Quando, sempre, o Interior se torna Público
Quando as ideias, os pensamentos privados, se tornam públicos é como se estivéssemos a cantar no banho sem ninguém por perto para ouvir, e, no entanto, alguém estivesse ouvindo; acontece. Assim faço, por vezes, como se estivesse só a pensar para mim, e, sem dúvida, o estou. Confusos eles são (os pensamentos), numa entropia marcante e galopante dos tempos correntes, (estou) sempre fora do Hype do momento, constantemente indefinido. Exagerando com a verdade, dentro de Hypes que não compreendo. Sempre a tentar evoluir, sempre com a ideia de melhorar, rumo à meta da perfeição, sem nunca estar satisfeito, contudo, como se cada vez estivesse mais longe, absurdamente, paradoxalmente, como se me estivesse tornando cada vez mais imperfeito; Carácter demandante do futuro, sem nunca perceber em que situação estou. Trouxe-me aqui o desabafo, a introspeção pública, nesta Era perigosamente fascinante, maravilhosa, em que nunca imaginei no que me iria tornar (tomando consciência do Mundo que me envolve através de uma maneira muito frugal, com poucos recursos, no entanto com um conhecimento permitido muito vasto, dada a envolvência que me possuiu); Estou aqui tentando montar um Puzzle, chegar a uma coerência na minha vida e na vida que me envolve, algo com pés e cabeça, algo de grande, sendo ínfimo; E, aqui sou eu nesta abstração que, julgo, me salva, num trance de íntima excentricidade rumo a essa Grandiosidade que é a Nulidade, parece-me, Cepticamente, ou tão corretamente dito. Mas estarão determinadas as nossas vidas? Que parâmetros (nos) /me regem? Os limites eu sei-os, em escala conhecida, ambicionando ultrapassá-los sempre no meu íntimo, dando passos contrariados, como se quisesse mudar o Mundo sem conseguir, tornar a fluência de tudo na minha vida a meu favor, para me sentir bem, naturalmente, como se pudesse voltar a ter a naturalidade, novamente, esperançosamente. Ah, mas porque não sou como ‘aquele’, como o ‘outro’, eles é que são felizes! Porque não posso ser eu, simplesmente, se, sempre o Sou, sempre…,‘’…The best things in Life? All the simple things…’’, Joe Cocker canta. E, assim, por achar que não posso mostrar quem sou, acabo por me repetir, manifestamente (talvez, assim, tenha que ser), tornando-me em ideias que possivelmente jamais entenderei, ficando num escrutínio que não consigo entender nem alcançar, envolto num complexo Poder do Mundo Moderno, poder que destrói quando usado na sua força bruta. Pensava eu que tudo tinha explicação segundo a Ciência, segundo uma causa-efeito, tudo podia ser matematicamente explicado, no entanto continuo a crer, profundamente, que não é assim somente, não é bem assim. O curioso é que, sempre, tudo fala connosco e nós não queremos acreditar, não sabemos ainda lidar com esse fato conscientemente. Assim, segundo o que pensamos, os ideais que nos regem, todo o nosso interior é visto por algo Grande que nos envolve, e que a nós se dirige, segundo esses mesmos ideais, pensamentos etc. mesmo que ainda nunca tenham sido manifestados verbalmente, ou percetivelmente para aquilo ou para aqueles que a nós se dirigem. Depois disso, tudo o que pensávamos ter controlado parece ir descontrolar-se, acontecendo milagres todos os dias das nossas vidas, da minha vida.