Fevereiro 2006
Fevereiro 2006
A sintonia das ondas, as boas vibrações. Um mundo de absorção onde cada um quer açambarcar o próximo, com as suas ideias, os seus ideais. Um mundo à parte onde tudo tem um sentido diferente. Interpretações e mais interpretações, perspectivas e perspectivas. Incompreensão. A essência do ser humano. Um mundo de sonho, um mundo inimaginável. Um mundo onde se espera a justiça de Deus. Um mundo onde não reina a moral. O caos do mundo. As atrocidades que se cometem. A loucura reina nesta selva humana. Mas eu ainda continuo à espera de justiça, por um Deus que teima em não chegar. Sei que vou esperar cada vez menos. Até que há-de chegar um tempo em que esperar já não fará sentido. A capacidade de antecipação é a capacidade de enfrentar o que está para vir e de mudar o que com que nos deparamos. Mas eu tantas vezes vejo a pedra à frente onde vou tropeçar e não consigo desviar-me, como se houvesse um destino, eu que tantas vezes dou pelas coisas imediatamente após terem acontecido e vejo que não me apercebi a tempo delas como se houvesse algo mais forte do que eu, que em mim permanece, e não me deixasse percebê-las por antecipação, algo mais forte do que a minha inteligência que não me deixa prosperar. Estou condicionado pelo que me rodeia, pelos genes que se manifestaram, desapropriadamente. Estou out. Esta é a minha vida, este é o meu mundo, e na minha vida e no meu mundo sou eu que reino. Não me posso desfazer daquilo que fui completamente, bem ou mal eu sou o que fui. Resta um caminho pela frente, mais ou menos longo, mais ou menos curto, que eu terei que percorrer sem olhar para o lado ou para trás à espera que o passado de felicidade volte. E posso sempre recordar aquilo que vivi, o cheiro terráqueo que me invade, até posso ver aquilo que não vi, sentir o que não faz parte de mim. È como se eu compreendesse mesmo aqueles que não conheci, a sua essência, a sua existência. Desde Fernando Pessoa a Kant, desde Jesus até mim. É como se eu ainda não tendo visto já tenha sentido.