Sempre assim (2000)
Sempre assim. Todos os dias a nossa atenção recai sobre a mesma coisa, o mesmo problema, o fulcro da questão, não nos deixando evoluir, porque estamos a tentar superar sempre o problema que não é ultrapassado. Um ciclo que não parece ter fim.
É à luz de uma lâmpada frouxa que as ideias flúem. Faz-se uma pausa quando calha, não se sabe a sua duração. Também é preciso apreciar o vazio, e ele é grande.
Cada um é único e irrepetível. Cada um tenta passar desapercebido, no meio dos outros, sinal que não é diferente, e ao mesmo tempo tem o desejo de ser (re) conhecido.
Lembro-me daqueles dias chuvosos ou ensolarados, frios ou quentes, em que passo na cama a ouvir estas músicas [os sons da minha vida].
Lembro-me daquelas noites em que a inspiração vinha e até parecia que dizia alguma coisa com sentido… no papel.
De lembranças sou feito, boas e más, como as de todos.
Lembro-me…
de que todos os dias me parecem iguais, não passo da cepa torta.
[…] do que perdi, e que tanto sentido deveria ter, mas que se perdeu para sempre. ]
da imposição do ‘EU’ por parte das pessoas perante os outros. […] Os ‘EUS’ estão sós e querem afirmar-se.
Porque será que exteriormente estamos a mudar e por dentro continuamos na mesma?
O mundo é composto de tantas pessoas que facilmente um é esquecido.
Tantas e tantas ideias que flúem na mente não se conseguindo verbalizar coerentemente. É tremendamente cansativo sentir o mundo com esta intensidade desmesurada e não conseguir dar-lhe vazão, é só absorver os estímulos que nos rodeiam.
E tu? Entras plácido por entre essas janelas fechadas, irrompes pela cozinha adentro como que trazendo uma mensagem do infinito, neste preciso momento. És um sinal para mim. Tal como tu neste momento, os sinais sucedem-se noutras ocasiões, a quem os entende. Sinais despercebidos ao comum dos mortais. Um brilho de um raio de sol numa ocasião espaço - temporal impensado. E a minha razão pensa em probabilidades dos acontecimentos. A probabilidade desse momento foi única, é um sobre infinito. Tenho pensado, por vezes, em que um acontecimento pode influenciar outro acontecimento num lugar mais ou menos próximo de onde se deu o primeiro , por hipótese. Todos somos influenciados pelos outros assim como nós os influenciamos, o mesmo sucede com os actos que fazemos.
Vejo a minha vida a passar em relances perante os meus olhos. E o que vejo é uma luta constante entre o optimismo e o pessimismo [ de relances é composta a minha vida].