Ironia do tempo
O tempo passa, a vida é uma chalaça, passa devagar, não tenho vontade de rir, mas sim, de chorar. Preciso de ar, de asas, de voar, navegar, além – mar além – mar, ir e voltar, rir sem parar. Chiu! É hora de descansar, repousar, num lugar, difícil de encontrar. Descansar estes ossos, partidos de tanto lutar, contra a vida errante, contra a antítese da vida, contra o paradoxo. Que a ruína me levante, que o brilho do sol resplandeça neste trilho fascinante, como antigamente. Venha a chuva a seguir, o trovão cintilante, venha o tornado desesperante, venha o furacão alardeante, ai! Ai! Que vai destruir tudo, vai pisar o mudo ser que vagueia no seu inseguro bote, vai pôr tudo a trote, vai fazer pensar no mundo errante, e que nada mais se alevante.
Tudo foi belo um dia, tudo fez sentido uma vez, a exaltação máxima, o êxtase deu-se para mim, não sei se já se terá dado para o mundo. Nunca os homens estiveram satisfeitos, alguns preocupados sofriam calados, porque só os que brilhavam como ouro é que venciam. O homem que há-de estar mais só que o nirvana do universo.
Extinto, distinto, a voz da verdadeira sabedoria toca naqueles que se propõem ultrapassar os seus limites. O infinito está aí, o nascer e o morrer darão sentido a uma vida sem significado real. Mas a certeza, onde está ela? Só há a certeza de ainda não ter encontrado o que procuro, e apesar de não ser completamente verdade já ultrapassei o mundo há procura daquilo que faria o sentido da minha vida: o amor.