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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

E o que disse tá dito [extracto 22-03-04 actualizado]

 

E o que disse tá dito. Assim são alguns que não eu. Sinto-me esgotado, a força da vida não me acompanha. Recordações, memórias surgem na minha mente como se já tivesse vivido o que tinha para viver, como se fosse velho, mas continuo a viver. Senti o que muitos outros sentiram, sinto o que muitos outros sentem, sinto de mais, sinto por muitos, claro que não por todos. Possa eu por em prática a minha maneira de ser e eu seria o homem mais poderoso do planeta. Forte e livre! A minha liberdade acima da dos outros! Mas não tenho fôlego sequer. Não perca eu a razão, a fé, a esperança que ainda me resta! A esperança de que um dia ainda serei realmente livre, e vejo que quando olhar para trás eu verei que fui realmente livre, fui grande em pensamentos. O caminho de Deus versus o caminho do homem, qual? Meu Deus como sou tão fraco, porque aparento ser forte? Porque me rotulam? Porque não expresso os meus sentimentos? Porque não me é permitido falar? Porque eu não me permito falar? Estou away, estou fora, estou desligado, estou queimado. Quero renascer, quero ser grande e forte, saber o que estou a dizer, saber o que estou a fazer. Não posso mudar o mundo, acho que nem a mim posso mudar quanto mais. Dá ao slide, foge, desvia-te. O homem, o homem, condenado à perdição, à destruição, eu condenado com os meus pensamentos que desfazem as ilusões.

Vamos mudar o discurso. Tudo é tão bonito lá fora, lá fora assim como dentro de nós. O homem é um ser condenado a ser feliz, assim porque eles são todos iguais, feitos de carne e osso. No meu pensamento só ocorrem coisas bonitas, tudo corre sem stress e sinto-me um ser perfeito. Porque falam tão bem de mim? Sinto-me tão vivaz que aposto que vou viver duzentos anos (200). Porque tenho que eu falar sempre de coisas boas, não havendo um problema que me atormente? Porque tenho eu tantos amigos, tantos que eu não sei com quem hei – de estar em cada dia da minha vida. Tudo vai de vento em popa, não há nada com que me preocupar. Compreendo todos os homens do mundo porque “quem vê o seu povo vê o mundo todo”. Só consigo imaginar em como as pessoas são alegres e divertidas, como todos são tão inteligentes e vão construir um mundo melhor, e essa é que é a realidade. Custa tanto dizer as boas verdades da vida, que até desejava que houvesse coisas más. Na verdade quero ir para onde as ruas não têm nome. Na verdade tudo o que eu digo é condicionado por variáveis incontáveis que me ultrapassam longemente. Na verdade e somente na verdade eu me baseio, e a verdade é que há verdades que me satisfazem. A verdade que encontro a cada dia que passa. Sou feliz com a mudança. Não me quero ver de fora, quero ver-me de dentro para fora. Cada vez sou menos condicionado, e isso dá-me ânimo.

Deus é uma entidade masculina?

'pq é q falas de deus como se fosse uma entidade masculina?'  - Isa

 

 

Resposta ao comentário/pergunta de Isa:

 

Olá Isa. Eu não quero falar de Deus como uma entidade masculina. Aliás, penso que a Deus, como entidade não objectivamente identificável que é, uma entidade metafísica, não podemos atribuir sexo. Apenas na mente dos homens há o conceito [que talvez provenha da imagem religiosa masculina de Jesus 'que foi Deus que se fez homem', segundo as palavras da religião Cristã] de conceber Deus à sua imagem [dos homens]. Penso que parte daí a tua ideia errada (como a de outras pessoas, e que poderia ser a minha) de atribuir a essa entidade transcendental que gere tudo, Deus, uma característica (sexo) de seres terrestres, o homem por exemplo. Eu sempre que me refiro a Deus sinto-o como entidade metafísica e transcendental, logo assexuada, não como um ser concreto e definido - e mais, sinto plenamente que ele se manifesta nos seres de uma maneira geral, não só no homem, como também nos animais, nas plantas, na matéria, no mundo, e de forma geral no Universo [concordo com a ideia religiosa que diz que 'Deus está em toda a parte']. Acho que Ele é um todo que por sua vez está em tudo o que existe, cognoscível pelo homem ou não, Ele é a essência das essências, e não uma parte, como o podem por vezes conceber certas pessoas, de uma forma muito redutora. Repara que quando nos referimos a 'homem' [por exemplo na frase:'O homem é o culpado das vicissitudes deste mundo'], não só nos referimos ao homem, o ser masculino, mas também à mulher, o ser feminino, como se fossem uma entidade única e assexuada, curioso não é? Quando me refiro a Deus como sendo 'Ele', talvez eu me refira desse modo porque a palavra 'Deus' seja uma palavra (substantivo) masculina, mas isso não significa logo que, por consequência, seja uma característica de Deus, que Ele seja masculino.

Assuntos

Procura-se assunto para escrever num blog. Acho que muita gente procura. Eu sinto os assuntos a jorrar de mim para o vazio à medida que caminho sem aquela alma que deveria estar do outro lado a ouvir-me, dar atenção e sentir-se interessada por aquilo que tenho para dizer. Acho que vou começar de qualquer modo. Tenho tanto para dizer, tenho cada vez mais para dizer. As ideias fluem sem parar, as imagens passam e associam-se, a base de dados torna-se maior, e o tempo, esse, cada vez mais escasso e valioso. A motivação que nos leva a escrever, neste caso num blog, é o motor que pode durar mais ou menos conforme a qualidade desse motor, dessa motivação. E eu aqui sou um actor, eu sinto-me como tal, e no entanto não deixo de ser eu, mas, cada vez mais o sou. A motivação que me faz viver é a mesma motivação que me faz continuar a lutar por aquilo em que acredito. E aquilo em que acredito é: diga o que disser, faça o que fizer, ou simplesmente siga silenciado, tudo se resume a viver, porque eu estou vivendo! Luto pela vida porque a morte é certa e inesperada. Luto pelo poder que a vida tem, à minha maneira, da maneira que posso, porque mereço viver, porque algo que me transcende me diz que devo continuar a viver, doa o que doer. Uma motivação é sentir. Não devemos abdicar de sentir. Temos em nós a força da nossa vida, não devemos procurar no óbvio a força que nos faz viver. Eu procurei ardentemente no outro a força da minha vida, como se no outro estivesse o meu destino. São tão complexas as forças que unem os homens e no entanto como podem ser tão diferentes das forças que nos fazem viver e que só nós conhecemos. Essas forças que nos unem, essas energias que nos envolvem e que nos ligam e desligam uns dos outros são teias imensas, de tal modo que me custa a acreditar que tudo terá um fim, mas que aceitarei se assim o for, mesmo que nunca venha a ter respostas para isso. Por vezes, queremos dissertar sobre assuntos, queremos pegar num tema e desenvolvê-lo até mais não poder. E, eu, muitas vezes, pego no vazio e na incapacidade de aparecerem temas e desenvolvo as ideias que muitas vezes nada têm a ver, aparentemente umas com as outras. Eu desenvolvo, muitas vezes, temas baseados naquilo que sinto. Sei que posso estar aparentemente a falar no vazio, mas tenho a esperança que no momento certo tudo será dito e feito. Tudo têm um momento próprio para se fazer. E a gente sabe quando chega esse momento, porque o sentimos, assim eu o espero sentir. Idealizo o mundo à medida da minha experiência física e mental. E o mundo transcende-me infinitamente, embora eu ainda tenda a duvidar, e a questionar-me se o mundo não poderá ser abarcado pela minha mente conhecedora, é que tantas vezes me parece tão pequeno quando estou no meu mundo que confundo o que é o meu mundo com o mundo que existe lá fora e que açambarca o meu. Oh! Como é bela a semântica, como é bela na escrita, a dualidade de ideias dentro de uma expressão frásica. E digo dualidade como digo pluralidade de ideias que nos podem levar à esquizofrenia, ah, mas eu não queria ter mais medo, o medo é o que realmente não nos deixa viver. E, mais, falo também em auto – estimulação, a capacidade de nos desenvolvermos, ou desenvolvermos uma capacidade sem haver um estímulo real a provocar-nos tal desenvolvimento. São só assuntos e mais assuntos acerca do que se sente. Tanta maneira de dizer a mesma coisa que por sua vez trás tanta falácia, assim é o discurso humano do qual tentamos extrair o suco e tentamos apura-lo de modo a que sejamos cada vez mais perfeitos, aparentemente… Também tenho estímulos que me impelem a que me manifeste, a raiva é um deles, a contrariedade que me envolve, como se fosse realmente um ‘Mr Anger’ [expressão tirada do blog de ‘Mr Anger’, anger = raiva], que na verdade reside em cada um de nós.

Tanto assunto, e só um é o que é mais falado. O amor. Tanto assunto confundido num só, o amor. Tema que faz grandes músicas. O amor. Tema que nos faz mover. O amor… e o sexo. Antes só podia dizer amor, sexo era proibido, mas agora não, os tempos são outros, até já o diz o meu avô. Ainda bem que existe liberdade de expressão. Ainda bem que somos livres, e deixem-me que vos diga a crua e nua verdade, somos livres de destruir este mundo, desculpem que vos diga, mas os vossos filhos estão enterrados na lama e ninguém pode fazer nada. Como pode alguém pode confiar em alguém no mundo que corre? O clima de desconfiança é total. Desfrute quem pode desfrutar, porque quem não pode tem que aguardar por uma benesse que caia do céu. Que Alguém os salve, porque eu já não posso mais. Nunca me esquecerei, que ainda me chamaram burro. O burro era eu ?!!! Não posso mais, nem do meu destino sou dono. Como há gente tão cega? Desculpai que vos diga. Porque tenho eu que seguir este destino autómato? Acessos de raiva dão conta de mim, nesta vereda de palavras. Acessos, esses, que nunca se manifestam, a vida é demasiado curta para isso. Mas tenho que jogar este jogo, da vida, esta viagem eterna pelo mundo, tenho que entrar no jogo para viver, e no entanto eu não pertenço aqui. Eu que compreendo, pelo menos tento, acho-me vitima, de tanta incompreensão. Procuro a luz da coerência, a luz da coerência da minha vida. Outro assunto: A angústia existencial. O porquê de a minha vida ter sido assim e não de outro modo, porque não pude ser feliz quando queria? [A alteração do estado de espírito nota-se a cada frase que passa.] Como pode um homem seguir sereno? Como podes seguir sem conseguires dizer ‘desculpa’? Como me humilhei perante esta vida e nem sequer foste capaz de mostrar compaixão! Busco uma causa que responda à minha questão do porquê de mim estar aqui e agora assim. Porquê? Jamais serei eu quem te pode perdoar, o infinito Universo tratará de te julgar na justa medida. Anseio por ter uma paz, agradeço a que me é legada hoje. Desde o fundo da minha alma, até essa alma que está do lado de lá de um monitor ou onde quer que estejam, num espaço que eu nunca conheci com os meus olhos mas que eu o acolho com a minha alma. As almas vibram em conjunto, e juntas tem um poder, o poder mais alto que nenhuma alma só pode alcançar, esse é o poder do êxtase seguido da destruição. Não posso avançar uma data no tempo, porque o tempo é relativo. Mas posso avançar que é inevitável. Vejo seres que depositam esperança em tudo o que o homem criou, eles participam activamente dessa esperança, eles são o móbil da sociedade futurista, da sociedade que inventa e reinventa, acelerando o que é uma verdade inultrapassável, inabalável, e inconcebível neste ponto do tempo, a meta que todos anseiam alcançar. E o móbil é o mesmo de sempre: a sobrevivência, quero dizer, o amor, ou seja, o sexo, isto é, tudo à mistura.

            Sei que posso significar tudo e posso não significar nada. Sei que posso ser o ‘assunto’ ou posso não passar de um conjunto de gatafunhos que não se entende nada. Mas uma coisa gostaria que nunca mais perdesse, era que eu nunca me esquecesse de quem eu sou, jamais, que jamais me voltasse a perder de mim próprio e da minha relação espiritual com o Universo. Porque há pessoas que dizem para ser este ou aquele e eu pergunto-me: porquê? Eu que não sou actor na vida, eu sou actor apenas na tábua rasa. Na vida todos me conhecem, porque EU SOU ASSIM COMO SOU, esta indefinição que se define nos espíritos daqueles que me vêem e sentem. Escolhe o que sou, mas pensa que terás que viver com aquilo que achas, o que pensas acerca de mim. Escrever pode significar um vazio, quando nas palavras que exprimimos não há consenso entre um vasto número, maior ou menor, de pessoas. Mas pelo menos temo-nos a nós como espectadores (e expectadores) de nós próprios, e resta-nos a consolação de nos termos a nós próprios como melhores amigos, de revermos e reinventarmos as nossas ideias. Temos que avançar, mesmo que não vejamos resultados imediatos, mesmo que nada faça sentido, mesmo que não sejamos reconhecidos, porque devemos ter a esperança que encontraremos  o sentido algures no futuro, eu o espero. Devemos espalhar as sementes hoje para que no futuro as vejamos germinar, já agora as sementes do amor. Eu espalhei, eu espalhei… não é que o clima me atraiçoou? como eu posso perdoar o clima? E como eu posso perdoar quem manda nele? E quem mandará nele? Porquê (?) o meu destino, esta inter-relação entre passado e futuro, esta loucura de que alguém quer transmitir que o louco sou eu (?) Engole o que disseste (!), não cuspas na cara de quem está acima de ti. Desiste. Eu desisti. É verdade: arrependo-me e ao mesmo tempo não me arrependo. As coisas são como são, não há volta atrás. Mas a vida é justa, cada um tem o que merece. Queres que eu te empreste os olhos para veres pelo meu prisma, queres ser eu (?), então sê actor, e, nunca serás EU, porque um actor não passa de um palhaço -como eu o serei para muitos que lêem estas letras desgastadas pelo sono dorme! O universo te reequilibrará. Os assuntos? Não interessa… sê simplesmente, escreve simplesmente, dá vida às tuas palavras e ideias, dá-lhe alma, e elas tornar – se - hão vida – talvez eu o diga para mim próprio, tão-somente, para infligir em mim uma auto – energia de optimismo.

            Até ao próximo assunto.

 

comentário ao último post- Poder e política

<<Preciso de uma operação que custa cinco mil euros no privado entretanto espero, vai fazer quatro anos em Agosto, por uma consulta no hospital de Faro. Liberdade para morrer.>>

Fulano

 

 

    Os políticos, como qualquer pessoa que promete e é responsável e tem poder, deviam ser condenados por não cumprirem com o que prometem, pois o poder é um conceito que encerra (ou devia encerrar), em si, muita responsabilidade. E o mais relevante nisto é que põem falsas esperanças em muitas pessoas que necessitam ou simplesmente 'entram na onda' dos ideais de tais homens (tal como acontece noutras áreas de influência do âmbito humano), como se eles pudessem chegar a resolver o problema de cada ser humano, o 'cidadão' como lhes chamam. Cometem, muitas vezes, atrocidades, sobre o pretexto de que querem ajudar a melhorar o mundo, o seu país ou até onde o seu poder abrange. Mas os políticos não são Deuses, eles fazem parte de um jogo humano, o do poder, o de influenciar a vida das outras pessoas, quer para o caminho da vida, quer para o caminho da morte, quer se aceite esse facto ou não. A verdade é que, nesta economia, em que se 'adoram' os números, somos medidos, precisamente, por valores numéricos no conjunto e não como seres em particular que somos, nesta imensidão de gente que habita no planeta, cuja natureza parece agir com indiferença em relação aos seres que neles habitam, como se a vida fosse uma 'sorte' e um acaso. Já que este mundo humano é de impunidade, e a revolta nem sempre é o caminho a seguir, pois, por exemplo, pode destruir-nos mais a nós do que com quem nos queremos revoltar, resta-nos acreditar que a nossa existência terá um sentido. Em Deus (por exemplo, porque não?) ou num conceito que ele representa, a verdadeira natureza, não a natureza pervertida do homem. Acreditar que não é só a vida que tem sentido, mas que depois da morte, tudo continuará a ter sentido e que já havia um sentido antes da vida. E mais, o que é facto é que tudo funciona, apesar do caos que governa o mundo, por mais admiração que isso possa causar. Como pode funcionar assim? Não sei, mas o mundo não pára. Eu iria contra os meus princípios se fizesse algo em que não acreditasse e soubesse que poderia ter consequências trágicas nas pessoas. Os políticos talvez devessem fazer o mesmo. Talvez por isso não me demova do meu sentir primitivo e me guie por esta apatia em que caminho. Neste momento deverá aplicar-se o provérbio: 'A esperança deve ser a última a morrer'. Acreditem na natureza, que eu vou tentar fazer o mesmo, e que ela abra os olhos de quem pode e que essa natureza faça justiça, para que, quem pode, ponha à frente dos seus próprios interesses os interesses dos seres em geral e da natureza.

A caminho da meta

Sigo, como se houvesse um destino, a caminho da meta, depois de muitas metas ultrapassadas e outras que espero que ultrapasse, até à final. Preparo cada momento em que vivo (que vivo como se fosse, sempre, o último dia) para entrar em glória naquele momento que me transportará para não sei onde – nem o saberei jamais, muito provavelmente – se for transportado, para ser o que quer que seja, algo (muitas coisas provavelmente) com outra forma da que já tive um dia. Tento viver como se fosse o último dia, mas não nos extremos, não a desafiar o que é dado como certo, não na loucura de querer usufruir tudo em pouco tempo, nessa loucura que, por qualquer motivo, me parece querer possuir em muitos momentos e que possui, parece-me, muitos homens. Como todo o homem, eu sinto, tenho sentimentos e uma auto-consciência deles muito acima do homem comum (quero acreditar nisso). Com a minha abstracção, eu transcendo-me e crio filmes e situações na minha mente, eu vivo milhares de vidas e situações que me podem acontecer ou poderiam ter acontecido e nem por isso sou o homem mais bem preparado para o que há-de vir. Como qualquer homem cai-o no mesmo erro vezes sem conta, como se o que eu sou, a maneira como tendo a manifestar-me, a acção que me guia, me atraiçoasse sempre em situações idênticas e não conseguisse mudar tal aspecto ou tais aspectos de interagir com o mundo. No entanto sou uma unidade corpórea e feito de material finito, como todos os homens, e toda a minha grandeza espiritual, um dia, não terá o sentido que tem agora. Constrange-me essa indefinição do que serei eu depois desta existência, como constrange a muitos outros homens. Constrange-me o facto de que tudo tem um fim, e toda esta linguagem não terá mais sentido a partir de certo momento futuro, quando todo o mundo acabar. Constrange-me tudo o que perco e sei que perdi, injustamente e conscientemente, a maioria das vezes por culpas que não me pertencem, por motivos que me transcendem e eu tendo a descobrir e compreender. Penso que desde sempre a crise existencial fez parte de mim. O meu nascimento foi uma crise existencial e paradoxal. No entanto, cresci com esperança e fé de que algo de especial, que fizesse sentido, me esperava. Agora vejo, por vezes, que isso não é como eu expectava.

Sigo, por vezes com controlo (pelo menos parece-me assim) das coisas que me envolvem, entendendo-as, pelo menos. Penso que ‘entender’, ‘compreender’ o que se passa, é controlar. Mas, muitas vezes, esse controlo deixa de existir e começo a sentir-me à deriva, como um barco sem leme nesse vastíssimo oceano sem princípio nem fim. E tenho medo quando assim é, quando tudo começa a escapar ao controlo, quando deixamos de ter capacidade de assimilar e lidar com o que se passa nas nossas vidas, quando não estamos ‘à altura de’, quando o vazio nos corrói, a solidão que não percebemos de onde vem, quando o equilíbrio do organismo fala mais alto e se sobrepõe aquilo que desejava – mos sentir, – querermos estar bem e não estarmos organicamente e fisiologicamente bem -. Quantos sentimentos (!) por mim não passam por cada dia que vivo. Quanta raiva não engulo, por vezes. Quantas imprecações (!) eu não lanço a esta humanidade que me faz sofrer, estes biliões de seres que existem nesta terra e que geram o caos – pelo menos na minha mente -. Quantos ideais (!) eu vejo em cada ser, que não levam a lado nenhum, no tempo, façam o que fizerem (mas o curioso é que muitos deles acreditam naquilo que são esses seus ‘ideais’) - E comparo esse ‘acreditar’ dessas pessoas, com a minha fé e esperança de jovem em desenvolvimento, que eu tive, aquela coragem, que pensava eu que me acompanharia até ao fim dos meus dias -. Quanta alegria (!) eu já não tive e se perdeu na imensidão do tempo. Quanto desejo de prosperidade eu já não desejei para a humanidade (!). Quanta felicidade jovial (!) eu senti por pensar que dava os passos certos na minha vida – quando na verdade eu caminhava no sentido da despersonalização de quem eu sou, por motivos que tento descobrir. O quanto eu quis pertencer a esta imensa legião de homens (!), acreditar naquilo em que eles acreditam e, mais tarde, ser defraudado por tamanha expectativa. Sou um homem desiludido, é isso, somente isso. Um homem em que o mais básico lhe foi negado, e não estamos a falar de comida para a boca, de roupa para vestir ou de uma casa para morar – que isso não me faltou, ainda, porque me têm restado forças para ir lutando pelo essencial, e por estar minimamente integrado nesta economia global -. Estou a falar de algo que jamais entenderei, faça eu o que fizer. Como o mais natural que se tornou em perversidade, por Iavé (!), no que a humanidade se transformou, como perverteu, conscientemente (com uma nova consciência), tudo o que era natural, como o homem desrespeitou a natureza - Quando falo de ‘homem’, falo nessa larga maioria de seres humanos que ‘regem’ a consciência colectiva, esse senso comum (sentir comum) -. E eu não passo de um homem comum, no entanto. Eu estou imiscuído nesta sociedade, neste mundo destes homens, do qual eu também o sou, e só faço sentido por eles. E foi e é neste meio em constante mutação que eu me desenvolvi e desenvolvo, ate que uma força maior me vença. Mas, e se eu fosse um ‘ser especial’, na verdade? Que significado teria isso para os outros homens e mulheres? Que vantagem eu terei se for esse ‘ser especial’? Na verdade todo ser é especial, mas vida corrompe-o. Parece-me que os melhores dias da minha vida pertencem ao passado. Neste momento encontro-me, bastas vezes desencontrado, no entanto, com uma nova esperança a renascer, porque sinto novamente que compreendo, pelo menos um pouco, que seja. Não sei o porquê de tanto queixume, mas decerto tem uma razão de ser, mesmo que eu não a veja objectivamente. Quantos não choram para que tenham pena deles, actores da vida que na verdade são seres humanos como qualquer outro, mas que por vezes choram falsamente para tocar no lado de solidariedade e empatia do outro que os ajudam, merecendo ou não. Quem é falso terá que aprender com essa falsidade. Eu queixo-me, com razão ou não, no fim tudo terá sentido, ou no entanto, nem por isso, e só o vazio restará.

Falando como falo, a melancolia subentende-se neste caminho que trilho, - tanto no caminho da vida como no caminho das palavras escritas -, assim como outros conceitos análogos, palavras que não me apetece dizer neste instante. Transmito uma parte obscura que a vida tem, como a vida de qualquer pessoa, que é única na sua vivência ímpar. Eu sei que faço vibrar aqueles que sentem como eu descrevo. A nossa maneira de sentir é como uma osmose, se perceber-mos o que lê-mos então estamos a sentir da mesma maneira, contudo não com os mesmos circuitos activados. Assim o é ‘ao vivo’ com outra pessoa ou pessoas, a interacção leva a que haja osmoses de sentimentos tão intensos quanto o que conseguimos absorver e gerir. Somos estimulados e quando acontece isso o nosso ser leva-nos a que dê-mos uma resposta a esse estímulo, automática ou pensada, coerentemente ou descontroladamente. Precisamos do estímulo para caminhar até à meta. Precisamos de motivação para agirmos, e se somos motivados isso leva-nos a crer que estamos a agir bem, nem que na verdade isso não aconteça. Mas, dentro de mim há alegria, mesmo que me queiram fazer sentir o contrário. Em mim há mais ainda do que eu consigo imaginar. Eu mexo com os sentimentos que gerem os homens, os meus sentimentos são o de qualquer homem, mas com um auto-sentir esses sentimentos de um modo especial, que ainda estou para definir e descrever num futuro que não sei qual é nem se irá existir. E se um homem têm força, tem que a utilizar no caminho até à meta. E se um homem tem palavras, um homem tem que as utilizar nessa senda, para construir a sua vida, e alcançar novas metas. Nem que essas palavras caiam que nem castelos de baralhos de cartas um dia. Nesse caminho, a pouco e pouco, vamos deitando para fora o que de nocivo temos no nosso interior poluindo o ambiente exterior, purificando o ambiente interior, quem somos, para atingirmos a meta purificados. Toda a dor tem de ser abandonada e superada. Se assim não for, de outra maneira será. O tempo urge, e as metas estão à nossa frente.

A distância que percorri

 

 

    

         Começo hoje, aqui e agora, novamente, utilizando as palavras, desgastando o meu tempo, tentando transmitir o que eu sou a quem me que quer ouvir. Por outras palavras, ou por uma simples palavra: Recomeço. Não é a literatura nem o romance que me trás aqui, pelo menos não é somente isso que me faz escrever, mas sim, o facto de me atrair tudo neste mundo e neste universo, de ter tanto estímulo que me é subjacente. Atrai-me tudo o que diz respeito aos homens e a tudo o que o envolve, tudo o que me envolve. Busco respostas onde as posso buscar, ou seja através daquilo que consigo alcançar. Busco essas respostas na ciência, na Filosofia, na literatura, nas conversas mais banais, na experiência comum, perscrutando o meu interior e tentando perscrutar o interior dos homens e dos seres que existem, perscrutando a natureza no geral. Adoro a abstracção e a imaginação e a elas me ligo mais facilmente. Mas também gosto da realidade, daquilo que os meus sentidos conseguem captar através da minha percepção, a minha realidade. E sinto que alcanço voos nunca antes alcançados quando consigo conciliar o melhor dos dois mundos, o melhor da abstracção e imaginação com a percepção e a realidade, e consigo associá-los na forte inter-relação que existe entre eles. É fantástico (!) eu ainda estar aqui para contar o que vi e o que senti e vou sentindo nesta minha passagem pela existência. É fantástico (!) sentir esta dádiva que me foi concedida, que eu, por momentos, prolongados, senti que podia estar perdida. Eu não sabia onde era o norte, mas tive esperança. E eu ganhei mais um pouco de vida e ganhei imensas perspectivas com toda a experiência que adquiri das dificuldades. É certo que estou a passar por uma fase muito melhor do que as que tive e quero tentar agarrar esta oportunidade que me é concedida para transmitir algo que, porventura, ainda não percebo bem. É verdade que tenho uma grande incapacidade de ser um homem comum, acredito que nasci marcado para trilhar esta vida de uma maneira especial. É verdade que não sou um homem banal, mas não tenho que o provar a ninguém, a não ser a mim próprio. Senti-me tão longe de mim e afinal cada vez estava mais perto de mim, e estarei, se assim continuar. É verdade que tento adquirir e transmitir erudição naquilo que digo e que faço. Não quero ser fanfarrão nem o sou, tenho essa sensação que acredito ser verdadeira. É óbvio para mim que para muitos eu sou um ser desprezível, que tenta apenas um lugar altivo, um ser que não capta a atenção de ninguém. Mas também vos digo, que quem não se vê e se conhece também pode ter mais influência no mundo ou nas vidas de muita gente e seres do mundo do que aqueles que se mostram e que parecem inteligentes e pessoas fora do comum. Todos os seres estão interligados. E quero agradecer a força dos seres que me tocam no melhor dos meus sentimentos e da melhor maneira e que me fazem ter esperança, além de me fazerem sentir um homem deste mundo. Parece-me que a inter-relação entre os seres é do mais maravilhoso que pode haver, sentir-mos os nossos sentimentos a vibrarem nesse espaço infindável, dar-mos e recebermos o que de melhor pode haver, sentir o ‘feedback’ daquilo que somos. Viver é uma vitória, conquistada à partida, sobreviver é uma luta contra o desconhecido.

            Neste momento sinto-me um homem mais livre, porque me vou despojando de toda a carga de inutilidades que me pesavam no meu dorso tal e qual um burro de carga, como uma besta rendida à incompreensão deste mundo e da vida que o envolve, e também devido à sorte, não o posso negar, e, porque não dizer também, a Deus, esse volatilidade que cerca a minha vida. É verdade, senti-me pressionado na vida pelo peso que recaia sobre mim. Senti-me a perder tanto (!). Senti que estava a resvalar em lama para um fosso. Senti a fugacidade da vida, e senti que poderia não sobreviver para contar. Mas afinal, mais uma vez, me senti um ser abençoado e aqui estou eu. Afinal a minha vida não é das piores vidas que existem, e o que senti e sinto faz sentido (!). Mas também sei ver por outras perspectivas: somos carne e um dia seremos um monte de esterco (passe a expressão), por mais que nos custe a aceitar isso. Quantos bloqueios não tenho na vida (!). Quantos entraves ao meu caminhar! Quanta incapacidade de reacção (!). Como sinto nas profundezas do meu ser o saber a questão de que não estou preparado para agir quando deveria agir, não sei que volta hei-de dar a esse bloqueio. Não vejo o momento de estar preparado, mas sei que ele está cada vez mais próximo. A minha ansiogénese é alta, mas já foi muito pior, e ela está comigo há milhões de quilómetros atrás. Quantos nervos não foram abafados (!), apesar de me sentir como uma bomba atómica prestes a explodir. Quantos sonos dormi sem descanso (!) já faz tempo. Mas agora já vejo tudo a ficar mais claro, como uma praia de águas límpidas e pouco profundas, onde se lhe vê o fundo. Eu vi os meus problemas de dentro para fora. Eu continuo a vê-los, e que me seja permitido vê-los para sempre. E isso faz-me superá-los. Agora, sinto que há uma voz que chama por mim, vejo as minhas acções a prolongarem-se pelo tempo, vejo os meus gestos a fazerem, cada vez mais, sentido, apesar de estar sozinho. Mas gostava de ter muito mais tacto nesta vida. Agora sinto que sou cada vez menos um estranho em mim mesmo, era o mundo que me envolvia que me causava essa estranheza, como que a querer marginalizar-me, como se eu fosse algum criminoso. E assim as minhas vicissitudes tendem a serem comuns com as das outras pessoas. As vicissitudes do mundo tendem a globalizar-se. Com tanto adiamento de compensação, em toda esta minha vida, vi a descompensação a apoderar-se de mim. Contudo, embalei os meus sentidos ao sabor da música, e prossegui, devagarinho. Assisti à minha decadência, assim como vi e vejo a decadência daqueles que não estão na norma, daqueles que têm de se subjugar, ou quando não tanto, simplesmente viver o que lhes é permitido. E assim vi homens que se encontravam num pedestal, como reis no seu trono, comungando dos valores que lhes deram e achando que viviam segundo a lei da vida, quando, na verdade, vivem segundo a lei que lhes foram impostas. Vi homens que não permitiam viver aqueles que vivem sofregamente, não conhecendo a Lei do Universo, o traço mais ténue que separa a ficção do que é realmente este mundo. Tive momentos em que as lágrimas me escorreram pela cara, profundamente sentido do que a vida me fazia sentir e me revelava a cada segundo que passava. Não conseguia sentir o amor e a compaixão de quem estava próximo, um alento de esperança vindo de fora de forma clara, que me trespassasse o mais íntimo do meu ser, que abolisse a apatia a que estava votado. Assim era o meu dia-a-dia, magoado por aqueles que me rodeavam, a sentir cada vez mais próxima a morte em vida, a vegetação a tomar conta de mim a cada momento que passava, sentindo o sofrimento que fazia e faz desacreditar as pessoas que dizem que ajudam. Assim foi e assim é. Quanta indiferença (!), quando a gente mais necessita, quanta incompreensão e desentendimento (!), como se tudo fosse em vão, como se um ser nascesse para ser carne para canhão, pisado e gerido por quem tem menos valor, do que quem é gerido, quem é digno. Sim, acredito que há homens com mais valor e homens com menos valor. Porque me sinto indignado? Porque me foi negada a dignidade [.(?)] Porque caminho sujo e vacilante nestes trilhos de morte? Porque não me é permitida a coragem? Ah! Mas eu preservero, só que sinto que preservero para o nirvana. Eu diria que foram muitos dos que passaram pela minha vida que me tornaram num tipo esquisito. E agora? Fogem de mim e abandonam-me, aqui, lamentando-me de tudo aquilo que não posso mudar, engolindo em seco, revoltado, tentando gerir esta cólera que me ia consumindo completamente. Ah! Mas isto tem que mudar, este mundo tem que cair. Devolvam-me o que me foi retirado! Se pensam que me vou harmonizar com o mundo, porque esta vida são dois dias, estão enganados. As palavras têm que ferir quem fere, quem magoa tem de ser magoado para saber o que é a dor. Não se deve ferir quem não fere, como vingança de um mal feito, mas ferir quem fere. A luta tem de existir. E sei que podem mostrar-me os caminhos, mas se não for eu a trilhá-los, de nada servirá o atingir da meta.

E todos os sentimentos possíveis e imagináveis passam por mim, eu os reprimo, eu os ignoro, eu os mato, ou eu lhes dou vida e continuidade ou refinamento. É a vontade de algo que é superior a nós. Sou um escravo dos sentimentos, um seleccionador de emoções, um grande seleccionador (!) e ‘manager’ de sentimentos. A emoção é o resultado, os sentimentos são os jogadores. E neste jogo, constatei que optar pela táctica da ira e da frustração não é solução para encontrar resultados positivos, mas sei que não podemos ficar indiferentes ao que os outros nos provocam neste jogo. A contrariedade nos sentimentos faz parte da vida e faz parte do jogo e leva-nos ao resultado. A fuga à envolvência dos sentimentos também é um esquema que se utiliza como táctica para superar momentos de ataque ao nosso ser.  E contra os inimigos e adversários digo que não têm culpa de eu ter nascido e ser quem sou, mas porque hei-de eu ter culpa de eles terem nascido e serem quem são? Se eles não contribuem para o meu ser, porque tenho eu de contribuir para o deles? Ah! Mas eles hão-de redimir-se.

Ontem, como tantas vezes, observei a chuva miudinha que cai frente ao poste, que por sua vez, ilumina a árvore, o pinheiro que está por baixo, produzindo uma sensação de calma, nestes momentos em que medito, estas noites frias, em que recebo o calor da aparelhagem eléctrica. Por outro lado oiço a música que me envolve e envolveu a minha vida. Retomo reflexões que, pensei estarem perdidas, associações do pensamento sem fim, nesta intrincada teia que me faz crescer e compreender, na medida em que encontro lógica nessas associações e que, muitas vezes, me são negadas pela minha paixão, o meu coração, as minhas emoções, que anda por vezes exaltado com tudo o que tenho passado. Para onde sigo não sei. Mas não sou capaz de seguir o caminho do homem comum. Estou, neste momento, desprendido do mundo e, no entanto, fisicamente, como todos, não posso viver sem ele. Imagino que há coisas que não podem ser ditas antes da altura e do local apropriado. Perscruto esses momentos para dar vazão ao que sinto, para poder viver mais tempo, para ter mais equilíbrio. No entanto ainda me sinto terrivelmente desequilibrado a certos momentos, que querem fazer voltar tudo o que senti, querem assaltar a minha vida de novo. Ainda me encontro perdido muitas vezes sem perceber o contexto que me envolve. As minhas palavras buscam pelo eco das montanhas, pela vibração dos seres, para que o meu som nas se apague em vão. É estranho acontecer nas nossas vidas que vemos todos os perigos à nossa frente  e, no entanto, não conseguir-mos desligarmo-nos, desviarmo-nos ou evitar-mos esse caminho perigoso, como se o destino estivesse escrito, como se eu visse que havia algo a evitar mas o não pudesse evitar como se tudo fosse como um sonho em que vemos os precipícios e o que se está a passar mas não conseguíssemos entrevir nesse sonho pré-determinado. Na verdade, não sei porque levo tudo tão a sério, quando alguns levam tudo a brincar. Eu mesmo já um dia levei a minha vida a brincar. Não nos podemos deixar amarrar e devemos agarrar-nos aquilo e aqueles que estão em sintonia connosco. O sentimento de liberdade é essencial, o vermos os outros com olhos de ver, o sermos capazes de distinguir o trigo do joio, o bom do mau, e atacar-mos tão cedo quanto possível aquilo que está errado, se pudermos…  É importante também, para preservar a nossa liberdade, não perder o respeito por nós próprios e pelos outros. Sei que no meio de tantas palavras e ideias, tal como eu sinto por vezes, a linguagem humana parece ter tanto de útil como de inútil. Como pode parecer inútil a conversa quando o que precisamos é de sentir um carinho recíproco, um afago e um desejo meramente e sinceramente humano, de alguém com quem nos identificamos. Sabes o segredo das palavras intemporais? A linguagem não é tudo e deve fazer parte de algo mais abrangente nesta nossa dimensão humana, senão não fará sentido. É certo para mim também que quem tem saúde e estabilidade muitas vezes não produz e vive muitas vezes para o prazer somente, tenho constatado isso (Ah! Mas tenho a certeza que quando encherem a barriga de prazer vão produzir mais, ou então, nem por isso). Mais, a linguagem plastifica o mundo, dá-lhe forma na nossa mente, e permite-nos conhecê-lo melhor, cada vez mais. Mas chegamos a um ponto em que os conceitos não chegam, a linguagem não é tão abrangente quanto isso, tende a saturar-se com tanta repetição e entropia das palavras. Conquistando este mundo, o das palavras, podemos ir mais além na nossa mente. Associamos ideias e momentos cada vez maiores e com mais intensidade, compreendemos conceitos complexos e abstractos, a metafísica começa a deixar de o ser, atingimos novos recordes e os limites deixam de existir. Porque produzimos e descobrimos novas coisas quando podíamos ficar num patamar de estabilidade e relativa felicidade? Ainda não o sei. Algo nos faz mover. Nada está parado, em termos absolutos. Nada é imutável, por mais que tentemos descobrir ordem e padrões em constância, por mais que tendamos a buscar regras gerais para as coisas. Será que haverá leis no Universo? Algo onde se possa aplicar a ‘causa-efeito’ onde quer que seja, onde conseguimos confirmar que isto provoca aquilo, em qualquer parte? Tudo é relativo, e é relativo a sistemas. E, assim, oiço na minha mente frases como esta: ‘Agarra o sol enquanto ele brilha, entranha-o dentro de ti e fá-lo expandir em ti para que tu sejas uma estrela neste Universo, também’. E pergunto-te: Como podes amar quem não se move, quem não se demove do seu sentir? Como podes amar quem te cega os olhos com a luz da mentira?; Como pode um homem seguir se tem medo de que tudo lhe faça mal, de que tudo o possa liquidar?; Queres o poder, a sabedoria ou o dinheiro? Fará sentido tudo isso? Será que a busca última do homem não é o conhecimento que permita responder à questão última? – Olha-me nos olhos sem ficares indiferente, se fores capaz. Eu faço a gestão da minha vida, porque querem outros fazê-la por mim, porque não me deixam fazê-la? Estou cada vez mais distante do que algum dia pensei estar, nunca pensei que me pudesse sentir tão só nesta vida. Senti o peso da responsabilidade em mim, não sei porque motivo. Mas tento sacudi-lo, porque eu não posso com tais responsabilidades que eu imaginava poder suportar. Eu não posso ser usado como bode-expiatório. Dançando ao ritmo da música, movendo-se ao ritmo do mundo, caminhamos em sentido ao nirvana, pisando trilhos nunca antes pisados. Quereis chamar a atenção de quem? Influenciamos e somos influenciados. Sons que se imiscuem no ar, sons promíscuos, que retiram a beleza da pureza. Afinal que é isso da pureza? Porque olhas assim para mim? Não vês que eu não reconheço o que tu queres, mas sei o teu sentir comum? Não reconheço os teus desejos, mas sei quem és, como se todos fossemos iguais.

Mitigando a vida na busca de respostas

      Como pode um homem viver quando o mais básico lhe é negado? Como pode um homem, que anda com o coração na boca, em erupção constante, silenciado - em que lhe é negada a mais básica manifestação de expressão, uma palavra certa no momento certo – incapaz de pensar em sociedade, encontrar os elos de ligação que unem os homens, que o une aos homens? O mais difícil é não ser levado na corrente, mas há homens que o fazem. Há homens que se desligam dessa teia, conseguem libertar-se de uma (ou várias) teia (s) humana (s), para cair noutras malhas, ainda mais fortes. E não sei qual será melhor, se ser levado pela corrente ou se libertar-se dela e não sentir a pertença a algo, algum lugar, a alguém - porque, reafirmo, ninguém é de ninguém, se bem que cada vez mais dependemos uns dos outros [talvez em direcção à unidade] –. E não pertencer e libertar-se pode muito provavelmente significar o entrar numa ideologia própria e sentir-se só - porque poucos se encontram que partilhem ideais tão vastos quantos aqueles [esses que se libertam] alcançam, ou então não os descobriram, ou então, ainda, serão cegos e não os vêem, esses, os seus congéneres, estando eles lado a lado, ao nosso lado. E esses ideais vastos têm em si e demonstram [no íntimo de cada um, que é capaz de ver e ouvir mais além, de chegar onde mais ninguém ousa chegar], um pensamento intrincado, uma refinação do pensamento, a atenção do Universo dirigida para o ‘Eu’, um mundo de palavras com um sentido intenso, que quando não compreendido e reconhecido, quando não nos deixam ser quem somos, nos leva a uma decadência. Há momentos mais ou menos longos, ou mais ou menos curtos, em que somos tratados de coitadinhos. É certo que, de certo modo, isso é importante, nesses determinados momentos, nas nossas vidas, como uma mão que nos é estendida para que possamos subir o palanque, quando a força ou a falta de jeito nos falta. É um sinal de misericórdia desses que connosco se deparam, um sinal de que um dia também podem precisar dessa mão que foi ajudada. Mas um homem tem que lutar, seja de que forma for, para que não se reduza a uma insignificância, para que não seja tratado abaixo de cão e não fique prisioneiro em si próprio. Quantas palavras vãs não são [proferidas pelos outros e] dirigidas, erradamente, ao ‘Eu’ (!). Quantas vezes é necessário esquecer ou engolir em seco (!). Quanta banalidade e baixeza se ouve e se vê (!). E o ‘Eu’ capta esses momentos do interior humano e forma o ‘mapa genético’ desse interior que se manifesta, desse interior que é observado por uma mente que penetra no fundo dos seres. E o ‘Eu’ surpreende-se com o que vê – que é como quem diz: com o que sente -. Lembrai – vos, vós que andais com o sentimento de impunidade, a liberdade tratar – vos – á como agires. E é um jogo de sentimentos que anda na baila, uma brincadeira com sentimentos que fluem complexamente na sociedade. Porquê este medo de influenciar e ser influenciado (?), se sabemos que hoje, mais do que nunca, este jogo é vivo e excitante. Porquê o medo de sair do mais difícil (?): o equilíbrio utópico que se procura. Mas o medo alguma razão de ser terá, e eu, pessoalmente, respeito – o. Foi esse respeito e penso que é esse respeito que faz com que me respeitem. Houve uma altura, que reconheço na minha memória, em que senti um completo desprezo pela minha vida [por parte dos outros], as pessoas estavam votadas a esquecer-me - sinto esse sentimento como se fosse hoje -, eu não me reconhecia. Minhas mãos escorregavam pela encosta abrupta na esperança de encontrar uma última força e conseguir segurar-me nalguma saliência. Senti como um homem pode ser esquecido e o impensável dar-se a qualquer momento. Jamais o meu pensamento se projectava no futuro, como se deve projectar qualquer ser humano. E nada do que eu fizesse mudaria a mentalidade instalada nas pessoas, eu era algo do passado, uma esperança desvanecida. Eu estava desprovido da minha auto – consciência, ou não a reconhecia ou então não tinha a noção dela. Senti a minha sintonia perdida com as pessoas, não acreditava nem conseguia antever que forças me iriam ajudar a sobreviver. Jamais pensei recuperar um bocadinho do muito que recuperei hoje - como se eu tivesse recuperado –, o insignificante para alguns que para mim é tudo. Eu contornei, eu criei calo, eu estou insensível, mas sinto o tacto nas profundezas do meu ser, eu imagino tudo o que não posso tanger e a minha mente me permite alcançar. Afinal, seja de que modo for, eu sei que pertenço a uma mente colectiva, eu consigo compreender, à minha maneira que seja, as pessoas e o mundo. Aprecio a humildade e simplicidade antes de tudo num ser, o que aliado à inteligência, glorifica esse ser humano. O equilíbrio entre as qualidades e defeitos é algo difícil de atingir, mas eu acredito nessa possibilidade. E o meu ideal é válido, nem que eu um dia não saiba quem sou ou quem fui, mas, agora sei que ele é valido eternamente. Porque se querem silenciar as palavras? Porque uns tem o direito de influenciar e outros não? Porque uns fazem parte activa na sociedade e outros são seres passivos, apáticos, diria mesmo? O meu carácter é formado por um desejo intenso, como o de qualquer ser humano, sou dominado por emoções que revelam sentimentos e que me dominam intensamente. No entanto é-me negada a irreverência na mais primordial existência do meu espírito. Como pode um homem aguentar em tensão toda uma vida? Como pode um homem viver quando esse homem sente a sua vida pendente de um linchamento silencioso, como se o destino o quisesse fazer desistir? Desde sempre vi faces, olhares a cruzarem com o meu. Desde sempre sonhei e alguém foi sonhado. Desde sempre reconheci certas faces mesmo sem as vislumbrar. Desde sempre senti essa frequência [dessa onda, neste espírito sequestrado pela emoção]. Mas a contrariedade dos sentimentos impera. Essa fuga da envolvência, essa fuga dos sentimentos, das expressões, condena. Não espero encontrar a verdade, mas continuarei à procura de respostas, e serei um ser brevemente satisfeito, se as for encontrando, e as puder adequar à realidade, a minha realidade.

A neve, na minha terra

 

     Esta terra é minha. Esta Terra faz parte de mim. Eu lhe pertenço. Ela me há-de tornar infinito. Ela me há-de tornar na palavra mais bonita que alguma vez algum homem ouviu, o verbo que há-de mover e demover o mundo. Onde haverá lugar mais bonito senão aquele que podemos desfrutar, aquele que já conhecemos, aquele que nos é permitido conhecer com a sensação plena de serenidade do nosso ser. Serei o ar que respiramos, ninguém o vê, mas ele nos faz viver. Ah, se eu pudesse ser (!). Eu seria o clima, e o clima seria o que de mais belo há no nosso mundo, que é único. Apostaria quase tudo em como não haverá no Universo algo idêntico ao nosso [mundo], esta terra de sonho, esta terra é um sonho único. Eu cobriria alvarmente estes belos campos. Traria no meu seio a calma plena, de quem vem por bem. A minha terra está coberta de branco. Hoje é um dia especial. É um dia que é especial – como todos os são - neste sonho onde transito. Especial, porque diferente, especial porque reside em mim a esperança. Como podem ser bonitos os flocos de neve (!). Como podem eles traduzir a poesia mais profunda e intima que existe nos homens. Como nos podemos sentir especiais, em determinados momentos (!). O clima é tudo o que vai na alma dos homens. As tempestades e as bonanças, o sol dourado e a escuridão solitária. O clima é a manifestação dos sentimentos da nossa mãe Terra. Ela demonstra os seus sentimentos desta maneira, são as suas emoções. Ela nos acolhe e nos permitiu criar - nos e desenvolver – nos. Ela nos deixa progredir no tempo e nos concede tudo o que tem, até mais não poder, como um ser vivo que defende e que protege os seus seres, dando a vida por eles. Ela é um realmente um ser vivo. Não é infinita, mas não se pode negar a sua imensa beleza, e quando um dia sabemos que é única, então torna-se especial. Mas ainda há homens que pensam que se lhe pode pedir de tudo e que ela suporta tudo o que os homens lhes fazem, até mesmo um só homem – e isso causa-me admiração, como pode haver homens tão egoístas (?!), que põem os seus interesses à frente de tudo e de todos e que se acham no direito de usufruir sem limites, de conspurcar o seu próprio lar, pisando as flores deste jardim, ou, outros, tão simples, que são traços apagados à partida, (talvez) porque outros lhes querem tirar o lugar que merecem, o seu jardim, esses simples, os mal amados. Como me causa admiração que esta busca do homem pela perfeição e fuga à dor acabe por causar mais destruição e imperfeição e muita mais dor -. A alienação do homem será a sua destruição, pois, ele deixa de reconhecer a sua verdadeira natureza, e deixará – a cada vez mais, para se entregar à exaltação dos seus ritos e rituais [do homem], privilegiando a sua interacção esquecendo-se de quem é antes de ser homem e antes de ser um ser social. E o homem é matéria do Universo. Não me cabe a mim inferir se o que digo é pessimista. Eu até sou um homem feliz dentro da minha tristeza (!), eu até sei quem sou, e cada vez mais o sei (!). Não me cabe a mim ter pena do que me ultrapassa - talvez não possa mudar muita coisa, o suficiente para dizer que estamos no caminho certo – mas fico feliz em compreender, como qualquer homem busca compreender o porquê da sua acção, o seu motivo, o motivo do acto que o faz agir. E fico feliz por obter respostas e afinal ainda sentir que pertenço a este mundo e a esta sociedade e que posso ainda ter um lugar para mim, e isso é esperança. Mas a esperança não é eterna. A esperança, para resistir, requer investimento, logo, risco. Isso, admito que me falta, capacidade de investir e reagir, apesar de, pesar na minha vida tudo o que de bom posso fazer para o meu equilíbrio e de tentar prever os passos que serão errados. Mas sou um homem, antes de tudo, não sou um deus, e isso leva-me a errar, e o tempo que passa leva-me a que fraqueje. No entanto vou tentando redimir-me dos meus erros. Peço à sorte, quando a minha razão estiver ofuscada, que os passos em falso que der neste terreno de neve, onde por baixo do manto branco se pode encontrar terra firme ou simplesmente uma armadilha onde posso cair, não me levem aos limites da dor consciente e possa voltar a andar novamente - e aprender com a armadilha - ou então que não permita que a minha dignidade fique por mãos alheias. O branco da neve é como a luz que é pura. A luz vem da escuridão. O Universo tem muita escuridão, mas, dele se gera a luz. Temos que nos tornar pequenos para que possamos apreciar realmente a plenitude da beleza da luz. Se quisermos ver de um ponto de vista da altivez essa luz, ela nos parecerá pequena ao nosso olhar para que possamos notar e fascinarmos – nos no que ela tem para nos mostrar. Assim eu quero pertencer ao Universo, mas não quero deixar de ser pequeno, se possível como a mais pequena partícula que existe no Universo, como o Bosão de Higgs.

 

 

Rastejando

           Rastejando, serpenteando em busca do inalcançável. É o desejo que nos move, é a incerteza de que alguma vez o vamos encontrar que nos angustia. É uma busca incessante, uma compreensão que não cessa, é o mistério que se adensa, é o tempo que desgasta, que mata. Esvanece-se a esperança, aumenta a clarividência, como se a verdade estivesse cada vez mais próxima, estando, na verdade, cada vez mais distante. E falo de coisas grandes, do invisível, do simples, do invisível, mas tangível. Porque tudo tem de ter um tempo, porque tudo o que é bom tem de ser passageiro? Porque rastejo, em busca daquilo que me foi negado, como o ar que respiro? Atabafado, no meio de tudo, feio e bonito, bom e mau, cego. Mas os sentidos apuram-se e a fraqueza apodera-se como se os recursos fossem cada vez mais escassos. Dói aqui, ah! E agora ali também, ah! Mas tenho de seguir, não posso parar. Ninguém pode parar, mas… eu sinto tudo a fugir, cada vez parece que mais compreendo, mas cada vez sei menos, e busco os meus instintos a cada hora que passa, numa aflição que não passa, e já não sinto. Serpenteio entre tudo o que me tenta bloquear o caminho, em busca do objectivo desejado. Será que alguma vez tive objectivos? E que meios eu tenho para os atingir?

            Só há uma certeza, a de nos termos a nós próprios, a de me ter a mim e eu mesmo, de ambicionar um objectivo que nunca deveria ter desejado, de ter uma vida que não se compreende, de ter algo quer parece incontornável. Até parece que sim, por vezes estamos no topo, mas temos que vir cá abaixo para respirar. E fazendo a revisão do que sentimos, vamos de encontro aquilo que somos. Realmente há um destino, escolhamos o caminho que escolhermos, ele fala mais alto, e desafia-nos a lutar contra ele a todos os momentos. Pois, mesmo que vivas 1001 anos jamais ele será vencido. Pois, faças 1001 personagens, a verdadeira personagem prevalecerá.

Rastejando entre flores e ervas verdes. Rastejando em terreno pedregoso. Mas sempre rastejando, como se um castigo tivesse a cumprir, sem nunca ter cometido algo de que se possa alguém arrepender senão o de ter nascido, em busca de amor, como se alguma coisa faltasse para tudo estar bem. Não, ninguém é a personificação daquilo que se almejou, no mais fundo do ser, a essência, o potencial que vem desde lá do principio, mesmo antes de ser. Inspira, como se fosse a última vez, tenta respirar, como se alguma vez o fizeste. Eu faria alguma coisa por…, eu faço tanto por…, o vazio de…, a plenitude da contradição, a frustração de um sonho que nos persegue, o estar aqui eu e estares tu, frente a frente, o diálogo que faz sentido para alguém, aqueles que se perdem nos meandros da palavra, como se fosse magia, algo que desaparece e aparece do nada. E tudo em busca da linha recta! E tudo há procura da onda! E tudo confuso e preguiçoso, a não querer deixar os instintos. Ah! Se houvesse outros caminhos senão os da vulgaridade! Então olha nos meus olhos, hipnotiza essa serpente que te aborda e te mostra a sua língua bífida, ela não é perigosa, apenas o seu destino é esse, ir sempre até ao fim rastejando. E o objectivo será cumprido. Doa o que doer.

E o sol brilha depois da tempestade, ela é passageira, mas a devastação é enorme, mas aquele ser rastejante ainda lá anda. Como é possível? Como não se afogou? O Objectivo é pertinente. Foi tudo em vão! Terei que recomeçar de novo. Uma nova oportunidade para nos sentirmos vivos outra vez. A quem vais pertencer desta vez? Ao silêncio do Universo? À beleza do nirvana? Ao brilho eterno de uma estrela enquanto durar? Ou vais pertencer a ti próprio e saber que não tens fim e tudo foi como foi, e que resta apenas o que subsistir. Lindo começo de dia, magníficos amanheceres, grandes sentimentos, brandos como o entardecer, eternos segredos que jamais alguém irá desvendar. O campo floresce novamente, como se tudo fosse imutável, mas já nem me repito, para não dizeres que sou chato. Esperança, fé, envolvimento, burla, engano, culmina a paixão, derrete-se o gelo, tudo tem tradução no manual das eternas palavras. E penso que volta hei-de dar, para não voltar ao mesmo lugar.

Afinal, sou, só um, homem, a rastejar.

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