Entusiasmado
Por vezes entusiasmo-me por mim próprio, em mim próprio. Sei que o que sinto e vejo é magnífico. No entanto, fui educado e cresci com a forte convicção de que a prudência é nossa [minha] amiga e joga a nosso [meu] favor. Já o que faço [exprimo] é extremamente limitado, tanto em trabalhos manuais como em expressividade de outro tipo, e isso torna-me imensamente inseguro, não acreditando em mim próprio e fazendo-me sentir como um incapacitado muitas vezes – sei que sou exigente comigo próprio e isso contribui para que eu me sinta desanimado facilmente quando não vejo resultados bons na minha acção. Tento há já muito tempo [há anos] concretizar, especificar, aquilo que me faz um profundo atrito, aquilo que me trava e não me deixa evoluir. Pensei a certa altura, há uns anos atrás, que não conseguiria jamais identificar, restringir e particularizar, aquilo que eram o meus problemas, tal era o meu estado e a quantidade de problemas que me atormentavam. Felizmente, agora, me parece que tal situação melhorou imenso: aprendi tanto nestes últimos anos (!); vi coisas que nunca pensei vir a ver (!); exprimi-me como nunca pensei mais que me exprimiria, em particular, aqui neste blog; fiz coisas e relacionei-me com pessoas de um modo que nunca mais pensei que iria fazer, apesar dos meus, ainda, grandes handicaps (dificuldades) sociais – que talvez nunca acabem, mas vejo que também a culpa é da dificuldade em se entender com os outros devidos a imensos motivos que não só estão em mim, mas em grande parte nos outros, agora vejo isso; Sem dúvida eu mudei (!) e todos aquele problemas que me atormentavam e pareciam imensos e impossíveis de particularizar para os poder ‘atacar’, eu os defini e separei em grande parte, para minha admiração. Assim também, neste momento, vejo e compreendo porque muita gente continua frustrada na vida, a zangarem-se com quem não tem culpa nenhuma dos seus problemas, com quem quer, até, ser seu amigo, a fazer perdurar o seu desequilíbrio; e isto acontece porque as pessoas perdem a noção, ou não identificam [porque não conseguem identificar ou porque não conseguem lutar contra o motivo de todo o desequilíbrio em suas vidas] o causador ou a causa de origem de todos os seus problemas, e não lutam contra essa causa ou causas – eu andava assim(…). - [Penso, ‘talvez eu seja um sortudo’] - Por exemplo, no meu caso eu vi que o meu pai é o grande causador de todos os meus problemas da minha vida, apesar de ser ele quem me deu os pontos de referência para muita coisa de quem eu sou, e ainda me dá; muito resumidamente: suas atitudes para comigo ao longo da minha vida, sua maneira de ser para comigo, sua personalidade controladora algo mais ainda que eu não conseguirei dizer agora ou por poucas palavras, todas aquelas coisas que eu compreendi e associei em minha mente, eu as fui destrinçando e destrinçando aquilo que meu pai é e a maneira como ele, com tudo o que ele é, me foi afectando ao longo da minha vida, e me fez andar errático; além disso, eu associei tudo isso no ambiente familiar que me cerca, entre os quais a maneira como os meus irmãos são e agem e em relação com a atitude e maneira de ser da minha mãe também; e posso dizer que cheguei a conclusões que fazem todo o sentido até porque as constato in loco, no momento real e presente da minha vida e isso serve-me de referência no modo como hei-de de agir perante as minhas adversidades. Seja ou tenha sido tudo como foi, o tempo é unívoco, e pais e famílias só temos uma, e eu tenho uma e fico contente por isso, ao contrário de muitos que andam perdidos sem referências e sem compreender o porquê de suas vidas serem como são. O ponto principal de tudo isto é que eu compreendo a minha vida e isso me faz viver, apesar das dificuldades; não consigo enxergar um mundo sem dificuldades, e tudo o que se passou na minha vida me transformou no ser tímido, inteligente, magnífico, maravilhado, agradecido, que eu sou. As dificuldades são assim, muitas vezes incompreensíveis no momento nas quais as estamos a vivenciar, mas que trazem o fruto mais saboroso no fim de tudo, e a sensação de ter vivido e ter usufruído do prazer de viver é algo de indefinivelmente belo. É certo que cada vez mais o mundo me foge, o tempo quer levar toda a potencialidade existente em mim, sei que um dia será pior, mas quero acreditar que serei um ser cada vez mais conformado há medida que tal acontecer e ainda mais agradecido por tudo o que foi a minha vida, pelo menos eu posso dizer, eu vivi, eu tive uma vida, cheia de plenitude.