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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

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Como superar a timidez?

 

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     Aqui está uma pergunta que faço, talvez, desde sempre (ainda que inconscientemente, a principio), mas, mais em concreto, desde que eu me apercebi (tomei consciência em mim próprio, num momento que ficou bem marcado na minha memória e de que falarei mais adiante), que eu não reagia à comunicação (diálogo) em eventos sociais, sejam eles de que tipo for, tentando ‘esconder’ (disfarçar) a minha presença, e é como se não fosse capaz de raciocinar em eventos sociais em que tenha que intervir, e um bloqueio atroz toma conta de mim (E que certamente fez, faz e continuará a fazer estragos, em mim). Sei agora de causas, conheço melhor, agora, bastantes ‘porquês’ (e a transversalidade em que se tornou esse bloqueio inicial) que contribuem para isso, e, tento que a minha mente não desfocalize e perca tais memórias para que vá, pelo menos, entendendo quem eu sou e o que se passa comigo, ainda que não consiga ultrapassar tal grande obstáculo para mim (se bem que o caminho é para a frente e a cada dia ganho de vida, por paradoxal que pareça, é mais um dia perdido naquela que poderia ser ‘a minha vida normal’); digo isto num modo característico que é o meu e que é idêntico na forma em que já tenho abordado noutras conversas passadas; Tenho consciência do risco e o fardo que é continuar a fazer tal introspecção, tal incepção, como tenho feito desde sempre, para que não perca o fio à meada na descoberta de quem eu sou, o lugar que ocupo no mundo, e o porquê de eu ter que trilhar os caminhos que trilho, se é que me podem entender. Mas esse é o risco que tenho que correr para não incorrer noutros riscos que seriam mais danosos como sejam uma loucura antecipada ou um vazio existencial ou uma apatia vivencial ou outros riscos que não quero correr já, agora, desnecessariamente, quando ainda tenho outras opções para ‘reagir’, de certo modo; Digo isto porque oiço, muitas vezes, coisas do tipo (quando oiço, quando tento ‘falar’): ‘Não penses nisso!’; ‘Não vale a pena pensar nisso.’ ‘Tás a complicar as coisas, a vida é fácil’. Mas se eu não pensasse ‘nisso’ como poderia defender-me do que é nefasto para mim? Será que alguém o pensaria para mim e me resolveria ‘o problema’?

Vivemos num mundo de comunicação, e eu tenho medo de me pronunciar ‘ao vivo’, mesmo que seja só um pouco (não serei o único, certamente: para uns será mais incapacitante ainda do que para mim, ou talvez esteja enganado 😳 (flushed), talvez eu seja mesmo dos piores, mas continuo a fingir que nem sou tanto assim, escondendo ‘a real situação’; para outros, esse problema será mais tolerável do que para mim, mas a capacidade de se exprimir, de exprimir com normalidade aquilo que tem que ser expresso pelo nosso espirito, é uma necessidade, não só, do homem do futuro, mas, também, já do presente, para que possa viver em equilíbrio psíquico, e isso é algo de natural quando não há causas anómalas que rompem com o desenvolvimento normal e em equilíbrio do nosso espirito, sejam elas causas internas – doenças de qualquer tipo-, ou causas externas a nós, ao Ser onde nos foi dado ‘o sopro da vida’), e essa incapacidade de me pronunciar na presença de vários interlocutores, para mim, é como que uma sentença de morte aos poucos, sei-o, até porque analiso o futuro em infindáveis suposições do que me irá suceder, temendo o pior para mim (Podem chamar-me pessimista). Sei que não sou bem interpretado por ser assim, sobretudo com desconhecidos que não me conhecem ainda; sou marginalizado pelos que me conhecem; enfim, é complicado, e eu sempre complico ainda mais, com certeza, eu sei. Vou escolhendo desistir aos poucos e acomodar-me no cantinho que posso arranjar, no dia-a-dia, numa esperança ilusória, que é o que me parece. Para mim, estar numa simples formação com algumas pessoas, por exemplo, a pensar que me vão pedir intervenção, mesmo que mínima, é, gradualmente, extremamente aflitivo e desconcertante [Se eu pudesse passar despercebido…], em que tento conter sentimentos e emoções e reacções fisiológicas que sei que vão descambar quando chegar o momento tão receado (com ansiedade crescente até ao momento que se pode tornar numa fobia em que vou ter de me ausentar, ou seja, fugir, de onde me estou a sentir mal, como o fiz recentemente). Venho há longos anos tentando verbalizar correctamente o que se passa comigo, [tentando verbalizar o que me parece ser, na vida real, proibido de se fazer, porque o medo que se gera do próprio medo, incompreensão e descontrolo é algo de indizível, que as pessoas nem querem pensar nisso sequer], venho tentando escrever algo de construtivo (se calhar ainda não fiz isso, nem sei), antes de mais e principalmente para mim, para minha referência, aquilo que me apoquenta e destrói a minha vida nesta sociedade comunicadora, antes de tudo, repito, para que possa tentar encontrar soluções adequadas à minha situação particular, sabendo eu (pelo menos até certo ponto) que haverá tantas e tantas situações idênticas à minha no silêncio. Sinto em mim, que seria deveras constrangedor e humilhante (e sei lá que mais), a pessoa errada saber isto que eu estou a dizer e saber quem eu sou, sentir-me-ia arrasado, sei-o, porque já mais vezes tentei falar com certas pessoas das dificuldades que tenho, e ver de seguida que errei no confidente, na pessoa do tipo que desvaloriza o que digo, que não percebe do que falo e ainda por cima, sinto que fica a saber a minha dificuldade para a usar contra mim num outro momento, se tiver tal intenção (podem dizer que é paranóia – eu digo, talvez, mas não posso admitir que não há uma percentagem de verdade no que disse). Sei também que amanhã de manhã me vou sentir mal e cansado por estar aqui a tentar verbalizar algo com sentido para mim, mas difícil de ser entendido, desconhecendo o alcance das minhas palavras, ou também será mal, se elas não tiverem alcance, se forem em vão. Mas certamente não serão. Não devemos guardar tudo para nós, mas também devemos estar atentos ao confidente com quem vamos exprimir a nossa dificuldade ou desabafo.

Agora, o momento em que eu tomei consciência da minha dificuldade, concretamente: andava no 10º ano, estava numa aula de Filosofia em que pela primeira na minha vida tinha que expor com os meus colegas as nossas ideias sobre um assunto que já não me lembro qual era; pois, não consegui exprimir uma só palavra e no fim, pela primeira vez, percebi imediatamente que algo não estava bem, e isso me fez percorrer o caminho que tenho percorrido até hoje; Penso que se pode chamar a isto: optar (inconscientemente); lutar [contra o incompreensível (Porque me aconteceu isto?) em busca de soluções, ou respostas pelo menos, vivendo na esperança dia após dia, muitas vezes, rumo ao desconhecido]; aceitar (a aventura de vida que nos espera); não desesperar imediatamente (seguindo na base de certas ideias, ainda que, na maioria das vezes se revelem ilusões, agora o sei, para nos sustentarem nesse longo caminho); aceitar a ajuda, de quem pode, se houver quem, se vier por bem e sem angustiar ou destruir mais a pessoa com nomes e interpretações que são pejorativos e lesivos para a vida e para a normalidade que se deseja alcançar de um Ser que não perdeu nunca a consciência de quem é.

E agora? As perguntas sucedem-se dia após dia. Como superar a [minha] timidez obsessiva - compulsiva? ; Voltando atrás, tão rapidamente quanto possível: as causas de tudo isto? Genéticas? Genéticas potenciadas pelo azar (da minha vida) de não ter tido a sorte (o ambiente) a favor da dissipação desse problema? Porque me passaram tais genes e ainda por cima reforçaram o que havia de negativo por quem deveria ter sido amado? Foi deliberadamente ou intencionalmente que o fizeram? Porque me usaram como um boneco (que é o que eu sinto)? Porque me sinto um bode-expiatório? Eu não sinto vergonha, nunca fiz nada da vida que me fizesse envergonhar, por exemplo, não matei, não roubei, sempre tentei seguir os bons ideais e valores do bem, da paz e da vida (da nossa tão frágil vida). Aclarando o conceito como eu o vejo: a vergonha não é propriamente o que as pessoas (com o senso comum) acham que é, e é confundida com outro tipo de manifestações de emoções como sejam a timidez ou a dificuldade de se exprimir por exemplo; na minha interpretação, a manifestação da emoção ‘vergonha’ é a noção (sentimental) de que se fez algo de muito mau, como os exemplos que já disse, e sentir-se consternado por tal erro e pelas consequências que podem advir de tal erro muito mau. Neste sentido, o facto de eu não me conseguir exprimir em público não significa que é por vergonha, uma vez que não considero que tenha feito algo muito mau na vida como ter matado, violado, roubado etc. mas por motivos de timidez excessiva, associada a características introspectivas excessivas, causas genéticas e traumas (causas externas, ambientais) que me levaram a ser assim. Quero dizer que não sou envergonhado, pelo conceitos em que já justifiquei o que considero ser ‘a vergonha’. Não queria ser um homem de topo, ‘super’ comunicador, com imensa capacidade de exposição, mas também não queria ter este handycap. Estaria disposto a aceitar-me como sou, como tento sempre fazer, dia após dia, mas esbarro constantemente nos ideais das pessoas que me envolvem em confronto com os meus, numa cultura que não me incorpora, na incapacidade de ultrapassar esta dificuldade de comunicação de quem não está disposto a aceitar (mais uma vez: aceitar), a tolerar, uma pessoa que sente de maneira diferente. Mas, compreendo que a falta de capacidade de expressão gera um paradoxo em si próprio: quem não segue as normas e os preceitos da cultura onde está inserido é marginalizado naturalmente. [Talvez se tenha que criar o nosso lugar no mundo, um lugar nunca inventado, mas lembro-me também que para viver tem que se comunicar e transaccionar, não sou um animal selvagem que pode viver solitariamente, e aí surge o paradoxo, novamente].

Como superar a timidez? Será que se pode superar na ideia de que devemos aceitar-nos como somos, e, sendo quem se é, buscar a liberdade do espirito (lutando contra quem quer aprisionar nosso espirito, aprisionar a nossa liberdade psíquica e mental), na aceitação da nossa pessoa pelas pessoas que nos envolvem e vice-versa?

Ficam as ideias e as questões a serem respondidas ou reformuladas mais correctamente.

Fiquem bem.

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