Corria o Novembro de 2003
11-11-03
Tantos pensamentos dispersos, tantas ligações entre eles. Fico stressado quando me tenho que exprimir, como se estivesse preso em mim. A voz falta-me. O rubor assalta-me à face. Ando bloqueado, ainda, é isso. Talvez eu nunca consiga mudar esta maneira de ser que está tão intrincada em mim, dentro da minha cabeça, mudar como eu queria pelo menos. E Esta incomunicabilidade deixa-me louco, pelo menos faz-me imensa pressão nesse sentido. Esta incapacidade de interacção com alguém é terrivelmente assustadora, a começar pelos pais, que já não têm capacidade, há muito tempo, de me compreender, e ter de viver com eles. Estou a melhorar, devagarinho, mas pergunto-me se algum dia chegarei a estar suficientemente bem, comigo mesmo também, para poder seguir a minha vida, só ou acompanhado. A minha capacidade de afirmação é diminuta, e isso têm-me dado imensos problemas sociais. Ando desintegrado. Estou continuamente a cultivar os meus sentimentos, como se fosse um narcísico. Bem me podem chamar narcísico se isso for sinónimo de introvertido. Mas pela definição que está no dicionário, narcísico não posso ser, porque eu não tenho amor excessivo pelo meu aspecto físico, pela minha própria pessoa, não estou “enamorado de mim próprio” como explica o dicionário. Talvez até por eu ter uma ideia negativista de mim próprio é que eu tenho determinados problemas. Na realidade sou introvertido, mas não narcísico. O diagnóstico implícito que tive do meu problema, esquizofrenia, pesa sobre a minha mente indefesa. Tenho consciência de tanta coisa, e não as consigo verbalizar, nem sequer de resolver certos casos que descobri as causas. Realmente somos tão pequenos que pouco podemos fazer para mudar o mundo, até pouco podemos fazer para mudar – mo - nos a nós próprios. Por exemplo eu queria ser um bom conversador, já tomei consciência há muito tempo (Embora seja relativo dizer que é muito ou pouco o tempo) de que falava pouco, mas não consigo fazer isso, tornar-me conversador de um dia para o outro. Até porque não tenho disposição para isso, logo tentar ser isso é ir contra a corrente. Tenho a sensação de me estar sempre a repetir cada vez que escrevo no papel, parece compulsivo, há tanto para dizer mas só me ocorrem sempre os mesmos pensamentos, quando não é que a mente fique em branco. Mas é a verdade e tenho que encará-la de frente.
Noto que há nos meus problemas uma relação de vários factores ligados entre si formando uma cadeia, um ciclo vicioso do qual tendo a sair aos poucos.