Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Encontrado

Encontrado

 

 

        O desejo de ser encontrado por esse teu sorriso, esse teu olhar profundo e discreto, essa tua beleza, única, é imenso e me encontro com teus olhos a todos os momentos, sem os saber medir. Medir esse teu visual é possível, mas o teu interior é incomensurável, esse interior que transparece em cada palavra tua, esse teu desejo de me encontrar. Enfim, sei que gostaria de ser normal, não sei se algum dia o serei, mas a força do teu olhar é ânimo na minha alma para eu um dia me tornar num ser mais sereno e satisfeito, satisfeito estou por te ter encontrado. É bom saber que para ti não fui mais um número, nesta imensidão de pessoas que nos envolvem, de mensagens que nos cercam, é bom saber que me encontraste e eu te encontrei, é bom ser teu amigo. Eu prezo os meus amigos, todos os que me abordam sabem disso e gostavam de ser meus amigos, mas tal é impossível, só alguns, só alguns, os especiais.

            Depois de tudo pelo que passei, a solidão e a loucura da qual me apoderei, encontrei na sorte mais um pouco de inteligência, coragem e juventude; ou então é tudo uma ilusão desta breve calmaria – Mas que esta ilusão dure para sempre! Eu sou aquele que procurava e normalmente não encontrava, e eu era o encontrado que não se procura. Mas agora que encontrei amigos, se amigos eles realmente não forem, hei-de ter-te a ti, aquela que me desejou encontrar, me resolveu animar e fazer acreditar que amigos pode havê-los, poucos mas que o são por algum motivo. Sê tu o brilho que me ilumina nesta escuridão, dá-me luz e mostra-me o dia como nunca eu o vi, faz com que seja eu, realmente, o encontrado que se procura, tal e qual filho pródigo que regressa a casa. E juntos, amigos, seremos mais felizes e mais fortes.

A melancolia varre os sentimentos

        A melancolia varre os sentimentos, invade o espírito se a gente deixa. Eu deixei, talvez não consiga ter evitado. Mas gostava que este estado mudasse. Gostava de falar, de dizer algo com sentido. Mas o sentido está sempre a mudar, daí que ache que tanto dá dizer como não dizer. O que interessa é a sintonia das pessoas, que se tende a perder. As pessoas cada vez menos sabem amar, cada vez menos querem amar. Ou será de mim? Talvez seja de mim. Mas tudo tem um fim, e isso é a única coisa que me satisfaz, que depois da dor venha a acalmia eterna. Temo pelos que cá ficam, que poderão ter muito a sofrer. Mas para já temo por mim, pelo tempo que ainda cá hei-de estar. Só peço a Deus que se a minha vida não puder ser melhor do que foi até agora, ao menos que não seja pior. Eu não estou na sintonia que quero. Ultrapassei uma barreira que não devia ter ultrapassado para ser normal, nasci numa altura e num ambiente que me condenou à diferença. Assim sou eu agora: diferente. Tanto que sonhei com um amor, que desilusão, só por causa da minha diferença. E depois tornei-me num anti-social, mas toda a raiva investida no mundo se voltou contra mim. Que obcecação por paixão e amor. Tanto sonho, tanto platonismo. Mas este mundo é cada um para si, não há pais por filhos. Salve-se quem puder. E a loucura? Tão perto dela, tão perto do infinito, podê-lo tocar mas não poder dispor dele a nosso belo prazer. A apatia torna-se enorme. As pessoas não compreendem, esse é o mal. Se elas entendessem. Talvez não haja uma só compreensão. Eu apenas vejo o mundo à minha maneira, compreendo-o segundo aquilo que sou e segundo a minha experiência. Mas a minha perspectiva do mundo é muito importante. Este mundo é para usar, o fim é certo. Mas então o sentido da continuidade não existe. Tudo é bom porque o sentido está no fim de tudo, no auge de toda uma vida. O sentido está na despedida e no reencontro, no adeus e no olá. Só no fim de tudo encontramos o prazer nunca até então entendido, só no fim ou no final das coisas em que fazemos um rewind (puxar atrás a cassete) e as sentimos a percorrer a nossa mente a uma velocidade fulgurante, à velocidade da luz. Eu queria ser uma pessoa especial, e sou. Mas não passo mais de uma simples pessoa, um grão de areia de praia neste infinito Universo.

sentido [96/97]

Sentido. Palavra tão importante. ‘Sentido’ faz-nos lembrar o básico para se viver normalmente bem. Faz-nos lembrar, por exemplo, os cinco sentidos, essenciais para o bom sentido de orientação na vida tão cheias de trampas, problemas, labirintos, enfim, todo um conjunto de situações que os põem à prova. Aqueles que melhor sentidos tiver vencerá. Da mesma maneira que falamos dos cinco sentidos, assim poderemos dar outro sentido à palavra sentido. O sentido da vida. De tal maneira importante, que até talvez, o ponha à frente do valor dos cinco sentidos. Toda a pessoa que dá um sentido à vida, vive-a de determinada maneira em harmonia com esse sentido que lhe dá. Toda a pessoa que ainda não encontrou o sentido da sua vida vive desorientado, olhando para o sentido que os outros dão à vida e desprezando essa vida porque precisamente, a dele não tem sentido. E ao falar de sentido da vida, de uma criança, por exemplo, pode ser o de ter carrinhos para brincar, pais que o amam, ou seja, são certas coisas que dão sentido à vida, que a preenchem, que dão prazer. Pode acontecer que em certas alturas tenhamos o sentido de viver e outras não. Isto deve-se ao facto de que as mesmas coisas não nos dão sempre o mesmo sentido. Aquilo que já alguma vez o deu deixa de dar e a gente procura, então, outro. E ele, será mais importante do que os cinco sentidos, porque sem ele os cinco sentidos sentem-se perdidos, desorientados. Sem ele uma pessoa pode destruir estes e a vida. Procuremos o sentido da nossa vida, nem que ele seja o de dormir, mas se isso nos dá prazer, que seja então esse. Sem sentido é que não! E porque  ‘sentido’ está  associado a orientação e ‘sem sentido’ a desorientação, então é melhor que o haja. O sentido da minha vida?! Dormir, ter amigos, estudar, passear, pensar, divertir-me, outros.

Falar [2005]

Tenho medo de falar. Como se tudo o que falasse me acabasse por fazer mal. Como se falasse só coisas que me fazem mal.

(Dias depois, continuação). Talvez elas (as palavras) possam fazer mal. Elas têm esse poder de fazer bem ou fazer mal. Mas elas também só fazem sentido em sociedade. Talvez prefira o silêncio, ‘antes só que mal acompanhado’. Eu consegui recuperar bastante. Consegui adaptar certas teorias a certas práticas e fico contente quando essa adaptação se dá. Talvez eu me tenha adaptado somente a uma situação, e esta fase seja apenas uma ilusão de bem-estar passageiro. Sei mais agora, compreendo melhor, os porquês deste silêncio frente ao mundo, a sobrevivência a isso obriga. Porque o silêncio não faz formar ideias erradas nos outros acerca de nós, os outros imaginam-nos segundo a visão deles quando somos silenciosos. O nosso ‘eu’ nunca é descoberto, e isso protege-nos. Acho que começo a ter mais vontade de falar com os outros (quero acreditar nisso) e a prender-me menos com a escrita, com este monólogo destrutivo. Quero me envolver com o meu lado humano, deixar-me de perfeições, ser mais acessível, mas selectivamente, não para qualquer um. Quero saber cada vez mais, mais coisas, saber discernir as coisas, saber o que me faz mover, não mover-me de olhos vendados. Só uma ínfima parte do que somos e do que se passa no nosso pensamento é dita e transmitida para fora, o resto faz parte de nós e raras vezes o deitamos cá para fora, por isso há em nós o ‘bom’ e o ‘mau’, e depende ao que dermos mais atenção e aquilo que os outros nos fazem dar mais atenção, assim também nos tornamos. Estou a modificar-me de tal maneira que só os estímulos directos me fazem agir mental ou fisicamente. Só no momento de determinado acontecimento é que o meu pensamento age e fluí em imagens associadas à procura de uma lógica para determinados acontecimentos. Daí que ao olhar para uma folha em branco a minha mente fique em branco. A luta contra o que eu já sei ser a esquizofrenia continua com resultados positivos. Mas o tempo urge, não sei se irei a tempo de conseguir fazer obra, de fugir a esta solidão. E cada vez estou mais só. Mas as coisas são como são, esta minha vida tem uma razão de ser, também não nos podemos dar com todas as pessoas, até porque ao dar-me com mais gente do que três ou quatro pessoas isso se torna perigoso para mim que sou uma pessoa vulnerável, e já sei que os ataques vêm sempre daqueles que se dão connosco. Talvez aquela fase, que alguém disse que existia nesta minha idade, é a fase da ‘intimidade versus isolamento’, seja mesmo verdadeira. É curioso que o que se diz tem uma razão de ser mesmo que as coisas (as palavras) não pareçam fazer sentido. Tudo tem uma razão de ser. Mas também é curioso que as pessoas que muitas das vezes tem dons, como seja a da oratória ou de saber cantar bem e ter uma boa voz, não reconhecem que estão a agir segundo outras causas que não as que eles pensam que os estão a influenciar, e falo de causas bem mais subtis, não visíveis ao homem normal, mas que podem muito bem ser vistas por alguém inteligente e chamado de doente mental, um esquizofrénico por exemplo. Só quando a gente sai do estado normal é que consegue ver coisas que até ali como pessoa normal nunca tinha reparado, outras perspectivas que não as que usualmente se viam, perspectivas novas sim, porque as coisas (as realidades e tudo ou qualquer coisa que exista no mundo real quer no imaginário) têm imensas perspectivas como já me apercebi à muito. Muitas das vezes umas perspectivas anulam outras, as novas anulam as já vistas. Num esquizofrénico as novas perspectivas surgem em catadupa e de tal modo descontroladas que apanham o indivíduo fragilizado pela química desorganizada do cérebro e do organismo que faz com que acredite em tudo o que vê, ele aceita as novas perspectivas facilmente e ao mesmo tempo estão em contradição com o que julgava estar certo, não consegue discriminar. E vê que tudo é relativo. A essência não tem fim, nós seremos sempre seres finitos de mais para ver essa infinita essência.

Eu e a minha vida [abril 2005]

        Não sei quanto tempo me resta nesta vida. Talvez outro tanto ou talvez muito menos. Só sei que não ando bem, e já sei mais do que Sócrates (rir). Muita coisa foi perdida, muita coisa já não volta. Tenho medo do que se possa passar. E a tendência é para que se passe algo mais de mau do que de bom. Eu sei-o racionalmente, porque já compreendi muita coisa da minha vida e consigo prever o que se pode passar num futuro mais longínquo. Tenho medo da dor sobretudo, medo da loucura, essa dor descomunal de não estar em consonância com o mundo, de ser um mundo à parte e completamente esquecido, mais ainda do que da dor física. Tenho medo de ficar paralisado com uma consciência a infernizar o meu corpo, a minha infernal consciência, que é o que é a minha consciência. Como posso eu ser optimista se só vejo as coisas pela negativa? Não tenho capacidade para reagir ao stress e às coisas negativas. Como eu compreendo meu Deus, como eu compreendo o meu passado e o meu presente. Para quê a consciência das coisas, meu Deus? Para sofrer mais ainda.

 

 

 

            O que interessa nesta vida é não sentirmos a solidão. O que interessa é estarmos ligados a outros, haver quem seja afim connosco e com quem possamos compartilhar os nossos sentimentos, alguém que entenda os nossos sentimentos. Mas porque será que eu não consigo essa ligação? Mas também é verdade que são os outros que nos podem infernizar a vida. A incompreensão dos outros pode fazer-nos muito mal. Muitas vezes até nos querem fazer bem, mas acabam por nos fazer mal, porque não compreendem.

            Muitas vezes penso: é como se não tivesse passado. Lidei já com muitas pessoas e das pessoas com quem lidei, é como se não tivesse feito laços com ninguém. Muita da gente ficou esquecida, inclusive. Mas se do exterior não consigo lembrar muita coisa, já aquilo que senti permanece muito vivo dentro de mim, de maneira que aquilo que senti já faz muito tempo é como se tivesse sido há bocado. Talvez mesmo isso seja uma perspectiva dos meus problemas emocionais: não conseguir desfazer-me de sentimentos já muito antigos e que não deviam fazer sentido agora e dos quais já não me devia lembrar. Ultimamente tenho tido a visão de que aquilo que sou agora já foi construído desde muito lá atrás. Por vezes vejo tudo o que me trouxe até este momento num flash. Às vezes penso que os meus problemas passam por más gestões de emoções e sentimentos. Sou uma pessoa que absorvo muito o mundo (agora já nem tanto) e que exprimo pouco, mesmo muito pouco, daquilo que sinto. Sempre fui muito fechado. Esta grande acomodação sem o esvair de todo este manancial energético leva-me a um enorme desequilíbrio. Cresci muito sozinho, daí que me habituei à solidão e não a estar com as pessoas, como se fosse um bicho-do-mato. Se fosse noutros tempos em que não existia este mundo de comunicação eu seria uma pessoa mais feliz, porque estava bem enquadrado. Agora pede-se que as pessoas sejam extrovertidas e eu sou o oposto disso. Eu não consigo abrir o bico no meio das pessoas. Tenho uma enorme repressão que não me deixa sair desta concentração maluca. E acho muitas das vezes que não conseguirei sair dela. Só consigo cultivar os sentimentos interiores sem parar, este mecanismo de autodestruição tornou-se automático. Mas por vezes ainda acredito, se bem que cada vez menos.

            Eu fugi às leis do mundo. Eu tenho medo de fazer o que quer que seja, tenho medo de ficar louco pelo que digo e tenho medo de ficar louco se não o disser. Eu não sou capaz de descontrair, como se fosse um fugitivo com medo de ser apanhado e de voltar para a prisão. Puseram-me de parte e eu reagi não aceitando as leis do mundo, ou melhor as leis do homem. Eu perdi a capacidade de sorrir. Até posso estar certo em relação às coisas que sinto e ao meu pessimismo e à minha interpretação do mundo, mas quem sou eu para contrariar aquilo que a maioria diz, sente e interpreta? Às vezes a única coisa que me satisfaz neste mundo é saber que tudo tem um fim, é saber que esta vida é passageira.

Vulnerável

        Sinto-me miserável, na hora em que estou a escrever isto. Miserável no sentido de me sentir mal, vulnerável, fraco, com as forças que restam a esvair-se sem conseguir ter mão disto, ter o controlo de mim próprio. Já passei mal,  e vi e vejo que as pessoas desprezam os males da mente, não querem entender os que padecem de tal, a sobrevivência deles assim lhes faz agir, compreendo-os. Eu é que entrei por caminhos que nao devia. É uma dor estar dessintonizado com o mundo, com as pessoas que me envolvem principalmente. É uma dor andar perdido na minha mente, sem encontrar saida. Tudo o que aprendi naturalmente tende a perder-se, e a genuidade dos sentidos dá lugar a um sentir apenas racional, mas emocionalmente apático. As minhas expressões físicas estão num mau caminho. A minha vida tende a descambar cada vez mais, neste isolamento intenso. A coragem tende a diluir-se. E a pergunta fica: onde irei eu parar?  Só me surgem as piores imagens.

Semblante pesado [Agosto 2005]

De semblante pesado ando. Ensimesmado nos mesmos e intensos pensamentos negativos, a absorver o que é negativo. O raciocínio não anda a funcionar correctamente. Os medos apoderam-se de mim e deixam-me em pânico, k.o. Pelo que o desgaste nervoso para fazer qualquer coisa, que exija contacto social, é imenso. Só estou bem sozinho e no entanto sinto uma imensa necessidade de convívio, de estar com outros. E Quando chega a hora de estar com outros, não consigo devido aos preconceitos negativos que se formaram na minha mente acerca da minha prestação social, o semblante fica carregado, não consigo interagir com os outros. E eu afasto-me cada vez mais das pessoas, e elas afastam-se cada vez mais de mim com o tempo, o que eu compreendo. Primeiro era a minha fobia social, agora é mais do que isso, a fobia trouxe outros problemas, como dificuldade de raciocínio e expressão devido ao meu crescente isolamento e fechamento, além das dificuldades de expressão e fechamento que já tinha. Talvez já tenha dito isto, a apatia tende a subir. As coisas repetem-se com o tempo, invariavelmente, não consigo romper com este ciclo.

Rótulos

    Já me rotularam, penso. Talvez eles me tenham rotulado de doente, com alguma desses nomes estranhos que os saudáveis não querem nem saber o que significam. E a verdade, o que eu tenho a dizer em relação a isso, é que na verdade talvez tenhais razão, Vós homens que tudo classificais, eu não estou bem, mas gostava que não me rotulásseis com nomes que denotam conceitos estereotipados em relação ao que realmente se passa comigo. Até podeis dizer que eu sou esquizofrénico, mas se é isso que achais que sou, porque tenho eu obrigatoriamente de ter os sintomas que alguém definiu como sendo parte da esquizofrenia? Será que eu ouço mesmo essas vozes que alguém diz que os esquizofrénicos ouvem? Haverá duas pessoas iguais, de modo a que haja um padrão na maneira de sentir da condição humana? Talvez a mente humana seja como os automóveis, há algo que todos têm como sejam as rodas, o chassis, mas os modelos variam sempre dentro da mesma marca assim como há marcas diferentes. Mas mesmo dentro do mesmo modelo e marca apesar de todos serem idênticos à partida quando são feitos eles acabam por não durar o mesmo tempo nem se comportar da mesma maneira ao longo da sua vida, e isto depende de quem o utiliza. Talvez a esquizofrenia seja como os automóveis, igual à partida (denota um chassis danificado e uma rodas de madeira, ou seja, o esquizofrénico tem uma mente como se fosse uma carroça puxada por vacas, enquanto que uma pessoa normal já tem um carro movido a combustível) na aparência dos sintomas, mas não igual na maneira como é utilizada. Talvez a mente de um esquizofrénico seja uma mente inadaptada à realidade que o envolve (o carro puxado a vacas está inadaptado para o momento que o envolve, em que se utilizam quase totalmente carros puxados a combustível, mais rápidos e eficientes). Eu fui uma pessoa normal já um dia. Houve uma altura em que a carroça das vacas era o que estava na moda. Simplesmente não soube evoluir com o tempo e quando dei conta vi que eu ainda usava uma carroça de vacas. Tentei evoluir rapidamente, mas como posso eu deixar essa carroça e empenhar-me em adquirir uma coisa que não sei conduzir? Terá que se remodelar a mente.

Deixando de divagações sem sentido, ouve um momento, há poucos anos atrás, em que a minha mente parece que se desintegrou completamente. Eu perdi o controlo do meu próprio corpo. Possuíram-me ansiedades intensas que se tornaram mais tarde em fobias intensas logo de seguida. Até esse momento eu fui aparentemente uma pessoa normal. Mas a partir daquele momento de desintegração da minha mente eu não fui o mesmo. Sei agora que eu aguentei até às últimas consequências uma maneira de ser que estava desajustada com o mundo e que despoletou naquele momento. Não podemos só absorver o mundo, não podemos só produzir para o mundo o nosso ser, tem que haver uma gestão adequada do que entra e sai da nossa mente e do trabalho do nosso pensamento, que foi o que me faltou.

A perfeição é finita

Já um dia quis ser o mais perfeito possível. Mas descobri que a finitude do nosso ser não nos permite isso. Apesar do homem ter construído um mundo fantasticamente humanizado, nunca o mundo foi tão imperfeito, funcional mas não perfeito. Talvez tudo o que existe já tenha sido perfeito, e perfeito foi estar em equilíbrio. Talvez durante algum período no tempo, mais ou menos curto. Talvez também assim na minha vida já tenha tido um período ou um momento em que a minha vida tenha sido perfeita. Mas esse êxtase passou, o organismo não suporta êxtases sucessivos e a capacidade de recuperar torna-se cada vez menor. Os pontos máximos dos organismos talvez não se dão ao mesmo tempo. As minhas potencialidades máximas talvez já tenham sido atingidas. Pouco mais conseguirei ultrapassar daqui, como alguém que atingiu uma certa altura na escalada à montanha e esteja esgotado. Talvez mesmo o máximo do homem e do mundo que ele criou tenha já atingido o máximo, o êxtase. E todo este mundo humano só faz sentido enquanto as interacções do homem se forem dando, enquanto não forem quebradas as correntes que foram criadas. Tal como no amor, só enquanto a chama se mantiver acesa é que o há. Mas quem sou eu para falar de amor, de correntes e elos de ligação se eu estou imensamente desligado do mundo, tal como um moribundo que está mais para o lado de lá do que para o lado de cá. Agarro-me no entanto à vida com todas as forças que tenho, e tento compreender tudo o que se passa comigo e com o que me envolve. E tenho a certeza de que nada voltará a ser o que foi, por muito que desejemos. Tudo o que foi modificado tomou novas formas que não voltam a ser as que já foram. E tudo muda até ao fim. Tudo tem um fim. As nossas vidas têm um fim. Uns perecem com o sentimento de missão cumprida outros de que não preencheram as suas vidas. Uns morrem horrorosamente, outros têm uma morte mais calma. Mas quem tem a visão mais acertada do que é o mundo? Quem tem a noção mais certa? Se fosse eu, essa noção não seria muito positiva, pouco optimista. O homem vive no sonho, até que um dia se não caiu, ele cairá na dura realidade. Mas agora resta a minha vida que tenho que a viver da melhor maneira, tenho que fazer por ela, as causas e os efeitos, a compreensão do caminho do homem, cada vez me dizem menos respeito. Nada posso fazer para evitar o que quer que seja. Sou um animal, um ser que vive entre imensos seres, perene nesta vida confusa e fugaz. Um ser que a cada dia que passa se encontra mais consigo mesmo – eu. E tenho medo de mim próprio. Não poderei mudar muito, mas espero ir mudando. Tenho medo de ficar sozinho. A minha capacidade de ir ao encontro de alguém é diminuta. O retrocesso da minha vida começou, as minhas capacidades cada vez são mais diminutas. Não sei se o que sinto é doença, se é normal, só o tempo o dirá. Mas compreendo cada vez mais o meu passado, as causas de muitas coisas que se passaram, o porquê delas terem acontecido. Mas o que passou não posso mudar. Mas talvez eu possa mudar o rumo mau que a minha vida possa tomar, compreendendo o meu passado. Mas parece-me que o conhecimento das coisas me torna vulnerável. À medida que vou sabendo mais sobre o mundo sei mais sobre mim, e vejo que não tenho capacidade de acomodação do que sei.

A exploração do mundo, se assim continuar, vai acelerar o fim. A solução pode existir ou não. Se os homens se unissem para preservar a natureza, mas nada acontece porque um homem quer, as variáveis são muitas.

Questões

Personificação do medo, bode expiatório da vida de outros, é o que se é. Sugados até ao tutano, retiram-lhes todas as energias que possuem. Vampiros. Não conseguindo distinguir o bom do mau, o certo do errado, como se pode viver assim? Terá o homem culpa do que se é? Como se pode viver sem falar? Como se pode dialogar se na hora de falar não se fala, não se pensa, nada? Fujam das dificuldades, façam ver que tudo está bem enquanto puderem. O caminho é irreversível. É único. É difícil de compreender. Porque não choras, pequeno ser? Quem te proibiu de chorar? Porque querem os homens fazer de ti um louco? Porque és a personificação da loucura? Quem te roubou a paz? Porque parece que nada passa. Ainda bem que nada é eterno, o eterno desvirtualiza. Porque têm pena de ti? Será que têm pena de ti? Ou será que te odeiam? Ou será desprezo? Ou será tudo pelo contrário do que foi dito? Fantástico mundo de interligações, até onde se poderá ir? Estará a destruição iminente? Estará ela mesmo já a vislumbrar-se? Que mais há para se ver?

Quem ler o parágrafo anterior poderá ver uma escrita de loucura, um completo alheamento do mundo que nos rodeia, da realidade envolvente, uma completa marginalização e um certa aversão pelos homens. Quem ler o parágrafo anterior poderá ficar com uma ideia errada de quem o escreveu. Ele dá lugar ao pessimismo, à tristeza, ao ódio pelo ser humano. Quem poderá imaginar que já um dia se amou a humanidade, se teve um incomensurável optimismo? Quem não poderá magoar este ser sensível? Como é possível ser-se sensível?

ImTranslator - Tradutor (extensão para Firefox e Chrome) - Translator (extension for Firefox and Chrome)

Firefox: Firefox Extension Chrome: Chrome Extension

Pesquisar

 

Como Melhorar performance do blog ! - Blog best performance, how to Do It ! How to TRANSLATE!

Este Blog não contem malware, apenas contadores de analytics pelo que funcionará 100% perfeitamente em qualquer browser que não contenha bloqueadores. Apesar da atualização do Blog e da sua melhor compatibilidade com todos os browsers, tenham atenção às opções de configuração, caso tenham extras como No script, ghostery, Adblock ou outros deste tipo, o ideal é permitir tudo na página. FOR TRANSLATION INSTALL ---> ImTranslator: For other languages to translate, for firefox and Chrome and Opera, use the extra/addon ''ImTranslator''; Se querem ver a página com DARK MODE usem o extra/addon: ''Dark Background and Light Text'' disponivel para Firefox e Chrome. Ativem também o MODO DARK dos BROWSERS

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

DOWNLOAD DO BLOG

Façam o download dos conteudos do Blog em formato xml, incorporado em .zip Atualizado até 18 de Maio de 2021: https://drive.google.com/file/d/11wzX0OvyufoxKh0wV7YX04dJTrHF9f-8/view?usp=sharing

Arquivo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2017
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2016
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2015
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2014
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2013
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2012
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2011
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2010
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2009
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2008
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2007
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2006
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D

Mais sobre mim

foto do autor

Calendário

Setembro 2021

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930

subscrever feeds