Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Enfeitado , disfarçando; traduzindo: as horas, o tempo que passa, inexorávelmente, e sentindo os sentidos da minha vida e de tudo e todos os que minha alma toca e abrange. Bem vindos a este meu Universo.
Procurais constantemente uma água que dessedenta. Mas a verdade é que tendes cada vez mais sede, mais necessidade dela. Essa água não vos é imprescindível, no entanto fazeis como se fosse. Tudo gira em volta desse desejo, por isso ireis morrer a lutar pelo supérfluo, e direis que é em nome de uma entidade, direis que é em nome da vida. Mas é em nome da inconformidade e da falta de sentido que trilhais caminhos, na busca de respostas. E mais, cortais braços e pernas e cegais, sobretudo tentais cegar os outros – atirais terra para os olhos de quem não se pode defender -, para que vós estejais acima de tudo, acima dos outros, esse é o vosso prazer, homens de topo que deixais vossos filhos na escuridão. A verdadeira água que dessedenta está na fonte eterna - nem eu sei qual é -, e não alcançável aos lábios do seres comuns. Muitos seres que nascem não conseguem enxergar essa fonte, sentem-se no direito de tudo, como se a liberdade lhes pertencesse totalmente, e seguem os desejos da moda, seguem a bebida que os integra numa sociedade que é falsa, e bebem o líquido que lhes tira a vida, ao contrário do que eles pensam, em nome de amizades que na realidade não existe. Vivemos lado a lado com a pureza e com a imundície. Mexeis na porcaria e isso dá-vos prazer. Que loucuras! Mas a quem se pode atribuir culpa de tais actos? Não se atribui, mas cada um assume os seus actos, nem que não veja que tal está a acontecer. Qual será o bom caminho, o caminho a escolher? Cabe a cada um procurá-lo. Não há saída, a verdade é que esta terra é um labirinto, mas sem saída possível enquanto seres perenes. Então a única saída que vejo como possível de ser alcançada é o fim, o nirvana, a eternidade do Universo. Podereis encontrar respostas, mas não encontrareis saídas. Podem prometer-vos saídas e esperança, mas tudo isso é falso, excepto a esperança que quando reside em vós vos faz acreditar mais um pouco de que algo faça sentido no fim de tudo, que os nossos passos não sejam em vão, na busca daquela água que dessedenta eternamente. A vida é tudo, a morte é nada. As leis dos homens não imperam, mas sim a lei do Universo. Um homem é um animal antes de tudo, e como tal age coerentemente com aquilo que é em primeiro lugar. Ele terá que se transcender para que os seus ritos animalescos sejam ultrapassados na compreensão do que o envolve. A verdade que tento alcançar faz-me voar mais alto, como penso que todos o terão que fazer, para alcançar a visão de uma águia. Sei que serei eternamente um ser finito. Sei que há forças antitéticas e paradoxais que regem tudo o que possa existir, sei sobretudo que na hora da minha fraqueza tudo de mau pode acontecer, se estiver prisioneiro. E temos de dar o braço a torcer porque sozinhos neste mundo não somos nada, temos de beber a água embotelhada. Mas essa água embotelhada, que me dessedenta por pouco tempo não me serve. E estou traumatizado, porque me fizeram passar sede. Não me quiseram matar a sede e agora aqui estou eu à procura da água que é o elixir da alma. Se eu pudesse, eu seria. Mas querem-me pôr a máscara de mau. Então controla-te (!) e verás que a maldade que vez em mim, mora em ti. Bebe dessa água, para esqueceres quem sou, porque se não vires quem sou agora, no fim será tarde de mais. E se queres pôr-me a máscara de bom então, duvida e olha novamente, para isso alcança o cume da montanha mais alta que houver, num dia límpido com o sol a brilhar por trás de ti, e vê, sente que na verdade ninguém é quem é, somos apenas reflexos dos momentos, um sistema que irá ser o que sempre foi, algo único que ficará na memória, enquanto a houver, que será parte do Universo no fim de tudo, como sempre. E agora sabes quem sou? Eu também não, mas tenho esperança. És animal, mas podes ir mais além se desejares fortemente. Mereces aquilo que tens e que és, e assumes com a vida, em última instância, aquilo que fizeres. Ainda pensas que podes voltar atrás? Nunca há retrocesso, há incomensuráveis caminhos, mas o que foi, somente é, e só te resta o que será. Mergulha nesse oceano de águas límpidas, é bom esse ambiente aquoso, sentes-te como se fosse o teu ambiente natural. Talvez um dia tenha sido, mas já não é, essa é a realidade actual, e agora caminhas em busca constante da água que te dessedenta, ora conscientemente ora inconscientemente. Eu caminho constantemente nesse objectivo que se tende a alienar. Começo a acreditar fortemente que alcançarei outro objectivo ainda mais inalcançável. Porque sempre me fugiu o que estava tão perto de mim, o que era mais fácil de obter, como se Algo me dissesse que tinha que seguir o caminho mais difícil? De quem é a culpa? Porque estou aqui sem poder voltar atrás? Estou sequioso e não sei qual o motivo, se acabei de beber água. Vou beber Água, novamente.
Mergulho, por vezes, no oceano da eternidade, nas questões dos oceano que é o Alfa e o Ómega. Em breve serei outra vez aquilo que nunca fui. Mas agora também não sou, e digo mais, nem serei. A eternidade é uma invenção do homem. E cada coisa ou acontecimento tem a duração que tem de ter. Para quê a insistência no que destrói? Para quê a liberdade máxima? Para quê a repressão máxima? Para que a moderação? Para quê tanta interrogação? Vives como se tudo nunca acabasse. Tenho consciência da mudança, que antes olhava com esperança e agora tanto me atormenta. Tenho consciência que tudo me ultrapassa e quanto mais sei mais ultrapassado me sinto. Sei que um dia deixarei de me reconhecer, deixarei de reconhecer o que está à minha volta, e isso tudo se resumirá a um momento. O prazo de validade que me rotula tende a encurtar-se, temo que tende a encurtar-se demasiado. Senhor, Tu que existes e não existes, Tu que crias problemas existenciais, porque é assim a minha vida? Universo, porque eu sou eu? Porque terei eu medo da dor? Sim, porque terei eu medo da morte se um dia eu fui o ser mais corajoso que existiu à face da terra e tal não temia? Porquê, Universo, Senhor, me falas dessa maneira, me abordas tão incompreensivelmente, para certos homens me chamarem esquisito? É a minha química corporal, é esse o motivo de tudo o que se passa, só pode ser. E essa química tem explicações e mais explicações, de interacções sem fim, da mente que com o corpo são uno, da ligação com os seres que nos envolvem. Estou cansado de nadar nesse oceano. Universo, Senhor, porque eu sou quem sou? Porque sinto como sinto sem nunca ter pedido? Porque, se pedi, eu tive esse desejo? Porque tive eu de fazer parte da legião dos homens? Só perguntas e perguntas que temo não encontrar respostas, logo são perguntas em vão. Em vão é tudo o que existe. Em vão é este Universo. É tudo em vão se eu sentir que é em vão. É em vão para mim, somente. É aparência a superioridade, porque superioridade é mediocridade e falsidade. É anti-autosobrevivência pensar assim. Tem que se matar esse vazio, tem que se matar (!), afogar as questões existenciais em quatro paredes, ou então em campo aberto, tanto faz, o que interessa é que ninguém veja, ninguém veja, para ninguém vir a saber, para os espíritos não ficarem inquietos. Universo, Senhor, porque andam os espíritos inquietos? Universo, Senhor, és Tu que geres esses espíritos? És Tu que os fazes interpretar estas palavras como interpretam? És tu que os fazes agir? És Tu que obrigas a que te adorem, significando isso, que fazem o que lhes der na real gana, sem ter que ter qualquer receio das consequências porque todos acham que ficam impunes? Onde está a justiça final? Onde todo o ser que agiu bem é resgatado e o que agiu mal é condenado? E eu, pensei que agia bem e vejo-me como que um condenado, porquê? Eu sou um viciado nas questões, um viciado na problemática existencial, mas a minha voz não chega ao céu, e, mais uma vez pergunto: porquê? A minha Filosofia barata, como se de um Filósofo masoquista e suicida se tratasse, não é acompanhada, como se não tivesse valor. Talvez seja mais fácil atirar a pedra a um moribundo, como se quem a atirasse não cometa erros, e seja ele o ser que age correctamente. Pensai nas vossas acções, muitos não pensastes nunca, pensais que agis porque quereis, e tendes uma conduta que vos rege, é verdade, mas agis sem saber o que vos move, e olhai que eu também não vos posso responder, sou um simples homem, orgulhoso e sem saber ou poder defender esse orgulho, como se o mais básico e elementar princípio me faltasse, o princípio da coerência. Mas vê – de que tudo tem sentido, até aquilo que parece perder o controlo e é incoerente está controlado. Como (?), não sei, mas está. Se tudo é permitido neste mundo, também o que é esquisito o é, o que parece não fazer sentido também o tem, a confusão faz parte, e tudo nos afecta directa ou indirectamente, tudo vos afecta. E eu, eu só não queria ser mais um, não quero ser carne para canhão, não quer ser vítima. Mas a verdade é que sou um bode expiatório, e no entanto não sou quem sofro mais, mas isso não me satisfaz, apesar de eu ir sobrevivendo. Não me digam que não o sou – um bode expiatório -, porque sou, como tantos, e não posso fazer nada. E tenho a minha consciência a frente daquilo que sou, tenho na minha consciência a essência daquilo que sou, por isso me questiono aqui e agora, como me questionei sempre sobre o porquê daquilo que me acontece, do que sou, se o for - a consciência do eu sobre o eu -, e do que acontece à minha volta e do que são os outros. Um terceiro nível de consciência que analisa o eu que pensa sobre o eu. A terceira pessoa da trindade que somos, o grau mais alto a atingir, será? Mas eu não tenho face. Eu não me aparento, porque eu não tenho aparência, tal como o Universo não tem. Termino com um ámen. ‘Assim seja’, para quem não entendeu, como se eu soubesse. Porque duvido? Porque não dou o certo por certo? Talvez porque reina o incerto. Porquê o ‘talvez’? Porque nada é certo, constante, infinito. Até quando te servirá esse paradigma? Somente enquanto as respostas corroborarem esse paradigma, somente. E quando um dia vires mais além? Esse dia já será tarde demais para se mudar. Ou talvez não, não me compete a mim dizer, acho que não, tudo depende. É tempo de me secar. O Oceano estava bom, mas não é o meu meio natural, se eu fosse um peixe (!!!)…
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