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Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Mais um alegre blog...?!

Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.

Momentos

      Um vazio tende a invadir-me. Tenho medo da apatia. Tenho medo de magoar e ser magoado. Tenho medo de olhar e de ser olhado. Tenho medo das expressões, não consigo entender a minha, não consigo entender se é a minha que provoca as dos outros se… só pode ser a minha. Sinto-me o culpado, o culpado de muita coisa, de coisas que nem eu sei que me dizem respeito (mas parece que o que quer que seja me diz respeito, eu sou o centro do meu mundo, e esse centro está descomandado), desta personificação da angústia que mora em mim, que absorvo dos outros, que provoco nos outros. Vejo a minha face reflectida na face dos outros como se eles fossem meus espelhos. Não sei nada neste momento, sinto-me confuso e tudo o que sei a certos momentos tende a cair por terra como se tudo deixasse de fazer sentido como um  moribundo, à beira da morte, como se a memória não me deixasse saber quem fui e quais são os meus objectivos. Apetecia-me desistir, fugir, esconder-me, sei lá onde. Pergunto-me quanto tempo vou aguentar. Se a pressão voltar sinto que vou ceder, mas vou tentar ser forte e ser digno. A minha expressão é de angústia. E tudo volta a mim, as expressões que eu transmito. Não compreendo o olhar. Navego apenas pelo sentir, pelo meu sentir tentando compreender o dos outros. Não encontro o meu lugar. E sinto tão intensamente quando em conjunto. Sei que não posso agradar a todos. Que angústia (!), vinda de tanta raiva contida. Procuro a quem posso culpar, procuro e não encontro. Nada faz sentido, como digo, em momentos como este. Nestes momentos, não sei o que me guia, quem me guia o que me faz andar aqui. Preciso do meu tempo, e o mundo não me quer dá-lo. Nestas horas não compreendo. Nestes momentos estou em branco. Nestes momentos apenas me lamurio para mim próprio, porque mais ninguém quer saber das minhas lamúrias. Nestes momentos sinto o tempo a perder-se, nestes momentos sinto o desperdício dos meus actos, nestes momentos sinto que estou errado mesmo que queira acreditar que estou certo. Nestes momentos todo o estímulo se esvai e me deixa no vazio das ideias. Sei que ninguém tem tempo a perder com palavras pessoais de um estranho que se chora para que se tenha pena dele, de alguém que ao ler dois textos se descobre logo o método de escrita e de expressão auto – comiserativa. Neste momento como tantos outros eu me exprimo assim. Sinto-me extenuado, facilmente me canso. Procuro constantemente saber a quem pertenço neste mundo, ou será que não pertencemos a ninguém? Sei que se eu não persistir eu ficarei só, mas se persistir nada mudará também para melhor, porque o cancro tende a destruir-me. Que estranho cancro este(!). Permitam-me ao menos eu dizer o que tenho para dizer antes de a minha hora chegar. O meu tempo chegou ao fim. Todo o tempo que virá, por acréscimo, já não me pertencerá, e todos os dias serão como se fossem os últimos dias da minha vida até que um dia o será mesmo. Não sei por que me consomes, mundo. Não sei porque me tiras e me dás apenas o que queres. Vejo o que vai no interior das pessoas, e por vezes isso é mais perigoso que o meu próprio olhar angustiado. Só queria poder respirar sempre. Porque me falta o ar? Como atrás de uma aparência forte e normal pode estar alguém tão fraco e carcomido? (!)Eu só… só queria dizer, só quero dizer que me apetece falar sem dizer nada. Preencher o meu tempo com palavras fúteis, sem significado, tal como o são certas conversas comuns - mas que alguns as são capazes de tornar tão interessantes, com todo aquele sentido emocional, toda aquela assertividade -. Como és capaz disso? Eu só queria poder sorrir, sentindo que me ria com alegria verdadeira, como a alegria que me invade, em pensamentos, a certos momentos. É melhor nem me conheceres, a não ser que queiras saber o que é andar na vida, angustiado. E depois têm pena, ou então pelo contrário, esfolam quando já está morto. Como o mesmo ser é capaz de tudo (!). Estou mesmo desenquadrado de tudo. Não sei que vazão hei - de dar a tudo isto que vai em mim. Ai do desespero que se apodera facilmente. Porque foge de mim a motivação? E se eu estiver mesmo errado? Que paradoxo este da vida e de tudo o que existe. Não sei se me respeitam se me odeiam, não sei quem são tais pessoas, e sei que a certas horas me odeiam e a certas horas gostam de mim e me respeitam. Mas afinal quem somos? Ou serei eu uma ave rara? Alguém que não tem cabimento neste mundo? Porquê a existência do descontrolo? A prisão em nós próprios? Gostava de ser alguém correcto, ao contrário de quem não foi para mim. Poder dar uma palavra de consolo. Mas, agora, é tarde de mais. O preconceito já foi criado e eu já não o posso mudar facilmente. Que seja cada um para si, então. E há momentos em que me sinto por inteiro, e de um momento para o outro deixo de me sentir. As ideias idênticas repetem-se sem fim, e o blog desgasta-se num conjunto de palavras. Cada vez sou mais eu, sem saber ainda o que isso significa, mas ainda tenho esperança de que um dia o venha a saber, ainda espero por esse momento ou por esses momentos.

   

Auto – consciência

 

            Nesta auto – consciência que me possui e que me consome muitos dos meus recursos eu navego sem fim à vista, no entanto, sempre a ultrapassar os limites da consciência. Tenho que ter esta auto - consciência, senão perdia-me. Este sentir intenso de mim mesmo, do meu ser físico e do meu mundo metafísico e do mundo metafísico que me envolve. Por mais que conheça, conheço muito pouco, sei-o. Mas tenho que valorizar o que sinto. Sei que mais ninguém pode valorizar. Talvez não façam sentido para os outros os sentimentos alheios. Mas para mim fazem. Este mundo é estranho, por vezes parece que o conheço, mas fico surpreendido por tudo o que nele surge. Por vezes não sei onde começa e acaba o sonho ou o pesadelo e onde começa e acaba a realidade, como se tudo se interpenetrasse. Já mais vezes o disse, sinto-me um ser estranho, pelo menos sinto que me fazem sentir como tal e vejo que me vêem como tal. Não sei porque causas me sinto assim. Mas sejam quais foram as causas, só posso lutar contra aquelas que são presentes, as outras, as passadas, só as posso imaginar. Não oiço uma palavra de alento. Não vejo uma mão que se estenda. Vejo uma humanidade a caminhar para o nirvana, cheia de esperança por um futuro melhor. E tudo foge, ou pelo menos tenta fugir. Falta em mim algo que é inefável, mas que eu sinto que existe. Sinto que há algo mais para lá das minhas perspectivas. Eu não posso demover o mundo. Sinto-me abandonado, se eu me perder, como um cão vadio. O mundo demover-se-á quando é tarde de mais, como sempre, mas ainda com esperança. Será a felicidade ainda possível? Porque serei um ser especial, se o for? Porquê a solidão, de quem trilha o caminho que nos leva ao além, se não for uma ilusão? Porquê estes caminhos tão vazios?

O jogo da vida

    Começa. É o jogo da vida. Mas como e onde começa? Alguém o saberá? Vejamos por este prisma: a vida não passa de um jogo geral onde existem regras, mas que nem todos a interiorizam ou as descobrem ou lhes não é ensinado. É como o jogo da vida económica, das regras do dinheiro, inventado por alguém, mas nem todos o conhecem e sabem jogar. Este jogo que é a vida, é jogado instintivamente, quando a razão não tem meios mais civilizados para o jogar, quando as palavras ainda não fazem parte do jogo, quando o pensamento abstracto ainda não existe. É esse jogo instintivo que nos fascina e nos dá sentido (a esse jogo), como se tudo o que fizéssemos fosse magia, onde todo o nosso ser se entrega e deleita com cada passo que se dá para atingir o nível seguinte. É esse instinto de vida, que é fascinante, o não sentirmos o controlo da razão ou de qualquer força que reconheçamos, como se não houvesse regras, ou melhor, podendo havê-las subentendidas mas dominando-as de forma instintiva, como quando sabemos que 1+1 são 2, embora não sabendo a que se refere esse 1+1. Como é bom saber a teoria mesmo sem nunca ter feito a experiência, como é bom saber que é assim sem ter de o provar a alguém, como é bom ter a certeza que algo vai funcionar assim segundo os cálculos e os sentimentos e no entanto sem lhe tocar, a priori, temos a certeza que é assim, sem duvidar. Porque não se acredita mais a partir de certa altura, se um dia aquilo que sentimos era verdadeiro? Porque não acreditas? As pessoas são cépticas. Só acreditam no que lhes é objectivamente dado a conhecer, segundo o padrão perceptivo normal, da norma comum que são as pessoas (normais), segundo a sua maneira de pensar comum, o senso comum. Acreditam que a ciência lhes dá tudo, as respostas para tudo. Querem por o homem a funcionar segundo o esquema ‘causa - consequência’, onde todas as consequências têm que ter uma causa. Querem, à força, pôr leis em tudo, do tipo, quando funciona em todo lado então há uma lei (!). Querem à força atingir a explicação para tudo, o máximo onde se puder chegar. Mas é verdade que antes de o homem ver ele já sente, o sentir é primordial na existência dos seres. Para um homem um dia chegar a ver, ele tem de sentir, e eu vos digo que sinto que é assim. As pessoas que vêem e chegam a adultas esquecem-se disso, pelo menos julgo que uma enorme parte da humanidade cega com o que vê e não consegue sentir, principalmente no mundo da imagem de hoje. Vivem felizes (somente) por verem. Então e o sentir? Aquela causa primordial que gera o que se vê? Não sabem sentir. Para homens verem o interior da matéria, houve o sentimento e a imaginação a funcionar, para verem o que os olhos não viam. Os átomos são esse exemplo. Se alguém sentiu um dia que havia algo que lhe transcendia incomensuravelmente, e o transmitiu da maneira que o sabia transmitir, esse sentimento é válido. Resta é mostrar aos outros esse sentimento, mesmo que não haja imagem dele. O que se sente é verdade. O que se sente não é ilusão, ou é tão ilusório como uma pessoa olhar para uma rocha e reconhecê-la como tal. Agora, há ilusões que são adaptativas, a ilusão que é comum às pessoas e que serve como meio de partilha social, e há as ilusões que não se englobam em tais situações ou ainda não são reconhecidas por uma basta unanimidade e que levam as pessoas a duvidar da sua própria sanidade quando se deparam com tais realidades criadas pelo seu ser. O espírito criador não cede, e esse teima com o que sente e procura prosseguir não negando o que sente, porque negar o que se sente é negar-se a si próprio, e o criador não nega a sua criação. Os homens não são todos iguais, cada um tem o seu ser próprio, físico e espírito únicos, por mais idênticos que sejam os seres com que se identifica. E então cada um tem a sua maneira de jogar o jogo da vida. Cada um se adapta melhor a determinadas situações do que outros. E podemos também falar em visões, que são diferentes, em cada homem, em cada mulher, a realidade segundo a qual cada um é o que é, aquilo com que cada um se identifica no meio dos outros. Isso leva-me mais longe, a unicidade do ser, que cada um tem que aceitar mais tarde ou mais cedo. E falaria em solidão, quando nos vemos sozinhos com o nosso jogo, com a nossa visão, a nossa ilusão, a nossa realidade do mundo. Sentimos a solidão, como alguém disse por outras palavras, quando os nossos sentimentos não encontram repercussão neste Universo de pessoas, do homem no geral. Quando, façamos o que façamos, não nos sintamos reconhecidos, quando deixamos de acreditar em nós próprios e naquilo que sentimos, quando não queremos ou deixamos de ser capazes de lidar com a influência que nos é provocada e deixamos de influenciar. A vida é um jogo, sobretudo de sentimentos, auto-conscientes ou não. Sei que um homem não deve desistir desse jogo. Mas quando acreditamos que o jogo não nos está a ser favorável como fazer para sair dele? O pânico apodera-se de nós, estamos a jogar falsos trunfos, estamos presos na previsão do resultado e ainda temos esperança que esse jogo mude a nosso favor. Perdemos. Baralha cartas e dá de novo. Mas perdemos e perdemos outra vez, continuadamente, o instinto já se foi há muito, resta a esperança de que algo que não controlamos nos dê o controlo novamente. Assim é o jogo de alguns. Não sabem jogar às cartas, nem têm hipótese de vir a vencer, e enveredam por jogar outros jogos que estejam de acordo com as suas capacidades e que se possam realizar com tais jogos. Desenvolvem-se capacidades desconhecidas, fazem render outros homens ao seu jogo e tornam-se campeões, encontram o seu dom natural. E o orgulho, que se tendia a perder cada vez mais com as derrotas de um jogo que não era o seu, renasce. Afinal a vida ainda tem sentido, nem que seja por horas, porque o jogo, por melhor que sejamos, também tende a ter más horas e podemos acabar por perder jogadas. Ah! Mas nesse jogo somos pró! Sabemos que podemos perder, mas somos dos melhores, até porque fomos nós que inventámos esse jogo e fizemos atrair os outros para ele. Ou esses gajos que se tornaram bons já se esqueceram quem foi o Pai do jogo? E assim, um homem morre em paz consigo próprio, no seu jogo, sabendo que tudo o que fez lhe deu felicidade e afugentou a dor, sabendo que jogou um jogo que conhecia bem.

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