sinto o tempo que passei como uma brisa de ar, seria maravilhoso se eu pudesse sentir como senti o mundo e as pessoas, crescer com aquele poder infinito de ter um Universo pela frente, uma incomensurável possibilidade de ser quem queria ser. É um sentimento, ou melhor, são sentimentos tão extremos e complexos como complexo é o nosso mundo e a nossa vida e o Universo, que eu gostaria de transmitir. É maravilhoso interagir com o Universo exterior a mim, mas ainda não compreendo este sentimento de vazio e necessidade de constante procura de algo novo ou o redescobrir do que já foi descoberto. Já experimentei muita coisa, e no entanto pareço o ser humano mais ingénuo que jamais existiu à face da terra; melhor, afinal nem sei quem sou realmente. Nestas minhas andanças já partilhei e partilharam muitos sentimentos e emoções comigo, e tenho a clara noção de que fui impotente para que fizesse brilhar aquilo que sentia e que me faria transcender nesses momentos, fui fraco e era mais fraco do que a minha mente me dizia constantemente, [agora vejo o que podia e que não podia fazer e ser, mas se nesse ‘antigo tempo’ eu visse ‘o que não podia fazer’ eu não teria lutado e então eu nesta altura não seria quem sou, para não dizer ‘ninguém’, mas estaria muito aquém do que sou, seria um derrotado logo na partida, o que não aconteceu]; errei, não fui fluente nas minhas emoções com os amigos supostos, não fui agregador de sentimentos de coerência, senti medo e incapacidade e afugentei em lugar de me aproximar de pessoas, o medo estava comigo, e sei que isso ainda acontece hoje, por isso vivo nesta solidão, que não é tão grave quanto possa soar, pelo menos por agora. Vivo num mundo à parte, a querer voltar a ser adolescente e corrigir todo o mal feito, a querer viver segundo o meu desejo de viver, segundo aquilo em que acredito; no entanto dou por mim já a não corresponder às expectativas, a querer fazer coisas que não são as certas para este meu tempo, e tenho medo de me perder nas malhas de um tempo não recuperável e de uma mente confusa que me possa tomar de assalto (se é que não estou já nela), de perder mais e ser injustiçado, quando eu só quero viver em paz, com o necessário e ao contrário das forças que me têm puxado toda a minha vida para a mudez da minha boca [quero falar], para o medo e os mal-entendidos, para o aproximamento de coisas (pessoas, acontecimentos, conhecimentos) que não desejo na verdade. Sempre me fechei, e emudeci, na tentativa de me controlar, de entender o que se passa à minha volta. Com tudo o que passei psiquicamente sei que estou seriamente danificado, psíquica e psicologicamente, meus sentimentos e emoções não são normais, por mais que eu tente ser normal. Apetecia-me libertar, libertar e sentir uma força revigorante para mandar à merda a tudo o que não me dá o direito da liberdade de ser quem sou. Houve uma noite, entre tantas outras, faz tempo, estaria eu num dos momentos mais confusos da minha vida, então peguei no carro e fui dar uma volta, até um lugar perto e apreciar a noite para desanuviar, olhando as estrelas, além de que levei uma guitarra mesmo sem eu saber tocar guitarra. E eu toquei ao luar para as estrelas que me ouviam, decerto não havia ninguém por ali, num sítio que tão bem conheço, por isso a chacota deve ter passado ao lado; toquei magnificamente, pelo menos tentei fazer música, afugentar a dor de não compreender o porquê de eu não poder eu ser livre de me expressar. Além disso apeteceu-me gritar, e eu gritei bem alto, para tentar desentranhar tudo o que sentia preso dentro de mim. Mas não, não resolveu o problema fulcral da minha vida que ainda venho tentando compreender [talvez o de ser mal-amado; talvez o mundo não tenha compreensão para o meu amor]. Talvez algumas vezes tenha agido como um louco e me tenha sentido como tal, mesmo depois de ter feito o que fiz, mas vejo loucuras muito mais sérias a acontecer neste mundo, e eu se pudesse faria justiça a elas com toda a certeza. Mas não, tenho que viver escondido e calado, ninguém pode saber quem sou, porque isso seria o descalabro e eu não aguentaria ser quem sou. Como seria maravilhoso acordar um dia e ser livre para sempre, com o bem-estar dentro de mim e gozar e curtir esta vida como deve de ser, com uma memória renovada, com um desejo eterno de viver sem magoar e sem ser magoado mesmo nas situações em que se pode perder a cabeça. Já desejei o mais mal que se possa imaginar a este mundo [assim como já desejei de tudo que de melhor possa haver] e no entanto quem sou eu para ser atendido ao meu desejo e para que se faça a minha justiça (?). Será que tudo o que desejei irá alterar o mundo ou só me alterou a mim, e ainda por cima se ficam a rir de mim por ter desejado tais coisas, que eu pensava que eram boas.
O certo é que a noite tem sido minha companheira, companheira de solidão e ela me ajuda a compreender as coisas, quaisquer que elas sejam, mas eu não mudo, e sou um inadaptado do mundo social, sem ‘social skills’, a noite jamais me deu e jamais me dará aquilo que não posso ter de algum modo, enquanto algo não se resolver, a fonte do meu insucesso social. Falo como se houvesse uma harmonia social que eu tanto desejaria integrar. Mas a verdade é que a harmonia social que existe e que passa também não me convence, o mundo deteriora-se pela cegueira e egoísmo da riqueza que todos os seres humanos demandam, como se o dinheiro fosse um deus; isto é como as pessoas andarem a mexer em fogo junto da pólvora sem saber o que isso provocará, será o fim, as pessoas que não nascem com o sentido de amor pela vida, mal-amados poderão ser potenciais destruidores daquilo que não compreendem, além de que esses são guiados pelo desamor que é o que os faz mover; o falso conhecimento também está por toda a parte; E é do que acontece hoje em dia, ah! nada é com ninguém, todos têm os direitos ao bem-estar e mesmo quem está bem só tem é que usufruir e ser mais e mais consumidor do bem que existe, só a sua liberdade acima das dos outros e do bem comum, e usufruir da beleza comum que é o mundo e a sua também quando se aplica. Parece que já não acredito, como ainda tentam fazer passar, que ‘juntos podemos fazer muito bem’, que ‘juntos conseguiremos fazer um mundo melhor’; eu acho é que podemos fazer muito mal; ou então o melhor é fazer uma orgia global (!!!) que é o que se está ou se quer realmente fazer, e fornicar tudo, pronto, tá resolvido. Pergunto-me: Será mesmo este o caminho para o fim? Cada vez menos a minha vida demanda o futuro, mas ainda a demanda, o que me diz que ainda terei um certo tempo de vida se os meus sentimentos estiverem correctos. Mas mais uma vez me pergunto a questão do porquê de tudo ser assim: vivemos e atingimos o esplendor, e ainda assim sempre seguimos insatisfeitos, pelo menos alguns como eu, que fui desancado do meu equilíbrio emocional, e tento descobrir as origens de como algo em mim me despoletou para ser quem sou e seguir o caminho que tenho seguido. Porque tudo tem de acabar? Porque não poderei acabar eu com o sentimento de ter vivido e feito obra? Como eu desejo acabar bem apesar de não me ter encaminhado bem (!).
Todos devemos ter possibilidade de acesso ao conhecimento, o que não acontece com muita frequência; Mesmo, hoje em dia, a internet não está ao alcance de qualquer um; por vezes ponho-me a imaginar a quantidade de pessoas que no mundo não sabem mexer num computador, um pouco que seja, quantas não o viram, ainda, e muitas outras que têm computador e acesso a internet pouco mais sabem do que utilizar o computador como passatempo, uns joguinhos, talvez andar pelo facebook, que está na moda, enfim muito pouco, e acontece, sobretudo em países mais pobres, a ignorância total. Eu não sei muito, também, é verdade, e o meu conhecimento é generalizado, sei um pouco de tudo, mas nada de muito saber em coisas que são específicas e/ou concretas; já o disse mais vezes, o meu pensamento é divergente e leva-me à análise e absorção generalizada das coisas e a minha motivação é a de saber o essencial de cada coisa/assunto/matéria segundo as minhas necessidades, e depois, com isso, [tenho o prazer de associar] /associo constantemente umas coisas com as outras. O conhecimento e o saber é, para mim, essencial para a paz, quer da realidade externa, quer da paz interior. Não é só a internet que traz o saber e o conhecimento, é certo, mas ela é uma fonte enorme de conhecimento, ninguém o poderá negar. A pessoa que não compreende o mundo e a si mesma, aquilo que se passa exteriormente a ela e interiormente a ela, poderá torna-se agressiva/agir erradamente/cair em auto- marginalização quando o azar lhe bate à porta ou por inconsciência, poderá disparatar facilmente, não sabendo defender-se e/ou desviar-se daquilo que lhe pode fazer mal; Com conhecimento e saber, com uma visão de águia, tudo se torna mais fácil para o conhecimento de tudo o que o envolve, as pessoas, o mundo, o Universo – assim, o amor-próprio cresce, a vontade de viver tem um novo sentido, surgindo novas motivações constantemente. É claro que as pessoas têm as suas culturas, todos nós nascemos englobados numa cultura próxima de nós, a partir da qual nos desenvolvemos e que aceitamos, normalmente e habitualmente, quando nos conseguimos adaptar a ela. Mas, e quando não nos conseguimos adaptar a ela e/ou ela é nefasta para nós? Então, surgem as marginalizações, os abusos de poder sobre esses [nós/eu] que ficam afastados dessa cultura, que deviam ter absorvido e comungado; quantos há por ai assim, que são excluídos porque não são compreendidos, excluídos por essas pessoas que entram na cultura que os envolvia, mas que de ‘saber’ e ‘conhecimento’ têm pouco, e por isso, essas pessoas sem escrúpulos, fazem mal a quem está débil/na ignorância/marginalizado já de sua própria condição.
Tenho um sentimento, que me surge frequentemente, e que me diz que tudo o que falamos é relativo, assim, o que digo é relativo segundo o que sei, segundo o que sinto, segundo as emoções do momento em que o digo, de acordo com o que sei do assunto, de acordo com a maneira como a minha mente pensa, de acordo com os meus ideais e a minha conduta de uma maneira geral – acontece que estou a falar e a certa altura não acredito muito bem no que digo, como se fosse um paradoxo. Falamos para evoluir, também, é certo, sei-o. É errando que se evolui, é errando, e muito (!), que se aperfeiçoam os seres e as coisas e os ideais, com o devido desgaste de outros sistemas. E assim, tento, com as minhas palavras, fazer a apologia de quem eu sou e de tudo o que se passa comigo e à minha volta, onde os meus sentidos (saber e conhecimento) abrangem [fazendo jus ao lema do meu blog que está no topo da minha página inicial de apresentação]; Sinto, ainda, como se fosse uma criança (magoada) sensível, questionadora, fascinada, … : magoada com aqueles que me deviam amar mais; sensível, ainda, porque, precisamente, me magoo facilmente; questionadora porque me pergunto constantemente ‘o porquê’ de tudo ser como é e acontecer como acontece; fascinada com as respostas que encontro, com tudo o que de maravilhoso vejo, dentro do equilíbrio que consigo ter ou que a vida me dá, com o meu suposto esforço. A criança que há em mim continua em busca da perfeição, e custa-me que as pessoas se relacionem pelos motivos errados; a criança que há em mim compreende as atrocidades que se têm cometido em toda a parte do mundo, ao acaso com que as coisas acontecem, devido ao desconhecimento, à falta de saber e devido ao florescer de culturas erradas, destruidoras, malignas; a criança, pessimista [ou será realista?] que há em mim continua a ver um futuro [humano] incerto e de destruição – a maioria das pessoas continua seguindo como se nada fosse com elas, comodistas, como se houvesse e tivessem todos os direitos os homens, cada um, como se a culpa do que acontece fosse do governante ou dos outros [sem querer defender partidarismos ou politica], alimentando uma complexa cadeia de destruição que será adiada enquanto a mãe terra conseguir colmatar todos os nossos erros [e penso com isto em destruição da natureza sem necessidade, destruição de ecossistemas, de espécies de animais, destruição do homem pelo homem]. E pergunto-me e ponho esta questão a todos: será que ainda há tempo para a vida?Sei que sou um homem com fé e com a mania das grandezas espirituais, mas desesperançado quando a minha mente abrange a compreensão do confim do Universo e a subtileza do equilíbrio desta terra. Já disse isto mais vezes, porque será que nasci com esta consciência? Esta consciência de sofrer por coisas que não me deviam dizer respeito… É claro que este é ou deve ser o preço daqueles que foram destinados ao saber e ao conhecimento: o sofrer, a solidão, a entropia dos sentimentos e o destemperamento das emoções [contudo não é sempre, pois quando a maré é ‘a de se sentir bem’, esse ‘sentir bem’ é imenso e incomensurável, eleva-nos ao pico das emoções, mesmo que não manifestadas, algo que a pessoa comum não deve alcançar, suponho] – assim digo, com isto, que nem o conhecimento me tem livrado e nos pode livrar de sentimentos e emoções obscuras, do mal-estar que acontece a quem compreende mas é pequeno de mais para mudar o mundo que é exterior a mim/nós; eu sinto-me frustrado por não conseguir jamais mudar o que quer que seja neste mundo, de não levar a água ao meu moinho e nem querer entrar na dança que me convida constantemente esta vida, uma dança que tenho medo de dançar, a dança de um conhecimento e saber desconhecido.
Continuo procurando a razão da minha existência. Continuo na procura da resposta dos ‘porquês’ do que se passa na minha vida. Continuo na busca da paz interior e com a fé de que existe uma inteligência superior que é possível alcançar, e que a posso ter em todo o seu esplendor a rodear a minha vida. Continuo na busca de palavras que venham a ter significado na minha vida, que venham a ter a plenitude do seu significado em mim, no meu interior. Palavras essas que definem conceitos que são importantes para mim. Mas quero querer cada vez mais, também, que isso me parece uma utopia. Não conseguirei atingir os meus objectivos devido aos seres que me rodeiam que me negam o alcance dos meus objectivos, devido ao facto de eu não ter ‘social skills’, habilidades sociais, reacção social para viver em sociedade. Nasci e cresci tímido, mas isso não é, em si, a causa do meu insucesso, a causa do meu mal - estar interior, a causa da minha constante insatisfação na minha vida, do vazio da minha existência nesta vida real, a causa está exterior a mim, só pode estar (!), por mais que mo neguem. Em consequência disso tenho visto e sentido o melhor e o pior do homem, das pessoas, neste mundo em que vivo. Perdi a confiança das pessoas, sinto-me traído por quem me deu a vida e é mais próximo de mim. Como posso eu voltar a sentir que posso confiar em certas e determinadas pessoas (pelo menos) (?), como posso ganhar a confiança nas pessoas (se é que algum dia a tive)? Meu pai, esse traidor [e digo isto com uma mágoa enorme], um falso, que acredito ter condicionado a minha vida para sempre; esse homem que me fez duvidar da bondade natural e humana, me fez desconfiar daqueles que poderão (iam) ser meus amigos. Devido a todas as circunstâncias em que nasci, elas me perseguem e me querem destruir, desde sempre, e agora sei-o realmente, consigo ver isso, e mais do que nunca, que isso (as circunstâncias em que nasci me querem destruir) é verdade. Enquanto eu tinha para dar também ia recebendo, agora, que não tenho para dar, que necessitava mais do que nunca, de quem mais foi importante para mim, se já não o é, [dessas (2)palavras] agora que precisava de receber e sentir que realmente eu estava em sintonia, eu não recebo nem sinto. Meu pai magoou a minha maneira de sentir. Estou como que nu e não se dignam de me oferecer umas roupas para me cobrir, e estou envergonhado e sem dignidade. Sempre fui vulnerável na minha inteligência, nos meus sentimentos e sentidos [no geral, em todo o meu ser, mas com a certeza de que poderia ser forte como quem é forte se não estivesse traído em mim próprio] : eles que me maravilham com a demonstração de todo o dom que me foi concedido, são eles também que destroem o meu ser, por tal sensibilidade e vulnerabilidade não caberem (não ser aceite) no mundo em que nasci, o mundo que me envolvia e envolve, por circunstâncias únicas de falta de amor e egoísmo humano [meu pai é a causa prima da minha vida e do meu sofrimento]. E eu pergunto, porque tenho o direito de perguntar e indignar-me (!), haverá justiça neste mundo? Porque sai impune o injusto, o malévolo, o destruidor (?) Porque sai a rir, a gozar, ou ainda sabendo que errou e continuando a errar? O meu deus, onde eu me tentei refugiar, não existe, e a crença ( na existência de uma justiça ou de um deus) é apenas um paliativo nesta vida, como o foi até ao momento nesta minha vida, para que não soframos tanto, sendo essa crença (na existência de justiça ou de deus) a causa dos maiores sofrimentos e atrocidades que os homens causam uns aos outros, aos seres vivos, à terra]. Tenho tristeza por este clã em particular, e, mais profundamente por mim: não queria magoar e tento não magoar, e, no entanto, magoo e estou mais magoado do que ninguém no meio disto tudo. Realmente serei um louco (?). Porque me tomaram por tolo? Vocês tem de saber como me sinto - porque enquanto estou vivo é-me permitido queixar. Tudo de errado acontece na minha vida, em consequência do que sou e do que sinto: os outros são intolerantes comigo e fazem interpretações erradas acerca do que eu sou, tudo o que é negativo vem ter comigo, como se alguém tivesse embruxado a minha vida, como se tivessem deitado um mau feitiço sobre ela. [Pensei que não era supersticioso até a certo ponto da minha idade adulta para agora ter de admitir a mim próprio que sou mais supersticioso do que ninguém, porque vejo, acontecem-me e sinto coisas que são muito estranhas na minha vida e não sei como as hei-de acomodar na minha vida e viver com elas, já que sei que não me posso desfazer delas.] Meu pai desprezou-me (e despreza-me), não mostra sentimentos e emoções, e todas as consequências de tal (ais) atitude (s), provavelmente entre outras, que se dá desde o meu nascimento poderiam ser catastróficas para mim, não fosse eu um ser abençoado pela vida e, afinal, com direito a viver e a ter a minha prosperidade que meu pai desde sempre, assim como muitas outras pessoas, talvez por consequência, não conseguem ver e aceitar em mim, nem tem o altruísmo de a dar, como seja gente próxima que se coíbe de demonstrar o verdadeiro sentido da existência de tais palavras que procuro, de as entranhar em mim [Será que preciso de ficar doente para sentir novamente a amizade das pessoas (?), para sentir o melhor e o pior que elas tem para demonstrar - talvez a indiferença e a critica - (?) ] . É certo que os meus dias já estão em desconto, caminho já pelo incerto; o incerto de poder viver 1 ano ou 1 dia, com a fé de que terei sorte, e se a tiver ainda viverei ainda muitos anos mais e terei tempo suficiente para trilhar este meu caminho e ainda usufrui-lo com satisfação; ou então, ainda há sempre o lado negro da coisa: tudo se tornar pior e todo o mal que vem de trás entrar em pleno na minha vida e destruir-ma completamente. Tudo, na minha vida tomou dimensões desproporcionadas. Vivo constantemente na corda bamba, na queda, a qualquer momento, imprevista a curto prazo mas possível, na imponderabilidade do vazio, na injustiça da minha vida. Para muitos que lerão isto, dirão, tal como meu pai o fez, que sou um louco (com a mania da perseguição, ainda para mais), ou ainda ‘um queixinhas que tenta atrair as atenções para ele’. A verdade é que escrevo para verbalizar o que vai em mim, que não consigo expressar-me de outra maneira nem tenho para quem por causa de todos os motivos já ditos. Escrevo para tentar por em ordem o que sinto. Escrevo com a imparcialidade de quem não está precisamente e concretamente a pedir ajuda, como um desabafo, mas que no fundo a ajuda seria bem-vinda se o meu coração a sentisse como genuína. Bem, muita coisa mais será pensada do que dita, uns compreenderão outros criticarão negativamente [ou positivamente (mas, sinceramente, duvido que sejam criticas positivas], e eu digo: Não tenho estômago para vos aguentar, assim como vós não tereis para toda esta minha verborreia. Estou saturado.
No romantismo, encontramos o amor, a agitação mais alta dos sentimentos, a alegria da sintonia de duas almas, ou de múltiplas almas, que vivem em exaltação dos sentimentos (que se desejam positivos), onde se encontram as motivações para se viver, o verdadeiro sentido da dualidade ou da multiplicidade do encontro das almas que se unem, mas, que, no romantismo, levavam (noutros tempos, mais propriamente) ao desespero, e/ou à tristeza da necessidade de proximidade do amor ausente e a tenebrosidade que causava na alma essa ausência, de algo que se necessita tanto, hoje colmatada pela facilidade de comunicação que alterou a relação entre as pessoas e a relação de amor que temos. O ‘amor’, esse conceito difícil de definir concretamente. Apesar de ter o ‘sentido do amor’ magoado na minha alma, consigo conceber o amor tal como ele é vendo-o [interpretando o conceito de amor] de uma perspectiva exterior a ele. Sei que existe o amor nas mais diversas dimensões sociais: na família - pode existir o amor paternal, dos irmãos, só por alguém em particular, ou, generalizado e abrangente nesse clã; na dimensão da amizade; na dimensão sexual; na dimensão do emprego; etc. O amor toma, assim, diferentes formas dependendo dos contextos e quem ama pode não amar só numa dimensão ou contexto, pode amar por uma característica em particular ou por um todo, pode amar um ou mais, por mais que certas culturas o tentem negar. Agora a questão que coloco é: porque todo o meu amor degenera em ódios, desprezo/indiferença, mal entendidos? Sei que me falta o sentimento, ou ainda o que me define melhor os sentimentos, a falta de sintonia. O meu amor está toldado pela mágoa, pela descrença, pela distância sentimental das pessoas, como um astronauta que perdeu a comunicação com a nave, vejo-a mas não a sinto.
Assim procuro acreditar na existência de 2 palavras (na minha vida): Amor Gratuito.
Mais uma primavera que ocorre com toda a sua plenitude, aqui em Portugal, numa terra do interior. Mais um dia de encontro, meu, com a escrita, na esperança de encontrar uma conexão virtual neste mundo de difícil realidade humana, realidade social. O tempo foge, e nem mesmo esta minha capacidade de perscrutar de uma maneira singular a passagem do tempo me faz sentir actualizado como sentia estar naturalmente (apto) quando estava crescendo. Sim, estou envelhecendo e admito-o a mim próprio, a inevitabilidade deste acontecimento que me deixa feliz e triste ao mesmo tempo. Gosto do encontro comigo mesmo, habituei-me a gostar de mim, a tentar melhorar-me a cada dia que passa, e ao ver e sentir a maneira como muitos outros se dão com falsidade e segundas intenções nos seus actos e atitudes eu me retraí e me fechei sobre mim mesmo, não confiando absolutamente em ninguém, em determinado momento da minha vida, que agora estou pensando. No entanto sei que, necessitamos uns dos outros e isso faz com que sejamos empáticos mesmo sendo indiferentes de carácter, sejamos pacíficos mesmo sendo guerrilheiros por natureza, a ceder quando parecemos ser, até, inexpugnáveis, porque aquele que tem amor à vida própria é levado a ter compaixão do inimigo, nem que seja na derradeira hora, nem que seja só porque o inimigo seja a verdadeira razão do existir, e sem ele se tornava vazia a própria vida. Diziam-me, por vezes, que era a minha auto-estima que estava em baixo quando por vezes me queixava de um torpor que me faz vacilar, ainda, cada vez que tento sociabilizar; mas não, eu gosto imenso de mim próprio e nada tem a ver com a estima que sinto por mim quando por vezes me sinto mal, o que me faz sentir tal torpor é a incapacidade de comunicar, a incomunicabilidade com quem me rodeia (a falta de envolvência sentimental, a falta de envolvimento emocional, a falta de partilha daquilo que sinto, a falta de tolerância para comigo da parte dos outros e a incapacidade de sentir a tolerância no âmago de mim, quando a há; a falta de energia mental comunicativa), muitas vezes devido à tal falsidade que faz parte das pessoas e da qual não criei defesas, capacidade natural de reacção. Não, não é falta de auto-estima, porque até me sinto um ser superior no meu íntimo, modéstia à parte. Simplesmente não me encontro com as pessoas facilmente, até talvez porque quem parece falso sou eu. O mundo corrente é feito de imagem e individualidade. Aprecio a individualidade, mas não a falsa aparência, o ‘faz ver’ que decorre no mundo da imagem, hoje em dia. Não me quero entregar facilmente a ninguém, não quero partilhar a minha vida com intolerância para com o que sou e quem sou, porque a intolerância de meu pai para comigo há-de marcar-me para toda a vida, e não admito que mais ninguém o faça, que ataque a minha vulnerabilidade – assim estou sozinho. As pessoas não são perfeitas – mas não se podem tolerar acções e perdoar de qualquer modo, facilmente, só por se não ser perfeito – nem a humanidade cria seres perfeitos. Na verdade, dentro de um ser que tenta ser funcional, as marcas psicológicas, negativas, do crescimento ficam connosco para a vida, e valem-nos as positivas que criamos e/ou que nos possuíram naturalmente para combater todas essas mágoas que não desaparecem, até porque a fonte da adversidade continua a brotar a sua água impura e imprópria para a nossa saúde. Quantos nascem sem amor, e a quantos lhes é negado o fruto da vida, as necessidades básicas da vida, em nome de uma cultura adversa ao seu ser, revoltando-se muitos deles (os que nascem sem amor) contra tudo, porque não conseguem encontrar ou ir ao fulcro daquilo que é a razão da sua dor. Ah! Mas eu não! Eu quero ir de encontro às origens dos meus males, quero fazer uma auto-terapia intensiva, quero curar a minha dor, lutando contra aqueles que a provocaram e contra aqueles que a agudizaram, sabendo o que estavam a fazer, aqueles que merecem o meu desprezo, aqueles que merecem a ira da minha justiça. Como é evidente, a minha revolta é imensa. Foi a minha vida que esteve em jogo, todo este tempo. Toda a minha simplicidade transparece nos momentos sociais, toda a falta de ‘jogo de cintura’ vem ao de cima na disputa de momentos plurais (multi-indivíduos), toda a minha debilidade sócio-mental e sócio-emocional é óbvia; mas todas estas debilidades são transfiguradas, pelo menos tenta-se, através de uma atitude emocional de quem se respeita a si próprio acima de tudo, como respeita a envolvência que está ocorrendo e os outros verdadeiramente, que tem valores pessoais e inabaláveis dentro de si, assim como uma inteligência própria e de conhecimento que não deve ser desprezada – pelo menos é assim que me vejo em tais situações de vil baixeza da minha pessoa. Questiono a mágoa da minha dignidade e sinto que ainda não vejo justiça à vista da maneira como a feriram; focalizo uma imagem de onde poderá ter vindo toda essa mágoa e visualizo a falsidade de quem a criou e que me levou a generalizar como sendo o mundo o culpado daquilo que eu sinto e senti.
Quero acreditar que não estou sozinho, que pertenço a alguém que faz parte do meu clã inteli-emocional, que ainda encontrarei paz e plenitude na minha vida, que muito do que credito, senão tudo, é possível. Assim, sinto, a minha essência a perdurar no tempo, a minha existência íntima a influenciar os tempos que ainda faltam a esta humanidade, a dialogar como passado e o futuro; passo a passo, a prosseguir o eterno caminho da psique humana, que tenta apagar a pisada da minha existência, em vão. Tenho esperança, no fundo de mim, de que posso encontra ainda o sentimento de pura liberdade neste mundo, nem que seja modelando palavras que gostaria que se tornassem transmissíveis, verbalizáveis. Sinto na alma que ainda posso harmonizar a minha humanidade revoltada por algo ou alguém que deveria me ter, pelo contrário, apaziguado a dor da existência, porque ele tinha a capacidade disso…mas faltou-lhe a humildade.
Estado de alerta. Estado de aparente clarividência. Estado de auto-controlo máximo. Estes parecem ser alguns dos meus principais estados que fazem a minha vida. Pânico de perda de controlo. Pensamento constante sobre a vida e a sua efemeridade, a morte como algo certo que nos persegue. Pergunto-me o sentido da minha existência, o para quê da acumulação de saber, como se houvesse continuação das coisas quando tudo parece apontar para um fim de uma existência sem um motivo, apenas uma casualidade. Para onde irá toda esta grandiosidade de sentimentos depois de um fim, que parece perseguir todos os seres, e que lhes encurta o caminho aos mais incautos, desprevenidos ou com pouca sorte. Serei sortudo ou azarado nesta contabilidade de sortes e azares que constituem a vida, a minha vida? Vivi um estado de tensão constante - Gostaria de dizer para sempre deste modo, como se tudo isso fosse passado -. Vivi desfasado da vida comum sem o perceber, sem perceber de tudo o que afluía a mim (de uma maneira muito estranha). Ainda sou um desfasado. Vivo à margem, mas não quero dizer marginalizado. Continuo a achar estranho tudo isto que se passou, mas encontro nexo na compreensão das coisas que se passaram, tenho teorias que encaixam, finalmente, como se começasse a perceber as leis que regem a minha vida. Talvez as leis que regem a vida psíquica das pessoas não seja igual em ninguém, e talvez isso nos torne únicos. Mas temo que a minha vida me esteja a escapar, inevitavelmente, nunca tomando um rumo com que sempre sonhei. E, uma coisa é certa, estou dentro de um sonho, mesmo que não seja propriamente aquele que eu queria ter, até porque nunca estamos satisfeitos com o que temos e onde estamos, mas, no fundo, eu estou. Só que as pessoas desestabilizam-se umas às outras, propositadamente ou despropositadamente. Eu sinto o vibrar de todos os seres em mim. Sinto um estado dentro de mim, para além do visível. E com isto caminho nesta vida, a minha vida, feita de leis próprias que se tornam gigantes quando tento fugir delas. Pergunto-me, constantemente: porquê? Porquê a vida tem que mudar de estado? Porque não podemos captar o estado perfeito na nossa vida (?) e apreendê-lo para sempre em nós, o estado da eterna juventude e do momento e sentimentos perfeitos, e vivermos assim até ao momento das nossas mortes (?). Porque se agita esta amálgama de seres neste mundo (?) e se empurram uns aos outros, porque monologam os homens (?) na busca de uma lei eterna, de um eterno saber? I’m just asking why? Eu pergunto o porquê? Porquê este Enigma que consome quem o enfrenta (?) – mas o consome de prazer, como se fosse um masoquista -. Apaixonamo-nos na vida, pelos seres, pelo desconhecido, pelo novo, pelo que subsiste ou pelo que é vulnerável, pelo pequeno e pelo grande, como se existisse, ainda, uma criança em nós, em mim, constantemente, curiosa e maravilhada por tudo quanto existe, uma alma aberta a um Universo que estranhamente se torna conhecido a cada passo que se dá, e que se revela incomensuravelmente maior quanto mais o descobrimos e sabemos dele. Esta é a lei que me rege desde os meus primórdios, a lei de uma igreja e da existência de algo maior que a própria sabedoria de todos os seres da terra que existiram e irão existir, algo que engloba tudo e que nunca conseguiremos transpor fisicamente, mas, que acredito que seja tangível, açambarcável e compreensível psiquicamente - ou então eu vivo numa ilusão constante -. Amo a natureza, os seres, como se não me cansasse de o dizer, como se os seres e tudo quanto existe fosse bom por natureza. Gosto do campo e do trabalho nele, a liberdade da existência e o cultivo do fruto necessário para essa existência. Não desvalorizo quem tem as mãos calejadas pela dureza saudável da vida e rejeito os seres, homens sobre todos os seres que menosprezam aquilo que é essencial, como se a cultura fosse o móbil do homem, a cultura do ignóbil em detrimento da sabedoria da existência. Mas quem sou eu para dirigir os caminhos desta terra, quem será alguém, que existe, para fazer tal? Contudo, ninguém, nenhum ser, pode fugir à responsabilidade dos seus passos e dos seus actos. E com isto constato que a linguagem muda através dos tempos, mas a ideia do que é transmitido perdura através da existência, a existência da terra e do Universo que produz todos os ideais, e assim, também podemos encontrar a mensagem da existência de cada ser em particular através das eras.
Na minha vida sou, ainda (pelo menos um pouco) movido por uma ideia que afinal se prova ser errada, eu estava enganado, completamente: <<não quero influenciar nem ser influenciado, muito menos negativamente>>. Não sei porque tive tanto tempo esta ideia de querer ser um agente neutro neste mundo, ou um agente positivo. De onde surgiu esta ideia? Não sei, ainda… Mas surgiu-me, claramente, na minha mente como uma espécie de clarividência que todos temos que influenciar e ser influenciados, a neutralidade não existe. A nossa presença neste Universo é um sem fim de influências, como uma osmose, influências directas e indirectas. Mesmo que pareça que não estamos a influenciar nada, podemos estar a influenciar muito mais do que pensamos, todo o Universo que gira à nossa volta. E não quer dizer que a nossa influência tenha que ser negativa ou positiva muitas vezes, mas não deixa de ser uma influência que faz mudar o que gira em torno do nosso ser e que nos dá um feedback, que nos quer fazer mudar também, em ultima instância (num estado ultimo), aniquilar. Desde o que pensamos até ao que fazemos, a nossa acção, influencia o nosso futuro, e nós não temos consciência disso na maioria das vezes, e, mesmo que tenhamos, muitas vezes não somos capazes de controlar o sentido do nosso caminhar. Realmente eu vivia oprimido e ainda sofro as consequências disso: o medo de influenciar e ser influenciado, o medo de provocar coisas negativas que se voltassem contra mim e me aniquilassem, ou pior, me magoassem. E, contudo, eu saí magoado. Agora vejo mais claramente como o mundo de influências funciona, vejo que todo o homem erra, e errou. Vejo homens a levar povos no caminho negativo, a provocarem guerras, sofrimento, em nome de culturas e de progresso, em nome de uma paz inalcançável, a prometerem um mundo melhor, mas prosseguindo a destruição sem a conseguir deter. Vejo homens, que lutam pelo instinto mais básico de um ser desde que a vida existiu, a sobrevivência e a perpetuação daquilo que é esse ser, seja a que nível de conhecimento for. Vejo e não posso fazer nada, apenas suspirar de tanta opressão do meu ser, de tanta injustiça, que nunca se vai remediar. Temo que todas as opressões me tenham já encurtado a vida. E, então, serei eu, ainda agora, tal como esses homens de renome, mais um a lutar pela sobrevivência, talvez, este, o primordial estado da vida.
A mente não me corresponde de uma forma linear, não sei se só me acontece a mim ou a outra gente, nem consigo efectuar várias operações mentais ao mesmo tempo, normalmente. Parece-me que quando era mais jovem, até perto do fim da minha adolescência a minha mente funcionava de modo mais linear, mas com a idade adulta foi-se tornando o pensamento mais disperso, com maior dificuldade de concentração e sequenciação de tarefas, o que não sei se se prende também devido à utilização do computador, em que faço multitarefas.
Há muita maneira de escrever, segundo os ritmos que se consegue transpor para a escrita através da pontuação e da transmissão da ideia que presume maior ou menor rapidez/lentidão acerca do assunto que se está a falar. E pergunto-me: será que na verdade eu queria transmitir algo em concreto, neste momento, ou simplesmente divagar? Talvez divagar seja a resposta.
Gostaria de falar de emoções, amizade, amor, sexo e sexualidade. Gostaria falar do transcendente e do não palpável que são por exemplo esses temas. Psicologia, psíquico, mente também se englobam nesses temas. Gostaria de falar a verdade, ou daquilo que me parece ser a verdade, sem ter contrapartidas negativas, nem positivas, sem contrapartidas simplesmente. Gostaria de desenvolver e de que tivesse sentido esse desenvolvimento dos temas. Queria pôr tudo o que existe numa frase não muito comprida, apenas de algumas linhas, revelando com isto o meu lado mais prosaico, a minha narrativa não factual da vida, a vida dos sentimentos narradas com objectos, seres e/ou palavras que fazem parte do nosso mundo, e que o descrevem, para descrever o nosso mundo interior, como muitos homens que me antecederam já o fizeram. Ou ainda juntar o científico [os factos e as explicações da ciência que descreve o universo com precisão, que descobre as leis da física e da química] ao nível do psíquico e da imponderabilidade, da incerteza da conjugação imensa das coisas mais elementares do Universo e que o homem não conseguirá alcançar por mais tempo que consiga viver. Queria, desejava, que brotasse de mim a imensidão da inspiração e da motivação para isso, aquela que tinha na juventude sem no entanto ter a visão alargada que cada vez mais tenho, para meu bem ou meu mal. Como o simples pode ser complicado… Somos uma parte ínfima do universo, e no entanto ganhámos uma consciência da grandeza da vida: de que existimos e de que conseguimos ver causas que provocam efeitos, que existem explicações, quer seja a nível cientifico, quer a nível psíquico, como eu tenho revelado a mim próprio, na continuação da minha vida. Somos pilotos de uma máquina que nos ultrapassa ,a nossa compreensão -e que tendemos a revelar, alguns, mais ou menos, não sei -. Divagando, semeamos o nosso pensamento no abstracto da psique que se encontra ligada por laços ainda estranhos e eternamente invisíveis – ‘eternamente’, porque eu ainda não consigo vislumbrar o fim -. Associo assim o que é contínuo ao que é descontínuo, a lógica de uma ideia com a lógica de outra como se isso fosse possível no mundo real, mas não é, (!) associo ideias que não têm sequência, e estão de tal modo ligadas que afinal não são visíveis por qualquer um, como se estivessem encriptadas apenas para nós, ou para alguns entre muitos [em ultima instância: para mim]. A emoção está lá, nesta escrita que eu digo, o jogo do pensamento é enorme, e quiçá se movam montanhas com ele. Todo o passado se projecta no futuro, tudo o que foi nos trouxe [me trouxe] até aqui. Mas só aqui, na escrita virtual este mundo é verdade para alguns. Só num mundo virtual é possível uma transfiguração para algo que não sabemos o que vai ser [não sei no que me vou tornar]. Eu sou espectador de mim mesmo, vejo-me através do meu tempo vivido. Persigo a ambição do El Dourado do bem-estar espiritual, e a verdade é que por enquanto, se existe, ainda não o alcancei, demasiadas pessoas mo proíbem, leis que estão e atentam contra a minha existência. Procuro gente de bem, procuro-a no mais fundo do meu ser, ele [o meu ser] perscruta o interior dos outros, e, ainda não descobri pessoas a quem pudesse dizer, ‘sim, aqui estão aqueles que me espelham’. Talvez ande desencontrado, porque perdido não queria estar. Queria fazer-me em sociedade, não sozinho. Aceito a vida tal como ela é, mas não consigo deixar de me questionar e lutar contra aquilo que me quer destruir e não compreendo porquê, quero que me deixe de perseguir a vida ou algo que nela existe, o azar que vá para bem longe e que eu me reencontre dia após dia.
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